Jó
Introdução[1]
“Jó significa ‘o clamor da angústia’. É um livro poético e tem sido louvado por sua excelente linguagem. Jó viveu na época de Abraão. Embora fosse o homem mais justo da terra, Deus permitiu que ele sofresse intensamente sob a mão de Satanás. Seus três amigos achavam que para merecer tanto sofrimento Jó era culpado de pecado encoberto e em seus discursos eles procuravam, no início de modo gentil, e depois cruelmente, arrancar alguma confissão dele. Jó protesta sua inocência e sente que Deus o tratava assim sem motivo. No entanto, esse sentimento aponta o motivo, por isso, era necessário que Deus humilhasse a autoconfiança e orgulho de Jó. Depois que os três amigos de Jó terminaram seus discursos, Eliú, mais jovem que os outros, fala de tal maneira a consciência de Jó que ele fica sem resposta. Eliú é um tipo do Senhor Jesus, o Intérprete dos caminhos de Deus. Então, o próprio Deus fala Jó de um
redemoinho. Ele aponta as muitas maravilhas da criação as quais demonstram que a sabedoria do Criador é muito mais alta do que o pensamento humano e que em comparação à sabedoria do homem é ignorância. Jó aprendeu as lições envolvidas e disse: ‘Eu me abomino e me arrependo no pó e na cinza.’ Essa é a grande virada e Jó é mais tarde abençoado muito mais do que antes. Jó é o livro mais valioso para nos ensinar o verdadeiro auto julgamento e submissão a Deus.” [2]
2.Muitos leitores da Bíblia evitam o livro de Jó, exceção feita aos primeiros dois capítulos e ao último, talvez os mais dramáticos capítulos do livro. O restante do livro é uma coleção de longos discursos, os quais nunca chegam a encerrar a verdade final. Entretanto, uma cuidadosa leitura do livro de Jó, revelará que a mensagem é muito atual e que lida com um problema que todas as pessoas enfrentam desde o início dos tempos.
3.Enquanto se estuda o livro de Jó é preciso ter em mente esses três fatos:
1) O livro de Jó é um livro ORIENTAL, cheio de pensamentos e expressões daquele povo.
2) O livro de Jó é um livro POÉTICO (exceto os capítulos 1-2 e 42.7-27). A poesia hebraica não é semelhante à nossa poesia, ou seja, não se preocupa exatamente com a rima, mas com os pensamentos. Observe no quadro a seguir:
PARALELISMO SINÔNIMO - É quando os pensamentos são essencialmente os mesmos. “Está a sabedoria com os idosos, e na longevidade o entendimento?” (Jó 12.12)
“Faze-me, Senhor, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas” (Sl 25.4)
PARALELISMO ANTITÉTICO - É quando os pensamentos de uma parte contrastam com a outra.
“Não poupa a vida ao perverso, mas faz justiça aos aflitos” (Jó 36.6)
“Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (Sl 1.6)
PARALELISMO SINTÉTICO - É quando o pensamento principal é desenvolvido e enriquecido.
“Sentir-te-ás seguro, porque haverá esperança; olharás derredor, e dormirás tranquilo” (Jó 11.18)
“Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele” (Pv 26.4) |
3)O livro de Jó luta com um PROBLEMA DIFÍCIL: “Por que Deus permite o justo sofrer?”
Portanto, esses três fatos do livro de Jó fazem-no difícil de ler e interpretar, mas o estudante zeloso das Escrituras não deixará de estudá-lo por causa das dificuldades, pois todo o que se esforça para entender a Bíblia será recompensado com maior maturidade cristã.
4.O autor é desconhecido. Alguns acham que foi Moisés quem escreveu; outros acham que tenha sido Eliú (Jó 32.6). E sobre a data também não se sabe, porém, há opiniões que Jó tenha vivido no período patriarcal, pois viveu muitos anos (42.16-17), muito embora, também, no livro todo não há nenhuma referência aos patriarcas. O livro de Jó não possui nenhuma referência à Lei, ao Tabernáculo e ao Templo. É provável que tenha sido escrito antes do livro de Gênesis. Há uma referência ao dilúvio (22.15-16), porém, não há referência à destruição de Sodoma e Gomorra. Embora não seja o fator determinante, pode ser que o livro de Jó esteja entre esses dois eventos. O livro cobre um período de 140 anos. Se Moisés escreveu ou alguém de sua época, a data provável foi entre 1450-1410 a.C.
5.A veracidade do livro:
1) Jó não é uma ficção como os liberais afirmam, mas uma história real de um homem chamado Jó.
2) O profeta Ezequiel mencionou o seu nome (Ez 14.14-20), Tiago, também (Tg 5.11).
3) Jó era um homem justo, rico, sincero com respeito às necessidades dos outros, porém, era um homem que estava perplexo, pois não podia entender porque Deus permitia que sofresse tanto, uma vez que era justo.
4) Sendo que o livro menciona o lugar de onde Jó era (Uz) isto dá um registro histórico, e como bem sabemos a Bíblia não dá identificação histórica e de nomes em parábolas.
5) O mesmo ocorre com o rico e Lázaro. Jesus relatou um fato conhecido Dele somente, portanto, não é uma parábola. Para reforçar a ideia lembre-se que Jesus mencionou a pessoa do pai Abraão.
6.O tema mais simples para o livro de Jó é também o mais fácil de deduzir-se, pois trata-se de uma velha questão: “Por que um Deus amoroso e justo permite o justo sofrer?” Em poucos dias Jó perdeu seus bens, sua saúde, sua família e sua posição diante da sociedade (19.9, 13-19). Jó não perdeu a esposa, que na verdade foi para ele um tormento (2.9-10). Por que teria isto acontecido? Os amigos de Jó (Elifaz, Bildade e Zofar) acusavam-no de hipócrita. Diziam que Jó escondia algum pecado em sua vida e, por isso, o Senhor estava-lhe castigando. Jó insistia que não sabia de nenhum pecado oculto. Note em 2.3 que o próprio Deus diz que NÃO TINHA NENHUMA CAUSA CONTRA JÓ! Em 42.7 Deus reprova os três amigos, pois NÃO FALARAM A VERDADE SOBRE JÓ! Jó não era hipócrita, mas como qualquer um de nós, certamente havia espaço para melhoras em sua vida e isso o próprio Jó admitiu no final (42.1-6).
7.Um esclarecimento sobre o tema “o sofrimento do justo”
1) É verdade que Deus envia castigo quando Seus filhos persistem no pecado (Hb 12.1-13) e que este castigo é evidência do Seu amor de Pai.
2) É verdade, também, que os perversos têm sua prosperidade hoje, mas serão desprezados por Deus em um determinado dia, seja na terra ou na eternidade (Sl 37 e 73).
3) Portanto, se o crente espera pacientemente, verá sua recompensa e o castigo dos ímpios.
4) Mas nenhum desses aspectos fizeram parte da história de Jó. Deus tinha um propósito em permitir o sofrimento na vida dele. Deus revelou a Satanás e, também, aos anjos bons o testemunho de um homem de fé. Só na eternidade descobriremos quantos anjos aprenderam com a vida dos santos (Jó 1.6-8, Ef 3.9-10, 1 Pe 1.12, 1 Co 11.10).
5) A principal lição no livro de Jó é esta: DEUS É SOBERANO em Suas Obras com Seu povo e nunca permitirá que qualquer situação na vida de um crente fiel não seja para seu bem e para a própria glória de Deus (Rm 8.28).
6) Deus não tem que explicar o Seu caminho para nós. É bastante para nós sabermos que Ele cuida e que nunca faz confusão.
8.Os amigos de Jó
1) Como diz o ditado: “Quem precisa de inimigos com amigos desse tipo?”. Eram quatro os amigos de Jó.
2) Os eventos desse livro cobrem vários meses (7.3) e, portanto, contribuiu para os amigos de Jó formularem diversas especulações (6.15, 12.4, 16.10, 17.1-9). Conheça três dos quatro amigos de Jó:
ELIFAZ era de Temam. Ele baseou todas as suas ideias numa “experiência espiritual” de uma certa noite (4.12-16).
BILDADE era um homem tradicional, alguém que conhecia alguns “provérbios dos sábios” e tentava explicar tudo baseado nesses provérbios. Assim como Elifaz, Bildade estava certo que Jó era um hipócrita.
ZOFAR era um homem muito dogmático e considerava-se mais sabedor sobre Deus do que qualquer outro.
3) Cada um desses homens arguiu contra Jó e este refutava todas as palavras dos amigos.
4) No final (capítulos 32-37) um nova voz surgiu: era ELIÚ, o mais jovem e que tinha esperado até que seus amigos mais velhos terminassem seus argumentos.
5) Os homens mais velhos insistiam que Deus abençoava os justos e julgava os ímpios. O problema do argumento deles não era tanto o erro doutrinário, pois havia muitas verdades no que diziam, porém, o conceito deles era estreito demais, principalmente, para o contexto do sofrimento de Jó. Mais uma vez temos que admitir que os caminhos de Deus são insondáveis.
6) Eliú dizia que Deus às vezes castigava os justos de acordo com a Sua própria vontade, mas jamais punia de modo irreversível.
7) Eliú aconselhou Jó a se submeter a Deus e a confiar Nele, mas ainda assim, a atitude de Eliú era de um juiz e um crítico, como os demais amigos de Jó.
8) Quando Deus apareceu, não fez referência ao discurso de Eliú, apenas dos outros três (42.7-9).
9) Talvez uma preocupação de todos os amigos de Jó, após Deus se revelar, era a seguinte: se Jó, sendo um homem de posição e reto diante de Deus sofria, poderia acontecer o mesmo, ou pior, com eles.
9.A terra de Uz
1) É muito fácil confundir UZ com UR, por isso, devemos prestar atenção.
2) Uz, provavelmente ficava ao norte da Arábia. O homem mais íntegro de todo o oriente viveu lá, seu nome era Jó.
3) Ur, ficava na terra dos Caldeus, na Mesopotâmia. O homem, conhecido como o “pai da fé” era de lá, seu nome era Abrão.
10.A bênção da paciência
1) Em um sentido o livro de Jó não dá a resposta ao problema do sofrimento do justo.
2) Certamente Jó se tornou um homem melhor ao final de seu sofrimento, pois o sofrimento PODE ter um efeito purificador se nos rendemos ao Senhor.
3) Tiago enfatiza a paciência de Jó, que literalmente significa fidelidade sob provação.
4) A palavra paciência no caso de Jó não pode ser deturpada, tentando designar alguém que nunca argumenta, pois Jó ficou impaciente com seus amigos e com as circunstâncias, porém, sempre esperou em Deus. Num desses momentos de desespero, Jó chegou a duvidar que houvesse vida após a morte (cap. 12-14, veja 14.13-14).
5) Jó manteve sua fé em Deus e creu que no final Deus o defenderia e, de fato, isso aconteceu (16.19).
6) Talvez esta seja a principal lição do livro de Jó: Deus é soberano sobre as nossas vidas e não tem que explicar Seus planos para nós. Deus trabalha os Seus propósitos usando nossas vidas (Rm 8.28). O alvo da glória é Deus; nós somos apenas os instrumentos para a Sua glória.
11.Não se sabe ao certo qual era a doença de Jó, porém, alguns acreditam que tenha sido um tipo de lepra e elefantíase, muito dolorosa, comum no Oriente e que causa repugnância às pessoas. Outros dizem que pode ter sido pênfigo, popularmente conhecida como “fogo selvagem”. Seja qual for a doença, causou-lhe dores insuportáveis, feridas fétidas e isolamento.
12.Após todo o sofrimento de Jó, Deus o defendeu e deu a ele tudo o que perdeu, e em dobro (42.10-17). Deus não mudou a sorte de Jó porque este orava pelos seus amigos, simplesmente; mas Deus mudou a sorte de Jó porque Ele é soberano e assim quis. Porém, o fato de Jó orar por seus amigos mostra um profundo senso de perdão no caráter de Jó. Se tudo foi restituído em dobro para Jó, por que Deus não lhe deu vinte filhos? A resposta traz um ensino maravilhoso. Deus tomou os dez filhos de Jó para Si mesmo (1.2). Portanto, os dez primeiros foram ganhos para a Presença de Deus e não perdidos e, agora, mais dez para o Senhor. Jó recebeu e devolveu vinte filhos para Deus, portanto, o dobro.
13.Esboço simples
I.A angústia de Jó (1-3) II.A defesa de Jó (4-37) III.O livramento de Jó (38-42) |
O roteiro do livro de Jó |
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Capítulos |
Riquezas, sofrimentos, acusações, defesas, contendas, confissão, repreensões e restauração |
1-2 |
As riquezas e os sofrimentos de Jó |
3 |
A primeira contenda de Jó contra Deus |
4-5 |
A primeira acusação contra Jó (a primeira de Elifaz) |
6 |
A primeira defesa de Jó (a primeira contra Elifaz) |
7 |
A segunda contenda de Jó contra Deus |
8 |
A segunda acusação contra Jó (a primeira de Bildade) |
9 |
A segunda defesa de Jó (a primeira contra Bildade) |
10 |
A terceira contenda de Jó contra Deus |
11 |
A terceira acusação contra Jó (a primeira de Zofar) |
12-13 |
A terceira defesa de Jó (a primeira contra Zofar) |
14 |
A quarta contenda de Jó contra Deus |
15 |
A quarta acusação contra Jó (a segunda de Elifaz) |
16 |
A quarta defesa de Jó (a segunda contra Elifaz) |
17 |
A quinta contenda de Jó contra Deus |
18 |
A quinta acusação contra Jó (a segunda de Bildade) |
19 |
A quinta defesa de Jó (a segunda contra Bildade) |
20 |
A sexta acusação contra Jó (a segunda de Zofar) |
21 |
A sexta defesa de Jó (a segunda contra Zofar) |
22 |
A sétima acusação contra Jó (a terceira de Elifaz) |
23 |
A sétima defesa de Jó (a terceira contra Elifaz) |
24 |
A sexta contenda de Jó contra Deus |
25 |
A oitava acusação contra Jó (a terceira de Bildade) |
26-27 |
A oitava defesa de Jó (a terceira contra Bildade) |
28-31 |
A sétima contenda de Jó contra Deus |
32-37 |
A nona acusação contra Jó (a primeira de Eliú) |
38-41 |
A primeira e única contenda de Deus contra Jó |
42 |
A confissão, a repreensão e a restauração |
Quatro razões para pregar em Jó[3] 1.O livro de Jó nos ensina sobre a soberania de Deus por todo o livro 2.O livro de Jó ajuda os crentes que lutam com o porquê? 3.O livro de Jó traz conforto ao crente que sofre 4.O livro de Jó nos aponta ao sofredor justo, maior que Jó |
Capítulos 1-2: As riquezas e os sofrimentos de Jó
1.É fácil confundir Uz com Ur. Uz ficava ao norte da Arábia e Ur ficava na Mesopotâmia. Jó talvez tenha vivido antes de Abraão. Ele procurava se separar de uma sociedade perversa como todas são e buscava insistentemente a Deus. As riquezas dele eram inquestionáveis. Ele não precisa fingir que tinha alguma coisa, pois de fato, era rico, bastava contar seus animais, propriedades e empregados. Além disso, era abençoado pela quantidade de filhos, coisa desejável naqueles dias. Os filhos eram festeiros e tinham condições para isso. Jó não era ingênuo a ponto de pensar que seus filhos eram puros, mesmo nessas festas. Terminando as festas chamava-os e os purificava através de sacrifícios a Deus. Ele era insistente nessa prática e para isso acordava bem cedo para buscar ao Senhor. Satanás é um ser repugnante e insistente em fazer os servos de Deus pecarem. Ele e seus agentes, os demônios, operaram neste mundo dando uma atenção especial àqueles que são do Senhor. Os filhos de Deus é um termo no Antigo Testamento relacionado aos anjos. Esses seres estão à disposição de Deus e O adoram. Satanás, por permissão de Deus, não perdeu o acesso ao Céu. Não para adorar a Deus, mas para acusar e tentar destruir os servos do Senhor (v. 6, veja Apocalipse 12.9). Deus não precisava perguntar nada para Satanás, pois Ele sabe todas as coisas, mas em Sua infinita sabedoria, querendo que este acontecimento ficasse registrado na Sua Palavra para o nosso ensino, faz perguntas ao Diabo. Satanás não é onipresente, por isso, precisa rodear a terra e receber notícias de seus demônios. Deus desafia Satanás usando o testemunho da vida bonita de Jó. Satanás acusa Deus de proporcionar a Jó muita regalia e, por essa razão, diz que ele teme a Deus. Aqui podemos nos lembrar que Lúcifer tinha todos os privilégios, rodeado de todas as coisas celestiais, e mesmo assim não foi íntegro. A insistência de Satanás chega a ponto de desafiar a Deus sugerindo que tire as bênçãos materiais da vida de Jó para que ele caia. O Senhor não precisava atender Satanás, mas assim o fez para a sua (de Satanás) própria derrota. Quando os demônios rogaram que Jesus os lançasse aos porcos Ele o fez para a própria derrota deles. Da primeira vez, Deus permitiu que Satanás tocasse somente nos bens, empregados e filhos de Jó. Era a primeira fase de uma grande prova para Jó que não sabia o que estava acontecendo nas regiões celestiais (v.1-12).
2.Aproveitando a insistência de tragédias que há no mundo caído em pecado, Satanás arrasou com as coisas boas que Deus concedeu a Jó: animais, bens, empregados e filhos. Satanás recebeu poder, temporariamente, até sobre a natureza. Ele levantou inimigos, os caldeus e os sabeus. Um vento que atinge quatro cantos da casa só pode ser ciclone ou furacão. As tragédias são notícias diárias em todos os jornais do mundo, pois a queda do homem provocou tudo isso. Não sabemos quando Satanás tem alguma participação em alguma tragédia. Aqui temos registrado no livro Jó que Satanás recebeu este poder, limitado, com um propósito divino. A insistência do homem fiel em ficar firme diante das provações só pode vir do próprio Deus. Ninguém pode suportar o que Jó suportou com a atitude que teve se não for pelo Espírito de Deus. A tristeza e o lamento foram atitudes e sentimentos normais e sem pecado. Ele adorou a Deus e reconheceu que a vida é por causa de Sua graça e a morte é o caminho do homem que nasceu neste mundo caído. O mais importante foi que Jó não pecou contra o Senhor. É preciso insistência ou perseverança para ficar firme nas provações (v.13-22).
“Tudo isso é muito frio e miserável; é o ponto de vista da lei e necessidade. Um ateu poderia falar assim. É o início da contemplação cristã da vida, mas só o início.”[4]
3.Satanás quer destruir não apenas o crente fiel, mas a imagem de Deus no mundo que é o ser humano. A cena se repete como no capítulo 1: os anjos, os demônios e Satanás se apresentam diante de Deus. Satanás quer destruir Jó e acusa a Deus de cuidar tanto de Jó que a luta entre Satanás e Deus se torna “desleal”. O fato é que Deus não mede forças com Satanás. Deus tem todo o poder e Satanás é um ser repugnante, destruído e amaldiçoado por toda a eternidade (v.1-3).
4.Satanás fracassou diante da primeira tentação sobre a vida de Jó. Ele conseguiu arrancar seus bens, seus filhos e seus servos, mas não conseguiu arrancar dele palavras de blasfêmias contra Deus. Agora ele quer que o trato seja feito “pele por pele”. É um significado de difícil interpretação. Talvez Satanás esteja dizendo que deve-se arrancar cada “camada da pele” de Jó e não apenas a “camada” filhos, servos e bens. Se Deus tocar na própria pele de Jó e blasfema. Ele dará tudo pela sua vida, ou seja, até a sua fé em Deus. O Senhor, como da primeira vez, permite a Satanás cumprir seu intento, porém, não poderia matar Jó (v.4-6).
5.Satanás é um ótimo carrasco. Quando se fala de crueldade ele não economiza. Jó foi afligido com tumores por todo o corpo. As cinzas eram um sinal de humilhação e lamento. Os cacos eram para fazer uma higienização em suas feridas purulentas para depois ungir óleo. O alívio sempre deve ser buscado na medicina sem deixar de clamar ao Senhor por misericórdia (v.7-8).
6.Satanás não se contenta em roubar a saúde e bem-estar do crente. Ele quer roubar a fé do servo de Deus. A falta de saúde é uma realidade em um mundo caído, mas o quanto Satanás puder piorar a situação ele fará. Porém, o mais importante para Satanás é acabar com a confiança do crente no Senhor. Ele pode usar até mesmo os nossos queridos que não andam com o Senhor. Da mesma forma que Jó, devemos rejeitar toda a proposta para não sermos íntegros. Estamos em um mundo mau e é inevitável que passemos por coisas más. Devemos ter em mente que o Senhor acabará usando toda a situação para o bem daquele que ama a Deus (v.9-10).
7.Jó tinha amigos, mas estes não estavam no céu quando foi decidido que Jó sofreria toda esta provação. Eles foram humanos em se compadecerem do amigo. Eles se lamentaram e foram presentes em seu sofrimento. Ficaram em silêncio no começo e deveriam permanecer assim o tempo todo, mas isto é exigir demais do ser humano que pensa ter resposta para tudo o que acontece neste mundo (v.11-13).
Capítulo 3: A primeira contenda de Jó contra Deus
1.Acaba se tornando regra a lamentação do sofredor desesperado. Há um limite para todas as pessoas, inclusive para o crente quanto ao sofrimento, estresse e preocupação. Nem sempre sabemos o nosso limite, mas sabemos quando não estamos confiando no Senhor. O livro de Jó deixa qualquer livro ou palestra de filosofia para trás. A realidade da vida do sofredor desesperado não é ocultada. Embora nem todos admitem por palavras, todos pensaram se vale a pena viver debaixo de tanta miséria e sofrimento. Jó é muito transparente em seu sentimento e desejou que não existisse no “calendário” o dia do nascimento dele (v.1-10).
2.Amaldiçoar um dia é grave, mas amaldiçoar o próprio nascimento é gravíssimo porque revela uma insatisfação com a própria vida. Jó amava a sua vida, mas viver debaixo do sofrimento intenso não é vida, pelo menos do modo como o homem mais aprecia: viver bem. O que Jó não estava atentando é que Deus usa o sofrimento para o aperfeiçoamento das pessoas. Ele sabia que Deus dá as coisas boas e também deveria aceitar as coisas difíceis da vida, mas tudo tem um limite (v.11-19).
3.Enquanto alguém deseja não ter nascido ou ter morrido ao nascer pode ser apenas uma forma de extravasar os sentimentos de angústia profunda, pois nada pode se fazer a respeito. Ninguém muda o passado. Ninguém pode “se abortar”. Porém, quando alguém deseja a morte é muito real e possível. O suicídio é totalmente possível para os sofredores desesperados, mas não significa que seja o correto. A vida não acontece como queremos. Os acontecimentos da vida dependem das nossas decisões, da vontade ou permissão de Deus, dos ataques de Satanás, do curso natural de um mundo criado por Deus, mas também caído pelo pecado e, finalmente, os acontecimentos nem sempre podem ser explicados. Só na eternidade saberemos a razão de tanto sofrimento pelo qual passamos. A vida e a morte pertencem a Deus e só Ele pode dar e retirar a vida. Jó desejava a morte, mas não podemos acusá-lo de suicida, pois a Bíblia nunca falou que Jó tentou tirar sua própria vida (v.20-26).
“O propósito de Satanás para afligir Jó era tentar que ele negasse ao Senhor. Em um sentido, o sofrimento sempre traz consigo a tentação de pecar contra Deus. Mas isso nos dá uma maravilhosa oportunidade de testificar de Sua grandeza.”[5]
Capítulos 4-5: A primeira acusação contra Jó (a primeira de Elifaz)
1.Elifaz sabia que as palavras cansam o sofredor, porém, também confessou que é impossível ficar calado quando sabemos o que falar. Mas, será que Elifaz sabia o que estava dizendo? Elifaz reconhecia no amigo Jó um homem prestativo no ensino e consolo e por causa disso achava que Jó deveria ouvir atentamente os amigos na tentativa deles consolarem sua vida. Jó estava seguro no temor a Deus e os seus caminhos eram retos por causa da esperança Nele. Até aí Elifaz estava certo, mas ao sugerir que o justo e o inocente não sofrem ele está falando do que ainda não viu e nem aprendeu. Deus silencia os perversos, mas no tempo Dele e não na mesma hora. Se assim fosse, Deus poderia impedir que houvesse maldade, pois não deixaria o injusto operar. Se existem injustos é porque praticam injustiça e isto com a permissão de Deus. Portanto, Elifaz está certo do ponto de vista daquilo que ele conhece, mas ele não conhece tudo. Deus está mostrando na vida de Jó que o justo também sofre (v.1-11).
2.Os sonhos, de modo geral, nada mais são do que uma confusão de imagens e acontecimentos produzidos pela mente em repouso ou agitada durante o sono. Elifaz baseou seus argumentos na visão ou sonho que teve. As experiências místicas são perigosas, pois estão em terreno desconhecido e duvidoso. Não podemos dar crédito às pessoas só porque disseram ter tido uma visão. Ainda que as visões pareçam corretas não deve ser a base do crente da Igreja que tem toda a revelação escrita. Elifaz concluiu pela visão que Deus tem anjos imperfeitos. Isto não tem base bíblica. Os anjos imperfeitos ou pecadores são os anjos caídos, conhecidos agora como espíritos maus ou demônios. Tudo o que Deus faz é perfeito. Os conceitos corretos misturados com crendices e mentiras fazem de todo o discurso uma mentira a ser rejeitada. Elifaz tem razão em algumas coisas e não em outras. A mensagem de Deus não tem brechas ou falhas e, por isso, deve ser aceita totalmente (v.12-21)
3.É muito desagradável quando alguém insiste em nos acusar de algo que não fizemos. Jó estava sofrendo mesmo sendo justo, mas os seus amigos, a começar de Elifaz, o compreendiam mal. Elifaz insinuava que Jó era um tolo ou um louco e, por isso, Deus não o ouvia. Elifaz reconhece que o homem nasce para a tribulação, mas crê que se buscar a Deus todo o sofrimento é resolvido (v.1-16).
4.A ideia de que o ímpio sofre o mal, mas o justo sempre goza de alegria, facilmente pode ser desmentida pela simples observação da vida e das pessoas. Quantas pessoas íntegras sofrem e quantos trapaceiros e malfeitores gozam de alegria mundana. Elifaz se contradiz dizendo que Deus repreende o justo. Se precisou de repreensão não é justo, então por que dizer que Jó está sendo repreendido pelo Senhor para o bem dele quando o justo não sofre? Outro pensamento errôneo é que o justo viverá bastante tempo bem e só morrerá na velhice. Quantos moços fiéis a Deus morreram no campo missionário ou perseguidos por causa do evangelho? As insistências de Elifaz só aborrecem Jó e não são verdadeiras. Jó busca a Deus e mesmo sendo justo está sofrendo (v.17-27).
“Jó nunca pretende ser mais justo do que Deus - pretensão absurda da parte de qualquer homem. Apenas lamentara uma miséria da qual pensava não ser merecedor.”[6]
As desculpas do homem para acusar a Deus (Jó 1-5) 1.Perda daquilo que lhe faz bem (1.11-12, 1.21-22) 2.Perda da saúde (2.6-7, 10) 3.Perda da alegria (3.20-26) 4.Perda da vida (4.20-21) 5.Perda da independência para a libertinagem (5.17-18) |
Capítulo 6: A primeira defesa de Jó (a primeira contra Elifaz)
1.É normal especularmos quando não compreendemos aquilo que está acontecendo conosco. Jó não podia compreender porque Deus não acabava logo com o seu sofrimento, ainda que fosse para tirar-lhe a vida. Jó mostra a Elifaz que não está gemendo sem razão. O boi que tem alimento não precisa mugir de fome. Se a comida não tem sal é perfeitamente aceitável salgá-la para dar sabor. Assim a vida de Jó está precisando de consolo e o corpo dele reclama por refrigério. No original, a expressão “clara de ovo” é “espuma ou saliva do ovo”, provavelmente, a gema. Jó está experimentando coisas desagradáveis, não a comida em si, mas todo o seu sofrimento. Ele deseja, sem dúvida, a morte (v.1-13).
2.Outra especulação de Jó é sobre o seu amigo. Elifaz está sendo cruel ao acusá-lo de injusto. As palavras do amigo são como águas frescas que desaparecem em época de calor. Os peregrinos vêm do deserto procurando água, porém, só encontram sequidão. Assim são as palavras do amigo, não refrigeram a sequidão de Jó. Ele não pede dinheiro ou vantagens, mas somente compreensão (v.14-23).
“Evidentemente, os amigos de Jó estavam com medo dele (v.21) no sentido de que se confortassem a Jó, Deus os veria como aprovando o pecado dele e os puniria também.”[7]
3.Finalmente, Jó especula a sua própria justiça. Será que Jó está errado em afirmar que nada fez para receber todo aquele sofrimento? É errado ser insensível quanto ao pecado, porém, também é errado se culpar por algo que não tenha cometido. Alguém precisa justificar Jó e os amigos não estão fazendo isto. Eles são capazes de abandonar o órfão e cavar uma cova para o amigo. A expressão “especular com o amigo” vem da expressão “cavar para o amigo”. Com os amigos não há justificação. Jó só pode encontrar respostas em Deus, mas até agora Deus não esclareceu o assunto para Jó (v.24-30).
Capítulo 7: A segunda contenda de Jó contra Deus
1.Temos uma lógica humana nos pensamentos, mas não passam de pensamentos humanos. Os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos. Por exemplo, se eu não tenho alimento para amanhã é totalmente lógico eu me preocupar, mas não é espiritual porque em Filipenses 4.6 nos diz que não devemos estar ansiosos por coisa alguma, mas entregar a Deus em oração. O Senhor Jesus disse para não nos preocuparmos com o dia de amanhã. Jó discutiu com Deus que se a vida é dura e a morte é certa, pois ele pensava que seu fim estava próximo, por que Deus não acabava logo com todo aquele sofrimento e o matava? Pode ser um pensamento lógico, mas não era espiritual, pois Deus tinha propósitos bem estabelecidos para o sofrimento de Jó (v.1-10).
2.Outro pensamento lógico é que o justo não deve sofrer, pois por andar conforme Deus quer, ele merece o bem-estar nesta vida. Aquele que peca, este sim deve sofrer, pois não agrada a Deus. No entanto, não é isto que vemos no mundo. Vemos homens perversos vivendo uma vida de satisfação carnal não se preocupando com a sua vida espiritual, enquanto há pessoas piedosas cheias de sofrimento, limitações e até pobreza. Jó está errado em querer decidir aquilo que pertence somente a Deus. Só Deus pode liberá-lo do sofrimento e da vida. Embora Jó não tenha blasfemado nenhuma vez, ele estava inconformado com o modo como Deus estava conduzindo aquela situação (v.11-21).
“Sendo que a vida e criação se tornou sem esperança e inexplicável para Jó, ele preferia abandonar a ordem criada para se confinar no Sheol (não existência) (cf. 7:15-16,21).”[8]
Capítulo 8: A segunda acusação contra Jó (a primeira de Bildade)
1.Bildade oferece uma nova explicação para o sofrimento de Jó. Ele diz que os filhos é que prevaricaram contra Deus e que o sofrimento de Jó é consequência disto, mas que em breve sairá desta situação visto que os filhos já sofreram a condenação merecida. A crítica de Bildade é contra os filhos e que Jó sairá um vencedor. Isto não ajuda em nada a tirar Jó desta tristeza, pois ele perdeu tudo o que ele amava e agora tem que ouvir que os filhos que ele amava não prestavam (v.1-7).
“Quando não se entende bem o que os homens querem dizer, estes são repreendidos como se fossem malfeitores. Até nas discussões sobre religião é muito comum tratar-se com perspicácia aos demais, e os seus argumentos com desprezo. O discurso de Bildade mostra que ele não tinha uma opinião favorável sobre o caráter de Jó.”[9]
2.Jó é criticado por Bildade por não ouvir os ditados populares dos mais antigos. Ele parte do princípio de que as palavras dos mais velhos são verdadeiras. Bildade se considera alguém idoso. Ele diz no v. 9 “nós somos de ontem”. Ele é idoso, assim como Jó deveria ser e mesmo assim sua vida é passageira, como também a de seus pais, porém, algo deve ser aprendido com os antepassados. A partir desse argumento, Bildade oferece vários ditados populares. O primeiro ditado diz respeito à brevidade da vida dos ímpios que se esquecem de Deus. Eles têm toda a vida e nutrientes assim como os juncos, morrem antes das demais verduras e viram papiro (v.8-13). O segundo ditado diz respeito à falta de firmeza do ímpio. O ímpio se agarra à uma teia de aranha que é muito forte só para a aranha e insetos, mas não para o ser humano (v.14). O terceiro ditado diz respeito à instabilidade do ímpio. A casa do ímpio não tem estrutura e nem se pode encostar nela (v.15). O quarto ditado diz respeito à hipocrisia do ímpio. Ele parece forte e seguro, mas não reconhece Deus quando este o arranca de seu lugar (v.16-18). Bildade termina dizendo que o ímpio merece o castigo. Ao mesmo tempo Bildade dá um voto de confiança a Jó, pois anteriormente disse que os filhos dele é que pecaram, e anima Jó com a esperança de que todo aquele sofrimento é por breve tempo se de fato ele é íntegro. Bildade tenta ser positivo com Jó, mas está errado desde o princípio, pois Deus não está julgando Jó por causa de seus filhos e nem mesmo está julgando Jó por algum pecado (v.18-22).
As quatro metáforas de Bildade (Jó 8.8-18) 1.O papiro no lodo (v.11) 2.A teia de aranha (v.14) 3.A casa instável (v.15) 4.A raiz forte e o renovo viçoso (v.16-17) |
Capítulo 9: A segunda defesa de Jó (a primeira contra Bildade)
1.Jó nunca blasfemou contra Deus. As indagações eram por não entender o que estava acontecendo com ele que era justo, mas ele entendia que Deus continuava sendo o Deus de sua vida. Só Deus pode responder as perguntas que apenas estamos com dificuldade começando a fazer por causa dos conhecimentos científicos. O homem não pode evitar um terremoto, mas Deus pode provocá-lo. Deus já fez o sol retroceder 10 graus (2 Reis 20.11) e fez parar (Js 10.13). Ele fez o céu ficar sem estrelas visíveis durante o dilúvio (Gn 7.11, 8.14)[10]. Ele dividiu as estrelas em constelações. Só Deus pode tirar as pessoas da terra como suas presas (v.1-12).
“A ideia da transcendência divina levou Jó a perguntar por que Deus deveria se dar ao trabalho de afligir o homem tão frágil. Agora o mesmo pensamento provoca a pergunta: Por que deveria um homem tão frágil se incomodar em contender com Deus? Esta pergunta expõe a perda de Jó da percepção da benevolência divina. O Todo-poderoso parece-lhe opor-se como um adversário gigantesco.”[11]
2.Por mais justo que alguém seja não se pode comparar com Deus que é o Juiz absoluto de todos os seres humanos. Ele conhece todas as motivações e até os pecados que nós mesmos ignoramos. Deus permite que a terra seja injusta. Ele até esconde a justiça dos juízes da terra. Por qual razão? Às vezes para ensinar humildade e dependência ao crente, outras vezes para fazer progredir os Seus propósitos os quais ignoramos (v.13-24).
“v.20. Jó não pensa que Deus iria torcer propositadamente as suas palavras..., mas que ele ficaria tão intimidado e confuso com a presença de Deus (Rowley) que talvez dissesse algo errado.”[12]
3.Blasfemar contra Deus é em si mesmo uma tolice, pois Ele é Deus e não um homem qualquer que podemos falar mal e ele nem saberá ou não terá poder para retribuir a ofensa. O temor a Deus é o princípio da sabedoria. Não temer a Deus é loucura. Por mais limpos que estejamos Deus tem o conhecimento completo de nossa vida e poderia nos afogar na lama, pois só Ele conhece o mais interior do nosso ser. Só Ele é Deus (v.25-35).
Capítulo 10: A terceira contenda de Jó contra Deus
1.A compreensão de Jó sobre o seu próprio sofrimento não era completa, pois além de não saber do pedido de Satanás a Deus, Jó também não conhecia ao Seu Deus em todos os Seus planos. Ele pensava que Deus estava destruindo sua vida. É um lindo retrato da criação do homem. Embora só Adão tenha sido formado do barro, podemos dizer que todos somos feitos do barro, pois temos a mesma essência que Adão. O Deus criador estaria agindo como um homem que quer desvendar o pecado do outro para se sentir melhor? É claro que não. Jó sente que Deus quer que ele confesse o seu pecado, mas o dilema de Jó é que ele não tem pecado para confessar (v.1-12).
2.Jó acha que Deus escondeu dentro de Si as misericórdias para que Jó confesse o seu pecado. Outro dilema para Jó. Se ele pecar será castigado e se ele for justo será envergonhado, pois um justo não deve sofrer, pelo menos era o pensamento das personagens bíblicas do Velho Testamento. É triste quando o crente pensa que Deus está o pressionando com sofrimentos quando na verdade o Senhor quer cuidar dele. A partir do versículo 18, Jó retorna àquela sua sugestão: para Deus tirar a sua vida. Os lamentos de Jó são apagados com o fim de sua vida, assim ele pensava, porém, Deus tinha outros planos (v.13-22).
O que a dor e o sofrimento parecem subtrair da nossa existência (Jó 6-10) 1.Parece que nos tira a coragem (6.4) 2.Parece que nos tira o desejo (6.6-7) 3.Parece que nos tira a força (6.11-12) 4.Parece que nos tira o sono (7.4) 5.Parece que nos tira a vontade de viver (7.15-16, 8.1-3) 6.Parece que nos tira a doçura da intimidade com Deus (9.11, 16-18, 33, 10.8-9, 15) |
Capítulo 11: A terceira acusação contra Jó (a primeira de Zofar)
1.É humilhante ser xingado. Um anátema é uma maldição, algo como um xingamento. Jó teve que suportar seus amigos que o acusavam injustamente. Zofar foi muito cruel em suas palavras. Amaldiçoou Jó com palavras feias. Primeiro disse que Jó era um tagarela. Zofar duvidava que Jó era justo. Zofar crê que se Deus mostrasse a Sua sabedoria, Jó não seria tagarela e seria em parte perdoado de tudo o que vem falando (v.1-6).
“(v.2,3). Ele ‘faz separação entre as palavras e o homem’ (Andersen), porque ele, como o restante dos amigos, permanece entrincheirado na perspectiva de que o sofrimento é inevitavelmente resultado de delitos cometidos. Visto que Jó não é um pecador manifesto, o grande insight de Zofar é que ele deve ser um pecador secreto que foi descoberto e pego por Deus.”[13]
2.Depois Zofar amaldiçoa Jó como um asno. Os arcanos são os segredos de Deus. Zofar acusa Jó de estupidez por não reconhecer as grandezas de Deus. Ele compara Jó com um asno (v.7-12).
3.Finalmente, Zofar amaldiçoa Jó como perverso. Ele começa este trecho dando alguma esperança para Jó, mas somente se este se arrepender. Porém, no final trata Jó como um perverso que perecerá (v.13-20).
Capítulos 12-13: A terceira defesa de Jó (a primeira contra Zofar)
1.É impossível passar pelo que Jó está passando sem refletir e avaliar o que está acontecendo ao seu redor. Ele nem mais considera seus amigos dizendo que são “o povo”, ou seja, a plebe despreparada para compreender Deus e Seus caminhos. Ele é um irrisão para seus amigos, ou seja, um zombador, um que ri. É fácil para quem se sente seguro desprezar o sofredor, porém, quem zomba do sofredor está provocando a Deus (v.1-6).
2.A natureza tem muito a nos ensinar. Em primeiro lugar, a natureza não contesta nada. Se Deus colocou cada animal ou fenômenos da natureza para funcionar eles funcionam exatamente com Deus quer. Até os nossos sentidos obedecem às funções que Deus quis. O ouvido ouve e o paladar sente, mas nós que temos liberdade de escolha não obedecemos a Deus como Ele quer. Nem os idosos são mais sábios que um pardal, por exemplo (v.7-12).
3.Jó conclui sua avaliação dizendo que Deus faz o que bem quiser. Ele humilha os poderosos e tira as forças do forte. Deus pode afrouxar os cintos dos reis e dos fortes (v.18). Isto significa que toda a tirania e poder que estavam pendurados nos cintos, símbolo de poder, caem e cordas são amarradas em suas cinturas, isto é, presos em cativeiro. Com isso Jó está avaliando a sua própria situação e mostrando aos amigos que nem tudo tem explicação lógica. Hoje podemos não entender o que acontece conosco, mas um dia Ele revelará porque fez isto (v.13-25).
“Deus Permaneceu em Silêncio. Ele não cedeu quanto ao diálogo que Jó tinha requerido. Antes, permaneceu escondido nas sombras, e Jó continuou a sofrer sem nenhuma explicação divina quanto ao porquê. Os pecados de Jó não foram enumerados e ele não foi chamado de culpado. Foi simplesmente ignorado. Jó foi tratado como um criminoso em tribunal, sem que as acusações fossem assacadas contra ele, para que isso pudesse ser considerado justo ou injusto.”[14]
4.As tempestades eram fortes sobre o “telhado” de Jó. Ele precisava de uma bonança. Parece que se os amigos se calassem a situação já se acalmaria um pouco. Assim como o apóstolo Paulo enfrentou os falsos mestres não se considerando inferior, Jó enfrentou seus amigos (2 Coríntios 11.5). Eles são médicos inúteis e encobrem a verdade. Os amigos de Jó estão se considerando advogados de Deus. Estão falando como se Deus estivesse falando por intermédio deles. Se Deus os julgar, eles não resistirão. Seria uma bonança para Jó se os amigos se calassem (v.1-12).
5.Seria bonança para Jó se Deus aliviasse a Sua mão que pesava sobre ele. No versículo 14 Jó diz que colocará a carne entre os dentes, ou seja, os lábios entre os dentes. Ele morderá seus lábios, ou seja, ficará calado? Colocará sua vida em sua mão, ou seja, ficará exposto ao perigo sem nada fazer? Não, Jó lutará o quanto puder para se defender diante de Deus. Mas para isto, Deus precisa dar algum tipo de alívio. Uma forma de entender o versículo 15 é que ainda que Deus o mate, Jó confiará Nele e não nos homens. Se Deus o ouvir, por si só isto já mostrará que Jó não é um ímpio, pois Deus não ouve os ímpios. Nos versículos 20-22 Jó fala diretamente a Deus e pede uma bonança para poder se defender, respondendo ou perguntando (v.13-22).
6.Seria bonança para Jó apenas uma oportunidade para dizer para Deus que ele é justo, mas melhor ainda seria ouvir do próprio Deus se há algum caminho mau na vida de Jó. É como se Deus ainda tivesse perseguindo Jó pelos pecados que os moços cometem. Ele já não está perdoado de todos os pecados passados? Claro que sim. Então por que Deus o persegue com sofrimentos? Isto só será respondido no futuro ou na eternidade (v.23-28).
Capítulo 14: A quarta contenda de Jó contra Deus
1.As condições do ser humano são iguais para todos. Por causa dos poucos momentos de refrigério que ainda existem para o homem, este às vezes se esquece de sua condição e passa a se enganar de que aqui mesmo na terra poderá experimentar prosperidade e eternidade, mas Jó desfaz essa ilusão meditando sobre a brevidade da vida e sobre a esperança sofredora de algo melhor depois desta vida. Jó reconhece que não tem a mínima chance em um julgamento diante de Deus. Como Deus tiraria alguma coisa pura da imundícia que é o ser humano. Jó disse em 13.28 que ele é uma coisa podre. A vida do homem é breve e não tem como fugir disso. Até mesmo comparado a uma árvore o ser humano é mais frágil. Uma árvore, quando todos pensam que morreu, lá vem o renovo e revive. Depois de uma seca, basta umas chuvas e a árvore volta a viver. O homem não é assim. Quando morre não há mais esperança de voltar a viver (v.1-12).
“Lamentar-se diante de Deus conserva a tristeza legítima da amargura. Está mais perplexo do que magoado. A soberania de Deus ao destinar a duração da vida de cada homem não é questionada (5). Mas a total incapacidade do homem a esta altura somente demonstra quão indefeso ele será quando Deus o levar em juízo.”[15]
2.Apesar da brevidade da vida do ser humano, ele ainda almeja algo melhor. É impossível viver sem esperança. Ainda que seja uma esperança enganosa o ser humano quer sentir que dias melhores virão. Jó ensina sobre a ressurreição no versículo 13, mas não para este mundo, pois no versículo 14 não nutre nenhuma esperança nesta vida. Quando o homem morre há uma mudança com enormes proporções. Ele se muda de local, deixa sua família que deverá decidir sobre várias mudanças, e o principal, ele muda sua condição de ser humano nesta terra para um ser humano transformado para a eternidade com Deus ou sem Deus. O ser humano quando morre é substituído em suas funções neste mundo. No versículo 15 Jó chama a nossa atenção para o desejo que Deus tem de criar, recriar e transformar. Até mesmo quando o homem morre Deus tem o desejo de trabalhar neste homem, transformando o seu corpo mortal em imortalidade. A realidade é que Ele fará isto tanto para com o salvo como para o perdido. Se as condições do ser humano na terra são idênticas para todos, na eternidade as condições serão diferentes para o salvo e o perdido. Jó está cheio de esperanças, pois no versículo 16 diz que Deus não o castigará mais. O sofrimento é somente enquanto estiver nesta vida breve e passageira. Esboroar significa reduzir uma pedra ao pó. A esperança do homem nesta vida será destruída, mas até isso é bom porque a esperança do ser humano deveria estar nos assuntos eternos. No versículo 21 Jó, embora não tenha mais filhos, mostra sem rodeios que perderemos as melhores e piores fases dos nossos filhos. No final, o ser humano é solitário, pois terá que suportar sozinho suas dores e morte, mesmo rodeado de pessoas que o amem (v.13-22).
Capítulo 15: A quarta acusação contra Jó (a segunda de Elifaz)
1.Jó não era perfeito, isso ele já admitiu no capítulo anterior. Porém, os amigos de Jó, e agora Elifaz, têm argumentos imperfeitos sobre o caráter de Deus e a maneira dele agir. Não é nenhuma novidade que Elifaz considere Jó um ímpio. Elifaz foi o primeiro a falar, depois falaram Bildade e Zofar e novamente Elifaz dá suas investidas contra Jó. A ciência de Jó é vento e de nada serve, segundo Elifaz. Jó estraga toda a reverência com seus argumentos blasfemos. Elifaz acusa Jó de arrogância. Jó não é o primeiro homem, Adão, criado sem imperfeições. Jó dizia que tudo o que os amigos falavam ele já sabia, mas agora é a vez de Elifaz dizer o mesmo no versículo 9. Os três amigos de Jó são encanecidos, ou seja, já têm cãs, cabelos brancos. Talvez Elifaz seja até mais velho que o pai de Jó. A acusação é que Jó está desprezando a experiência dos amigos e está zombando das consolações de Deus. Nenhum homem é, por natureza, puro. As palavras de Jó que mais irritavam os amigos eram aquelas com as quais se considerava um homem justo e íntegro. O argumento de Elifaz é bem difícil de entender à primeira lida. Até as coisas do céu não são puras aos olhos de Deus. Os que lá estão, os salvos, foram purificados, mas não eram puros de nascimento. O sol, a lua e as estrelas não são puros, pois são luzes fracas comparadas ao Criador. Apesar disso, os argumentos de Elifaz são imperfeitos porque querem forçar Jó a admitir que Deus não aceitará Jó por ser ímpio, mas ele não o é. O sol tem uma luz imperfeita comparada ao Criador, porém, Ele fez o Sol perfeito para as nossas necessidades (v.1-16).
“Se todo mundo cresse, como já, que Deus nem sempre castiga os perversos e recompensa os justos, então que motivo haveria para obedecer a Deus? A religião não valeria a pena! Mas essa é a teologia do diabo, justamente aquilo que Deus estava refutando por meio de Jó! Se as pessoas servem a Deus pensando apenas no que irão ganhar com isso, na verdade não estão servindo a Deus coisa nenhuma; estão apenas servindo a si mesmas e colocando Deus a seu serviço.”[16]
2.Outra imperfeição do argumento de Elifaz é quando ele afirma que os perversos são atormentados todos os dias. Se fosse assim, os não salvos seriam humildes ou humilhados, mas não é isto que vemos. Os perversos são arrogantes porque nada lhes acontece. Os ricos são exploradores porque podem. Se não fossem ricos estariam na posição dos explorados e, logo, ainda assim haveria pessoas perversas se sentindo muito bem em explorar os mais fracos, muitos desses, justos. Se Elifaz realmente acredita nisso não sabemos, mas ele segue uma tradição anunciada pelos pais. O justo não sofre, quem sofre são os perversos. Elifaz ouviu isso dos poderosos que possuíam terras as quais não entravam estrangeiros. Os senhores de terras poderosos eram temidos e nenhum pobre invadiria suas propriedades. É fácil ver este tal como alguém que não sofre, mas isto não significa que é um justo. Na questão social, o sofrimento e opressão têm a ver com as injustiças sociais as quais o rico impõe sobre o pobre. Na mesma condição social ninguém tem poder sobre o outro e fica difícil ver um atormentado. Elifaz está confundindo bem-aventurança com prosperidade. Quando se tem riquezas, saúde ou médicos e remédios a impressão é que este é um bem-aventurado. No entanto, não é assim que Deus mede um homem justo e feliz. No máximo Elifaz reconhece um rico opressor e malvado que será castigado por Deus. Mas ainda Elifaz não compreendeu que Deus não se limita a isto. O moralista também é um pecador e precisa aprender humildade. Um rico falido não significa castigo de Deus e nem um pobre sem perspectiva social significa o castigo de Deus. O homem vê o exterior, o sucesso profissional e financeiro como fatores de bênção, mas Deus vê o coração quebrantado como resultado das bênçãos espirituais sobre uma vida (v.17-35).
A medida de um homem (Jó 11-15) 1.Pelo modo
como julga o seu próximo (11.1-3) |
Capítulo 16: A quarta defesa de Jó (a segunda contra Elifaz)
1.Quem acha que teria uma atitude melhor do que a de Jó que atire a primeira pedra! Os amigos de Jó não consolam, mas molestam. As palavras dos amigos são vazias como o vento. Ele até questiona qual é a motivação deles para agirem de modo tão cruel. Jó diz que se as posições estivessem trocadas ele também poderia agir igual aos amigos, mas também poderia consolar de verdade. A triste realidade para Jó é que falando ou se calando não encontra alívio. Ele passa a se queixar com Deus. O que mais o afligia era a perda da família. Jó estava encarquilhado, murcho, cheio de rugas e magro. Os homens não têm piedade de Jó e nem mesmo Deus, parece (v.1-11).
“Deus, porém, se voltara contra ele, atormentando-o e perseguindo-o, entregando-o nas mãos dos perversos e infligindo-lhe ferimento sobre ferimento. E tudo isso apesar de não ter culpa nenhuma.”[17]
2.Sabemos que a melhor atitude do ser humano diante de Deus é a de submissão, mas isto não significa que a queixa não esteja dentro de cada sofredor. Jó apenas foi um passo além expressando aquilo que estava em seu interior. Ele se queixa de seu atual estado. Antes vivia em paz, agora se tornou como um animal sendo caçado pelo caçador. Ele se veste de cilício, um pano grosseiro e dorme, ou melhor, se vira no chão, no pó. A maior queixa de Jó é ter perdido a família, mas o pior, sem merecer isto, pois Jó nunca foi violento. No versículo 18 vemos um senso de justiça bem maduro de Jó. Ele prefere ser comido pelos cães a ser enterrado dignamente, caso seja um culpado. Jó ainda confia na justiça de Deus, pois para os amigos não há mais inocência na vida de Jó. No versículo 21, Jó desejaria que houvesse algum homem que advogasse sua causa diante de Deus e de seus amigos enquanto ainda há vida, pois logo ele morrerá e sua causa ainda não foi julgada (v.12-22).
Capítulo 17: A quinta contenda de Jó contra Deus
“O caráter geral deste capítulo... se ocupa principalmente com as queixas de Jó quanto ao modo como os amigos estão o tratando e suas lamentações sobre seus sofrimentos (v.1-12). No final, ele apela à cova, como a única esperança ou conforto deixado a ele (v.13-16).”[18]
1.A morte não é um assunto agradável de se comentar. Os jovens pensam que nunca acontecerá com eles. Os velhos, cansados, aguardam com certa ansiedade e satisfação pela tão temível morte. O sofrimento de Jó o fazia lembrar da morte e até lhe dava um desejo por ela. Do modo como a sua vida estava indo, a morte era uma mistura de derrota com a esperança do descanso que só há Naquele que é o doador da vida. Jó via a morte muito próxima. A cada dia ele estava mais acabado. Os que não estão experimentando angústia não podem sentir a brevidade da vida, pois muitas vezes se tornam egoístas. O crente, no entanto, que tem os olhos cheios de compaixão pelos sofredores sempre encontrará alguém no fim da vida, senão ele próprio. Os zombadores de Jó não encaravam a morte como uma possibilidade para eles, senão não zombariam do infeliz Jó. As pessoas que sentem a falsa segurança da distância da morte não pensam com seriedade no assunto e nem se compadecem daqueles que estão sofrendo. Foi assim com o rico que ficou separo de Lázaro por aquele abismo e, também, com aquele que destruiu o celeiro e construiu um maior. Diante da fragilidade da vida o crente só tem como esperança o próprio Deus que é a Sua garantia. Quando nos sentimos rodeados de recursos não temos necessidade de Deus, mas quando vemos a realidade da vida que está por um “só fio” recorremos ao Senhor. Os incrédulos não têm compreensão do curso da vida e, por isso, não veem a morte como uma exaltação. O conhecimento de que um ser nasce, vive, se reproduz e morre é limitado, pois além disso existe a realidade da vida após a morte e não é uma realidade menor, pois é um assunto eterno. Se trataram Jó, o seu amigo, dessa forma, Deus podia pesar a mão sobre a descendência deles. Zombar da calamidade de alguém é tolice, pois todos, de uma forma ou de outra terão de enfrentar a morte. A morte está próxima, seja daqui cinquenta anos ou cinquenta minutos, pois a vida é breve (v.1-5).
2.A morte chega em breve. Nossas realizações são poucas, as distrações são muitas. O crente deve considerar o fato da brevidade da vida e viver para o Senhor. Para Jó a vida se tornou um cansaço sem fim, cheio de humilhação. Nossos irmãos das igrejas sofredoras certamente amam a vida nova em Cristo Jesus, mas também se cansam de tanto sofrimento e humilhação. Para alguns deles a morte é bem-vinda, como Paulo disse “Para mim o viver é ganho e o morrer é lucro”. A sombra é um contraste do brilho da vida. Quando a vida não tem mais brilho a sombra da morte cobre todas as emoções e a mágoa se torna uma realidade de angústia. Em Cristo o crente pode descansar, tanto nesta vida e muito mais naquela que está por vir. O fato da morte não paralisa o crente, mas serve de incentivo em “trabalhar enquanto é dia antes que a noite venha” e, também, é um incentivo à santificação. Jó não via sábios, pois todos viviam só para seus prazeres sem pensar na morte. Muitos sonhos terrenos encobrem as aspirações celestiais. Os fatos da morte reacendem a candeia dos interesses pelas coisas de Deus. A morte parece o fim da esperança, mas para aquele que confiou na morte de Cristo a favor do pecador é o descanso tão almejado para a alma cansada (v.6-16).
Capítulo 18: A quinta acusação contra Jó (a segunda de Bildade)
1.Os argumentos de Bildade parecem tão óbvios, porém, estão errados quando vemos o justo Jó ser afligido sem ter cometido pecado algum. Ele diz que Jó se considera muito superior aos amigos. A luz de Jó se apagará completamente, é o veredito de Bildade. Parece até que ele deseja que isto aconteça ao amigo. Bildade considera Jó um caçador malvado que cairá em sua própria armadilha (v.1-10).
“Não é verdade que todos os que sofrem grandes angústias neste mundo deveriam ser julgados como perversos quando nenhuma outra prova aparece contra eles. O povo de Cristo normalmente é sofredor, um povo carregador da cruz.”[19]
2.Bildade persiste em descrever Jó como um perverso que só experimentará calamidade. O primogênito da morte seria o anjo da morte como no Egito ou o pecado que gera a morte ou ainda as piores formas de morrer, tais como a pestilência. O rei dos terrores se refere ao primogênito da morte. No v. 15 a figura é de uma peste que afetou toda a tenda de Jó e esta precisa ser queimada e tudo será consumido. Bildade aproveita a perda dos filhos para dizer que Jó não terá nenhuma posteridade. Todos saberão, do Ocidente e do Oriente e se espantarão. Bildade conclui desrespeitando Jó totalmente como alguém que não conhece a Deus (v.11-21).
Capítulo 19: A quinta defesa de Jó (a segunda contra Bildade)
1.Depois das palavras duras de Bildade o qual acusou Jó de perversidade, Jó conta um pouco das suas humilhações. Quando ele diz “dez vezes” não significa que os amigos lhe falaram por dez vezes até agora, pois de fato foram cinco vezes, mas significa “repetidamente” (veja Gênesis 31.7). Jó não admite que errou, porém, diz aos amigos que não publica para ninguém o seu suposto erro, mas sofre sozinho, enquanto os amigos se exaltam sobre a miséria dele. Jó não entende o que se passa e atribui a Deus que no final das contas tem o controle de toda a situação. Se há injustiça, Jó só pode clamar a Deus e se Ele não ouvir, então ficará sem resposta. Se Jó perdeu a honra foi Deus quem a tirou. É como se Deus preparasse um exército contra Jó. Todos o desampararam, parentes, servos e até a esposa. O respeito que ele tinha na sociedade, acabou. A doença fez com que ele ficasse magro. Os versículos 15-16 mostram que Jó ainda tinha servos que não morreram e o versículo 17 “filhos do meu ventre” no original pode se referir aos netos ou filhos de suas concubinas, uma vez que os seus filhos foram mortos (v.1-20).
2.Embora Jó peça compaixão dos amigos, ele continua a atribuir a Deus o seu sofrimento e sabe que só Deus pode tirá-lo dessa situação. Ele só pede que os amigos sofram com ele e que não fiquem contra ele. O que Jó tem a dizer a seguir é tão importante que ele deseja que seja escrito em rocha para que não se apague e sirva de testemunho a todos. Esta declaração de Jó é a mais importante, pois quando pensávamos que Jó já estava desviado de Deus, ele declara que Deus é o seu Redentor (goel). A palavra goel significa parente mais próximo. O livro de Rute fala do goel, o resgatador. Jesus é o nosso goel, semelhante a nós e com o direito de ser o resgatador. A esperança de Jó é reacendida. Por mais que discuta com os amigos e peça a compaixão deles, Jó reconhece que só há um que pode salvá-lo eternamente e este é o seu Redentor. Jó não se importa com a morte, mas sua esperança está na ressurreição. Muitos gostam do ditado: “Vi com estes olhos que a terra há de comer”, Jó prefere “Em minha carne verei a Deus... os meus olhos o verão”. A ressurreição é física, senão não seria ressurreição. Se na eternidade ganhássemos outro corpo seria reencarnação e se vivêssemos somente com nossa alma e espírito sem o corpo, seria transmigração da alma. São conceitos espíritas. A Palavra de Deus ensina a ressurreição. A intimidade de Jó com Deus é refletida no versículo 27 no sentimento de saudade que ele tem do seu Redentor. No final do capítulo Jó adverte aos seus amigos do juízo que virá. Jó será justificado e os caluniadores serão julgados (v.21-29).
“A palavra traduzida para Redendor é goel, apresentando um dos maravilhosos conceitos do Antigo Testamento. O ‘Goel’ se colocava pelo outro para defender sua causa, para vingar dos erros cometidos contra ele e para absolvê-lo de todas as culpas colocadas sobre ele (Morgan).”[20]
Capítulo 20: A sexta acusação contra Jó (a segunda de Zofar)
1.Zofar não aceitaria facilmente a defesa de Jó por mais linda que fosse a declaração sobre o Redentor vivo. Ele fala de Jó como se este fosse perverso. A pressa dele falar indica precipitação. Tiago nos diz para sermos tardios para falar e para nos irar. Zofar não fala segundo o entendimento de Deus, mas dele próprio. Ele apela para a antiga verdade de que o perverso tem uma alegria momentânea. Tudo no mundo é momentâneo, para o perverso e para o justo, porém, o justo busca aquilo que é eterno e se alegra no Senhor. O versículo 10 fala dos filhos do perverso que morreu buscando ajuda dos pobres que o pai oprimiu. Os pobres foram restituídos dos bens roubados pelo pai perverso e agora os filhos dos perversos não têm herança, mesmo sendo jovens (v.1-11).
2.O mal tem uma doçura maligna para quem é feito da mesma carne que Adão, ou seja, todos nós. Há uma malignidade desde criança que deseja o mal do seu semelhante[21]. Zofar diz que o perverso será envenenado com o próprio veneno e acabará devolvendo tudo o que tomou de modo impróprio (v.12-19).
3.O ser humano não tem limite para a cobiça, mesmo que não consegue manter as coisas que obteve, seja pelo gasto que o tempo provoca, pela perda ou pela morte. Quando se tem muito ou na plenitude da abastança, a angústia se torna maior quando há perda. O acúmulo de bens acaba enlaçando a pessoa tornando-a em um idólatra[22]. O fim é certo e Deus é o julgador. Zofar tem razão nos argumentos, mas a flecha está apontada para a pessoa errada. Jó não é assim (v.20-29).
“O discurso de Zofar foi totalmente dirigido a Jó. Quão cruéis e injustos foram todos os seus argumentos.”[23]
As controvérsias com amigos (Jó 16-20) 1.Quando não nos colocamos no lugar do amigo (16.1-4, 10, 20) 2.Quando não damos um crédito ao amigo sofredor (17.1-5) 3.Quando nos apressamos em julgar o amigo (18.1-5) 4.Quando nos sobressaímos nas fraquezas do amigo (19.1-6, 13-19, 21-22, 25-27) 5.Quando nos apressamos em atribuir o sofrimento do amigo ao pecado (20.12,19-22,27-29) |
Capítulo 21: A sexta defesa de Jó (a segunda contra Zofar)
1.Jó pede que os amigos prestem atenção antes de zombar dele. A contenda de Jó era contra Deus, pois somente Ele tem o poder de permitir e frear as injustiças. Se os amigos de Jó prestassem mais atenção ficariam pasmados a respeito do sofrimento de Jó. Ele ainda permanece com a ideia de que muitos ímpios vivem bem e, por isso, não devemos tomar como base os argumentos de Zofar de que o ímpio sofre e o justo prospera. Talvez Jó e os amigos deles conhecessem pessoas ímpias e prósperas. Eles têm prosperidade em tudo. Os ímpios chegam à velhice com saúde, os filhos executam seus objetivos, há paz em suas casas, seus animais procriam, suas crianças são saudáveis, fazem festas com músicas, prosperam até à morte e ignoram a Deus (v.1-15).
“Eles não saberiam como confortá-lo se não o deixassem abrir o seu caso e contasse sua própria história.”[24]
2.Embora Jó fale da prosperidade dos ímpios, ele se apressa a dizer que a prosperidade não está na mão deles. Deus é quem os faz prosperar. Aí está a contenda de Jó contra Deus. Por que Deus lhes dá prosperidade? Será que não é para a própria destruição deles? Depois de mortos a prosperidade dos ímpios para nada mais serve. Enquanto em vida não têm os ossos secos, mas umedecidos. Isto se refere à saúde. Muitos justos morrem na pobreza. Quando se é rico é fácil dizer que Deus abençoa os justos. Se os amigos de Jó perguntassem aos viajantes, ou àqueles que passam pela rua, a respeito do caráter de Jó veriam que o argumento de que o ímpio sofre é falso. O ímpio morre e é exaltado em sua morte. Os amigos certamente viam isto e deveriam se arrepender de acusar Jó de impiedade (v.16-34).
Capítulo 22: A sétima acusação contra Jó (a terceira de Elifaz)
1.A razão do sofrimento humano para Elifaz é culpa do próprio ser humano. Deus não precisa do homem é o argumento de Elifaz. Esta acusação é tão séria a ponto de Elifaz julgar Jó de coisas que ele não sabe tais como as acusações de que Jó penhorou roupas dos endividados e não as devolveu e de que não deu esmolas e água ao sedento. No versículo 8, Elifaz se refere ao passado de Jó, um homem forte e poderoso, dono de terras, mas chegou a este estado porque não ajudou órfão e viúvas, talvez não os deixando apanhar os frutos da seara que caiam no chão. Elifaz já tem seu veredicto contra Jó. Ele foi mal e, por isso, está passando por essas trevas e águas transbordantes sobre sua vida (v.1-11).
“Até agora, Elifaz apenas insinuou, agora, porém, claramente ele acusa Jó de culpa, meramente baseado nos seus sofrimentos.”[25]
2.Deus está nas alturas e, por isso, segundo Elifaz Jó achou que Ele não veria as maldades de Jó e que as nuvens grossas impediriam a visão de Deus. Jó seguiu a rota antiga dos ímpios. Provavelmente, Elifaz faz referência aos homens que foram afogados pelo dilúvio. Deus abençoou os homens, mas eles mandaram Deus embora. Jó é visto como a punição de Deus contra os inimigos. Todos se alegram quando o perverso sofre. O sofrimento de Jó que para Elifaz foi, um dia, motivo de pena por sete dias e sete noites de lamento, agora se transforma numa alegria, pois é Deus julgando o pecador (v.12-20).
3.Elifaz trata Jó como um pagão que precisa ser alcançado com a misericórdia de Deus e, por isso, o “evangeliza”. Nesse apelo “evangelístico” Elifaz acusa Jó de ter colocado o coração nos tesouros e ter se esquecido de Deus que é o verdadeiro tesouro. O ouro de Ofir, talvez na Arábia, era reconhecidamente o melhor ouro. As palavras de Elifaz se assemelham muito às palavras de Jeremias (33.3) e também com a aliança que Deus fez com Salomão em 2 Crônicas 7.14. Mesmo que os caminhos ou planos de Jó começarem a frustrar Deus o elevará, ou seja, tudo dará certo para aqueles que são puros de mãos, pureza esta que Jó não possui, segundo o julgamento de Elifaz (v.21-30).
Capítulo 23: A sétima defesa de Jó (a terceira contra Elifaz)
1.Jó está se esforçando para não blasfemar e se revoltar contra Deus. Ele não tem direito de blasfemar contra Deus e nem nós. O psicologismo diz que não devemos nos reprimir, mas a Palavra de Deus ensina a reprimir a ira e aqui Jó nos ensina a reprimir o gemido ou a reclamação, pois o próprio Deus sabe nos colocar no lugar da humilhação. É melhor aprender a humildade do que trilhar o caminho da humilhação que é mais doloroso. Onde encontrar Deus no sofrimento? Jó queria se justificar, mas o momento é de receber o sofrimento calado. Todo o sofredor está com a boca cheia de argumentos, mas não é isto o que Deus quer ouvir. A esperança de Jó é que Deus respeitaria a diferença entre a grandeza Dele e a fraqueza de Jó e, por isso, o atenderia. O que Jó desejava nós temos em Cristo, Ele é o nosso Advogado e não estamos mais em nenhum julgamento, pois todos os nossos crimes foram perdoados em Cristo Jesus. Jó queria um intermediário entre ele e Deus, mas não existe nenhum homem que possa fazer isto, pois os amigos dele estão contra ele e mesmo que o apoiassem não há nenhum justo a ponto de persuadir Deus (v.1-9).
2.Jó está muito confiante em sua própria justiça. A diferença entre a perfeição de Deus e a do crente é que a perfeição de Deus é inerente e a do crente é recebida. A disciplina tem o poder de aperfeiçoar o crente e Jó sairá como ouro, mas porque Deus reparará algumas arestas de sua vida. Jó acha que tem andado corretamente, mas se Deus em Sua soberania quiser prová-Lo Ele tem todo o poder. Cair nas mãos de Deus é o que perturba Jó, diferente de Davi que preferiu cair nas mãos do Senhor quando pôde escolher o castigo. O aflito Jó é justo como o Senhor já nos informou no primeiro capítulo, porém, precisa ficar mais calado diante do Senhor, já que ele mesmo afirma crer nas decisões de Deus (v.10-17).
“Aqui, novamente parece que Deus é inimigo de Jó. A confiança de Jó diante de Deus é novamente vencida por todos os tipos de males e pensamentos suspeitos. Parece que Deus é caprichoso, o qual pune onde não há nenhuma base para punição.”[26]
Capítulo 24: A sexta contenda de Jó contra Deus
1.A contenta de Jó contra Deus é tão grotesca que ele dá a entender que Deus não governa de modo correto a humanidade. A questão é que o homem, mesmo depois da queda, possui o livre arbítrio e todas as suas obras serão julgadas não aqui, mas na eternidade. Há muitas injustiças, tais como roubo de gado e de terras, roubo dos pertences dos órfãos e viúvas, injustiças sociais, tais como pobres que passam frio, penhorados pelos credores ricos e trabalho escravo. Parece que Deus não vê essas injustiças (v.1-12).
“Jó lamenta que os tempos de punição não são bem explicados por Deus, que aqueles que conhecem a Deus podem ver e compreender Suas razões. Ele, então, começa a descrever a vida dos ímpios, os quais praticam as obras das trevas e, aparentemente, não são punidos. Segue-se um catálogo muito triste dos crimes.”[27]
2.A compulsão pelo pecado é tanta que os perversos não se cansam de praticar delitos. Logo cedo há assassinatos e à noite roubos. Os perversos não respeitam os pobres, mas os matam como se fossem alvo de grande lucro. O adúltero não vê a hora de chegar a noite para ocultamente praticar a imoralidade. Durante o dia os facínoras estão em casa e à noite praticam crimes. A manhã é o terror para eles, mas à noite ficam muito à vontade (v.13-17).
3.Jó também concorda com os amigos dele de que as perversidades deveriam terminar logo e que os perversos deveriam ser julgados, pois não farão falta alguma na terra. Eles podem ter acumulado vinhas e fazendas, mas não mais desfrutarão de seus roubos. A morte cessará muito rapidamente a memória deles assim como o gelo se derrete e a água jogada numa terra seca logo desaparece. Eles serão o banquete dos vermes na terra. As crueldades que cometeram serão vingadas (v.18-21).
4.Jó começa a achar que Deus não está se importando com os perversos e parece que até que Deus está apoiando essas pessoas más. De qualquer forma, tendo os perversos longa vida ou não, eles serão colhidos. É apenas uma questão de tempo (v.22-25).
Capítulo 25: A oitava acusação contra Jó (a terceira de Bildade)
Os argumentos de Bildade são tão óbvios que não precisou se estender muito. Deus tem poder sobre todos os astros celestes e anjos. No céu há paz real que não existe aqui na terra. Bildade desafia Jó a contar os anjos, os exércitos de Deus. São inumeráveis. A luz de Deus alcança a todos. A luz do sol e a luz de Sua revelação. O homem não tem nenhuma justiça diante de Deus por si mesmo. Toda a criação de Deus é pura aos Seus olhos. Tudo o que Ele fez era bom. Anteriormente (15.14-15), Elifaz disse as mesmas palavras sobre as estrelas não serem puras aos olhos de Deus. O sol tem uma luz imperfeita comparada ao Criador, porém, Ele fez o Sol perfeito para as nossas necessidades. O homem é como um gusano, isto é, um caruncho da madeira. Embora os argumentos de Bildade sejam verdadeiros, todos sabemos, à esta altura, que é um ataque contra o justo Jó (v.1-6).
“Em sua terceira intervenção, Bildade insiste na grandeza de Deus, ante o qual ninguém é inocente.”[28]
“O objeto da fala é mostrar a presunção de Jó em considerar-se justo diante de Deus e em desejar debater sua causa com Ele como um sofredor inocente.”[29]
Palavras inflamadas (Jó 21-25) 1.A vara de Deus não os fustiga (21.7-13) 2.Retira-te de nós (21.14-15) 3.Morre em pleno vigor (21.23-26) 4.Não deste água a beber ao cansado (22.5-11) 5.A minha queixa é de um revoltado (23.1-7) 6.O Todo-Poderoso quem me perturbou (23.15-17) 7.Deus não tem isso por anormal (24.1-12) 8.Quem me desmentirá? (24.13-25) 9.O homem é gusano (verme de madeira) e verme! (25.4-6) |
Capítulos 26-27: A oitava defesa de Jó (a terceira contra Bildade)
1.Jó também reconhece a soberania de Deus, mas não aceita as indiretas de Bildade duvidando da justiça de Jó. Os erros dos amigos de Jó são repetidos em todas as épocas. Jesus socorria o cansado e sem vigor. Jó fala com ironia da sabedoria de Bildade. Algo importante para pensarmos sobre os nossos aconselhamentos. Com a ajuda de quem aconselhamos e qual espírito está nos dirigindo? (26.1-4).
2.Jó engrandece ao Senhor em várias esferas. “Debaixo das águas” se refere simplesmente ao lugar dos mortos, nas profundezas da terra. Todos tremerão diante de Deus (Filipenses 2.10). Não existe nenhum lugar, ainda que invisível para nós, que não esteja diante de Deus. O norte do espaço é escasso de estrelas e a terra se firma sobre o nada. Observações científicas espantosas para a época. Só podemos dizer que é por causa da revelação direta de Deus, pois nunca ninguém explorou a terra pelo “lado de fora” naquela época. Como as nuvens, um acúmulo de vapores pode segurar tanto peso de água? É um milagre. Deus encobre o Seu trono com nuvens. É uma forma poética de falar que o trono de Deus é inacessível. No versículo 10 é a imagem que temos do horizonte que separa o mar e o céu. As colunas do céu são as montanhas que tremem sob o poder de terremotos e vulcões. Deus fende o mar com as tempestades, furacões e redemoinhos. Com o Seu sopro Deus embeleza o céu com estrelas, clarões, sol, etc. Ele também abate o inimigo, Satanás, o dragão veloz. Alguns entendem que o dragão veloz se refere à Via Láctea ou a constelação “serpente tortuosa” (hebraico, bariach nakach). Tudo o que vemos são apenas as orlas dos caminhos de Deus, somente um sussurro de Sua revelação. Se Ele mostrasse o trovão de Seu poder ou uma revelação maior, o que seria de nós? (26.5-14).
“A grandeza de Deus não combina com Sua atenção às pequenas coisas. A grandeza de Deus é um assunto vital para o pensamento humano. Nenhum assunto é tão... humilhante.”[30]
3.O discurso de Jó contra Bildade continua e desta vez ele relembra o amigo sobre os perversos. Ele começa insistindo em sua justiça diante de Deus e dos homens. Jó não quer dar razão aos amigos. Devemos admirar a convicção de Jó, pois algumas crentes de tão sensíveis chegam a pedir perdão até mesmo quando estão certos só para não terem problemas de relacionamento. Jó reconhece que Deus o amargurou, mas não sente amargura por Deus (27.1-6).
“Parece uma grande reverência nessas palavras de Jó [v.2]; ele fala com um grau de irritação, se não de amargura, que não pode ser justificado. Nenhum homem deveria falar assim de Seu Criador.”[31]
4.A esperança do não crente se limita ao seu mundo, à sua perspectiva de ganho e ao planejamento de suas obras terrenas. Ao morrer ou diante do pensamento da morte o ímpio não tem esperança alguma. Ele nem mesmo conhece a Deus e não tem nenhuma intimidade com o Todo-Poderoso para clamar (27.7-10).
5.O destino dos ímpios é bem conhecido pelos amigos de Jó. Se Jó fosse um ímpio o destino dele seria aquele mencionado nos próximos versículos. O tempo diria que os amigos de Jó estavam errados. Os filhos serão mortos por espada ou por peste, serão miseráveis e pobres. As mães e viúvas não se entristecerão de enterrar filhos os quais não poderiam alimentar. A ira de Deus cairá sobre os perversos e todos apuparão ou assoprarão assovios. Devemos nos lembrar que a doutrina do Velho Testamento promete bênçãos terrenas para o justo e o Novo Testamento promete bênçãos celestiais para os que estão em Cristo (27.11-23).
Capítulos 28-31: A sétima contenda de Jó contra Deus
1.O poder e sabedoria que Deus concedeu aos homens permitem que explorem as profundezas da terra para encontrar metais, águas das rochas. Nesta habilidade o homem supera aos animais, ainda mais com a tecnologia desenvolvida e ferramentas apropriadas. O argumento de Jó continua para chegar ao ponto que deseja, ou seja, que o homem é sábio até um ponto, mas depois disso precisa deixar com Deus o julgamento correto das situações da vida. Os amigos de Jó são muito matemáticos em seu julgamento como se estivessem explorando a terra. Se Jó e seus amigos pudessem ver o futuro e se chegassem a ver os nossos dias, veriam que não conhecem quase nada da própria criação de Deus, muito menos do coração do homem e como Deus trabalha neste (28.1-11).
2.A sabedoria não está no veio da terra ou debaixo de alguma raiz de árvore. Não está no mar e nem se compra com dinheiro. A sabedoria não é comparada ao ouro das regiões das arábias. A sabedoria faz esquecer as belezas do mar, o cristal e as joias caras (28.12-19).
3.Já sabemos que o homem tem uma inteligência limitada e que a sabedoria esta acima das riquezas, mas onde fica a tão almejada sabedoria? Os animais não sabem e os homens já ouviram falar, mas somente Deus a possui. A sabedoria não é uma energia cósmica a ser buscada e nem um deus inferior ao Deus verdadeiro. A sabedoria é o próprio Deus e está escrita em Provérbios capítulo 8 onde está personificada na Pessoa de Jesus Cristo. Ele é a sabedoria personificada. Quem não teme ao Senhor pode ser inteligente, mas não é sábio. Buscar ao Senhor, temer o Seu nome e santificar-se Nele é o resultado da sabedoria e também a busca dela (28.20-28).
“Neste capítulo, Jó resume sua postura diante de Deus. Em vez de estar em rebelião contra Deus, como seus amigos o acusavam, Jó afirma que ele temia a Deus e se apartava do mal (Jó 28.28). Ele continuava a seguir a instrução que recebera em sua formação, ou seja, que as pessoas devem confiar e obedecer a Deus porque Ele governa o mundo em infinita sabedoria... O fato de que Jó acreditava que Deus estava sendo, no caso, injusto, não significava que ele abandonara a fé em Deus completamente.”[32]
4.Pensar no passado pode ser uma fuga do sofrimento presente. Ainda mais, no caso de Jó, que foi um homem rico e bem-querido de todos. Deus continua guardando Jó, só que de um modo que ele jamais experimentara. O Senhor ainda é amigo de Jó, porém, revelando um novo relacionamento que gerará maior confiança. Jó não tem mais os filhos ao seu redor e esta deve ser uma terrível dor. Além disso, era um fazendeiro que tinha muitas vacas leiteiras e oliveiras em abundância que produziam azeitonas e azeite para venda (29.1-6).
5.Os administradores das cidades se sentavam às portas. Eram juízes que julgavam as causas das pessoas. Pela descrição, Jó fazia parte desses líderes. Era um homem respeitado até por príncipes. Jó ajudava os pobres, órfãos e viúvas em suas causas. Era mais que um vereador, um tipo de prefeito. Jó se considerava justo e certamente isto era assim mesmo, pois o Senhor Deus disse que Jó era justo e íntegro, porém, há um ar de arrogância em Jó. Como disse L.M. Grant em seu comentário de Jó: “...ele expõe o orgulho de sua autoimportância de tal modo que revela porque era necessário que Deus o humilhasse”. Faz bem observarmos Provérbios 27.2: “Seja outro o que te louve, e não a tua boca; o estranho, e não os teus lábios” (29.7-20).
“Jó estava caminhando por uma linha muito fina entre a jactância por lucros passados e a lembrança das boas ações para poder responder os cargos que pesavam em seu contrário. A única debilidade do Jó ao longo de suas conversações é que se aproximou muito perigosamente ao orgulho. O orgulho é muito enganoso quando estamos atuando corretamente. Separa-nos de Deus ao nos fazer pensar que somos melhores do que realmente somos. Logo surge a tendência a confiar em nossas próprias opiniões, o que nos leva a outras classes de pecados. Embora não é mau recordar feitos passados, é muito melhor fazer uma recontagem das bênçãos que Deus derramou em nós. Isto nos ajudará a evitar que caiamos inadvertidamente no orgulho.”[33]
6.Jó está dando atenção demais para aquilo que ele era. Era um conselheiro requisitado. No versículo 24, Jó diz que o sorriso dele era a confiança daqueles que já tinham perdido a confiança de solução de seus problemas. Talvez Jó pensasse de si mesmo além do que convinha. Ele se sentia um rei entre as tropas (29.21-25).
7.O sofredor Jó vê os homens que eram “menos” do que ele zombarem de sua situação. Ele poderia pedir ajuda dos seus antigos amigos, mas Jó ainda se considera maior do que eles. Vemos um orgulho em Jó que não estava sendo curado com a humilhação que estava passando. Ele não deveria julgar a miséria dos outros, pois ele não estava em posição de se achar melhor (30.1-8).
8.A humilhação de Jó é nítida, mas parece que está mais preocupado com a humilhação que sofre dos homens do que com a humilhação que sofre do próprio Deus. No versículo 12 a súcia (bando de malfeitores) empurra Jó. No hebraico a palavra é “pirchach” (pirkake) que significa “jovens”. No versículo 17, Jó sente seus ossos verrumados, ou seja, perfurados. Ele sentia dores musculares intensas. As roupas dele já estavam em farrapos. Jó tem um palpite errado sobre Deus, pois acha que o Senhor o matará. Ele não consegue ver o futuro que é uma libertação (30.9-23).
9.Jó não acha justo sofrer assim, pois ele sempre foi piedoso para com o sofredor. No versículo 30, Jó relata uma insolação. Se Jó fosse cantar certamente a música seria de lamento e não de alegria (30.24-31).
“Ele [Jó] faz o contraste profundo e terrível com sua própria experiência e confusão moral que tem seguido a estranha obra de [Deus]. Para o bom há mal, para a luz há trevas. Deus deseja isso, Ele ordena isso?”[34]
As mãos de Deus nas situações da vida (Jó 26-30) 1.Deus tem tudo em suas mãos (26.5-14) 2.Deus arranca a vida (27.8, 11, 13-23) 3.As mãos do homem também fazem muitas coisas (28.1-13, 20-21) 4.Deus guarda o homem (29.1-6) 5.Deus humilha (30.11, 19-23, 31) |
10.Não devemos duvidar da integridade de Jó, pois o próprio Deus já tenha declarado isto, porém, Jó está se apoiando de modo arrogante em sua justiça. Ele deveria deixar que o Senhor o justificasse. Jó não era um homem adúltero nem na consumação de ato imoral e nem em pensamentos. Ele também foi honesto em seus negócios. Novamente, Jó afirma sua pureza sexual e fidelidade à esposa. No versículo 10 a expressão “moa minha mulher para outro” refere-se ao trabalho da dona de casa de moer carne para fazer comida. Se ele não foi fiel que ela o abandone e viva para outro homem (31.1-12).
“Ele [Jó em 31.12] mostra que embora o homem negligencie a punição do adultério, a ira de Deus nunca cessará até que o adúltero seja destruído.”[35]
11.Jó foi um homem honesto para com seus empregados e bondoso para com os necessitados, viúvas e órfãos. Ele não se beneficiou de ser um juiz da cidade, o que provavelmente tenha sido. O justo Jó tem consciência da justiça e majestade de Deus, por isso, agiu de forma justa para não ser julgado (31.13-23).
12.Na área financeira Jó era um homem rico, mas simples. A confiança dele não estava nas riquezas, mas em Deus. Jó não foi um idólatra do sol e da lua. Os astros são a beleza do céu, mas ainda assim são criação de Deus e não objetos de adoração (31.24-28).
13.Jó não foi vingativo e nem desejou o mal sobre o inimigo. Ele ajudou o estrangeiro. Ele chega a dizer que agiu diferente de Adão que se escondeu quando pecou. Ele diz que não fez nada do que está nos versículos 33 e 34. Ele não se escondeu com medo da multidão. Ele mostrou sua cara! Se alguém quer acusá-lo que o faça de modo justo. Jó foi justo na agricultura, nos impostos e para com os fazendeiros vizinhos. Este capítulo finaliza as palavras de Jó as quais não são mentirosas, porém, são cheias de justiça própria e louvor indevido, pois outros que devem nos louvar e não nós mesmos (31.29-40).
O “se” e o “então” de quem pensa ser justo (Jó 31) 1.O justo e a justiça de Deus (v.1-4) 2.Falsidade (v.5-6) 3.Desvio (v.7-8) 4.Luxúria (v.9-12) 5.Opressão (v.13-15) 6.Indiferença (v.16-23) 7.Ganância (v.24-28) 8.Vingança e desprezo (v.29-37) 9.Desapropriação, roubo, despojo (v.38-40) |
Capítulos 32-37: A nona acusação contra Jó (a primeira de Eliú)
1.Talvez a esperança de Jó estivesse nessa nova personagem que se apresenta, Eliú. Era jovem em relação aos amigos de Jó e ao próprio Jó, mas sentia a indignação de um sábio diante de tanta insensatez. No primeiro versículo do capítulo 32 fica claro que Jó estava se vendo além do que lhe era permitido. Ele era justo e Deus já falara isto em Sua Palavra, no primeiro capítulo, mas Jó estava tentando se valorizar diante dos amigos. Eliú se irou contra isto e contra a presunção de Jó em querer ser mais justo do que Deus. Isto vemos nos capítulos anteriores quando ele propõe um tribunal diante de Deus para se justificar. Eliú também se zangou contra os amigos mais velhos que insistiam em espezinhar Jó, mesmo não tendo argumentos sensatos contra ele. Eliú significa “Meu Deus é Jeová” e Baraquel, o pai dele, significa “Bendito de Deus”. Eliú é um tipo de Cristo, o mediador. Ele não acusa Jó, mas também não o justifica[36] (32.1-5).
2.Eliú foi bem ousado, mas ao mesmo tempo respeitoso. Ele não falou antes dos amigos de Jó, pois respeitou o aspecto cultural de um jovem deixar os mais velhos falarem, porém, quando teve a oportunidade falou com ousadia. Deus deu experiências aos homens e o natural é que o acúmulo de experiência traga alguma sabedoria às pessoas, então, os mais velhos teriam mais sabedoria e respostas às questões da vida. Isto é teoria, pois na prática nem sempre acontece assim. A perspectiva dos assuntos da vida sem a sabedoria de Deus faz com que os idosos se tornem tolos e confusos. Os amigos de Jó eram tão orgulhosos quanto ele, pois queriam responder de modo sábio àquela situação quando, de fato, deveriam reconhecer que não tinham resposta. Muitas vezes, nem os mais sábios têm respostas e o melhor é confiar no Senhor e esperar a resposta Dele. Se as respostas não chegarem nesta vida sabemos com certeza que na eternidade teremos do próprio Deus a explicação dos fatos que ocorreram aqui. Os amigos de Jó não conseguiram refutar Jó e se calaram. Em 32.13, notamos que finalmente os amigos de Jó reconheceram sua incapacidade de julgá-lo. Reconheceram também que Jó era sábio e que só Deus poderia vencê-lo nos argumentos. Eliú não foi acusado por Jó, pois não argumentou nada contra Jó até agora (32.6-14).
“É provável que faziam uma pausa no final de cada defesa de Jó e consideravam o que deviam dizer em réplica e talvez consultassem um ao outro.”[37]
3.Eliú não está se considerando mais sábio, mas simplesmente está cheio das palavras de Deus e quando alguém tem conteúdo do próprio Deus precisa falar. É como um odre novo, uma bolsa de couro para transportar vinho. Em fermentando o vinho a bolsa se rebenta. Nós, hoje, usaríamos a ilustração de uma panela de pressão com a válvula quebrada. Isaías disse que Deus deu ao Servo do Senhor, o Messias, língua de eruditos (instruídos, veja Isaías 50.4 e Jeremias 20.9). Quando alguém sabe o que falar não deve ficar calado, pois pode contribuir muito falando. A imparcialidade daquele que fala as palavras de Deus deve ser respeitada. O pregador não deve agradar a si mesmo ou aos outros e sim transmitir o que Deus quer que fale (32.15-22).
4.Eliú começa a falar a Jó. Ele é muito franco e direto, mas não é agressivo. Eliú dá a oportunidade para Jó contestá-lo, mas ele também está ciente de que o Espírito de Deus o está dirigindo para falar essas palavras a Jó. Ele não se coloca como alguém arrogante como foram os outros três amigos de Jó. Eliú é formado do barro como Jó e não quer assustá-lo (33.1-7).
5.Eliú ouviu as palavras de Jó enquanto se defendia das acusações de seus amigos. Eliú repete as palavras de Jó nos versículos 9-11. Eliú não dá razão a Jó, mas exalta a Deus acima do homem. Ninguém deve exigir nada de Deus. Tudo o que recebemos Dele é bênção e se Ele nos permite sofrer, até nisso devemos agradecer, pois Ele tem um propósito. Todos temos que dar conta a Deus pelos nossos atos. Deus fala de um modo ou de dois? O que Eliú quer dizer? Trata-se somente de uma maneira hebraica de se falar. Significa que Deus fala de todos os modos até que o homem atente às Suas palavras. O objetivo de Deus é tirar o homem não somente do sofrimento, mas principalmente da soberba que é a maior prisão do homem. Deus alcança alguns através do sofrimento físico (33.8-22).
“Certamente Deus não age injustamente; mas isso não é porque suas obras fazem algo ser justo, mas por causa de sua justiça, é uma lei para sua vontade e Ele nunca faz algo que previamente Ele não viu que era justo.”[38]
6.A única esperança do sofredor está em Deus. Ele tem o Seu mensageiro. O único Mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo. Só Ele pode redimir o homem da morte eterna. Sim, Ele usa anjos para socorrer os crentes (Hebreus 1.14). Só Deus pode curar. Os “curandeiros de plantão” estão servindo a seu próprio ventre quando prometem curas se realmente o doente tiver fé e não esquecer de ajudar o “ministério” financeiramente. Os temas pecado, condenação e remissão devem ser enfatizados na pregação da Palavra de Deus, pois nada merecemos do Senhor. A graça Dele é que nos alcança (33.23-28).
7.Novamente, o mesmo princípio na linguagem hebraica. “Duas e três vezes” significa que Deus frequentemente trabalha na vida do homem. Eliú acertou nos argumentos, pois foi dirigido pelo Espírito de Deus. Note que ele não foi arrogante e cruel para com Jó, mas deu mais oportunidades para Jó responder. Pelo que lemos a seguir, Jó abriu mão de seu direito de resposta, pois Eliú estava certo (33.29-33).
8.Eliú não tem interesse algum de se sentir superior a Jó, porém, aquilo que o seu amigo precisar ouvir ele insistirá em seu julgamento daquilo que ouviu das conversas com os amigos. Ele incentiva a todos a buscarem aquilo que é correto e bom. Ele cita as palavras de Jó que se considerava justo. Isto, de fato, era verdade, pois o próprio Deus via Jó como justo. Jó, no entanto, disse que Deus tirou dele o direito. Isto não é verdade, primeiro porque o homem não tem direito diante de Deus de acusá-lo de injustiça e depois porque não é verdade que Deus estava fazendo Jó um mentiroso diante dos amigos. Nisto Eliú foi obrigado a dizer que Jó estava agindo com parcialidade diante de Deus e agindo como os amigos que tanto ele criticou. No entanto, Eliú não está acusando Jó de perversidade, mas sim de falar como os perversos contra Deus. Outro erro de Jó é dizer que não vale nada ter prazer em Deus (34.1-9).
9.Eliú apela para a santidade de Deus e para o fato de que Ele pedirá contas de todo homem. O crente na dispensação da Igreja estará diante do tribunal de Cristo, a nação de Israel no trono de Sua glória e os incrédulos no Grande Trono Branco. Ninguém age neste mundo incógnito, ou seja, diante de Deus tudo está desvendado e será julgado. Deus é totalmente justo e não está sujeito a ninguém, no entanto, Ele não é egoísta. Ele pensou no homem. Se de repente, Deus desistisse de sustentar o fôlego da vida, todos morreriam (34.10-15).
10.O argumento de Eliú agora é bem terreno. Ninguém seria louco de falar para um rei ou soberano que é vil ou perverso. Muito menos Jó tem o direito de dizer que Deus perverteu o direito dele. Para Deus não há rico ou pobre. Ele não faz acepção de pessoas. Deus vê todas as pessoas e não precisa “comer um saco de sal junto com elas” para conhecê-las profundamente. Ele vê e julga, no tempo Dele, é claro. Não é o homem quem escolhe qual recompensa ou julgamento terá. Deus é quem decide todas estas coisas (34.16-33).
11.Qualquer sábio diria que Jó falou sem entendimento. Jó está sendo provado e precisa sair aprovado deste teste. Eliú não diz que Jó é um iníquo, mas que está falando como um iníquo. Às vezes o crente, por alguma fraqueza, desânimo ou desobediência, fala o que não convém, mas isto não quer dizer que não seja um crente. Em nosso desespero podemos, lamentavelmente, agir como Jó criticando as ações de Deus (34.34-37).
“É absurdo e insensato multiplicar palavras de reclamações contra os caminhos de Deus. Suas correções paternais são uma parte de nossa educação como filhos e deveríamos tomar cuidado com a rebelião no coração a qual só traz mais aflição para nós mesmos e reprovação diante de Deus.”[39]
12.Eliú continua seu discurso mostrando que o homem não tem direito de se considerar mais justo do que Deus. Jó, com sua atitude arrogante, estava se fazendo mais justo do que Deus acusando-o de não observar seu sofrimento e sua justiça própria. As nuvens que se são tão vacilantes são maiores do que o homem. O pecado do homem afeta os seus semelhantes, mas jamais afeta a Deus. Ninguém pode dar nada a Deus, nem bem e nem mal. Ele não precisa de nós. Ele é autossuficiente, nós é que precisamos desesperadamente Dele (35.1-8).
13.O ser humano é imediatista, por isso, em meio ao sofrimento ele clama por socorro. Quando sofre a injustiça, o homem quer que Deus resolva. Porém, os pedidos dos homens são egoístas. Eliú acusa a todos de não buscarem a Deus para reconhecerem Sua glória. Os homens clamam e Deus não responde, pois não sabem pedir (veja Tiago 4.3). Se Deus dá maior entendimento para os homens do que para os animais, por que os homens são tão irracionais e não dependem somente Dele? (35.9-13).
“É algo grave que os homens negligenciam a Deus em suas misérias. Deus tem dado aos homens, o que Ele negou aos animais, sabedoria para conhecerem a Deus e a si mesmos. Portanto, são indesculpáveis, por não usarem essa sabedoria e por não clamarem a Deus em tempos de perturbação.”[40]
14.Jó estava ignorando o mais importante: Deus sempre viu e esteve presente em todo o sofrimento pelo qual estava passando. Porém, Jó não estava esperando em Deus e sim em sua própria justiça. Jó achava que merecia ser ouvido por Deus por ser um homem bom, mas ele deveria confiar em Deus lembrando que nada merecia Dele. Se Deus quisesse mesmo derramar Sua ira contra Jó ele não estaria tão confiante em sua justiça própria, mas pediria misericórdia a Deus (35.14-16).
Onde o homem mais escorrega (Jó 31-35) 1.Em considerar-se íntegro (31.5-6) 2.Em precipitar-se para falar (32.4-11) 3.Em considerar-se mais e melhor que os outros (33.6-7, 31-33) 4.Em julgar o sofredor sem, de fato, conhecer os planos de Deus (34.35-37) 5.Em atribuir o sofrimento à falta de fé (35.1-16) |
15.Jó é conhecido por sua paciência no sofrimento e em suportar as muitas opiniões dos amigos, portanto, não é demais ter mais um pouco de paciência visto que Eliú é o que tem chegado mais perto das necessidades de Jó. O conhecimento de Eliú vem de longe, ou seja, das alturas do próprio Deus. O “senhor do assunto” ou quem “tem perfeito conhecimento” só pode se referir a Deus e não a Eliú. Deus sendo grande, justo e misericordioso não deixa ninguém sem aquilo que merece, porém, não despreza ninguém e nem o aflito e contrito. Há os que se arrependem, porém, há aqueles que mesmo agrilhoados por Deus não querem clamar por socorro. Fica claro que Deus envia o sofrimento com o objetivo de aperfeiçoar o crente e alcançar o incrédulo. Quem não quer ouvir perde sua vida na mocidade por causa da escolha errada. Os amigos desses são amigos de prostituição, seja esta cultual ou física. Deus está pronto para perdoar o contrito (36.1-15).
“Há um pensamento maravilhoso na frase de que Deus é poderoso, mas não despreza ninguém. Podemos pensar que o Deus poderoso ignoraria ou desprezaria o homem; mas Ele não faz isso.”[41]
16.Jó estava com pressa de sair da goela do leão (as fauces da angústia). É por defesa própria que o sofredor age precipidamente, mas com isso deixa de experimentar o resultado completo do sofrimento. Ele se cansou da injustiça e pediu justiça, então, a justiça acabou o alcançando. Os amigos seriam repreendidos, mas o próprio Jó também. Quando se pede justiça o requerente fica sujeito a ser descoberto também. A injustiça dele também é revelada e precisará de julgamento. A indignação não é bem administrada por nós seres humanos, por isso, o Salmo 37.1 é bem pertinente ao estado de Jó. Se nos consideramos mais justos que os outros, nossa tendência é escarnecer. Neste caso, a ira de Deus é mais forte e nenhum resgate seria suficiente. Os crentes da época da igreja estão livres da ira de Deus, mas não da disciplina Dele, portanto, segue o mesmo princípio, não devemos nos indignar, mas esperar no Senhor. Jó não é melhor que outros seres humanos, por isso, a angústia também o alcançou. O versículo 20 é figurado. Jó não deveria desejar a noite ou suspirar tentando entender porque as pessoas passam por tantas calamidades. É inútil! A vida não é justa desde que o pecado entrou no mundo. Jó escolheu errado ao preferir se defender de seus amigos e confrontar Deus. Isso o levou ao caminho da iniquidade e a maior angústia (36.16-23).
17.O que segue é uma exaltação pela grandeza de Deus. Os homens admiram a natureza, mas nem todos reconhecem o Criador. Ele atrai a chuva de baixo, ou seja, dos mares, rios e lagos em forma de vapor e despeja em forma de água. Tudo isto porque Ele ama o homem. É espantosa toda a física envolvida nos relâmpagos bem como o espetáculo. A sua luz pode penetrar até às águas mais profundas. Através da chuva ou da falta de chuva Deus dá mantimento ou julgamento aos povos. Ele enche sua mão de raios e joga contra a terra que quiser e ninguém tem o controle disto. Ele pode da mesma maneira encher sua mão de sofrimento e lançar sobre o homem e ainda assim ser glorificado, pois a angústia humana cumpre aos propósitos de Deus (36.24-33).
18.Eliú continua a falar da obra maravilhosa de Deus em produzir chuvas, tempestades, relâmpagos, neve e geada. Se não compreendemos as coisas naturais de Deus o que dirá as coisas sobrenaturais como o sofrimento? As mãos dos homens são inativas ou impotentes para impedirem os fenômenos naturais e a sua mente não pode entender as obras de Deus. No versículo 12, há uma declaração científica. Somente no século VI a.C. o cientista ateu, Pitágoras teorizou que a terra poderia ser redonda. Dois mil anos antes de Cristovão Colombo os gregos já sabiam que a terra era um esferoide com as pontas achatadas. Dois séculos antes de Pitágoras, Isaías já falara da redondeza da terra (Isaías 40.22). O impressionante, porém, é que Eliú talvez antes da era de Abrão declara aquilo que só Deus poderia saber, que a terra é redonda. No versículo 13, Eliú diz que as chuvas podem vir como forma de disciplina ou de misericórdia. Quem pode saber? De algo sabemos, Deus não pode ser responsabilizado por construções ruins, moradias em lugares perigosos como à beira do rio ou ao pé da montanha, pois a chuva vem e o homem é responsável por usar a inteligência que Deus lhe deu para se prevenir (37.1-13).
“Talvez não haja um assunto tão geral entre todas as pessoas, como o clima. É um assunto comum ao passarmos na rua ou em uma casa; ‘que dia bonito’ ou ‘que chuva’; mas raramente ouvimos observações sérias, além dessas conversas, de quão gracioso é o Senhor em suas promessas.”[42]
19.O discurso final de Eliú é um apelo para Jó considerar as maravilhas inexplicáveis de Deus. O conceito do vento norte trazendo frio e o vento sul trazendo calor é diferente no Oriente Médio e no Brasil. Nossas frentes frias vêm do sul. Não sabemos nem como calibrar os pneus do nosso carro, o que dirá da calibragem das nuvens? O céu estendido também é um mistério para nós. É forte como um espelho? Nem sabemos qual é a consistência do céu, pois nunca chegamos ali. Ninguém sabe o formato de uma estrela e muito menos a consistência do céu. Já se sabe que o céu reflete o azul durante o dia por causa dos raios solares dispersando as moléculas de nitrogênio e oxigênio da nossa atmosfera, sendo que a cor azul é a que sobressai nessa difusão de cores. A luz do sol tem muitas cores. Mas, tudo isto são conhecimentos que o homem descobriu muito tempo depois dos tempos bíblicos. Alguém disse que o homem não descobriu nada, mas Deus foi quem revelou. Eliú termina o discurso comparando o sol com a majestade de Deus. Assim como não podemos encarar a luz do sol num dia limpo não podemos alcançar Deus, o sol da justiça. Jó apenas se julga sábio e precisa aprender mais. Nenhum dos amigos de Jó conseguiu ensinar Jó e até mesmo Eliú, foi limitado, mas agora Deus fala com Jó e daí vem a sabedoria perfeita (37.14-24).
Capítulos 38-41: A primeira e única contenda de Deus contra Jó
1.Dos capítulos 38 até o 41 Deus faz 70 perguntas a Jó e com essas perguntas mostra que Jó é arrogante, pois nada sabe e mesmo assim quis colocar Deus em julgamento. O Criador levanta questões sobre 27 temas, sendo 8 a respeito dos fenômenos naturais, 12 sobre animais e 7 sobre a criação da terra, mar e céu. Deus fala sobre os fundamentos da terra, o mar, a alva, o abismo, a largura da terra, o pôr-do-sol, a neve, a luz, a chuva, o gelo, os signos do zodíaco, os relâmpagos, os meteoros, as nuvens, o solo, os leões, os corvos, as cabras, os jumentos selvagens, os bois selvagens, os avestruzes, os cavalos, os gafanhotos, os falcões, as águias, os hipopótamos (ou dinossauros) e os crocodilos.
2.Eliú estava falando sobre chuva, tempestade e vento. Deus aproveitando o discurso de Eliú fala com Jó de um redemoinho. Deus não está falando com cada homem dessa maneira, mas bastou falar assim para Jó para que todos fôssemos beneficiados com Seu ensino. A confrontação de Deus para Jó não é um discurso filosófico ou teológico, mas uma observação simples de Deus como Criador e Sustentador do Universo. Deus pergunta quem Jó pensa que é e manda que se vista como homem, ou seja, se Jó pediu um tribunal aqui está Deus, mas não no banco de réus e sim como o juiz. Qual é a medida da terra? Do pólo norte ao pólo sul ela mede 12.711 km e sua largura (equatorial) é de 12.753 km. A base da terra é gravitacional, ou seja, está suspensa no universo. Quando Deus criou o universo os anjos (as estrelas, os filhos de Deus) estavam lá com sua música (38.1-7).
“Quando todos falaