Lucas
Introdução[1]
O Evangelho de Lucas (Jesus como o homem ideal, 23:47)
1.O autor é Lucas, o médico amado (Colossenses 4:14). Também é o autor de Atos. Ambos os livros estão dirigidos à mesma pessoa, Teófilo. Lucas foi amigo íntimo e companheiro de viagem de Paulo, como se percebe nas suas alusões pessoais ao registrar as viagens do apóstolo. Veja o livro de Atos onde o autor muda os pronomes para “nossos” E indicando que ele estava presente nestes tempos
(Atos 16:10; 20:6; 27:1; 28:16). Muitos eruditos veem algo da doutrina de Paulo no Evangelho de Lucas. A data exata da escritura do evangelho é desconhecida.
2.Lucas escreve a Teófilo, cuja identidade é desconhecida, senão que é um homem da alta sociedade, pois o tratamento de Lucas é “Ó excelentíssimo Teófilo”. Lucas quis narrar de modo coordenado e ordenado sobre a vida de Cristo como a viram testemunhas oculares (1:1-4).
3.Uma lista de passagens encontradas só em Lucas (1.1-80, 2.8-52, 4.42-44, 6.24-26, 39-42, 7.11-17, 36-50, 8.1-3, 16-18, 9.49-56, 10.1-12, 17-20, 25-42, 11.5-8, 27-28, 37-54, 12.1-21, 35-59, 13.1-17, 22-30, 14.1-33, 15.1-2, 8-32, 16.1-17, 19-31, 17.11-37, 18.1-14, 19.1-27, 41-44, 47-48, 21.37-38, 22.14-18, 24-30, 35-38, 63-65, 23.8-12, 27-32, 39-43, 24.13-35, 44-49.
Capítulo 1: O anjo Gabriel aparece a Zacarias. Anuncio do nascimento de Jesus. Maria Visita Isabel. O Nascimento de João o Batista.
1.Lucas fornece uma introdução a Teófilo, provavelmente, um alto oficial do governo romano. Lucas não desconsidera os demais escritos e narrativas sobre a vida de Jesus, porém, ele foi inspirado por Deus para dar a sua própria narrativa, certamente auxiliado por aqueles que viveram as situações. Ele foi um pesquisador dos fatos e um apresentador desses fatos de modo sistemático. O objetivo é que através dos fatos, somente, o leitor decida-se sobre a Pessoa e Obra de Jesus e sua veracidade. É fato conhecido a todos nós que estamos vivendo em uma época secular, materialista e ateísta. Eles têm argumento para toda a nossa Teologia Sistemática. Quem sabe não é a hora de simplesmente apresentarmos a História de Jesus e deixar que esta convença o pecador! (v.1-4).
2.Zacarias fazia parte da 8ª ordem dos sacerdotes (v.5, veja 1 Crônicas 24.10). Eram 24 turnos de sacerdotes. Zacarias era idoso, casado com Isabel a qual era descendente de levitas, pois era da família de Arão. Isabel e Elisabete têm o mesmo significado, “Consagrada a Deus”. Eles não tinham filhos. Eram idosos e ativos na obra de Deus, mas o mais importante é que eram justos, irrepreensíveis e obedientes à Palavra de Deus. O fato de não terem filhos não era motivo para serem depressivos e ingratos (v.5-7).
3.O turno do sacerdote era intenso, de uma semana a cada seis meses. Zacarias servia a Deus e caiu-lhe a sorte de entrar no santuário para queimar o incenso, de manhã e à tarde. Eram tantos sacerdotes que alguns tinham esse privilégio somente uma vez na vida e, conforme alguns comentaristas, havia sacerdotes que jamais fizeram esse trabalho em toda a sua vida. O povo esperava o sacerdote em oração. Esperavam a aceitação de Deus ou alguma visão. O Senhor falou com Zacarias e como Deus não falava há muito tempo com os homens, Zacarias ficou com muito medo. Há 400 anos, desde Malaquias, Deus não falava com profetas, por isso, esse intervalo foi chamado de “os 400 anos de silêncio” (v.8-12).
4.As orações do povo e de Zacarias foram respondidas por Deus. A nação esperava o Libertador, mas as profecias de Isaías e de Malaquias falavam de um precursor do Messias Libertador. Esse precursor seria o filho de Zacarias e Isabel. Aquela promessa deveria ser motivo de alegria para o sacerdote Zacarias. Ele deveria ser um nazireu, um separado para a obra de Deus. O Espírito Santo o guiaria para a obra. O ser chamado antes do nascimento não significa predestinação para o céu, pois Deus poderia chamar pessoas para seus propósitos, mesmo que não fossem crentes, como no caso de Ciro da Pérsia (Isaías 45.1). No entanto, sem dúvida João seria um crente fervoroso na obra de Deus. Zacarias e Isabel educariam João desafiando-o ao serviço de Deus. Esse menino teria a mesma disposição (espírito) de Elias e seria um pregador corajoso como foi Elias. Zacarias mais duvidou do que se alegrou. Ele colocou sua impossibilidade de ter filho, porém, se esqueceu que Deus abriu o ventre da estéril muitas vezes na história. João significa “a graça de Jeová” (v.13-18).
5.O anjo Gabriel é o mensageiro mais importante da Bíblia, pois anunciou as profecias para Daniel, anunciou a vinda do precursor do Messias e anunciou a vinda do próprio Messias. Zacarias recebeu o privilégio e a disciplina ao mesmo tempo. A falta de fé nos impede de ter alegria completa. O povo estava preocupado com o velho Zacarias e sua demora. Tanta alegria, mas nada podia falar. Como as visões não eram comuns, e até mesmo se fossem, o homem visitado por Deus fica sem palavras. Não é todo dia que alguém fala com anjos. Os que dizem que falam são arrogantes e mentirosos, pois todos os que viram a manifestação de Deus ficaram fracos, cegos, mudos e com medo. Isabel passou a refletir sobre sua missão como a mãe do precursor do Messias e, por isso, isolou-se. Ela usou as palavras de Raquel no passado que também era estéril. O desprezo para ela acabou de modo especial, pois não era apenas um filho, mas João, aquele que aplainaria o caminho do Libertador de Israel (v.19-25).
6.Depois de anunciar o nascimento de João a Zacarias, o anjo Gabriel anuncia o nascimento do salvador Jesus, a razão da existência dos evangelhos. No sexto mês de gravidez de Isabel, Gabriel anunciou o nascimento de Jesus. José e Maria eram da cidade de Nazaré da Galileia. Maria era prometida a José e estava naquele período do costume judaico em que o casal estava comprometido por um ano até se casar efetivamente. Deus através de Gabriel queria trazer alegria e não apenas o peso da responsabilidade. Embora tenhamos responsabilidades para com a vontade de Deus, a obediência deveria gerar alegria em nós e não apenas o peso da responsabilidade (v.26-28).
7.Maria, assim como todos que já viram alguma manifestação de Deus, ficou assustada e um pouco confusa. Maria estava pensando sobre como ela seria favorecida. Todos os crentes são favorecidos, abençoados, mas como especificamente, Deus abençoaria Maria? O anjo acalmava Maria, o assunto era um presente de Deus para ela com propósitos maiores. A graça de Deus estava descendo ao mundo em pessoa. Deus tomaria a forma humana para viver entre os pecadores a fim de salvá-los. O nome já indicaria isso, Jesus, que significa “Jeová é o salvador”. O anjo Gabriel ressaltou as qualidades do filho que nasceria de Maria. Ele é grande, pois é o grande Deus, não há outro além Dele. Ele é também o Filho do Altíssimo que é uma forma de dizer que Ele é o Deus Altíssimo. Outra qualidade de Jesus é a realeza. Ele é o legítimo descendente de Davi. Ele é o rei que reinará sobre as nações e devolverá o reino ao Pai (v.29-33).
8.As qualidades de Jesus não poderiam ser imitadas por ninguém, pois não são qualidades humanas, mas atributos divinos. A começar da concepção, Jesus é inimitável. Ele foi o único a nascer de uma virgem. Ele foi gerado do Espírito Santo, portanto, ele é fruto de Deus, do Espírito Santo. No original grego não existe o termo “ente santo”, mas somente “santo”. O santo que nascerá de Maria é o filho de Deus, ou seja, o próprio Deus (v.34-35).
9.Isabel e Maria talvez fossem primas, assim Jesus e João eram primos em segundo grau. O anjo anima Maria com a notícia da gravidez de Isabel. A situação é semelhante por causa da gravidez, do anúncio do nascimento e por representar o plano eterno de Deus para a salvação do homem pecador. É semelhante também porque a concepção é sobrenatural, uma por ser estéril e idosa e outra por não necessitar de relacionamento sexual. Ambas as situações, de Isabel e Maria, eram impossíveis, mas sendo realizadas por Deus são possíveis, mas somente para Ele. As duas são alvo de promessas. O precursor do Messias foi prometido bem como o próprio Messias, o Libertador de Israel. A atitude de Maria foi diferente que a incredulidade e questionamentos de Zacarias. Embora ela tenha se surpreendido como aconteceria a gravidez, ela não duvidou, mas se colocou à disposição de Deus (v.36-38).
10.Essas duas mulheres tinham muito que se alegrar. Ambas estavam participando do plano maravilhoso da redenção de Deus aos pecadores. Maria não deveria se sentir superior por ser a mãe do salvador e nem Isabel se sentir superior por ser a mãe do precursor do salvador. Deus, em Sua sabedoria, escolheu essas mulheres por serem humildes e obedientes à Sua vontade. Maria atravessou o país para ver Isabel e se alegrar com ela. Maria sabia da gravidez de Isabel através do anjo Gabriel. Isabel soube da gravidez de Maria através de aviso divino. O ventre de Isabel estremeceu e o Espírito Santo, seguindo o padrão do Antigo Testamento, se apossou de Isabel. O louvor de Isabel veio do Espírito Santo e não foi apenas um elogio de uma mulher grávida para outra. Isabel agiu com humildade, achando-se muito honrada com a visita da mãe do salvador. Mais tarde, o filho dela teria uma atitude semelhante com relação a Jesus, não se achando digno de batizá-Lo. Maria teve que crer e, por isso, Isabel reconhece nela uma mulher de fé (v.39-43).
11.Isabel recebeu um sinal da parte de Deus quando a criança estremeceu no ventre dela. Ela discerniu que o bebê estremeceu de alegria e não apenas um movimento do embrião como há em todas as mulheres grávidas. Isabel ficou alegre com a fé de Maria. Ela soube se alegrar não apenas com a própria gestação, mas com a gravidez de Maria. Isabel entendia o plano de Deus sabendo que as palavras que foram ditas a Maria eram da parte de Deus. A Bíblia não relata nenhum diálogo anterior entre Isabel e Maria, portanto, temos que crer que o Senhor revelou a Isabel o plano da redenção no qual estavam envolvidas as duas mulheres gerando o precursor e o salvador (v.44-45).
12.A alegria de Maria expressou-se por meio de um cântico. O conteúdo do cântico envolve os seguintes temas em cada um dos dez versículos, respectivamente: louvor, alegria, humildade, reconhecimento da santidade de Deus, misericórdia, arrogância, governo, fome espiritual, nação de Israel e promessas aos patriarcas.
13.Maria louva ao Senhor engrandecendo o nome Dele. Ela reconhece que o bebê que está carregando em seu ventre é também o salvador da vida dela. A mariolatria deve ser denunciada a partir desse versículo, pois só precisa de salvador quem é pecador. Maria reconheceu a sua necessidade de salvação por ser uma pecadora e se alegrou pelo perdão. Maria não era uma idosa sem filhos, portanto, a humilhação dela não era essa, mas o fato de se tornar uma mãe solteira, sim, era uma humilhação. Deus viu isso e daria uma solução para que o nome de Maria não ficasse denegrido pelas gerações futuras. Maria agiu por fé, pois ainda não havia uma solução para esse “escândalo”. Deus orientaria José sobre o assunto. Maria reconhecia a santidade de Deus e não somente a Sua grandeza e poder. Uma moça pura, agora grávida. Outros podiam vê-la como uma não santa, mas ela reconhece que Deus é santo e que ela também deve ser santa para Ele. Deus é misericordioso e Maria conhece as Escrituras e sabe que Ele nunca falhou nas gerações passadas da nação de Israel. Maria, longe de ser uma piedosa sem senso de justiça, mostra que Deus é forte e que julga os arrogantes. As palavras são inspiradas por Deus na boca de Maria. Ela reconhece o governo de Deus que governa sobre os poderosos, Aquele que derruba do trono e coloca reis no governo. Maria está saciada espiritualmente, pois é uma pobre de espírito, mas os ricos ou os que se sentem satisfeitos com seu estado espiritual, são despedidos sem alimentação espiritual. Maria entende que o seu filho, Jesus, é o cumprimento das promessas feitas aos patriarcas e à nação de Israel. Jesus é a esperança de Israel. O texto termina dizendo que a estadia de Maria com Isabel foi de três meses, ou seja, Maria deve ter ficado até o nascimento de João. Nesse lindo texto, portanto, vimos a alegria dessas mulheres grávidas, obedientes (v.46-56).
14.Os vizinhos e parentes de Isabel se alegraram com o nascimento do filho dela, pois além de ser a demonstração de um milagre é o presente de Deus para o mundo. A lei de Moisés prevê a apresentação e circuncisão do menino ao oitavo dia. Era comum dar ao filho o nome do pai ou de algum parente. Isabel era uma mulher obediente durante toda a gravidez e não era agora que deixaria de obedecer. Ela sabia, através de Zacarias, que o nome deveria ser João, mesmo que ele tenha ficado mudo no dia que Gabriel anunciou a mensagem de Deus. A autoridade do nome era do marido, por isso, mesmo que Isabel tenha se pronunciado contra a sugestão do nome para o menino, eles queriam “ouvir” de Zacarias. Através de acenos, pedindo a tábua de escrita, Zacarias confirmou o nome “João”. Se fizeram sinais para Zacarias, isto significa que ele não ficou mudo, apenas, mas também surdo. Ao escrever “João”, Deus liberou a fala de Zacarias, conforme prometera. Logo o nome do menino ficou famoso, pois havia muitos amigos na casa. Todos sabiam que era tudo espetacular e ficariam na expectativa sobre o futuro dele, se seria mesmo o precursor do Messias. Deus estava no controle da família (v.57-66).
15.Zacarias entendeu bem o que é a disciplina por causa da incredulidade. Agora ele louva ao Senhor por conduzir esse plano de modo maravilhoso. Assim como Isabel, o louvor de Zacarias a Deus não é apenas uma alegria por ter sido pai, mas a inspiração do Espírito Santo conduzindo sua boca. O louvor também foi uma proclamação profética com os seguintes temas: remissão de Israel, libertação dos inimigos, confirmação da aliança com Israel, adoração e chegada do salvador.
16.O ministério de João já seria um vislumbre da remissão de Israel porque ele seria o precursor do Messias. Os profetas anunciaram tanto o Libertador quanto o Seu precursor. Não existiria remissão de Israel sem a destruição dos inimigos. Na época de João e Jesus, o domínio era de Roma, mas no futuro Israel estará oprimida pelas nações aliadas ao Anticristo. O plano de Deus era cumprir a promessa feita aos patriarcas, sendo o primeiro, Abrão. O juramento de Deus foi feito por Si mesmo. O objetivo é uma adoração sem impedimento. Se Israel ficasse em Canaã, a idolatria atrapalharia a adoração. No Egito, eram escravos e não podiam adorar ao único Deus verdadeiro. No deserto, houve uma adoração temporária no tabernáculo. Porém, o plano de Deus era a adoração na terra de Canaã, em Jerusalém. O Messias é a abertura para essa adoração. Essa adoração não deve ser temporária, mas “todos os dias da nossa vida”. Portanto, João terá um trabalho extraordinário, o de conduzir o povo ao Libertador da nação, Jesus. Ele não será a luz, mas a lâmpada da nação. Após esse cântico, Lucas menciona o crescimento do menino João até os seus 30 anos de idade, quando vivia sozinho, pregando e preparando o povo para a vinda do Salvador prometido à nação (v.67-80).
“O termo ‘visitou’ se refere à ausência de Deus durante quatro séculos nos quais a voz profética foi silenciada e o céu se fechou. As expressões abstratas do versículo 68 são seguidas no versículo 69 por uma expressão mais concreta. Zacarias ficou encorajado para designar o Messias. Ele O chama de ‘um chifre de salvação’. Essa imagem, a de um chifre, frequentemente usada no Antigo Testamento, onde já foi aplicada ao Messias... (Sl 132.16).”[2]
Capítulo 2: O nascimento de Jesus e a visita dos pastores. Apresentação no Templo. Simeão e Ana. Jesus aos doze anos.
1.O Imperador de Roma queria ter todos os nomes e famílias do mundo de seu reino alistadas, evidentemente, para ter controle e especialmente impostos. Era o orçamento do reino feito a partir dos vassalos. A Síria era o país ao norte de Israel e era dali que começavam o senso e era de grande importância, pois Herodes que era governador em Israel também era da Síria. Esse recenseamento era um transtorno para o povo, pois tinham que planejar com antecedência suas viagens, sendo que nem todos viviam em sua terra natal. José e Maria viajariam 155 km de Nazaré até Belém, uns quatro dias de viagem. Porém, sendo que Maria estava grávida, isto demoraria mais. Se a caminhada acelerou o parto não sabemos, mas estamos certos que o menino Jesus nasceria no tempo certo que Deus escolhera. Jesus nasceu no lugar onde guardavam os animais. Aquilo foi providencial, pois como não tinham dinheiro, tiveram uma acomodação quentinha, pois o calor dos animais aquecia a mãe e o menino. Muito provavelmente, Jesus nasceu na época do inverno, talvez no mês de março (v.1-7).
“Sendo que os romanos recenseavam as pessoas em seu local de residência – isso pode ter sido uma tentativa de Herodes evitar uma revolta política apelando para o patriotismo tribal.”[3]
2.Além de nascer em lugar humilde, Deus escolheu anunciar, em primeiro lugar, às pessoas humildes, os pastores de rebanhos de ovelhas. A glória de Deus foi revelada, de modo particular, apenas algumas vezes para algumas pessoas, porém, a reação sempre foi a mesma, espanto e medo. Deus sempre teve que acalmar as pessoas quando estas veem a Sua glória. O nascimento de Jesus são as boas novas de alegria, pois tem a ver com a salvação da humanidade. O anjo enfatiza que o menino nasceu onde a profecia designava, na cidade de Davi e que o menino era o Ungido prometido de Deus. Os pastores, mesmo sendo humildes, eram judeus, portanto, conheciam a Palavra de Deus e a esperança de Israel. Deus estava convidando os pastores para celebrarem dessa alegria com os pais. O Senhor deu a localização e o modo como encontraria o menino. Não bastasse a glória daquele anjo, Deus enviou uma multidão de anjos para louvá-Lo. Os pastores morreriam não fosse Deus sustentá-los diante de tanta glória. A tradução “homens de boa vontade” não é adequada. Quem tem boa vontade não são os homens, mas Deus diante dos homens. É o favor de Deus para com os homens que não merecem a graça de Deus. O homem não pode oferecer nada a Deus, pois é pecador (v.8-14).
3.Uma observação simples que mostra que os anjos habitam o céu e este está acima de nós, geograficamente, acima do céu visível. Os pastores eram homens simples, mas com uma missão celestial, a de anunciar o nascimento do Salvador de Israel. Eles compreenderam perfeitamente que era a mensagem de Deus. A pressa deles é algo a ser notado, pois mesmo sendo madrugada, tiveram ânimo para testemunhar as palavras dos anjos. Corriam o risco de deixar as ovelhas desprotegidas para buscar proteção espiritual em Deus. Não demorou para testemunharem a veracidade das palavras dos anjos e divulgarem a mensagem do nascimento do Cristo. As pessoas se admiravam com as boas novas dos pastores. Não sabemos a que horas ocorreu a divulgação da mensagem. Maria era uma mulher abençoada, mas era muita informação e fama para quem devia ser mais recatada. Por isso, ela preferia meditar em seu coração sobre tudo aquilo que estava acontecendo tão rapidamente. Os pastores fizeram a parte deles e com muita alegria. A vida deles poderia continuar a mesma no sentido profissional, mas jamais seria a mesma na esfera espiritual (v.15-20).
4.O Senhor Jesus nasceu sob o regime da Lei e, por isso, Deus providenciou pais obedientes, pois não seria certo Jesus não ser circuncidado. Ele foi educado para obedecer a Lei. Se os pais de Jesus não O circuncidassem, o pecado teria domínio naquele lar como Moisés que não circuncidou o seu filho e a mulher o acusou de esposo sanguinário por desobedecer ao selo de Deus. Depois de 40 dias, os pais o apresentaram e consagraram como o primogênito e pagaram o valor de sua redenção como a Lei ensinava em Levítico 12.6-8 (v.21-24).
5.Simeão aguardava a promessa do Messias de modo piedoso e obediente. O Espírito Santo agia ainda ao modo do Velho Testamento, entrava no crente, agia e depois saía. Ele recebeu de Deus a promessa de ver o Messias antes de morrer. Imaginamos um homem velho, mas a Bíblia não diz que era velho. O nosso costume de apresentar crianças na igreja talvez tenha vindo daí, porém, não circuncidamos e nem recolhemos o dinheiro da remissão ou dois pombinhos, caso os pais sejam pobres. Era um dia de alegria para Simeão, pois ali estava o Salvador em seus braços. A ênfase missionária está no versículo 31. Deus preparou Jesus para todos os povos. Ele é a luz deste mundo. Vemos também que o crente não teme a morte, pois tem Jesus como o seu salvador. Simeão profetizou os dois cortes da espada de Jesus, ruína e levantamento. A própria Maria seria atingida pelos sofrimentos de Jesus, pois qual mãe não sofre quando o filho sofre ou morre. Através da morte de Jesus, os pensamentos dos homens em relação a Deus e ao Seu oferecimento de Salvação são manifestos, ou seja, o homem pecador não quer a salvação da maneira de Deus, mas à sua própria maneira que é pelo esforço e mérito próprios. É importante notar que essa parte da mensagem sobre a espada foi dirigida somente a Maria. Ela sofreu durante todo o ministério de Jesus sob a expectativa de Sua morte. Porém, de modo algum os sofrimentos de Maria contribuíram para nossa redenção, ou seja, Maria não é co-redentora com Jesus Cristo (v.25-35).
6.Ana era uma mulher que optou pela viuvez perpétua para servir ao Senhor no Templo, louvando e aguardando o Messias. Devia ser um ânimo aos adoradores ver aquela mulher todo o tempo. Era um incentivo à fé. Ana foi casada por 7 anos e há 84 que era viúva. Se ela se casou com 12 anos, ela teria 103 anos. Quando soube do nascimento de Jesus, então é que falava com fervor da vinda do Messias, o salvador. Depois de todas as observâncias exigidas pela Lei, os pais de Jesus voltaram para a Galileia. O crescimento de Jesus foi como de toda a criança normal. Ele se esvaziou de Sua glória e foi se enchendo de sabedoria. O Pai estava com Ele. Jesus teria que ter proteção para não morrer antes do cumprimento dos planos de redenção, mas isto de modo algum significa que Ele curava pássaros, amaldiçoava os colegas com cegueira e outros absurdos que a tradição romana fala da infância de Jesus (v.36-40).
7.Jesus foi criado em um lar piedoso. Os pais participavam das festas ordenadas por Deus para a nação. É interessante pensar em Jesus na Festa da Páscoa, pensando que um dia Ele mesmo seria o cordeiro pascal. Não há outras menções da infância de Jesus, exceto o nascimento, a circuncisão e a consagração (remissão), a fuga e retorno e, agora, esse incidente em que Ele tem doze anos. Depois disso, Jesus aparecerá nas páginas dos Evangelhos com 30 anos. Na multidão de amigos peregrinos, os pais ficavam despreocupados, pois todos iam juntos e as crianças, certamente, brincando. No entanto, Jesus continuou no Templo e seus pais nem perceberam. Não é o caso de culpar os pais e muito menos Jesus que mesmo criança era o Deus santo (v.41-43).
8.Era uma viagem de 4 ou 5 dias, parando para dormir. No final do dia perceberam a ausência de Jesus. Isto mostra que as mães não eram tão preocupadas como algumas hoje. Não havia motivos, uma vez que viviam ainda nos tempos de aldeões, vida pacata, sem maiores perigos durante o dia e em grandes grupos. Deram falta de Jesus no primeiro dia, mas só O acharam dois dias depois (no 3º dia), contando um dia de viagem e mais um de retorno. O ensino dos doutores, nessas festas, era público. A Bíblia não diz que Jesus ensinava como alguns erroneamente pensam. Um homem judeu só tinha autoridade para ensinar aos 30 anos de idade. Mas, Ele ouvia e perguntava. Certamente, as perguntas eram tão boas e quando perguntado sabia responder com tanta inteligência que as pessoas O admiraram. Isto mostra a importância de ser estudioso e social. Não é vergonha alguma para jovens e sim um privilégio (v.44-47).
9.O alívio ao ver o filho foi imediato. Quanta responsabilidade daqueles pais. Cuidar do Filho de Deus. Porém, ninguém pode garantir totalmente a segurança do filho, só Deus pode e era Ele quem estava cuidando de Jesus. Maria, assim como todas as mães que amam, ficou aflita e só pensou nas palavras das mães do tipo: “Você quer nos matar de preocupação”? Jesus não foi desonroso para com a mãe, mas já era para os pais saberem que Ele sendo o Filho de Deus cuidaria das coisas do Pai Celestial. Não era Jesus que estava em falha, Ele é Deus perfeito e santo, mas os pais terrenos por não se lembrarem das prioridades de Jesus. As pessoas e, talvez, os próprios pais de Jesus não entenderam, pois Ele falou “Por que me procuravam” e “Estava na casa de meu Pai”. O texto não deixa nenhuma dúvida de que Jesus não desrespeitou aos pais, pois Ele sempre era submisso a eles. Maria, calada, crescia no aprendizado com o próprio filho. José não é mais mencionado nos evangelhos. Provavelmente morrera, por isso, Jesus, sendo o irmão mais velho, sustentou sua família com a mesma profissão do pai. Mais uma vez, Lucas mostra o crescimento normal de Jesus, agora na puberdade. O crescimento espiritual também era visto. Ele sendo Deus se esvaziou de Sua glória e no decorrer da vida se enchia de conhecimento. Sem dúvida, o exemplo perfeito para nós (v.48-52).
Capítulo 3: João Batista. O batismo de Jesus. A genealogia de Jesus
1.A pregação de João é mostrada nos outros evangelhos, mas Lucas começa com uma descrição do contexto histórico de Tibério César, Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe, o irmão de Herodes, Lisânias, Anás e Caifás. A menção de Filipe é importante base para explicar a prisão de João Batista. A pregação de João Batista era muito prática, pois para o estabelecimento do reino, Cristo quer que o pecador mude o seu pensamento em relação a si mesmo e a Deus. Sendo assim, todos devem reconhecer seu pecado de não ajudar o próximo com alimento e veste, o pecado de se aproveitar financeiramente dos oprimidos e de abusar da autoridade e força, bem como denunciar falsamente para benefício próprio (v.1-14).
2.João Batista exaltou a Jesus e denunciou o pecado, até mesmo de Herodes que adulterava com sua cunhada. João Batista foi preso por isso. Jesus foi batizado, não porque era pecador, pois Ele é Deus, perfeito e sem pecado, mas para se identificar com a mensagem, pois Ele próprio é a mensagem de salvação (v.15-22).
“João era um pregador dedicado e carinhoso; suplicava, ia diretamente ao coração dos seus ouvintes. Era um pregador prático: despertava-os para que cumprissem os seus deveres, e dirigia-os a estes. Era um pregador popular: dirigia-se ao povo conforme a capacidade que tinham de compreendê-lo. Era um pregador evangélico: em todas as suas exortações dirigia o povo a Cristo. Quando pressionamos as pessoas a cumprirem o seu dever, devemos dirigi-las a Cristo, de modo justo e poderoso. Foi um pregador abundante: não deixava de declarar todo o conselho de Deus.”[4]
3.A genealogia de Jesus em Mateus segue uma divisão de 14 gerações para indicar os reis e mostrar que Jesus é de descendência real. Lucas tem a preocupação de mostrar que Jesus tem a descendência humana (Adão) e também filiação divina (Filho de Deus). Sendo assim, Ele é Deus, Ele é rei e Ele é Homem. Em Mateus há 42 gerações divididas em três partes de 14 gerações abrangendo 2 mil anos. No versículo 23, a expressão “como se cuidava” indica que Jesus era descendente legal de José, mas não legítimo, pois Jesus não teve a participação da descendência carnal. Jeconias não teria mais descendentes, conforme Jeremias 22.30, por isso, Salatiel, filho de Neri, continua a descendência (Lucas 3.28) (v.23-38).
Capítulo 4: A tentação. Jesus rejeitado em Nazaré. Várias curas.
1.A tentação de Jesus foi uma demonstração de Seu poder sobre o diabo. Desde o início do ministério de Jesus já ficou bem claro que Satanás está derrotado. Em tudo Jesus foi obediente ao Pai. É claro que Sua natureza é santa e imaculada e Ele não poderia pecar. No entanto, temos o exemplo Dele para nós. Podemos confiar na Palavra de Deus como proteção contra a tentação. O diabo não terminou nesse incidente suas investidas contra Jesus. Na cruz, ele tentaria derrotá-Lo, mas foi na cruz que o diabo foi esmagado, conforme Gênesis 3.15 (v.1-13).
“A narrativa da tentação de nosso Senhor foi apresentada por Lucas e Mateus. Jesus, assim como Adão (Gn. 3:6), foi experimentado nas três áreas do apetite físico, da ambição temporal e do alcance espiritual, para que fosse provado competente em sua missão. Onde o primeiro homem falhou, ele triunfou.”[5]
2.Assim como o Espírito Santo guiou Jesus para o deserto a fim de ser tentado, o mesmo Espírito guiava Jesus por onde Ele andava. Jesus não buscou fama, mas as pessoas carentes O seguiam porque Ele tinha as palavras da vida eterna. Ele curava e isso O tornava famoso. As pessoas falavam bem de Jesus devido ao Seu ensino. Muitos ensinavam nas sinagogas, mas ninguém com a autoridade de Jesus (v.14-15).
3.O costume de Jesus em ir a sinagoga e, ainda, ser participante ativo, acaba sendo uma repreensão de amor para nós, crentes, pois não devemos deixar de frequentar nossas congregações como é costume de alguns (Hb 10.25). Jesus é o cumprimento da profecia de Isaías a respeito do Ungido, o Messias. Ele veio libertar. O ano aceitável se refere às leis de alforria de escravos, perdão das dívidas, descanso da terra e todas as pendências. Era um tempo de alegria, libertação e descanso. Tudo o que temos em Jesus, nosso Salvador. As pessoas da região onde Jesus morava não O aceitavam como o Messias. Ele mostra através de dois exemplos que dois profetas abençoaram estrangeiros, Elias (a viúva de Sarepta, que é Sidom) e Eliseu (Naamã, da Síria). Isso já era um prenúncio de que outros, os estrangeiros, entrariam no reino antes dos próprios judeus. Evidentemente, não gostaram das aplicações espirituais que Jesus fez (v.16-30).
4.Os demônios têm medo de Jesus e sabem que o destino deles é a perdição eterna. Enquanto estão neste mundo com certa liberdade, procuram aprisionar suas vítimas, seres humanos sem Deus. Quando Jesus expulsou o demônio as pessoas pensaram se tratar de uma nova doutrina por causa da autoridade com que lidava com essa questão (v.31-37).
5.Jesus curou a sogra de Pedro a qual não precisou de um tempo de recuperação, mas logo servia os discípulos e Jesus. As curas que Jesus realizou demonstravam a sua autoridade como Messias. Embora os sinais mostrassem que Jesus era o Messias, Ele proibia que os demônios divulgassem isso, pois não precisava e não aceitava o testemunho dos agentes do diabo. O Senhor Jesus não se limitou a um ponto específico de pregação. Ele veio para anunciar as boas-novas para toda a região de Israel. A Igreja deve seguir o exemplo de Jesus (v.38-44).
Capítulo 5: A pesca maravilhosa. A cura de um leproso e de um paralítico. Levi. Jejum.
1.Nessa altura, Jesus já começava a exercer Seu ministério diante das pessoas. Ainda não escolhera o Seu colegiado apostólico. Pedro, Tiago, André, João e Natanael já conheciam a Jesus, conforme João 1. As pregações de Jesus se tornaram a sensação do momento, pois os fariseus pregavam no Templo e sinagogas, mas Jesus era um pregador ambulante. Jesus se apropriou do barco de Pedro como se fosse um púlpito. Com aquele aperto da multidão, Jesus achou melhor ter a atenção de todos, distanciando-se da praia. Os discípulos já tentaram pescar à noite e já lavaram a rede, mas Jesus ainda quer que tentem mais uma vez. À noite era o melhor período para a pesca, conforme aqueles pescadores. Pedro se dirige a Jesus com o título de Rabi, Mestre. Pedro abandona o esforço próprio e confia em Jesus. A pesca foi maravilhosa chegou ao ponto das redes ficarem sobrecarregadas de peixes. Essa operação de Jesus serviu para aqueles pescadores e para outros que ali estavam tentando pescar. Pedro não se achou digno de receber as bênçãos de Jesus. Mas, nisto consiste a graça de Deus, a de conceder a pecadores Seu favor. Jesus fez aquele milagre para dar alegria para os pescadores e para convocar todos os sócios daquela companhia pesqueira a seguirem Jesus, tornando-se, futuramente, Seus apóstolos. Os novos discípulos nem aproveitaram o presente, deixaram para seus colegas de profissão e seguiram a Jesus (v.1-11).
2.O amor de Jesus pelo sofredor é um consolo para as nossas vidas hoje. Ele sempre quer nos purificar de nossa mais profunda lepra que é o pecado. Ele fez isso morrendo na cruz e um dia fará totalmente quando revestir nosso corpo da imortalidade. Jesus respeito sua época e o regimento da Lei de Moisés mandando que o leproso se apresentasse ao sacerdote e fizesse todo o procedimento exigido pela lei. No entanto, o leproso entendia que testemunhar de Jesus era mais importante do que satisfazer os rituais de um sistema corrompido pelos sacerdotes. Isso vemos no evangelho de Marcos, no texto paralelo. Jesus, devido à perigosa popularidade, se afastava para lugares solitário e ali orava ao Pai (v.12-16).
3.Onde Jesus estava uma multidão o acompanhava e, se fosse um lugar fechado, nem havia espaço para todos. Além do povo havia autoridades religiosas de toda a nação, até de Jerusalém e estavam longe dali ao norte do país, em Cafarnaum. Dessa vez, tiraram as placas do teto para descerem o leito do paralítico. Devia ser uma casa romana com telhas, mas teriam ripas o que dificultaria a entrada de um leito. Outros acham que eram placas de madeira revestidas com capim, cavacos e talvez estopa. Parece que é o telhado mais provável para caber o leito. Jesus não apenas o curou, mas perdoou-lhe os pecados. Isso sugere que a doença era devido a pecado. Os fariseus viam como blasfêmia, pois só Deus pode perdoar o homem. No entanto, só Deus pode curar um paralítico também. Eles deviam ficar confusos e reconhecer que Jesus era Deus. Era inédito para todos, pois nunca ninguém fizera aquilo (v.17-26).
4.Levi foi obediente ao chamado do Mestre. Ele não teria sido a nossa escolha, pois não era um homem bem aceito na sociedade, devido à sua profissão, a de cobrar impostos para os romanos de seu próprio povo. Porém, as escolhas de Deus, desde a época dos profetas, ou antes, são sempre improváveis aos olhos humanos. A graça Dele não tem limites, assim como um médico, em regra geral, não trata pessoas saudáveis, mas os doentes. Levi nos lembra o profeta Eliseu que se desfez de seus últimos recursos oferecendo uma refeição aos amigos (1 Rs 19.21, v.27-32).
“Levi é também conhecido como Mateus, o nome que ele próprio usa. Era ele um coletor de impostos e foi chamado de seu banco de coletor. Respondeu imediatamente, deixando seu negócio lucrativo para tornar-se um seguidor de Jesus (27-28). Deu ele uma recepção a seu novo Mestre em seu próprio lar, o que fez com que se reunisse um grande número de companheiros publicanos e outros párias sociais, juntamente com Jesus. Tal ocasião foi propícia a que Jesus explicasse o propósito real de Sua missão (29-32).”[6]
5.A questão do jejum sempre perturba os legalistas. Talvez porque pratiquem o jejum para que outros saibam e, além disso, querem forçar outros a praticarem o jejum, ou ainda, medem a espiritualidade de alguém pela prática ou não do jejum. Jesus, assim como Neemias, no passado, esclarece que em tempos de alegria e segurança, o jejum não faz sentido. Exceto, individualmente, caso alguém queira desfrutar de maior intimidade com Deus, mas Jesus já disse sobre a discrição pós-jejum, quando o praticante deve lavar o rosto e não se mostrar triste diante dos outros. Jesus não estava oferecendo novos ensinos, mas uma nova abordagem daquilo que já era a Palavra de Deus. A doutrina dos fariseus, o humanismo em todas as suas formas, é como tecido velho que não suportar um remendo com um tecido novo, que é a doutrina de Cristo. A mesma analogia serve para os odres (cantis, vasilhas de couro). O vinho novo quando fermenta aumenta o volume, mas os odres, feitos de couro e já envelhecidos, não suportam e se roupem (v.33-39).
Necessidades do pecador perdido (Lc 1-5) 1.O povo desobediente precisa se converter (1.17) 2.O povo precisa de salvação dos pecados e das trevas (1.76-79) 3.Os povos precisam do único Salvador (2.11) 4.O povo precisa de consolo (2.25) 5.O povo precisa de luz (2.30-32) 6.O povo precisa de redenção (2.38) 7.O povo precisa se arrepender de seus pecados (3.3,8) 8.O povo precisa ser evangelizado (4.18,43) 9.O povo precisa se prostrar diante do Santo Deus para ser purificado (5.8,12-13) 10.O povo precisa de perdão de seus pecados (5.20-21,31-32) 11.O pecador precisa da nova doutrina de Cristo e não das tradições dos homens (5.36-39) |
Capítulo 6: O sábado. O homem da mão ressequida. Os doze. Muitas curas. O sermão do monte.
1.Essa história só tem sentido por ter acontecido num sábado, pois a Lei permitia que viajantes pegassem algo para comer das fazendas por onde percorriam. Só não podia cortar com foice, pois era abuso (Dt 23.25). Jesus mostra que Davi se beneficiou dos pães que só os sacerdotes podiam comer e que os próprios sacerdotes trabalhavam aos sábados para colocar em ordem o serviço do Senhor. Jesus é o Senhor do sábado e, por isso, Ele tinha o direito de dizer que os fariseus estavam exagerando as normas da lei mais do que a adoração ao Senhor (v.1-5).
2.Os fariseus queriam acusar Jesus, pois encontravam Nele um concorrente. O povo estava presenciando um novo padrão de espiritualidade funcional, ou seja, não eram apenas palavras, mas atos misericordiosos de cura e ensino. Ele via o bem o povo e não o mal. O sábado era secundário em relação ao bem do sofredor. Até os inimigos (herodianos e fariseus) se juntavam para conspirar contra Jesus (v.6-11).
3.Jesus escolheu os discípulos individualmente. Ele sabia quem convidaria. Ele é Deus e não se enganou e nem foi precipitado. Mesmo assim, Ele ora durante toda a noite anterior. Um exemplo para nós que, de tão pragmático que somos, passamos por cima de algumas outras práticas essenciais, a oração, a reflexão e a espera. Ele já tinha discípulos antes dos doze e depois também. Não precisamos ter cargos ou posições privilegiadas para sermos seguidores de Jesus. As pessoas vinham de longe, pois lemos que havia pessoas do sul e do norte e até da fronteira além, que é o caso dos que são de Tiro e Sidom. Jesus nunca precisou de nenhum discurso político para aceitação de estrangeiros e pessoas em situação de desprezo. Ele simplesmente aceitava a todos e curava a todos (v.12-19).
4.De forma mais reduzida que Mateus, o doutor Lucas também apresenta as Bem-aventuranças. O resumo é que temos tudo no Senhor, mesmo quando os outros nos perseguirem por causa de nossa confiança em Jesus. Ele conclui o relato desse sermão, enfatizando a alegria que o crente tem, pois espera as bênçãos celestiais, as recompensas futuras. Uma abordagem diferente para o judeu que esperava sempre prosperidade nesta terra. Jesus faz um contraste dos crentes que preferem esperar no Senhor, mesmo sofrendo. Os ricos não submissos aos Senhor querem tudo imediatamente e encontram seu consolo nas riquezas. Porém, isso vai mudar, assim como aconteceu na história de Israel, no passado. Os ricos eram opressores e sofreram a angústia dos cativeiros da Assíria e Babilônia (v.20-26).
5.Quem pegar as palavras de Jesus em apenas um contexto pensará que o discurso Dele era de ódio contra ricos e os perseguidores dos justos. É só ler todos os evangelhos, todas as partes deles, que veremos que o coração de Jesus é perdoador e pacificador. O mal não deve ser vencido com o mal. O que sofre injustiça deve reagir com amor e gentileza. A regra de ouro é esta: o que eu desejo que os outros me façam, eu devo fazer aos outros. Além disso, a motivação vale muito, pois Jesus disse que não devemos fazer para que os outros nos elogiem e nem fazermos o bem com a intenção de recebermos nesta vida alguma recompensa. Sabemos, porém, que mesmo neste mundo, receberemos a recompensa só pelo o fato de fazermos o que é certo e pela alegria que já teremos aqui. Jesus nos alerta quanto ao cuidado que devemos ter ao julgar as situações e outras pessoas. Ele não proibiu, pois o contexto precisa ser lido. Ele manda que observemos o nosso procedimento para estar acertado para podermos servir de ajuda e repreendermos os faltosos (v.27-42).
“Certo humorista mundano aconselhou: ‘Sempre perdoe seus inimigos. Nada os enfurece mais.’ É possível perdoar externamente sem mostrar amor verdadeiro, Mas é o amor que Jesus procura. £ este amor que subjaz Suas palavras acerca da capa e da túnica (a capa, himation, era a roupa externa normal, e a túnica, o chitõn, era a veste interna usual). Não se deve reagir com ira contra a pessoa que tira a capa, mas, sim, deve deixá-lo ficar com a túnica também.”[7]
6.A vida cristã é tão pura que qualquer tentativa de imitá-la é inútil. A falsificação aparece. É como árvores e frutos, cada qual não pode produzir o que não é próprio dela. A manifestação exterior da vida cristã é o resultado da transformação do coração. Não precisamos nos preocupar com os imitadores, pois não conseguem produzir as virtudes divinas. Nós mesmos não podemos confiar em nosso coração humano, pois é falsificador. A vida cristã não é a vida que eu vivo, mas a vida que Cristo vive em mim. Isso tem a ver com a base. Jesus ilustrou com as casas construídas sobre a areia e sobre a rocha (v.43-49).
Capítulo 7: O servo do centurião. O filho da viúva. Mensageiros de João. A pecadora que ungiu os pés de Jesus.
1.O relato de Lucas é bem mais completo do que o de Mateus sobre a cura do empregado do centurião. Aqui em Lucas, descobrimos que o centurião mandou anciãos dos judeus para falarem com Jesus por não se achar digno, embora quando encontraram com Jesus disseram que Jesus deveria atender por ser ele amigo dos judeus e até financiou uma sinagoga. Jesus elogiou esse homem por ter um conceito de si mesmo mais bíblico do que os próprios judeus. Ele se achava indigno. Cada pecador deveria se considerar indigno diante de Deus. Além de valorizar a atitude de fé do centurião, Jesus profetizou a triste realidade de muitos judeus que não entrarão no reino por causa da incredulidade, enquanto gentios crentes aproveitarão esse privilégio. Quanto a essa profecia, Mateus é mais completo (v.1-10).
2.Jesus alcançara a popularidade por causa do bem que fazia às pessoas, pela curiosidade de alguns e por outros por causa da inveja, desejando vê-Lo tropeçar. A mulher que está pronta para enterrar o filho vive um momento desesperador. Era viúva e sua única chance de ser sustentada era o seu filho. Com a morte do seu filho, além da solidão, ela sofrerá a miséria financeira. A multidão seguia, mas isto não significa que após o enterro dariam uma força material para ela. Cada um cuida da sua vida após consolar a pobre mulher. Jesus pediu para a mulher não chorar. Alguém precisa ter uma proposta muito boa para fazer um pedido desse naquele momento. Jesus sempre tem o melhor. Para a mulher, Jesus tinha o melhor que ela poderia desejar para a vida. Ele ressuscitou o moço. A Bíblia não diz o que o moço falava. Jesus entregou o moço à mãe. Claro, todos ficaram com medo, mas também glorificaram a Deus. O profeta que Moisés prometera vir, chegou. Esse sinal se parece muito com os feitos de Elias e Eliseu. Embora tenha acontecido ao Norte, o povo do Sul ficou sabendo (v.11-17).
3.É difícil saber se João Batista mandou mensageiros a Jesus para fortalecer a confiança de que eles deveriam seguir a Jesus ou porque o próprio João Batista, preso e enfraquecido precisava de confirmação de que trabalhou para a causa certa. Não poderíamos condenar João Batista se isso tivesse acontecido, pois acontece conosco. O que importa não é a fraqueza ou pequenez da nossa fé e, sim, a grandeza da nossa Rocha, Cristo. Jesus é o que Ele disse ser. Ele engrandeceu o testemunho de João Batista, mostrando como ele foi fiel. Os ministérios de João Batista e de Jesus tiveram várias semelhanças, tais como coragem, firmeza, amor e fidelidade. Porém, houve diferença no estilo. João Batista era mais reservado, isolado e se absteve de ingerir vinho. Tinha modos simples de se vestir e de alimentação. Jesus, por outro lado, frequentava banquetes, festas e estava sempre com as pessoas onde elas estavam e não tinha um lugar (como à beira do rio batizando) como sede. O fato é que para quem não ama os profetas de Deus, nem João e nem Jesus agradava (v.18-35).
4.Uma mulher adorou a Jesus com todo o seu ser ao derramar perfume caro em seus pés e enxugá-los com seus cabelos. A ação já teria chamado atenção por si só e mais, ainda, porque aquela mulher era uma prostituta. Porém, Jesus a conhecia e aceitou a adoração porque ela creu que estava perdoada e muito amou Àquele que a perdoou. Assim é a dedicação de cada crente. Aqueles que são poucos dedicados se sentem pouco perdoados e os que se sentem muito perdoados são mais dedicados (v.36-50).
“Jesus, provavelmente, estava ‘reclinado’ em um divã para comer, com Sua cabeça e braços perto da mesa e Seus pés esticados fora da mesa, como era comum nas refeições. A dádiva sacrificial da mulher e suas lágrimas levantam questões que o texto não responde. Ela estava grata a Jesus por algum ato de bondade que Ele demonstrou a ela ou ela estava procurando ajuda?”[8]
Capítulo 8: Mulheres, Semeador, Candeia, Família, Tempestade, Geraseno, Virtude, Talitha
1.As mulheres são sensíveis para com as coisas espirituais. São gratas por Aquele que as resgatou e querem fazer mais do apenas orarem e adorarem a Deus em seu íntimo. Elas se tornam práticas com o seu dinheiro, talentos e bens. Não há barreira social para seguir a Jesus, tanto as mulheres comuns da sociedade, as pecadoras marginalizadas ou as de nobre posição social. Muitos homens deveriam buscar a mesma disposição, pois a vida não consiste apenas em trabalhar para si e sustentar a própria família, mas fazer diferença na vida dos sofredores. Uma boa maneira é ajudar aqueles que estão mais adiantados na obra, servindo a Deus integralmente como missionários, evangelistas e obreiros de modo geral (v.1-3).
“O evangelista Lucas preservou para nós vários incidentes na vida do nosso Senhor, nos quais mulheres tiveram uma parte proeminente. Não seria difícil, eu penso, trazer aquele fato em conexão com as características principais do seu Evangelho, mas em todos os eventos vale a pena observar que devemos a ele os detalhes, e o fato de que o serviço dessas mulheres gratas foi permanente durante toda a jornada do nosso Senhor após Sua saída da Galileia.”[9]
2.A semente não se semeia sozinha. Alguém precisa lançar a semente. O resultado não depende do semeador, mas da recepção da terra. Os corações que não aceitarem a mensagem prejudicam a si próprios e não ao semeador. O objetivo das parábolas, em certa altura do ministério de Jesus, era para que os fariseus não compreendessem, pois estavam rejeitando o reino. As palavras eram fáceis, as ilustrações faziam parte do cotidiano, mas a aplicação só podia ser compreendida com a explicação de Jesus (v.4-15).
3.O povo de Israel tinha a responsabilidade de aceitar a clara luz e não escondê-la, pois um dia tudo será julgado. Há o risco de que aquilo que Israel ganhou venha a perder por causa da rejeição. E, como sabemos, aconteceu isso. Foi tirado de Israel e dado aos gentios e, nós, Igreja, somos exemplo disso. A seguir, Lucas nos apresenta a maneira como Jesus lidou com a questão do parentesco. Jesus foi um filho submisso aos pais, porém, não permitiu que tomassem o lugar da Sua missão neste mundo, a de proclamar o evangelho. Muitos pais se tornam proibidores e não permitem que os filhos serviam a Deus integralmente, mas através de chantagens emocionais e recompensas materiais mantêm os filhos perto de si, impedindo alguns de seguirem adiante para divulgarem o evangelho a povos pouco alcançados ou não alcançados (v.16-21).
4.Jesus é Deus, mesmo na terra, Ele não deixou de ser, porém, Ele deixou-se limitar por necessidades humanas, tais como fome, sono e cansaço. Ele, contudo, nunca pecou. O sono de Jesus não O deixou menos Deus, por isso, os discípulos foram repreendidos por não confiarem Nele em meio aos ventos e ondas do mar (v.22-25).
5.O homem que vivia entre os sepulcros, acorrentado, violento, forte e atormentado pelos demônios, tornou-se um exemplo de que não há limites para Deus quanto à transformação das pessoas. Cristo é tudo para todos. Ele pode aceitar uma criança em sua simplicidade como pode acalmar um homem violento. Não haveria outra maneira daquele homem se libertar, pois ninguém queria se relacionar com alguém perigoso, o qual não queria nenhum tipo de socialização. Os demônios que possuíam aquele homem infeliz foram lançados para dentro dos porcos. A cidade que vivia da criação de porcos, pois não eram judeus, não quis Jesus ali. O medo tomou conta das pessoas. Parece que o mundo está mais confortável com as coisas do Diabo do que com a graça de Deus. Além disso, havia a questão do sustento, pois perderam sua fonte de renda, os porcos. Jesus disse ao homem, agora curado, para testemunhar aos da família. Ele, porém, não se limitaria a isso, mas falaria à cidade toda (v.26-39).
6.Embora Jesus tenha sido expulso da cidade de Genesaré, Ele é muito aguardado entre o povo de Cafarnaum, onde parece já foi um lugar denunciado por Jesus por não crerem o suficiente, pois ali seriam realizados muito mais milagres. A história da mulher hemorrágica nos ensina a confiar mais em Deus do que nos médicos, porém, não nos ensina a rejeitar os médicos. Lembremos que o escritor era o doutor Lucas, um médico. Ela gastou o que não tinha para tentar a cura, mas em vão. Na situação dela era considerada cerimonialmente imunda, por isso, estava afastada das atividades religiosas há muitos anos. A anemia deve ter tomado conta dela também. Jesus curou-a indiretamente e elogiou a confiança dela. Em seguida, Jesus ressuscitou a filha do chefe da sinagoga, Jairo. As pessoas riram, pois não creram em Seu poder. Vemos a intimidade de Jesus com Pedro, Tiago e João, dando a eles o privilégio de verem ações gloriosas do céu na terra. Como o povo ridicularizou e rejeitou a Jesus, os pais são aconselhados a não abençoá-los com o testemunho, o qual foi rejeitado. É perigoso rejeitar a Deus, pois podemos perder novas oportunidades de ver o Seu poder (v.40-56).
Maneiras de propagar o reino de Deus, o evangelho (Lc 8) 1.Através da pregação (v.1) 2.Através da assistência com seus bens (v.3) 3.Através da semeadura da Palavra de Deus (v.8,15) 4.Através da manifestação da luz (v.16-17) 5.Através da prática da Palavra de Deus (v.19-21) 6.Através do exercício de fé (v.25) 7.Através do testemunho vivo (v.35-39) 8.Através da ousadia (v.46-48) 9.Através do reconhecimento das maravilhas do Senhor Jesus (v.56) |
Capítulo 9: A Missão dos doze. Herodes. A primeira multiplicação. Confissão de Pedro. Levando a cruz. Transfiguração. Jovem possesso. Predição da morte. O maior no reino. O amor. O teste do discipulado.
1.A mensagem do evangelho devia ser anunciada por todo o Israel. Jesus não faria isso sozinho e também não usaria anjos ou os incrédulos. Os discípulos, dada sua vida dedicada totalmente ao evangelho levaria a mensagem. É verdade que todos os crentes têm a responsabilidade de testemunhar, porém, não podemos negar o fato de que apenas os que trabalham integralmente para o evangelho podem fazer isso com mais dinamismo, atravessando fronteiras e colocando-se à disposição dos ouvintes por mais tempo. Por isso, a Igreja precisa ganhar a visão de que os que não podem ir devem orar e contribuir, pois a obra requer recursos que o dinheiro providencia (v.1-6).
“Marshall e van Unnik apontam ao fato de que Lucas e os outros escritores do evangelho, além do fato de serem historiadores, eram, acima de tudo, evangelistas. Eles escreveram de tal maneira que seus ouvintes e leitores aceitariam Jesus Cristo como seu Salvador. Esse é o propósito, o qual pode ainda ser facilmente visto nos evangelhos.”[10]
2.Herodes vivia perseguido por “João Batista”. É claro que não se tratava de João Batista, mas era Jesus, o qual tinha muita semelhança ministerial com João Batista. Herodes nunca quis matar o acusador dele. A consciência de Herodes devia perturbá-lo terrivelmente por causa daquela execução (v.7-9).
3.A mensagem do evangelho trata do espírito e alma e, em algumas situações, dá sabedoria em como tratar do corpo. Porém, ninguém vive apenas de pregar e ouvir pregação. Os encontros das multidões geravam despesas. Assim como nossos encontros mais demorados, tais como conferências, acampamentos, retiros espirituais. Jesus se responsabilizou algumas vezes por dar o alimento. O suprimento de alimento sempre foi um desafio, por isso, os discípulos deviam ser solícitos, mas ao mesmo tempo confiar no suprimento diretamente Dele. Todos se fartaram, pois Jesus multiplicou o que havia (v.10-17).
4.A confissão de Pedro foi linda, corajosa e eterna, pois Jesus é Filho do Deus vivo para sempre. O Messias de Israel. Portanto, os credos são apenas declarações que podem ou não revelar a atitude de alguém que as recita. Nossa vida precisa andar junto com nossas declarações. Naquela altura, Jesus não queria que divulgassem ser Ele o Cristo, pois a nação já havia rejeitado e, em algum momento, mostraria essa rejeição crucificando-O. Jesus exigiu que para ser seguidor Dele houvesse uma abnegação da própria vida e dos desejos egoístas, por isso, o termo “levar a Cruz”. Não é um sofrimento passivo em relação às coisas ruins que acontecem na vida, mas levar a cruz é uma atitude deliberada de alguém que preferiu seguir os ensinos de Jesus, custe o que custar, mesmo se para isso precisar morrer (v.18-27).
5.Jesus disse que alguns que estavam ali não passariam pela morte até verem o reino de Deus. O que Ele estava dizendo, pois todos os doze discípulos morreram sem verem o reino? Será mesmo? É verdade que o reino não foi, efetivamente, estabelecido, mas Pedro, Tiago e João viram o vislumbre desse reino com o evento a seguir, a Transfiguração. Nesse acontecimento, os representantes legais da Lei, dos Profetas e o próprio Messias foram transfigurados e o Messias foi confirmado por Deus através da voz que surgiu do céu. Lucas liga a Transfiguração com as palavras de Jesus, oito dias antes, sobre alguns não morrerem até verem o reino. Era tão bom experimentar o reino que Pedro não queria sair da presença de Moisés, Elias e Jesus. No entanto, devido à rejeição dos judeus, o reino foi postergado para um tempo ainda futuro (v.28-36).
6.Voltando à triste realidade da terra sem o reino de Cristo estabelecido, vemos as desgraças atormentando a humanidade. Satanás é o deus deste mundo, aprisionando as pessoas em terríveis sofrimentos. Os discípulos não puderam contra a força do mal sobre aquele menino. Não sabemos se a repreensão incluía os três discípulos que vieram do monte da transfiguração. O certo é que, seja quer for, os discípulos não foram uma boa referência do poder de Jesus para aquele pai. Jesus resolve o problema, mas adverte aos discípulos sobre Sua partida deste mundo. Isso significa que os crentes precisarão ser revestidos do poder do Espírito Santo para que a obra de Jesus continue (v.37-45).
7.Não sabemos porque surgiu a discussão sobre quem seria o maior ou o mais importante. Sabemos que os últimos acontecimentos foram a Transfiguração, um prenúncio do reino e também a fracassada tentativa de alguns discípulos expulsarem o demônio que estavam em um menino. No final, sabemos a resposta. Todos somos pequenos, pois sem a atuação do Espírito em nossas vidas, o que podemos fazer para Deus? Nada. Jesus não queria que aquela discussão tomasse uma proporção maior, pois, facilmente, desprezamos uns aos outros medindo talento, forças, espiritualidade, beleza ou qualquer coisa que nos enche de orgulho. A atitude de um discípulo deve ser sempre a de humildade. Inclusive, a prática disso veio a seguir. Os discípulos estavam enciumados porque alguém estava expulsando demônios em nome de Jesus. Imagine, anteriormente, nem os discípulos diretos de Jesus conseguiram expulsar um demônio, agora um “estranho” estava fazendo isso. É para deixar qualquer candidato a ser maior no reino bem humilhado! (v.46-50).
8.Jesus veio por pouco tempo a este mundo para voltar à glória, mas antes disso, devia ir para Jerusalém onde seria preso, crucificado, morto, sepultado, ressuscitado e assunto ao céu. Ele foi fiel até à morte. Ele foi resoluto e ninguém o afastaria de sua missão de dar a vida em resgate pelo mundo pecador. Jesus mandou discípulos para preparem pousada no meio do caminho da Galileia até Jerusalém. A pousada seria na Samaria. Os samaritanos odiavam os judeus e estes odiavam os samaritanos. Sargão II enviou colonos para povoar Samaria quando do cativeiro de Israel. O resultado foi uma mistura de assírios com judeus surgindo o povo samaritano. Os samaritanos acreditavam somente no Pentateuco e tinham visão diferente do lugar de adoração. Não admitiam que Jerusalém fosse o centro da adoração. Jesus e sua comitiva estavam indo para Jerusalém e isso indispôs os samaritanos contra esse grupo de judeus. Anteriormente, Jesus foi bem recebido ali por uma mulher. Ele estava voltando de Jerusalém. João e Tiago se indignaram contra o mau trato dos samaritanos para com o seu mestre. Esses irmãos receberam de Jesus o apelido de Boanerges (filhos do trovão) e aqui sabemos o porquê (Mc 3.17). Eles se indignavam e tinham acesso de fúria. Eles querem ser os primeiros ao lado de Jesus. A mãe deles os criou para serem os melhores. Os filhos mimados tendem a se tornar adultos arrogantes, indignados e, por vezes, violentos. Somente uma pequena experiência no monte da transfiguração, vendo Elias, e já pensavam que tinham o mesmo poder do profeta no monte Carmelo quando enfrentou os profetas de Baal fazendo descer fogo do céu e consumindo o holocausto. Aqui não querem adorar a Deus, mas destruir os samaritanos. Jesus os repreendeu por sua falta de mansidão. O espírito ou a disposição deles era a de destruir, mas o espírito ou a disposição de Jesus era a de amar e salvar. Não é por acaso que Jesus contou mais adiante a parábola do Bom Samaritano e também a cura dos dez leprosos em que só o samaritano voltou para agradecer. Pode existir naqueles que rejeitamos um espírito mais nobre do que o nosso. A mansidão é uma virtude muito importante no crente, por isso, a seguir um breve estudo sobre este tema (v.51-56).
Mansidão[11] 1.Moisés era manso (gentil, brando, Nm 12.3). 2.Os mansos perdem na terra para ganhar no céu (Mt 5.5). 3.Jesus é manso e os que vão a Ele também podem ser (Mt 11.29). 4.Jesus entrou em Jerusalém de modo humilde (Mt 21.5). 5.Pedro incentivou as mulheres cristãs a se adornarem de mansidão (1 Pe 3.4). 6.A mansidão faz parte do fruto do Espírito (Gl 5.22). 7.O rei Davi orou a oração dos mansos (Sl 10.17). 8.Paulo exortava as pessoas com mansidão (2 Co 10.1). 9.Os crentes devem cumprir sua missão e chamamento com mansidão (Ef 4.1ss). 10.Tiago diz que a Palavra deve ser recebida em mansidão (Tg 1.21). 11.Os crentes devem estar preparados para defender a fé com mansidão (1 Pe 3.15). 12.Para Aristóteles, a mansidão era um vício de deficiência. Para ele, a magnanimidade é uma virtude; a mansidão é o vício da deficiência; e a vaidade é o vício do excesso. 13.Um general romano ficou envergonhado de si mesmo porque, um dia, ao ver um escravo sendo maltratado, sentiu compaixão dele. |
9.Seguir a Jesus não deve apenas ser um desejo, mas um desejo resoluto. A determinação de seguir a Jesus é acompanhada por uma disposição de colocá-lo em primeiro lugar de sua vida. O discipulado que Jesus ofereceu vinha com a exigência de renúncia, ilustrando Suas palavras sobre o caminho estreito. Aquele que pediu para sepultar o pai primeiro indica sua preocupação lícita para com o pai idoso. Depois que o pai morresse, ele seria um discípulo. Jesus quer que renunciemos tudo primeiro e O sigamos. Certamente, como um Deus justo, Ele não permitiria que aquele homem abandonasse seu pai. Primeiro, nossas intenções, depois a direção para o discipulado. Se Ele chama também contribuirá para que sejamos colocados no lugar que devemos estar. O discipulado é comparado a um arado. Não se pode olhar para trás ou deixar o trabalho (v.57-62).
Capítulo 10: A missão dos 70. O Bom Samaritano. Marta e Maria
1.Jesus não limitou sua influência de discipulador apenas aos doze. Às vezes, temos a tendência ministerial de segregar um pequeno grupo e tomar conta dele. Deveríamos pensar maior, a nossa influência não é deixar as pessoas do nosso tamanho, mas dar-lhes liberdade para se encontrarem na obra de Deus, não permitindo que elas se limitem a nós e nosso ensino ou fiquem dependentes de nossos conselhos, instruções ou diretrizes. Os líderes têm a responsabilidade de lançar os crentes ao mundo e não formar uma sociedade ou rede organizada de liderados. Os setenta saíram a pregar o mesmo evangelho que Jesus e os doze. O sustento daquele que sai para pregar deve vir de Deus. As muitas campanhas de levantamento de sustento, quando estão dentro do caráter informação e desafio da obra são ótimas. Porém, quando esquecemos quem nos sustenta e começamos a constranger pessoas para apoiarem os nossos projetos, isso não deve glorificar a Deus, pois se Ele envia, Ele também providenciará recursos para o enviado (v.1-12).
O trabalhador de Deus (Lc 10.1-12)
1.O trabalhador de Deus é enviado (v.1) 2.O trabalhador de Deus tem poucos companheiros (v.2) 3.O trabalhador de Deus está cercado de perigos (v.3) 4.O trabalhador de Deus renuncia tudo (v.4) 5.O trabalhador de Deus leva a paz às famílias (v.5) 6.O trabalhador de Deus verá algumas pessoas aceitando e outras rejeitando o evangelho da paz (v.6) 7.O trabalhador de Deus não ficará sem o sustento (v.7) 8.O trabalhador de Deus se adapta ao que está sendo oferecido em seu ministério (v.8) 9.O trabalhador de Deus anuncia uma mensagem de conteúdo celestial (v.9) 10.O trabalhador de Deus precisa considerar que nem sempre será bem recebido (v.10) 11.O trabalhador de Deus precisa deixar o resultado do trabalho com o próprio Deus (v.11-12) |
2.Ao enviar os setenta, Jesus alertou aos discípulos de que alguns não ouviriam e, por isso, seriam julgados com maior rigor do que Sodoma e Gomorra. Ele amplia essa denúncia e abrange outras cidades. Quando temos muita luz, somos responsáveis em aceitar aquela luz. Parece claro o ensino de graus de punição. Muitos que rejeitaram conscientemente o evangelho, visto que tiveram bastante oportunidade, se tornam mais responsáveis do que aqueles grupos isolados, os quais têm pouca ou nenhuma presença missionária. A justiça de Deus não é algo para ser resolvido, pois Deus não está em conflito com Sua própria justiça. Nós é que não aceitamos alguns princípios claros da justiça de Deus, como o texto bem à nossa frente, claro e translúcido (v.13-16).
3.O ser humano é igual criança quando conquista algo por seus próprios méritos, enche-se de orgulho e poder. No entanto, é um engano dizer que temos próprios méritos, quando Deus é quem dá tudo o que precisamos e nada temos ou fazemos sem a Sua bênção. Os discípulos estavam radiantes por dominarem o mundo espiritual em certa medida, ao expulsarem demônios. Temos que lembrar que, anteriormente, houve uma tentativa fracassada de alguns discípulos em expulsar o demônio que afligia um menino. Jesus não compartilhou da alegria deles, pois estava no foco errado. A alegria do crente está em ter sido redimido da condenação eterna. As realizações para Deus em Sua obra são apenas consequência do poder Dele e não nosso (v.17-20).
4.O privilégio dos discípulos, de fato, era muito grande. Os reis e profetas não tiveram as experiências que estavam tendo com o Rei dos reis, o Messias prometido. Jesus se alegra por conduzir aqueles discípulos ao conhecimento do Pai. Um grupo improvável estava sendo usado grandemente por Deus. Os sábios deste mundo não tiveram o conhecimento que aquele pequeno rebanho. Hoje, temos até mais do que os discípulos e precisamos valorizar esse conhecimento que temos das verdades celestiais e apresentá-las ao mundo perdido (v.21-24).
5.Anteriormente, Tiago e João queriam exterminar os samaritanos. Jesus oferece uma história de amor e indiferença para com o desprovido de capacidade, pois está à beira do caminho, espancado e quase morto. Jesus mostra a indiferença de dois religiosos a respeito do sofredor, enquanto um desprezível samaritano, pois os judeus não consideravam os samaritanos, acudiu e fez além do que se esperava. A conversa começa com a dúvida do intérprete da Lei sobre a salvação. Jesus não está ensinando a prática das boas obras para a salvação, mas respondendo sobre quem é o próximo. É interessante que ao ser perguntado qual dos três (sacerdote, levita e samaritano) parecia ter sido o próximo, o intérprete deveria ter respondido: “o samaritano”, no entanto, ele respondeu: “o que usou de misericórdia”. Seria muita humilhação reconhecer um samaritano acima de um levita e de um sacerdote em nobreza de caráter. Sendo que o próprio Jesus disse que não existe ninguém que seja bom, exceto Deus, ou seja, Jesus se incluiu como bom, é correto pensar que nessa parábola o Bom Samaritano é a figura do próprio Jesus que forneceu tudo o que o pobre pecador incapacitado precisava para ser salvo (v.25-37).
6.A história de Marta e Maria é fascinante. É simples de entender e com um ensino importante, o de adorar a Jesus acima de todas as coisas, inclusive acima de nossas atividades (v.38-42).
Marta e Maria 1.O dualismo dessas duas mulheres já produziu muitas mensagens. 2.Adoração antes do serviço e o equilíbrio que deve existir entre o trabalho e a reflexão, o ativismo e a meditação (Mt 14.23, Mc 6.46, Lc 6.12). 3.Marta recebeu Jesus e assim todos nós devemos recebê-lo como o Salvador e como o melhor hóspede de nossa vida (Ef 3.17). 4.Maria vai um pouco além de recebê-lo, pois quedava-se aos pés de Jesus só para ouvi-Lo falar das maravilhas de Sua Palavra (Pv 4.3, Mt 15.30, Mc 5.22, 7.25, Lc 5.28, 7.38, 8.41, 17.16, 11.32) 5.Marta era bem ativa e queria fazer o melhor para o Seu mestre (Cl 3.23). 6.Algumas mulheres ajudavam Jesus com seus bens. Elas ofereciam comida também (Lc 8.1-3). 7.Marta está servindo Jesus com suas habilidades culinárias e não há nada de errado nisso (Gn 18.6-8). 8.Quem sabe Jesus não advertisse Marta se ela não tivesse reclamado de sua irmã. Aqui deve ter aflorado a inveja (Gn 4.5-7). 9.Podemos servir a Deus, mas nunca devemos forçar os outros a fazerem o mesmo (1 Co 12.11). 10.O profeta Elias também reclamou de servir a Deus sozinho (1 Rs 19.10). 11.Temos uma enorme preocupação de que outros fiquem só se aproveitando do nosso serviço (1 Co 10.31). 12.Achamos que se alguém está tendo algum privilégio de ter um tempo devocional mais do que nós, então, julgamos que trabalhar é melhor do que orar (Ef 6.18). 13.A questão não é quem era melhor, Marta ou Maria, mas quem servia para ser vista e ganhar mérito (Mt 6.1). 14.Nosso serviço, seja orar ou executar outras tarefas, deve ser para o Senhor (Cl 3.23, 1 Co 10.31). 15.Pedro também se preocupou com o destino de João (Jo 21.21-22). 16.Marta tinha muitas preocupações e não apenas a de servir ao Senhor (Fp 4.6). 17.Ela certamente tinha problema em receber a graça do Senhor em sua vida e ver que a irmã estava recebendo a mesma graça (Rm 12.3). 18.Não é necessário muito para agradar a Deus. Ele disse que só quer o nosso coração (Dt 10.12). 19.A atitude de Maria era pura, pois ela só queria agradar a Jesus e não criticar sua irmã (Ef 6.6). 20.Quem ganha é Maria e o que ela ganhar não perderá. O prêmio de quem serve ao Senhor é a satisfação sem avareza e sem inveja (1 Tm 6.6). |
“O livro de Lucas é mais literário e mais bonito que os outros evangelhos. Comparando, podemos dizer que Mateus é didático e religioso. Marcos é teatral e prático. Lucas é biográfico e literário. O aspecto literário indica a habilidade de trabalhar com as palavras. Lendo nossas traduções portuguesas não notamos grande diferença literária entre os evangelhos. Isso ocorre porque o trabalho do tradutor produziu o efeito de um filtro. Agora, vemos mais a característica literária do tradutor e menos a do autor. Contudo, ainda é possível se apreciar a beleza do evangelho de Lucas [como no texto do encontro de Jesus com Marta e Maria].”[12]
A simplicidade do Mestre Jesus (Lc 6-10) 1.Vivia de sobras da seara conforme a Lei (6.1) 2.Vivia rodeado de discípulos simples (6.12-16) 3.Vivia rodeado de doentes pobres (6.19 ver 6.20,24) 4.Reconhecia pessoas humildes (7.9) 5.Compadecia-se dos sofredores (7.13,15) 6.Não se auto intitulava Messias (7.22) 7.Elogiava a simplicidade (7.25-28) 8.Tomava refeições com o povo (7.34) 9.Aceitava a adoração das pessoas simples e quebrantadas (7.44) 10.Aceitava doações de mulheres (8.2-3) 11.Considerava seus amigos como sua família (8.19-21) 12.Dormia em viagens (8.23) 13.Permitia que imundos cerimoniais chegassem perto Dele (8.43-44) 14.Permitiu que rissem Dele (8.52-53) 15.Ensinava simplicidade aos discípulos (9.3) 16.Oferecia alimento para os seus amigos (9.13) 17.Agradecia pelo alimento (9.16) 18.Ouvia o que as pessoas falavam sobre si (9.18,21) 19.Apontou um caminho sacrificial (9.23-25) 20.Vivia cercado de pessoas ineficientes (9.41) 21.Vivia cercado de crianças (9.46-48) 22.Não competia com outros (9.49-50,54-56) 23.Não era rodeado de conforto (9.58) 24.Trabalhou com poucos recursos humanos (10.2) 25.Ensinou a ter gostos simples (10.7-8) 26.Não se impressionava com grandes feitos de poder (10.17,20-21,24) 27.Ensinou que devoção é melhor que agitação de atividades (10.41-42) |
Capítulo 11: Oração. Blasfêmia. Mariolatria? O sinal de Jonas. Jesus censura os fariseus
1.Orar parece fácil e, de fato, há orações ou rezas preparadas, apenas para decorar e recitar. No entanto, oração é falar com Deus. Não há um recurso único de palavras preparadas para todas as situações. Nem mesmo, deveríamos aceitar várias orações para diversas situações. A oração é uma prática versátil, ou seja, nós temos um Pai celestial que quer conversar conosco e não apenas receber nossos pedidos. Jesus não nos ensinou a recitar uma oração e nem limitou os temas da oração, mas nos ofereceu elementos, os quais podem sugerir um roteiro para nossas orações (v.1-4).
Os temas da oração do crente (Lc 11.1-4) 1.O reconhecimento de Deus como eterno 2.O desejo de que a vontade de Deus seja realizada em nossas vidas 3.O pedido e agradecimento pelo sustento 4.A confissão de pecados e o compromisso de perdoar também 5.O pedido por proteção espiritual |
2.Após Jesus ensinar como orar, Ele oferece a parábola do amigo que recebeu um visitante e não tinha pão. Ao buscar com o amigo, altas horas da noite, não foi bem recebido. A insistência fez com que o amigo o atendesse. Jesus não compara o Pai com um amigo mal-humorado, mas pelo contrário, mostra que Deus está sempre pronto a atender. Ele é diferente de um amigo irritado e também é diferente dos pais terrenos, os quais dão coisas boas aos filhos segundo suas possibilidades, mas ainda assim são limitados, pois são maus, ou seja, pecadores (v.5-13).
“Possivelmente, nenhum outro aspecto da oração foi mais enfatizado nos ensinos de Jesus do que a persistência. Até mesmo os homens, geralmente, recuam no conceito de persistência na oração. Eles são forçados a reconhecer alguns elementos disso nos ensinos de Jesus. A necessidade de deletar a ideia da persistência levantada por uma má compreensão do conceito de seu papel na oração. Jesus advertiu a respeito de longas repetições na oração motivadas pelo falso conceito de que Deus poderia ouvir através do ‘muito falar’. Simplesmente, repetir uma oração preparada não faz dessa oração uma petição persistente, mas uma vã repetição.”[13]
A diferença entre um amigo e Jesus 1.Amigos podem ser prejuízo. Jesus é um amigo mais chegado do que um irmão (Pv 18.24). 2.Amigos emprestam. Jesus dá (v.5 e 9). 3.Amigos tentam ajudar, mas nem sempre conseguem. Jesus é resposta certa (v.6 e 10). 4.Amigos, às vezes, se aborrecem de nós. Jesus está sempre disponível (v.7 e Hb 4.16). 5.Amigos, às vezes, socorrem de má vontade. Jesus nos socorreu derramando Seu sangue (v.8 e Hb 10.19).
A diferença entre um pai terreno e o Pai Celestial 1.O pai terreno tenta nos dar o melhor. O Pai Celestial nos deu de Si mesmo (v.11-12 e 13). 2.O pai terreno tenta fazer o bem, mas ainda assim é mau, pecador. O Pai Celestial é Santo e dá o Espírito Santo (v.13). |
3.Alguém que rejeita o bem sem causa, por fim, acabará inventando acusações falsas contra aquele que faz o bem. Não havia como duvidar de que Jesus era o mesmo que o profeta Isaías havia anunciado, o Ungido, o Servo do Senhor. Ele estava libertando os oprimidos, só fazendo o bem e anunciando o reino do Seu Pai. No entanto, os fariseus, com medo de perderem sua posição de destaque entre o povo, não queria Jesus, mesmo que tudo isso fosse verdade. Então, o acusaram de ser um agente do diabo, o qual lhe dava o poder para realizar aqueles sinais. Jesus falou que seria impossível Satanás lutar contra si próprio. Por que Satanás faria o bem? Além disso, Jesus mostra que a regra deve funcionar para todos, da mesma maneira. Sendo que os judeus também expulsavam demônios, então, seria correto dizer que eles também eram capacitados por Belzebu? É claro que não. Eles deveriam refletir bem. Caso Jesus cumprisse os requisitos do Messias, então, a nação deveria reconhecê-Lo como tal (v.14-23).
4.Esses versículos que falam da casa varrida, ou seja, de demônios saindo de alguém para voltar mais tarde com outros demônios, parecem ter como propósito ensinar sobre a importância de um ex-endemoninhado acertar sua vida com Deus, antes que tudo volte, até mesmo para pior. Isso não deixa de ser verdade, mas aqui vai uma compreensão mais ampla. Jesus está se referindo sempre à nação de Israel incrédula e aos fariseus, incrédulos também. Podemos chamar isso, para usar as próprias palavras de Jesus, de geração incrédula. A nação está sendo purificada por Jesus de toda a ação demoníaca. A nação está recebendo cura de seus doentes. A nação, finalmente, está recebendo o Profeta prometido por Moisés. O que falta é apenas o estabelecimento do reino. Portanto, a casa ficou limpa, mas, infelizmente, a nação não aceitou o Messias, por isso, o mal voltará à nação sete vezes pior, ou seja, o estado de incredulidade da nação será completo (v.24-26).
5.Enquanto Jesus falava essas palavras, alguém da multidão foi além do simples reconhecimento da divindade de Jesus. A pessoa estava praticando o que se tornou a base da crença em algumas nações, como o Brasil, por exemplo. A mariolatria que é a adoração da mãe de Jesus. As pessoas transferem à mãe de Jesus o louvor que é devido apenas a Ele. Vemos um caso de mariolatria que é uma tentativa de exaltar Maria como um deus. Jesus repreendeu a exaltação humana, ainda que fosse à sua própria mãe, ou melhor, a mulher obediente que carregou Jesus em seu ventre. Ouvir a Palavra de Deus, ou seja, obedecer, é melhor do que a afinidade por parentesco. O maior privilégio que alguém tem não é o de ser parente de Jesus, mas o de obedecê-Lo como o Deus verdadeiro (v.27-28).
Capítulo 12: O fermento, o rico, a ansiedade, o servo, a divisão e os sinais dos tempos
1.Os fariseus e escribas não gostaram nada das denúncias feitas por Jesus contra eles. Parece que a multidão foi atraída pelas acusações contra os maiorais religiosos de Israel. Jesus não falou com os milhares, mas apenas aos seus discípulos. Ele continua acusando os fariseus e escribas, mas agora em particular para os discípulos. A hipocrisia era o destaque do caráter deles. Era como um fermento que só faz aumentar a massa. Jesus diz que no final essa hipocrisia aparecerá a todos. Os fariseus ainda matariam a Jesus e a alguns dos discípulos, mais tarde. No entanto, Deus cuidará de cada um e dará recompensa celestial. A blasfêmia contra o Espírito Santo só pôde ser praticada pelos fariseus da época de Jesus, pois O acusaram de possuído por Belzebu e não controlado pelo Espírito Santo. O mesmo Espírito é quem dará sabedoria àqueles que forem presos e estiverem nos tribunais (v.1-12).
2.As pessoas começaram a ver em Jesus um solucionador de problemas pessoais. Sendo o dinheiro uma das maiores preocupações do homem, Jesus é solicitado para resolver essa demanda. Para repartir a herança, o irmão devia antecipar o seu direito, ou seja, antes do pai morrer. O filho pródigo fez isso. Jesus deixou claro que Ele não veio resolver questões partidárias e interesses financeiros. A parábola de Jesus não tem como objetivo condenar a expansão de negócios, mas alertar para o perigo de colocar a confiança no dinheiro e não em Deus (v.13-21).
3.Quando alguém querido nos fala que vai ficar tudo bem, isso nos dá uma sensação de conforto de que realmente tudo ficará bem. Contudo, sabemos que essa pessoa que nos ama apenas deseja que isso aconteça, mas, normalmente, ela não tem como resolver nossos problemas. O nosso amigo, Jesus, não está apenas desejando que tudo fique bem conosco, Ele está pedindo que descansemos Nele, pois Ele cuida de nós. Jesus fornece a nós exemplos fáceis de serem observados, os pássaros e os lírios do campo que nascem sem que ninguém os plante. O nosso tesouro puxa o nosso coração para perto de si, portanto, precisamos encontrar em Jesus o nosso tesouro para que o nosso coração acompanhe a Jesus. Ele suprirá tudo para o pequeno rebanho Dele. Os incrédulos ficam ansiosos porque não têm um amigo como o nosso (v.22-34).
4.No contexto judaico do casamento, vemos que era realizado à noite. Os servos deviam aguardar o noivo e a noiva e não os deixar esperando à porta. Jesus diz algo surpreendente nessa história, o senhor servirá os servos vigilantes. Jesus voltará para estabelecer o seu reino e os crentes devem aguardar como se fosse o senhor vindo para as núpcias. A vinda Dele será como um ladrão, pois muitos não O esperarão. Talvez esteja acontecendo o mesmo com os crentes atualmente. Poucos pensam no Arrebatamento. Enquanto Jesus esteve na terra, a nação de Israel não se preparou para receber o reino. Muita responsabilidade, maior será o grau de punição (v.35-48).
“O restante do capítulo é tomado pelo primeiro grande trecho escatológico de Lucas; os homens são exortados a se arrepender enquanto ainda há tempo. A ênfase está na subtaneidade da crise e seu consequente chamado a que estejam alerta e vigilantes. Além disso, o tempo presente é um tempo de crise, lançando suas sombras sobre os discípulos, o próprio Senhor e a nação de Israel.”[14]
5.Jesus também anseia por um mundo melhor, mas isso não existe por idealismo, ecologia, política humana, religião humana ou qualquer forma de humanismo. A purificação do mundo virá com o fogo, isto é, o julgamento das nações e o estabelecimento do reino. Esse modo bíblico de pensar causará muita divisão em um mundo relativista onde todos os caminhos são aceitos como verdades individualizadas e bem aceitas. É o chamado “politicamente correto”. A mensagem de Jesus causará divisão familiares. Até que venha a intervenção divina para governar o mundo, Jesus tinha uma missão prioritária, batizar-se, ou seja, experimentar a morte na cruz para redenção do perdido arrependido e julgamento de Satanás (v.49-53).
6.A arte de ler a tendência da sociedade e do mundo se tornou uma especulação sem fim, mas todas as teorias são destituídas da sabedoria de Deus, pois excluem a Bíblia de suas interpretações. É muito fácil compreender a sociedade do ponto de vista bíblico. A humanidade está perdida em seus pecados contra Deus e uns contra os outros. A justiça só pode ser estabelecida na terra com a justiça de Cristo (v.54-59).
Capítulo 13: A torre, a figueira, a encurvada, o grão de mostarda, o fermento, a porta estreita e o lamento
1.Jesus passa a falar das injustiças e calamidades que acontecem entre os homens. Pilatos, por exemplo, matou judeus em seus próprios sacrifícios para Deus. Eles eram galileus. Jesus quer lutar contra a ideia de que algumas pessoas sofrem mais do que outras porque são mais pecadoras. O mesmo princípio serve para as tragédias que nos sobrevêm, como aconteceu com dezoito pessoas esmagadas por uma torre. Todos estão sujeitos às angústias deste mundo. Doenças, injustiças, tragédias naturais, tragédias da engenharia, descargas elétricas, raios, ciclones, etc. Nada disso se explica pelo caráter das pessoas, mas simplesmente por estarmos em um mundo beirando ao caos devido ao pecado. O que deve importar para cada pessoa é estar em comunhão acertada com Deus, ou seja, ter resolvido a questão da inimizade, ter aceitado Jesus Cristo como salvador pessoal. É a única maneira de resolver a maior das tragédias, a condenação eterna (v.1-5).
2.A nação de Israel é comparada, como sabemos, a três árvores: videira, oliveira e figueira. Portanto, ao falar da figueira, Ele se refere à nação que não produz fruto. A figueira foi plantada na vinha. Assim como a figueira não produziu após três anos, a nação de Israel também não produziu frutos após os três anos de ministério de Jesus na terra, mesmo com todo o cuidado prestado para incentivar os frutos. Ainda há tempo para dar fruto, mas é necessário um trabalho dedicado de limpeza, escavação e adubo. O que é necessário para darmos bons frutos que ainda não tenha sido feito? (v.6-9).
3.Somente Jesus pode tirar o peso de alguém que anda encurvado, seja física ou espiritualmente. A mulher buscava a Deus mesmo sofrendo há dezoito anos. Isso mostra que o vigor físico não é a motivação para buscar a Deus e nem a cura. O chefe da sinagoga estava mais aprisionado que aquela mulher, pois a tradição dos dias era muito mais importante para ele do que fazer o bem ao seu semelhante. As palavras de Jesus trouxeram vergonha sobre aqueles que pensavam egoisticamente como o chefe da sinagoga (v.10-17).
4.Jesus já mostrou que o caminho que leva à vida eterna é estreito e poucos entram por ele. Portanto, o cristianismo era para ser algo reduzido, ou seja, não é o mundo inteiro que aceitará a mensagem única do evangelho. No entanto, algo se confunde com o Cristianismo que é a Cristandade. Podemos ver um mundo cristianizada, mas carente da salvação. Por exemplo, os escravos que vieram de Angola para o Brasil foram batizados, receberam nomes “cristãos” e foram enviados para o Brasil. Portanto, foram cristianizados, mas de maneira alguma significa que foram evangelizados. Assim como o crescimento anormal mencionado por Jesus da árvore que surgiu de uma hortaliça e também como a massa que cresceu devido à ação do fermento (sempre símbolo da maldade), temos vários grupos pousando sobre a árvore da Cristandade (v.18-21).
5.As pessoas começaram a perceber que poucos seriam salvos no padrão de Jesus. O Senhor Jesus já havia afirmado no sermão do monte e agora repete o princípio da porta estreita. Não é difícil ir à igreja, mas é difícil ser discípulo de Jesus. Um dia será tarde demais para buscar a salvação e este tempo estava se aproximando para os judeus endurecidos em seu coração. Jesus não estava ensinando a Teoria da Substituição que é o ensino falso de que a Igreja substituiu Israel, mas que as pessoas individualmente que rejeitaram a Jesus perderam a oportunidade de serem salvas, enquanto os que vieram depois, os gentios, foram salvos aceitando a antiga mensagem de salvação (v.22-30).
“OS REMIDOS VIRÃO de todas as direções. Isso significa que muitos dos odiosos ‘gentios’ serão admitidos no reino, ao passo que muitos judeus ficarão de fora. Sentimentos como esse, expressos nos evangelhos, devem ter deixado irados a judeus, quando teve início a igreja cristã. Mas há subentendidos idênticos em várias passagens do A.T., pois, de fato, este versículo, provavelmente, repousa sobre trechos do A.T., como Isa. 45:6 e 49:12; Jer. 3:18 e Mal. 1:11).”[15]
6.Jesus não se alegrou pelo fato de que poucos serão salvos. Pelo contrário, Ele chorou sobre Jerusalém. Um lugar que deveria receber o Messias, mas preferiu seguir as autoridades, os rituais vazios e as próprias regras criadas para satisfazer a justiça própria. Portanto, o plano do estabelecimento do reino messiânico ficou adiado ou postergado. Um dia, os judeus aceitarão a mensagem, mas na primeira vinda do Messias na terra houve apenas rejeição da nação como um todo. É verdade que sempre haverá um remanescente, um pequeno grupo que aceita a Palavra de Deus, mesmo em meio a tanta incredulidade (v.31-35).
Capítulo 14: Os primeiros lugares em um casamento. A grande ceia. O serviço sacrificial a Cristo.
1.Jesus já fora acusado de comer com pecadores, mas certamente não estavam se referindo aos fariseus, pois estes eram considerados santos homens. Jesus está agora na casa de um fariseu importante para uma refeição. É sábado e ali estava um homem doente de hidropisia que devido ao mal funcionamento dos rins, por exemplo, fazia os tecidos ficarem cheios de água provocando muita dor.[16] Foi um teste levar aquele homem no sábado. Jesus usou um argumento que já tinha usado só que aqui acrescentou um filho caindo no poço. É claro que qualquer pai salvaria o próprio filho mesmo que fosse num sábado. Jesus, portanto, tratou aquele homem como seu filho. Os fariseus sabiam que Deus exige que um pai cuide de seu filho e, por isso, ficaram quietos e deram prosseguimento à refeição (v.1-6).
2.Jesus reparava nas ações das pessoas e ensinava-lhes algo sobre Si mesmo, o caráter de Seu Pai e a fragilidade e pecaminosidade humana. Ele ensina através da parábola sobre a vergonha de tentar se sobressair. A humildade dá lugar à honra, mas a arrogância precede à humilhação. Querer ser importante é uma armadilha, pois podemos passar muita vergonha ao sermos preteridos. Jesus também incentiva a fazer o bem, como dar uma refeição, a quem não pode pagar de volta com outro convite. A nossa recompensa está com o Senhor e não neste mundo (v.7-14).
“Jesus sabia que o anfitrião havia convidado os presentes por dois motivos: (1) para retribuir convites anteriores; e (2) para que ficassem em dívida com ele e continuassem a convidá-lo para outros banquetes. Esse tipo de hospitalidade não é uma expressão de amor e graça, mas sim uma demonstração de orgulho e de egoísmo. Estava ‘comprando’ o reconhecimento dos convidados.”[17]
3.Alguém levantou o assunto de refeição futura no reino do Messias. Jesus usa uma parábola para dizer que todos os judeus foram convidados, mas não aceitaram o estabelecimento do reino da forma que Jesus se apresentou a eles, por isso, outros são convidados. Aqui estamos nós, os não judeus, servidos pelo Mestre e banqueteando-nos com Sua salvação (v.15-24).
4.Seguir a Jesus não é fácil, no entanto, é seguro, pois Ele garante o nosso sucesso eterno. O discipulado deve ser calculado. Um pregador da Palavra de Jesus não deve esconder das pessoas o que elas podem passar por causa de Cristo. É um cálculo que cada crente deve fazer por si mesmo. Jesus conclui essa parte do discurso ilustrando nossas vidas com o sal. A utilidade está em salgar. Nossas vidas são úteis quando influenciamos pessoas para se aproximarem de Deus e de Sua Palavra (v.25-35).
Capítulo 15: Perdidos e achados
1.Os publicanos e pecadores são uma descrição suficiente para indicar que Jesus exercia uma atração sobre os miseráveis rejeitados da sociedade. Os fariseus não deixaram isso passar despercebido. O Senhor Jesus que conhece os corações e sabe que questões sociais são de grande importância, oferece um ensino com três ilustrações. A base dessas parábolas é a mesma. Coisas perdidas que foram achadas. Ele inicia com a parábola da ovelha perdida. Não é insensato colocar as ovelhas em lugar de segurança e deixá-las por um momento até encontrar a ovelha perdida. A importância de ovelha não é a mesma de um cachorrinho de estimação, mas equivalia ao sustento do camponês. Por isso, a alegria com a vizinhança que sabe do valor do ganha pão. Se a ovelha não fosse dele, isso não aliviaria o desespero, pois ele teria que pagar por cada ovelha perdida. De modo universal, a humanidade foi perdida, pois todos são feitos à imagem de Deus, mas o distanciamento do pecador para com o seu pastor foi progressivo em certas sociedades, que, hoje, há etnias completas que nada têm de conhecimento sobre o seu Criador. Deus chama essas ovelhas perdidas através da Sua Palavra e usa os salvos para buscá-las (v.1-7).
“A lição é clara: Há júbilo no céu por um pecador que se arrepende, mas não há júbilo pelos noventa e nove pecadores que nunca foram convictos da sua condição perdida. Realmente o versículo 7 não quer dizer que há pessoas que não precisam de arrependimento. Todos são pecadores, e todos devem arrepender-se para serem salvos. O versículo descreve os que, na própria visão, não necessitam de arrependimento.”[18]
2.A mulher perdeu um de suas dez dracmas. Essas moedas eram muito importantes para as mulheres, pois representava o que hoje chamamos de aliança de casamento. Era feito um diadema para a moça que se casava e ela colocava em sua fronte. Uma testa com uma moeda a menos era muito esquisito e indicava um descuido. Ninguém quer sua reputação manchada pela falta de um símbolo. Assim como na outra parábola, há uma alegria na comunidade por algo perdido que foi achado (v.8-10).
3.A parábola do filho pródigo é muito conhecida, mas a palavra “pródigo” é pouco usada no sentido correto. Aliás, a palavra “pródigo” não aparece nenhuma vez e muitos acham que pródigo significa perdido. Pródigo significa “esbanjador”. O filho gastou todo o seu dinheiro. De fato, ele não estava perdido. Ele sabia bem o caminho de casa e não queria ficar ali, pois tudo era equilibrado, racionado e organizado. Em algum momento da vida, as pessoas sentem vontade de gastar, exceder e simplesmente viver a vida sem nenhuma responsabilidade. O auge dessa parábola não é o pecado do filho, mas a misericórdia do pai. O filho mais moço pediu a antecipação da herança. Ele sabia que sua parte era menor que a do irmão mais velho. Pedir a antecipação da herança era como dizer ao pai que deseja que ele estivesse morto. Ele teve o que quis, mas recebeu o que não quis, ou seja, angústia, fome, vergonha e humilhação. Nenhum de nós sabe viver de modo independente de Deus, pois nos afundamos em autodestruição. Ele chegou a desejar a lavagem dos porcos, mas negaram a ele. Um judeu não comia porco, mas ele se humilhou querendo a comida dos porcos. Na volta, o pai tomou a iniciativa e correr até o filho. Ele tinha que chegar primeiro do que os apedrejadores, pois a Lei dizia que um filho nessas condições deveria ser morto a pedradas. Se alguém apedrejasse o filho teria que apedrejar o pai também[19]. Quanto ao filho mais velho, mostrou o ciúme, amargura e ira de seu coração (v.11-32).
A consagração de vida é possível (Lc 11-15) 1.Quando entendemos a oração de Jesus (11.4) 2.Quando colocamos a Palavra de Deus acima dos parentes (11.27-28, 12.51) 3.Quando nos arrependemos de nossos pecados (11.32) 4.Quando colocamos a Palavra de Deus acima das tradições (11.42) 5.Quando tememos mais a Deus do que aos homens (12.4-5) 6.Quando colocamos Deus acima dos homens (12.8-9) 7.Quando colocamos Deus acima do dinheiro (12.15,20-21) 8.Quando confiamos em Deus para nossas necessidades básicas (12.22,27,31-32) 9.Quando não nos consideramos melhores do que os outros pecadores (13.2,4-5) 10.Quando permitimos que Deus limpe nossa vida (13.6-9) 11.Quando resolvemos entrar pela porta estreita (13.24,34) 12.Quando decidimos ser humildes (14.10-13) 13.Quando escolhemos o caminho da cruz (14.25-28,33) 14.Quando nos alegramos com a salvação dos perdidos (15.6-7, 9-10,24,32) |
Capítulo 16: O administrador infiel. O rico e o mendigo.
1.Após falar do filho pródigo que desperdiçou o dinheiro de sua herança antecipada, Jesus continua a falar de dinheiro e a maneira que o crente deve lidar com este assunto. Ele fala de um homem muito sagaz que roubou seu patrão e perdeu seu emprego. Ameaçado de uma auditoria, o administrador desempregado tratou de fazer amizades com futuros prováveis empregadores ao oferecer-lhes um ótimo desconto de suas dívidas para com o patrão. Jesus mostra que as pessoas espertas sabem lidar com o dinheiro mesmo que de modo desonesto. O crente deve usar o dinheiro, que leva consigo a fama de destruição e desonestidade, para empregar de modo que tenha resultados eternos. A obra missionária é um ótimo exemplo disso. Ao usar o dinheiro, que vai se acabar mesmo, em favor da obra de ganhar almas para Cristo Jesus, aquele que empregou o dinheiro verá o resultado na glória. Portanto, é um modo de usar algo amaldiçoado (o dinheiro) para a bênção (salvação de almas). Sendo fiel no pouco, também no muito será fiel. O dinheiro é algo terreno e deveria ser usado para benefícios celestiais. É um modo sábio de servir a Deus com o dinheiro que se tornou deus para a humanidade. É claro que os fariseus se sentiram ofendidos, pois eles acumulavam dinheiro para os próprios prazeres. Os fariseus enganavam aos homens, mas nunca poderiam enganar a Deus que conhecia o coração avarento deles. Eles não observavam a Palavra de Deus que é duradoura e verdadeira (v.1-17).
“Ao ler os sermões e as parábolas de Cristo, uma das coisas que chamam a atenção é o fato de Jesus tratar, com frequência, da questão das riquezas materiais. Ministrou a pessoas que, em sua maioria, eram pobres e que acreditavam que adquirir mais riqueza era a solução para todos os problemas. Jesus não ignorava as necessidades dos pobres e, por exemplo e ensinamentos, incentivou seus seguidores a compartilhar seus bens com os semelhantes. A Igreja primitiva era uma irmandade que compartilhava alegremente seus bens com os mais necessitados (At 2:44-47; 4:33-37).”[20]
Ouvindo o que Jesus fala sobre o dinheiro (Lc 16.1-13) 1.Jesus disse que pessoas são desonestas com o dinheiro (v.1) 2.Jesus disse que um dia a desonestidade é descoberta (v.2) 3.Jesus disse que as pessoas pensam constantemente em dinheiro (v.3) 4.Jesus disse que os incrédulos são mais espertos sobre o dinheiro do que os crentes (v.4-8) 5.Jesus disse para os crentes também serem espertos quanto ao uso do dinheiro (v.9) 6.Jesus disse que não é a quantidade, mas a fidelidade que importa (v.10-12) 7.Jesus disse que os crentes não devem servir ao dinheiro, mas a Deus (v.13) |
2.O versículo 18 é tratado em Mateus 19.9. Jesus segue a mesma abordagem de Malaquias onde aprendemos que Deus odeia ou abomina o divórcio. O casamento foi estabelecido por Deus. Funciona em todas as sociedades. Qualquer desvio ou corrupção dessa instituição divina coloca em risco as sociedades, pois abre espaço para o caos social. As práticas imorais surgiram a partir da corrupção do casamento (v.18).
3.Parece que a história anterior era um fato ocorrido, mas talvez seja apenas uma parábola. No entanto, a história do rico e o Lázaro é um incidente ocorrido em um tempo, nomes são citados e algo que só Jesus poderia conhecer a continuação da história, pois se trata da vida após a morte. A história não tem como objetivo que Deus ama mais os pobres do que os ricos, mas que Deus aceita somente o justificado e arrependido de seus pecados. O destino para o que morria antes da morte e ressurreição de Jesus não era o céu, a presença de Deus, mas o paraíso, onde estavam os mortos salvos do Velho Testamento. De outro lado, pode-se dizer assim, havia o lugar de tormento, o inferno. A realidade do inferno é descrita em termos físicos. O tormento é desesperador. As lembranças são presentes. A separação é notável. A oportunidade de ouvir da Palavra de salvação em Cristo Jesus é na terra, após isto não há segunda chance. Isto nos mostra que as riquezas têm afastado pessoas do caminho do céu e que as pessoas que têm oportunidade e rejeitam sofrerão o remorso de terem rejeitado a salvação tão perto delas e agora distante para sempre (v.19-31).
Capítulo 17: Tropeços e perdão. Os dez leprosos. O reino de Deus.
1.O tropeço no caminho de um irmão é tão sério que pode fazer com que alguém se desviar de Deus e, por isso, a seriedade com que Jesus trata o assunto. Os pequeninos são os crentes de modo geral. Algumas vezes, de modo específico, o texto se refere a crianças. Nos relacionamentos, há conflitos e esses devem ser tratados. Há responsabilidade de enfrentar o infrator, pedindo-o que mude de atitude e há também a responsabilidade de pedir perdão e de perdoar (v.1-4).
“Repreender não significa destacar cada pecado que vemos, a não ser lhe mostrar à pessoa seu pecado para que esta lhe empreste atenção, a fim de restaurá-la em sua relação com Deus e outros seres humanos. Quando lhe parecer que deve repreender a outro cristão por um pecado, revise suas atitudes antes de abrir a boca. Ama a essa pessoa? Está disposto a perdoar? A menos que a repreensão não esteja unida ao perdão, não ajudará ao pecador.”[21]
Pequeninos Pequeninos em relação a crianças: Mt 18.6,10,14, 19.14, 21.16, Mc 10.14, Lc 18.16
Pequeninos em relação aos crentes de modo geral: Mt 10.42, 11.25, 25.40,45, Mc 9.42, Lc 10.21, 17.2 |
2.Todos os crentes precisam exercitar sua fé no Senhor. Fé não é algo totalmente impossível, mas qualquer pessoa pode exercitá-la. É necessário primeiro estabelecer o objeto da fé e também é necessário conhecer mais sobre o objeto da fé. A fé genuína é a confiança na Pessoa de Deus, bem como no Espírito Santo e Jesus. Não três deuses, mas o único Deus verdadeiro. Não se trata de quantidade, mas de objeto da fé. Não se trata também de princípio ativo e impessoal. Não temos fé na fé. Nossa confiança é pessoal, pois somos pessoas que confiam em uma Pessoa. A partir daí, Ele pode fazer o que desejar, recompensando nossa fé. Quando conheço a Pessoa e o Caráter de Deus, meus pedidos de oração serão colocados debaixo do desejo Dele e Ele tornará os desejos Dele os meus também (v.5-6).
3.Se Jesus é o nosso Senhor, não teremos nenhum problema em servi-Lo. Ele é amoroso e nos trata como amigos, porém, não podemos perder nossa atitude de querer agradá-Lo em todas as coisas. Ele é Senhor e nós os seus servos. Já é bênção em si mesmo poder servi-Lo (v.7-10).
4.Os dez leprosos tinham motivos para agradecer a Jesus. Gratidão é comum em pessoas educadas: sejam crentes ou não. Gratidão a Deus é comum apenas nos crentes que experimentam conhecê-Lo melhor. Só o fato de Jesus passar pelos leprosos já era motivo para serem gratos. Samaria não era passagem habitual para o judeu percorrendo da Galiléia a Jerusalém e vice-versa. O judeu desviava-se pela Transjordânia (região da Pereia). O judeu nem ao menos considerava o samaritano como gente, pois era uma mistura de judeu com pagãos da Assíria (2 Rs 17.24). Jesus mostra grande bondade passando por Samaria (como em João 4). Além de samaritanos eram leprosos. A desgraça da doença era mais humilhante do que a diferença de raças, e por isso, estão reunidos judeus e samaritanos num só grupo de leprosos. A Lei ordenava que o leproso estivesse a 100 passos gritando quando via alguém: “Imundo, imundo” (Lv 13.45-46). Estes mudaram o clamor para: “Jesus, Mestre, compadece-Te de nós”. Jesus fala com o homem apesar de sua lepra (o pecado). Jesus está passando por nós. Não é o caminho Dele, que é o caminho da Santidade. Nossa atitude devia ser de humildade, esperando a compaixão Dele por nós. Isto aconteceu quando éramos incrédulos e, hoje, temos ousadia de chegar até Ele, mas mesmo assim dependemos da compaixão de nosso Mestre. Agradeçamos a Deus por apenas passar por nós, por se lembrar de nós. Ele podia deixar-nos sem Sua revelação, sem pregadores, sem a tradução de Sua Palavra, mas Ele passou por nós e entre nós (v.11-13).
5.Quando Jesus deu a ordem para mostrarem-se ao sacerdote, não era para mostrar a lepra, mas que estavam limpos, conforme prescrevia a Lei (Lc 5.12-14, Lv 13.1-59, Mt 8.1-4). Todos creram para serem curados, por isso, foram ao sacerdote e no caminho foram curados. Exigia fé, pois a cura se daria no caminho. Parece que é mais fácil achar fé do que gratidão. Talvez tenhamos fé que Deus responde as orações, mas é duvidoso que tenhamos o mesmo fervor de ficar o mesmo tempo ou mais agradecendo pela resposta. Um voltou para agradecer. A visita ao sacerdote podia ficar para mais tarde, o encontro com Jesus era mais importante para ele. O que voltou era samaritano. Era proibida a adoração entre judeu e samaritano, mas ali nada o impedia de cair aos pés de Jesus e adorá-Lo. E os outros? Talvez pretendessem agradecer depois, mas de qualquer maneira não foram gratos, conforme o próprio Jesus expressou. Sabemos também, por experiência, que se não agradecemos algum favor logo, depois esqueceremos, pois outras coisas virão. A fé do samaritano o salvou, enquanto os outros apenas foram curados (v.14-19).
Sobre gratidão
1.A gratidão é o fruto de alguém transformado por Jesus. O próprio Jesus era grato ao Pai (João 11.41). 2.A gratidão é muito mais do que trabalhar na Obra de Deus, mas é desejar conhecê-Lo melhor. 3.Talvez os 9 leprosos podiam arrazoar que estavam apenas obedecendo a ordem do Mestre: mostrar-se ao sacerdote. 4.Aquilo que chamamos de prioridade na Obra de Deus, tentando convencer-nos que estamos apenas obedecendo a Deus, pode ser desculpa para não darmos toda a atenção ao Senhor Jesus e gastar tempo agradecendo a Ele. 5.Devemos imitar Maria que se assentava aos pés de Jesus e, em outra ocasião, despejou perfume sobre os pés de Jesus, e como este único leproso agradecido. 6.Tenhamos um coração grato e desejo de conhecê-Lo mais. |
6.O assunto “Reino de Deus” se tornou tão confuso para alguns que dividiu a Igreja em três pensamentos:
1º) O reino de Deus já aconteceu no momento em que Jesus veio ao mundo e o instaurou no coração de cada crente, 2º) O reino virá à medida que a igreja evangelizar o mundo e assumir o controle e 3º) O reino será estabelecido por Jesus Cristo em Sua segunda vinda com poder e glória. A história será interrompida e a Igreja volta com Ele para participar do reino prometido a Israel. |
Jesus veio estabelecer o reino prometido a Israel, mas foi rejeitado. Por isso, Ele adia o reino literal na terra. Enquanto isso, aqueles que creem Nele também aceitam o reino e este só pode estar no coração de cada crente até que os tempos sejam cumpridos e o reino, também chamado Milênio, seja estabelecido na terra. Jesus respondeu aos fariseus que perguntaram sobre o reino que este não tem aparência visível. Não agora, pelo menos (v.20-21).
7.Para os discípulos, Jesus abria exceção e explicava-lhes sobre o reino que virá. Na ausência do rei haverá muitos enganadores os quais devem ser rejeitados pelos crentes. Quando Jesus vier estabelecer o Seu reino não haverá dúvida, pois os sinais serão inconfundíveis. Não devemos confundir a Segunda Vinda de Cristo com o Arrebatamento. Quando Cristo buscar Sua noiva, a Igreja, não haverá sinais. Ele não virá até a terra, mas somente até às nuvens e a Igreja será arrebatada. Então, haverá um período de sete anos de tribulação. É um período de julgamento, o qual culminará no Armagedom, a guerra do exército do Anticristo contra Israel. Jesus abafa com um breve juízo arrasador. Os dois exemplos do Velho Testamento são de Noé e o Dilúvio e Ló e a destruição de Sodoma e Gomorra. Quando Cristo vier Ele deixará na terra os salvos, mas os não crentes serão levados para o inferno onde aguardarão o juízo do Grande Trono Branco para serem lançados definitivamente para o Lago de Fogo. Jesus cita aquilo que está descrito em Ap 19.17 sobre as aves comendo as carnes dos mortos no Armagedom (v.22-37).
Capítulo 18: Oração, riquezas e compaixão
1.A oração pode ser um prazer, mas antes disso é um dever do discípulo de Jesus. Ele mesmo orava ao Pai. É fácil desanimar na oração e selecionar momentos mais agradáveis. No entanto, a prática da oração pelo dever faz com que o crente simplesmente ore e não levante argumentos teológicos complicados sobre orar ou não orar, se Deus ouve ou já tem tudo traçado para o Seu povo e outras questões que não dominamos. Simplesmente, devemos orar não parar de orar. A parábola não tem por finalidade dizer que Deus é igual ao juiz iníquo, mas pelo contrário, dizer que Ele não é igual a este homem que de tão aborrecido pelos pedidos insistentes acabou respondendo. Antes mesmo de pedirmos, Deus já sabe o que necessitamos e nos atende às necessidades. É um privilégio, mas também é um dever. A oração com toda a certeza mudará o crente e não Deus. Ele continua gracioso, mas nós precisamos conhecê-Lo. A oração nos amolda à vontade Dele. A oração nos faz conhecer o que O agrada e nos faz pedir de modo correto. Somente a prática faz isso. Não as palavras repetidas, mas a oração dentro de Sua vontade. Haverá um tempo em que a oração não será atendida. É o tempo da incredulidade (v.1-8).
2.Jesus denuncia o orgulho na oração. A atitude de que Deus abençoa o que ora mais ou abençoa mais aquele que é mais ativo na Sua obra e tantas outras formas de orgulho. A oração não é uma ação que coloca em movimento as engrenagens celestiais para sermos atendidos em nossos desejos. Nós oramos não porque somos bons, mas é exatamente porque não somos que oramos. Precisamos desesperadamente da compaixão do Senhor. A prática da oração com compreensão nos deixa cientes disso. O fariseu tinha a fama de piedoso e alguém que sabia orar. O publicano tinha a fama de quem nem podia orar por ser tão desonesto e pecador. Logo se percebe na oração do fariseu que ele concorda com sua fama de que é um santo em comparação aos demais. O que sobra da oração de alguém que não precisa de Deus? Só palavras de si para si mesmo. O ativismo com a ilusão de mérito próprio faz a oração desnecessária. O contraste é o publicano que já sabe de sua fama e também concorda. Ele realmente precisa de Deus, pois não é ativo para o reino de Deus, mas é ativo contra. O bater no peito não é sinal de arrogância, mas de lamento. Ele pede misericórdia. O propiciatório que era a tampa da arca da aliança recebia o sangue do sacrifício uma vez por ano pelas mãos do sumo sacerdote. Deus ficava satisfeito e não condenava a nação de Israel. O sangue de Cristo deixou Deus satisfeito e, por isso, não somos consumidos. Somente a graça e misericórdia é que nos salvam e não nossas orações bonitas (v.9-14).
“Ele [o publicano] realmente era um pecador e ele sabia disso e se arrependia disso. Ele não se aproximava muito perto do santuário, onde todos o veriam. Ele ficava longe. Possivelmente, ele tinha visto o fariseu e pensava que não era digno de se aproximar dele. A última coisa que ele queria que Deus o contrastasse com o nobre fariseu!”[22]
3.O amor de Jesus pelas crianças pode ser muito óbvio para alguns de nós que vivemos em sociedades em que as crianças são muito bem tratadas, quem sabe até mimadas. No entanto, em algumas famílias ou sociedades e épocas, as crianças são tratadas como pessoas de segunda categoria. Elas jamais teriam prioridade na alimentação, não seriam consideradas para mudanças de casa ou estilo da família. Jamais seriam consultadas para nada e nunca poderiam estar no mesmo ambiente que os adultos e muitos menos poderiam participar de conversas com adultos. O fundador da Escola Bíblica Dominical, Robert Raikes, tratou as crianças com um interesse jamais visto. Isso foi na Inglaterra em 1783. De lá para cá, onde há igrejas evangélicas, as crianças recebem uma atenção especial de ensino da Palavra de Deus. Parece razoável pensar que Jesus aprovou a inciativa de Raikes e se alegra de continuarmos esse programa de ensino infantil (v.15-17).
4.O jovem rico chama Jesus de “bom” da mesma forma que todos nós consideramos algumas pessoas boas. Porém, inerentemente bom há só um, que é Deus. Esse é um atributo Dele. Ele comunicou esse atributo com o ser humano e, especialmente, com o crente. Se consideramos Jesus bom, então, estamos dizendo que Ele é Deus e nós devemos obedecê-Lo. O jovem rico pensava que obedecia a Deus, até que Jesus lançou um desafio que o pegou em cheio. Desfazer-se daquilo que ele mais segurava, era demais para ele. O teste foi aplicado sobre a sua vida, mas ele foi reprovado. Ele mesmo se reprovou, pois ele podia obedecer a Jesus e segui-Lo livremente. Ele não ficaria sem recompensa. No entanto, ele não achava a recompensa de seguir a Jesus maior do que o que ele já possuía. Jesus tranquilizou os discípulos de que ninguém ficará frustrado em segui-Lo. Será, sim, recompensado mais amplamente do que se pode imaginar, pois a recompensa é eterna (v.18-30).
5.Jesus repetia o aviso de que Ele seria preso, maltratado, morto, mas que ressuscitaria. Os discípulos não conseguiram compreender essa verdade enquanto Jesus estava entre eles. Somente quando Ele ressuscitou e apareceu para eles é que compreenderam e, ainda assim, não aconteceu isso logo no início. As mulheres entenderam mais rapidamente (v.31-34).
6.O cego depositou a sua confiança em Jesus. Ele não conseguia enxergar com os olhos físicos, mas enxergou com os olhos da fé que Jesus era o Messias prometido. As pessoas repreenderam o cego. Nós todos temos problemas com o ciúme. A atitude de guardar só para nós aquilo que nos pertence é chamado ciúme. Aquilo que não temos, mas queremos para nós é chamado inveja. Outros podem ser como nós e até maiores do que nós. Outros podem ter o que temos e até mais. Isso não nos diminuiu diante dos outros. Aquele que consegue não criticar o sucesso dos outros já é uma pessoa caminhando na nobreza de atitude. Os discípulos precisam aprender essa verdade. Jesus não negou a bênção para aquele homem. Nós não devemos privar as pessoas de um crescimento, o qual podemos ajudar a proporcionar a elas com o que temos, sejam recursos materiais, intelectuais ou habilidades (v.35-43).
Capítulo 19: Zaqueu. As dez minas. A entrada triunfal. O choro de Jesus. A purificação do templo. O livre ensino de Jesus no templo.
1.Jesus está nas imediações de Jerusalém, mas evita andar dentro de Jerusalém, pois o seu tempo está terminando, mas ainda não é o momento de se entregar para o sacrifício pascal. Ele encontra o exemplo de pecador da sociedade judaica, um publicano. Ele era rico por embolsar os resíduos de impostos cobrados de seus conterrâneos. Era um homem de baixa estatura. Devia ser bem baixo, pois de modo geral o judeu é de pequena estatura. Por alguma razão, Jesus o atraía. Talvez por se sentir desprezado ou por se sentir culpado. Talvez uma combinação disso tudo. Ele subiu num “moron” (sicômoro). Alguns pensam que seria uma figueira ou até mesmo uma amoreira. Não era uma árvore forte, mas também ele não era um homem grande. Jesus o viu, porém, já sabia que ele estava ali. Nos planos de Jesus tudo estava pronto. Ele comeria na casa de Zaqueu, mas parece que também ficaria na casa dele por um dia. Jesus tinha pressa para esse contato e Zaqueu também. Uma estranha alegria invadiu Zaqueu (v.1-6).
2.Os rumores sobre Jesus só se confirmavam. Ele andava, comia e convivia com pecadores. A conversão de Zaqueu é indiscutível, pois quando alguém se despoja de bens materiais para seguir a Jesus e promove o ressarcimento de prejuízos causados a outros, isto mostra um entendimento do discipulado (Êx 22.1, Lv 6.5). Zaqueu se tornou um exemplo de que nem tudo é perdido em Israel. Há um remanescente que aceitou a salvação (v.7-10).
3.Todos que seguiam a Jesus pensavam que Ele estava indo a Jerusalém com o fim de estabelecer o reino. Hoje sabemos que Ele foi em direção a Jerusalém para ser preso, crucificado e ressuscitado em cumprimento às profecias tão verdadeiras quanto ao estabelecimento do reino messiânico. A diferença entre sua morte e o seu reino é o tempo. Ele ainda virá para cumprir as profecias sobre o reino. A rejeição foi o fator determinante da primeira vinda. O juízo e salvação serão os fatores determinantes da segunda vinda. Nessa parábola fica claro que a rejeição do rei trará juízo e a fidelidade para com a vinda do rei será recompensada com prêmio adicional. Somos salvos, mas ainda ganharemos mais. Aliás, já estamos ganhando em seguir ao Rei Jesus. Na eternidade teremos ganhos de posição, honra e trabalho, pois o rei dá a posição e honra de governo sobre cidades. Nada há mais gratificante do que servir a Deus e conduzir outros a salvação e adoração do Rei (v.11-27).
4.Chegou o momento de Jesus entrar como Rei em Jerusalém, mesmo sabendo que seria uma entrada não válida, pois o reino não seria estabelecido. Por que, então, Jesus entrou em Jerusalém, cumprindo a profecia de Zacarias, montado num animal? Não está errado afirmarmos que Ele recompensou os que realmente esperavam o Messias e creram em Jesus como Aquele que deveria vir. Não foi em vão para esses receber o Rei, pois, de fato, Ele se tornou o Messias para eles. O reino ficaria para mais tarde, por isso, seria aberto um espaço, tratado nas parábolas do mistério do reino, quando há crentes que receberam o Rei, mas ainda não estão experimentando o reino em sua totalidade. Esse reino está no coração, aguardando a segunda vinda do Rei dos reis para julgar o mundo e estabelecer o reino. Jesus nem mesmo tinha uma comitiva real para entrar em Jerusalém. O animal foi emprestado. Os que louvaram ao Messias de coração foram recompensados com a certeza interior de um reino. Jesus aceitou a adoração, pois Ele é Rei para esses. Evidentemente, havia os que entraram no clima de euforia, mas que estavam apenas almejando um rei para satisfazer suas necessidades imediatas e materiais. As pedras clamarão. Nós nos tornamos pedras vivas e ainda estavam dando as boas-vindas ao maravilhoso Rei de Israel e Rei de toda a terra, Jesus Cristo (v.28-40).
5.Foi um desperdício para a nação receber o Messias em seu território, realizando todos aqueles sinais, prometendo libertação, mas, contudo, a nação O rejeitou. O assunto trouxe lágrimas aos olhos de Jesus. A chance estava ali de saírem do jugo humano, mas não aproveitaram. Portanto, Jerusalém ainda será pisada pelos gentios, até que o Rei volte em Sua glória. Muitos, ainda hoje, estão rejeitando o Salvador Jesus, o único que lhes daria vida eterna. No entanto, morrendo nessa rejeição, serão condenados por toda a eternidade. O povo de Israel foi visitado e rejeitou o visitante. Hoje, cada pregação do evangelho ou testemunho dado a alguém é a visitação do salvador a elas. Se rejeitam o visitante Jesus, não O terão como o dono de suas vidas e perecerão eternamente (v.41-44).
6.Sendo o Rei, pelo menos momentaneamente, Jesus começa a purificar o que está contaminado. O templo é o lugar de adoração. As pessoas que vinham de longe, compravam seus animais para o sacrifício por ali mesmo, pois precisavam dar o melhor sacrifício para Deus. Elas vinham com o dinheiro de sua região e precisam trocar para fazer a compra dos animais. Portanto, não estava errado ter cambistas e vendedores de animais. O erro estava em não respeitar a área do templo. As vendas e trocas de moeda deviam acontecer fora das imediações do templo. Se dependesse exclusivamente dos líderes judaicos, Jesus já estaria preso e condenado à morte. Porém, havia o plano de Deus, ainda não chegara a hora da glorificação de Jesus na cruz e também o povo gostava de ouvir Jesus. Prender Jesus e causar um tumulto na cidade poderia despertar nas autoridades romanas uma acusação de motim contra Roma e Israel perderia seus privilégios de livre adoração (v.45-48).
“No início do ministério, Ele purificou a casa de seu Pai, a qual estava entregue a um covil de mercadores; no fim do ministério, Ele repete a purificação.”[23]
Capítulo 20: A autoridade. Lavradores maus. César. Saduceus. O Cristo. Escribas
1.Os fariseus estavam com muito ciúmes porque Jesus estava se tornando popular demais. João Batista também foi muito popular. Sendo assim, já fazia uns três anos que os fariseus estavam sendo esquecidos pelo povo. Para quem se preocupa com popularidade, esse desgaste de imagem causava muita perturbação. Os fariseus tentaram desafiar a autoridade de Jesus com o objetivo de desmoralizá-Lo e torná-Lo ineficiente para com o povo. Porém, Jesus foi direto ao ponto de enfraquecimento deles na mesma área, a popularidade. Jesus mencionou João Batista. Eles não podiam falar mal de João Batista e nem de Jesus, pois o povo, simplesmente, tinha muita confiança nessas duas personagens (v.1-8).
2.A analogia é tão clara sobre os lavradores maus que quase dispensa explicação. Os lavradores maus matavam todos os que eram enviados pelo administrador. Finalmente, restou enviar o próprio filho, na certeza de que não fariam mal a ele. Porém, a maldade era tanta que mataram o próprio filho do administrador. Não havia misericórdia para esses lavradores maus. A aplicação se tornou fácil para todos os que acompanharam os profetas do Antigo Testamento, os quais eram enviados de Deus. Alguns foram mortos e muitos foram desprezados e presos. Deus enviou o próprio Filho e, em pouco tempo, matariam a Jesus. Nada mais resta com essa nação, senão Deus dar o privilégio a outro povo. No caso, os gentios, muitos desses foram salvos, formando a Igreja. Cremos, pela fluência das profecias, que Deus voltará a trabalhar com essa vinha, Israel (v.9-18).
3.Tentaram armar uma cilada para pegarem Jesus com a Receita Federal da época. Fiscais foram subornados para saberem a opinião de Jesus sobre o pagamento de impostos. Os judeus pagavam os impostos, mas logicamente não faziam com alegria. No entanto, Jesus, através de uma demonstração com a efígie (imagem) do Imperador na moeda, ele concordou com o imposto e deixou bem claro que é possível ser um adorador do único Deus verdadeiro e, ainda assim, cumprir com as obrigações civis, mesmo que governantes se coloquem como deuses (v.19-26).
4.Os testes não paravam. Todos os que rejeitavam a Jesus queriam vê-Lo cair em algum erro doutrinário ou civil. Os saduceus eram um partido do Sinédrio. O outro grupo eram os fariseus. Ambos queriam ver Jesus cair, mas eles mesmos não eram coerentes, pois pensavam diferente em suas doutrinas. Os saduceus não criam na ressurreição. Eles inventaram uma história de uma mulher casada que ficou viúva de vários maridos. Na glória, afinal, se há realmente ressurreição, de quem ela seria esposa? Jesus mostrou que a ressurreição devolve à pessoa o corpo, mas não o estado civil, pois no céu não há casamentos. Nós nos realizaremos completamente na Pessoa de Deus em Sua maravilhosa triunidade. Os anjos vivem há milhares de anos com Deus e não são casados (v.27-40).
5.Jesus também testava o conhecimento dos discípulos. A diferença é que Ele queria fortalecer a fé deles no Messias. Se Davi é o antecessor do Messias, por que ele chama o Messias de Senhor? Isso claramente indica que o Messias é maior do que Davi e que existe antes de Davi, pois Ele é eterno. Se as pessoas estão chamando Jesus de Filho de Davi, então, elas precisam saber que Jesus é maior do que Davi e que veio antes Dele, pois Jesus é o Deus eterno (v.41-44).
6.A acusação de Jesus, agora, é sobre os escribas. Eles são oportunistas, pois usam o seu conhecimento das Escrituras para impressionar as viúvas com a finalidade de tirar dinheiro delas. Eles eram vaidosos, pois gostavam de receber elogios. Eles queriam ostentar sua riqueza pelas roupas com que se vestiam. O obreiro atual deve receber isso como advertência. Não precisamos ostentar riquezas, aliás, nem mesmo seremos ricos no ministério. As nossas roupas podem ser condizentes com as roupas que as pessoas comuns usam. Os anéis, desejados por muitos obreiros, por formação que nem sempre têm, precisam ser submetidos às palavras de Tiago 2.2. Se acharem que não é ostentação, mas um acessório necessário, então, não há problema. Porém, se entenderem que se trata de um adereço para chamar a atenção para sua posição, então, deve considerar seriamente deixar de lado (v.45-47).
“... Os que resolveram não reconhecer Sua autoridade, desonrando-O como Senhor e Dono da Vinha, serão lançados de seu arrendamento e despojados de todos os seus títulos, pois Ele se tornará a pedra da esquina.”[24]
Mudanças dramáticas (Lc 16-20) 1.De empregado para desempregado (16.1-3) 2.De casado para divorciado (16.18) 3.De vivo na terra para atormentado no inferno (16.19-23) 4.De ofendido para perdoador (17.3-4) 5.De imundo separado para purificado integrado (17.15-16) 6.De tranquilo para desesperado (17.26-30,32) 7.De religioso para rejeitado (18.11,14) 8.De adulto para criança (18.17) 9.De autoconfiante para triste e desamparado (18.21-23) 10.De cego e desprezado para adorador que vê (18.38-39,42-43) 11.De rico para despojado (19.8-10,24-26) 12.De rei da glória para rei dos pobres (19.37-38) 13.De livre para sitiado e cativo (19.41-44) 14.De casa de oração para covil de ladrões (19.46) 15.De arguidor para arguido (20.2, veja Jó 38ss o Deus arguidor) 16.De herdeiro para vítima de latrocínio (20.13-15) 17.De criador e dono da terra para vassalo tributário (20.22,24-25) 18.De mortal para imortal (20.35-36) 19.De filho para Senhor (20.41-44) 20.De opressor para condenado (20.45-47) |
Capítulo 21: A oferta da viúva pobre. A destruição do templo. O princípio das dores. Jerusalém sitiada. A Segunda Vinda. A figueira e a vigilância. O povo queria ouvir a Jesus.
1.Após Jesus denunciar os fariseus e suas práticas hipócritas, passa a observar os ofertantes do templo. Os ricos, certamente se sentiam mais espirituais por terem condições de lançar gordas ofertas no gazofilácio. Porém, não passou despercebido aos olhos de Jesus uma viúva pobre que deu tudo o que tinha. Na matemática de Jesus, a mulher deu mais do que os ricos. Jesus não viu apenas a proporção, mas o coração. A mulher tinha disposição total a Deus, mas os ricos, convenientemente, saldavam seus compromissos religiosos apenas (v.1-4).
2.O ofertante luta sempre com o sentimento de querer agradar a Deus, mas também de mostrar aos outros que cumpre a Lei ofertando. Há também, principalmente, em nossos dias de Teologia da Prosperidade, a intenção do ofertante em dar para receber em dobro ou triplo, numa espécie de barganha com Deus. O exemplo mais sublime de alguém ofertando é da viúva pobre. Jesus a viu. Os demais estavam vendo a si próprios, mas Jesus viu o coração da viúva. Ela estava simplesmente adorando a Deus, aguardando Nele o suprimento para as próximas moedas para comer e para ofertar. Os mais críticos diriam que para ela era fácil, pois era tudo o que tinha, mas era tão pouco que não poderia comparar com os que têm um orçamento tão pesado na vida, os quais não podem se dar ao luxo de ofertar muito para a obra de Deus, pois lhes faria falta para a produção cotidiana. O nosso conceito de produtividade precisa mudar, se quisermos mesmo ser discípulos de Jesus (v.1-4).
“Jesus não disse que ela [a viúva pobre] colocou mais do que qualquer um deles. Ele disse que ela colocou mais que todos eles – todos eles juntos! Como podia isso ser possível? Porque todos os outros deram de sua abundância; ela deu sacrificialmente, da sua pobreza.”[25]
3.O Templo seria destruído e Jesus está advertindo aos discípulos para não colocarem a esperança nas lindas construções do templo. Porém, há elementos dessa conversa que indicam um período ainda mais adiante, a Tribulação, também conhecida como “As angústias de Jacó”. Haverá muito engano, impostores de Cristo, catástrofes, perseguição, fuga, ação do Anticristo, mas, finalmente, a vinda de Jesus Cristo como o Juiz de toda a terra para estabelecer o reino, o mesmo que foi rejeitado enquanto Jesus esteve em Israel. Alguns tentam fazer cálculos, mas Deus nos proibiu de tentar descobrir quando Ele voltará. A geração que permanecerá será a geração dos judeus. Temos uma certeza, a de que o povo de Israel estará na terra quando Jesus voltar. Um terço do povo, pelo menos, que passar pela Tribulação (v.5-38).
O poder e a glória de Jesus em Sua Vinda (Lc 21.5-28)
1.Ele é mais glorioso do que o Templo (v.5-6) 2.Ele é mais glorioso do que os profetas deste mundo (v.7-8) 3.Ele é mais glorioso do que as guerras dos homens (v.9-10) 4.Ele é mais glorioso do que os fenômenos da natureza (v.11) 5.Ele é mais glorioso do que os poderosos deste mundo (v.12) 6.Ele é mais glorioso do que os argumentos humanos (v.13-15) 7.Ele é mais glorioso do que os nossos familiares (v.16) 8.Ele é mais glorioso do que o ódio do mundo por nós (v.17) 9.Ele é mais glorioso do que nós (v.18-19) 10.Ele é mais glorioso do que as perseguições (v.20-24) 11.Ele é mais glorioso do que os eventos que virão (v.25-28) |
Capítulo 22: Planos. Traição. Páscoa. Ceia. O maior. Pedro negará. Monte das Oliveiras. Prisão. Pedro nega. Tribunal
1.Os fariseus queriam prender Jesus, mas tinha que ser longe da multidão e precisam que alguém facilitasse o acesso até Jesus em sua solitude. Tinha que ser alguém de dentro do grupo. Satanás se aproveitou da abertura que Judas deu a ele, pois estava roubando dinheiro e querendo mais dinheiro, entregando informações valiosas. Tornou-se informante e executor para a prisão de Jesus. Precisamos cuidar de nossa vida e, principalmente, da ganância, pois esta leva as pessoas à loucura (v.1-6).
2.Jesus amou os discípulos até o fim, inclusive Judas. O tempo que Ele teve com eles celebrando a última Páscoa deu origem à primeira Ceia, a nova aliança. Foi uma despedida digna de alguém que estava pensando no bem-estar dos discípulos. Deu exemplo de humildade, deu instruções e entregou-se totalmente a eles. A Ceia do Senhor foi preparada com muito planejamento e amor por Jesus. Ele mostrou a importância desse memorial. A Ceia do Senhor não é da Igreja, mas do Senhor Jesus. Não temos direito de selecionar ou dividir o povo de Deus, inibindo ou proibindo irmãos em Cristo de participarem da Ceia (v.7-23).
3.Jesus mostra aos discípulos que não devem brigar sobre quem é o maior. Ele deu exemplo, conforme lemos no Evangelho de João, que temos que servir uns aos outros. Jesus lavou os pés aos discípulos, mostrando que o serviçal sempre se coloca abaixo dos debaixo. Para lavar e enxugar os pés temos que nos agachar. Um dia, os discípulos de Jesus terão que assumir posições de liderança e juízes, no reino que será estabelecido na terra. Um líder precisa aprender a ser servo (v.24-30).
4.Jesus advertiu Pedro sobre os ataques do inimigo contra a vida dele e dos discípulos. Pedro achou-se muito forte fazendo promessas que não poderia cumprir. Se somos fiéis a Deus, isso se dá pela fidelidade Dele por nós. Não temos méritos, temos a misericórdia. Jesus pede aos discípulos que se armem, preparem-se para o que virá a seguir. Jesus não estava ensinando ou motivando os discípulos para uma luta armada, como vemos em todo o processo de prisão e morte. Os discípulos não entendiam que a luta não é contra carne e sangue, mas que se trata de uma luta espiritual, a qual deve ser travada e vencida com as armas espirituais (v.31-38).
5.Uma das armas espirituais poderosas do crente é a oração. Ele dá exemplo. Foi um momento de muita angústia de Jesus, pois o que o aguardava não era apenas a morte física, mas a separação do Pai. Um anjo o consolava naquela luta travada em oração. A tensão era tanta que minúsculos vasos sanguíneos do couro cabeludo se rompiam, fazendo com que sangue escorresse da cabeça de Jesus. Os discípulos, que, anteriormente, armaram-se com duas espadas, não conseguiam luta o combate espiritual em oração. Eles dormiam. É mais fácil ser um ativista, cheio de vigor físico para muitas programações humanas, do que orar. Sempre será um dos maiores desafios da vida cristã, a oração (v.39-46).
6.Tudo estava acontecendo da maneira que Satanás queria. Uma alegria satânica tomava conta daquele jardim, mas sabemos que os propósitos de Deus são maiores do que a maldade do mundo e do diabo. Os fariseus, de fato, rejeitaram o Filho de Deus. Judas realmente traiu Jesus com um beijo de amigo. Pedro pensava cumprir a promessa de proteger Jesus, lançando mão da espada. Pedro discordou de Jesus, mas acabou fazendo o que estava predito por Jesus, Pedro negou a Jesus. Ele praguejou, negando Jesus. É verdade que o coração dele sentiu o peso desse pecado e, por isso, chorou amargamente. Jesus foi julgado injustamente. Foi espancado injustamente. Portanto, o inferno estava conseguindo tudo o que desejava, inutilizar o Filho de Deus neste mundo. Deus não estava em um cabo de guerra com Satanás, tentando se esforçar para vencer. Não, tudo estava dentro do plano redentor. O justo sofrendo pelos injustos (v.47-71).
“Leitor! Acima de todas as coisas, guarde isso. Não são as nossas orações, nossas lágrimas, nossos esforços, nossa força! O diabo ri de tudo isso, pois essas coisas não são mais do que uma pena ao vento, na hora da tentação! Precioso Senhor! Ele é o teu Advogado, teu Sangue, tua aliança da justiça. Essa é a segurança do teu povo!”[26]
Capítulo 23: Pilatos. Herodes. Crucificação. Morte. Sepultamento
1.A acusação contra Jesus era muito imprecisa. Ao mesmo tempo que as acusações eram sérias, não havia nenhuma prova circunstancial, testemunhos ou confissão. O próprio Jesus respondeu à pergunta de Pilatos, mas parece que o próprio Pilatos não acreditou que alguém pudesse estar falando sério ao se declarar rei dos judeus. Pilatos não via crime em Jesus, mas tinha que agradar aos judeus, pois seria melhor que Roma não soubesse de nenhum tipo de rebelião no governo de Pilatos (v.1-5).
2.Pilatos se sentiu aliviado ao saber que Jesus era da Galileia, pois Herodes que teria que resolver aquele problema. Herodes que já sabia do ministério de João Batista, tendo sido acusado por ele e, inclusive, tendo matado João Batista, mesmo não querendo fazer isso, terá uma audiência com Jesus. Ele pretende ver aquele homem que se tornou mais famoso que o próprio João Batista e que fazia sinais. Porém, Jesus não atendeu às expectativas de Herodes, por isso, foi ridicularizado, vestido como rei e devolvido a Pilatos como uma piada de mau gosto. Pilatos, novamente, com o problema a ser resolvido, manda espancar o detento, talvez para sensibilizar o povo de que ele já tinha sofrido o que merecia. Talvez o povo ficasse satisfeito com o espancamento apenas. A multidão, porém, preferiu que Pilatos soltasse o criminoso Barrabás e crucificasse Jesus. É uma ilustração da nossa substituição. Jesus morreu em nosso lugar. Ele, santo; nós, criminosos (v.6-17).
3.Cirineu, embora tenha sido constrangido a levar a cruz de Jesus, ele teve o grande privilégio e participar dos sofrimentos de Cristo e, literalmente, levar a cruz de Cristo. Não sabemos se ele creu em Jesus, porém, dificilmente alguém teria um testemunho mais vivo e vívido de evangelização. As mulheres, talvez pensando se fosse o próprio filho naquela situação, choravam. Jesus disse que elas deveriam chorar pela situação delas e não por Ele. O pecado em nós é muito mais sério do que o sofrimento Daquele que é o próprio Deus. Jesus estava predizendo o período da Tribulação que a nação experimentaria. Jesus é o lenho verde, mais difícil de queimar, e passava por aquele sofrimento, o que dirá os judeus, lenho seco, o que farão com eles? Na cruz, Jesus sofreu todo o tipo de acusação e humilhação. Na cruz, houve a demonstração de graça, de muitas maneiras, inclusive na salvação de um dos criminosos crucificado ao lado de Jesus. Porém, a cruz nos fala de uma triste realidade. Dois tiveram a mesma experiência de estarem ao lado de Jesus. Um aceitou a salvação, mas o outro, não (v.18-43)
O lenho verde e o lenho seco (Lc 23.26-31) 1.O lenho seco não sabe o que representa a cruz (v.26) 2.O lenho seco não sabe porque segue a Jesus (v.27) 3.O lenho seco não sabe porque chora (v.28) 4.O lenho seco não sabe o que virá a seguir (v.29-30) 5.O lenho seco não sabe de sua própria fraqueza (v.31) |
4.A escuridão no céu era um aviso de Deus que algo havia mexido com o próprio céu. A morte de Cristo abalou o céu. A expressão era de tristeza. O véu do santuário se rasgou de alto abaixo, mostrando que a morte de Cristo rompeu a separação entre o homem e Deus. Agora, os que creem podem ter acesso direto a Deus pela morte de Cristo. A multidão saiu batendo no peito, um sinal de lamento. A Bíblia não diz que se arrependeram, mas algo realmente aconteceu nos sentimentos das pessoas. Não havia aquela euforia mais. A crucificação não satisfez ao desejo delas. A alegria não tomou conta das pessoas, mas o lamento. A Palavra de Deus nos diz em Apocalipse que os povos verão a Jesus, até mesmo os que O traspassaram (v.44-49).
“Este fato tão importante simboliza a obra de Cristo na cruz. O templo tinha três partes: os átrios, para toda a gente; o Lugar Santo, onde só os sacerdotes podiam entrar; o Lugar Santíssimo [ou Santo dos Santos] onde o sumo sacerdote entrava uma só vez ao ano para oferecer sacrifícios pelos pecados do povo. No Santo dos Santos se achava a arca da aliança e a presença de Deus nela. O véu que se rasgou era o que impedia que o Santo dos Santos estivesse à vista. Ao morrer Cristo, derrubou a barreira entre Deus e o homem. Agora, cada pessoa pode chegar a Deus, diretamente, mediante Cristo (Hb 9:1-14; 10:19-22).”[27]
5.José de Arimateia podia ter se manifestado um seguidor de Jesus enquanto Ele estava vivo, mas de qualquer maneira a atitude dele foi de um homem piedoso que creu em Jesus como o Messias, mesmo contrariando o Sinédrio, o grupo de setenta, do qual ele era membro. As mulheres ficaram observando, pois queriam em um momento oportuno prepararem o corpo com as especiarias comuns da época e cultura. O corpo ferido de Jesus não deveria ser adorado, como não foi. Há muitos adoradores que estão fazendo caras esculturas para representar o Cristo morto. Estão chorando sobre o corpo de Jesus, ainda hoje. Isso mostra como podemos estar completamente enganados em nossa adoração. Nenhuma adoração que se desvia da Palavra de Deus pode ser bíblica (v.50-56).
O peso da cruz e crucificação de Jesus (Lc 23) 1.O peso do julgamento injusto (v.1-7) 2.O peso da politicagem (v.8-12) 3.O peso da traição do povo (v.13-25) 4.O peso da fraqueza (v.26) 5.O peso do espetáculo (v.27-31, v.48) 6.O peso do crime (v.32-33) 7.O peso do pecado (v.34) 8.O peso da zombaria (v.35-38) 9.O peso da acusação (v.39-43) 10.O peso da separação (v.44-45) 11.O peso da morte (v.46) 12.O peso dos seguidores (v.49) 13.O peso do testemunho público (v.50-56) |
Capítulo 24: Ressurreição. Emaús. Aparição. Ascensão
1.Se Deus não permitiu acharem o corpo de Moisés a fim de prevenir uma adoração ilícita, evidentemente, seria muito possível que os simpatizantes de Jesus quisessem adorá-lo ou até virem com seus doentes para os colocarem diante dos ossos de Jesus para serem curados. É claro que não existem ossos de Jesus, pois Ele ressuscitou. Não se sabe onde está o túmulo de Jesus, mas, mesmo assim, pessoas se dirigem até o suposto local para receberem bênçãos. Muitas esculturas têm sido feitas a fim de adoradores se satisfazerem com o corpo ferido e sagrado de Jesus. O Santo Sudarium é um suposto lenço de Jesus com partículas de sangue guardado ainda hoje. As mulheres não foram com a intenção de venerar o corpo de Jesus, mas para realizarem os preparativos comuns a um defunto. Jesus ressuscitou. As mulheres tiveram o privilégio de anunciar pela primeira vez, mas não foram levadas a sério pelos discípulos. Se aqueles que andaram com Jesus não creram, no início, na ressurreição de Jesus, por que achamos que atualmente as pessoas vão acreditar? O Senhor Jesus precisa aparecer para cada um. Cada um precisa ter um encontro com o ressuscitado. Pela Palavra e atuação do Espírito Santo, o pecador pode encontrar Jesus (v.1-12).
“O Sudário de Turim ou Santo Sudário é uma peça de linho que mostra a imagem de um homem que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucificação. O Sudário está guardado na Catedral de Turim, na Itália, desde o século XIV.”[28]
2.Essa passagem é muito esclarecedora. Já foi tema de muitas mensagens. É o título de um livro muito bom e evangelístico (O Estranho no Caminho de Emaús de John Cross). Jesus aparece a dois discípulos. Eles não O reconhecem até que Ele permita que isso aconteça. O diálogo é um incentivo a pregarmos o evangelho fornecendo bases do Antigo Testamento até chegar em Jesus Cristo. Numa situação normal, a atitude dos discípulos é a correta, ou seja, entristecer-se pelo amigo que morreu. Porém, a situação nunca foi normal. Jesus predisse Sua morte e ressurreição, pelo menos três vezes. Os discípulos deveriam esperar que isso acontecesse, que o Cristo ressuscitaria. Os discípulos se tornam culpados pelas próprias palavras, pois disseram que as mulheres receberam um anjo que disse que Jesus ressuscitara. Então, não lhes faltou testemunho, nem do próprio Jesus e nem das mulheres. Jesus os repreendeu por essa incredulidade (v.13-35).
O exercício de nossa fé – Encontro com o Ressuscitado (Lc 24.13-35) 1.Exercitamos a fé ao conversarmos sobre os assuntos espirituais (v.13-14) 2.Exercitamos a fé ao lidarmos com nossa tristeza diante das pessoas (v.15-18) 3.Exercitamos a fé ao recordar dos eventos da nossa vida e tentamos aplicá-los à Palavra (v.19-24) 4.Exercitamos a fé ao sermos confrontados com o que cremos e como aplicamos (v.25-28) 5.Exercitamos a fé ao termos um encontro íntimo com o Senhor Jesus (v.29-32) 6.Exercitamos a fé ao testemunharmos aos outros a nossa experiência com Jesus (v.33-35) |
3.Jesus sempre foi paciente com os discípulos, mesmo depois de ressuscitado. Ele aparece a eles e os desafia a tocarem suas feridas. Jesus fez o que sempre fazia durante o seu ministério com os discípulos, ou seja, tomar refeições juntos. As bases do Antigo Testamento para a vinda de Cristo e Sua obra foram apresentadas aos discípulos. Esse foi o modelo de pregação de Pedro e de Estevão e, provavelmente, de Paulo. Assim, deveríamos oferecer bases da História da Redenção a partir do Antigo Testamento, mostrando como os sacrifícios apontavam para Aquele que morreria como o Cordeiro no altar do sacrifício, a cruz. Os discípulos deveriam permanecer em Jerusalém. Após receberem o Espírito Santo, então, sim, deveriam anunciar o Ressuscitado ao mundo. A Ascensão de Jesus foi testemunhada pelos discípulos. Houve alegria e a vida continuava, por isso, foram ao Templo diariamente e testemunhavam de Jesus, agora ressuscitado e vivendo com o Pai como sempre. Lá estaremos com Ele para sempre (v.36-49).
Traduzindo valores (Lc 21-24) 1.O pouco pode ser muito (21.4) 2.O bonito pode ser ruínas (21.5-6) 3.A diversão pode arruinar (21.34) 4.O dinheiro pode corromper (22.5) 5.O traidor pode estar do lado de dentro (22.21-23,48) 6.O menor pode ser o maior (22.26) 7.A promessa humana pode falhar (22.33-34,57-62) 8.A vontade de orar pode ser vencida pelo sono (22.45-46) 9.O zelo pode ser exagerado (22.50-51) 10.A justiça pode ser ignorada (23.4,14,22) 11.O choro pode ser no alvo errado (23.28) 12.O poder pode ser para ficar quieto e não agir (23.35-39) 13.O título pode não satisfazer (23.50-51) 14.A verdade pode ser insuficiente (24.9-12,22-24,38-41,45) 15.O Evangelho pode (e deve) ser anunciado a todos os povos (24.47-48) |
Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 2013
Notas
1. 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ
2. Gospel According to St. Luke – Lc 1.68-69 - Frederick Louis Godet (4ª ed. - http://biblecentre.net/comment/nt/flg/luke/luke38.html - http://biblecentre.net/comment/nt/flg/luke/luke38.html (2 of 2) 01/08/2003
3. Outlines by Dr. David Hocking (The gospel of Luke), pg. 16 – Lc 2.4 (sem data e local de publicação)
4. Comentário Bíblico de Matthew Henry - Lc 3.15-20 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
5. Comentário Bíblico Moody – Lc 4.1-13 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
6. Novo Comentário da Bíblia – Lc 5.27-32 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
7. Introdução e Comentário (Lucas), pg. 123 – Lc 6.29 – Leon L. Morris (Ed. Vida Nova – SP – 1ª ed. 1983 – reimpr. 2007)
8. Notes on Luke, pg. 108 – Lc 7.38 - Dr. Thomas L. Constable, pg. 14 (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
9. Expositions of Holy Scripture (Luke), pg. 113 – Lc 8.2-3 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)
10. Was Luke an Accurate Historian? - Nicholas M. van Ommeren, pg. 71 (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software)
11. Enciclopédia de Teologia e Filosofia, Vol. 4 – Russell Champlin
12. Evangelho de Lucas - Prof. Anísio Renato de Andrade (SEBEMGE - Seminário Batista do Estado de Minas Gerais sem data)
13. Persistent petition (The Parable of the Unjust Judge) by Curtis Mitchell, Th.D. – Lc 11.5-13 (CTS Journal, Winter 1997, a publication of Chafer Theological Seminary, Fountain Valley, CA.)
14. Comentário Bíblico NVI, pg. 1674 – Lc 12.35-39 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)
15. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 2, pg. 141 – Lc 13.29 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
16. Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 297 – Lc 14.1-6 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
17. Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 299 – Lc 14.12-14 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
18. Comentário Bíblico Popular Novo Testamento, pg. 205 – Lc 15.7 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
19. Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 306 – Lc 15.20-24 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
20. Comentário Bíblico Expositivo do NT Vol. 1 – Lc 16 – pg. 309 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
21. Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – Lc 17.3-4 - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
22. Dr. Peter Pett's Commentary - Commentary Series on the Bible – Lc 18.13 - Copyright 2013 (extraído de e-sword versão 11.0.6 – 2016)
23. The Pulpit Commentary, Lc 19.45-46 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
24. Summarized Bible Complete Summary of the Bible – Lc 20 – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
25. David Guzik's Enduring Word Commentary – Lc 21.3-4 - Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
26. Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – Lc 22.61-62 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
27. Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – Lc 23.45 - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
28. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sud%C3%A1rio_de_Turim 15/08/2019 ver também https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-santo-sudario-e-legitimo/ 15/08/2019 e https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2018/07/estudos-revelam-novos-indicios-de-que-santo-sudario-nao-e-verdadeiro.html 15/08/2019
[1] 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ
[2] Gospel According to St. Luke – Lc 1.68-69 - Frederick Louis Godet (4ª ed. - http://biblecentre.net/comment/nt/flg/luke/luke38.html - http://biblecentre.net/comment/nt/flg/luke/luke38.html (2 of 2) 01/08/2003
[3] Outlines by Dr. David Hocking (The gospel of Luke), pg. 16 – Lc 2.4 (sem data e local de publicação)
[4] Comentário Bíblico de Matthew Henry - Lc 3.15-20 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
[5] Comentário Bíblico Moody – Lc 4.1-13 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
[6] Novo Comentário da Bíblia – Lc 5.27-32 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
[7] Introdução e Comentário (Lucas), pg. 123 – Lc 6.29 – Leon L. Morris (Ed. Vida Nova – SP – 1ª ed. 1983 – reimpr. 2007)
[8] Notes on Luke, pg. 108 – Lc 7.38 - Dr. Thomas L. Constable, pg. 14 (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
[9] Expositions of Holy Scripture (Luke), pg. 113 – Lc 8.2-3 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)
[10] Was Luke an Accurate Historian? - Nicholas M. van Ommeren, pg. 71 (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software)
[11] Enciclopédia de Teologia e Filosofia, Vol. 4 – Russell Champlin
[12] Evangelho de Lucas - Prof. Anísio Renato de Andrade (SEBEMGE - Seminário Batista do Estado de Minas Gerais sem data)
[13] Persistent petition (The Parable of the Unjust Judge) by Curtis Mitchell, Th.D. – Lc 11.5-13 (CTS Journal, Winter 1997, a publication of Chafer Theological Seminary, Fountain Valley, CA.)
[14] Comentário Bíblico NVI, pg. 1674 – Lc 12.35-39 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)
[15] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 2, pg. 141 – Lc 13.29 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
[16] Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 297 – Lc 14.1-6 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
[17] Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 299 – Lc 14.12-14 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
[18] Comentário Bíblico Popular Novo Testamento, pg. 205 – Lc 15.7 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
[19] Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 306 – Lc 15.20-24 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
[20] Comentário Bíblico Expositivo do NT Vol. 1 – Lc 16 – pg. 309 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
[21] Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – Lc 17.3-4 - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[22] Dr. Peter Pett's Commentary - Commentary Series on the Bible – Lc 18.13 - Copyright 2013 (extraído de e-sword versão 11.0.6 – 2016)
[23] The Pulpit Commentary, Lc 19.45-46 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[24] Summarized Bible Complete Summary of the Bible – Lc 20 – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[25] David Guzik's Enduring Word Commentary – Lc 21.3-4 - Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[26] Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – Lc 22.61-62 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[27] Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – Lc 23.45 - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[28] https://pt.wikipedia.org/wiki/Sud%C3%A1rio_de_Turim 15/08/2019 ver também https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-santo-sudario-e-legitimo/ 15/08/2019 e https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2018/07/estudos-revelam-novos-indicios-de-que-santo-sudario-nao-e-verdadeiro.html 15/08/2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário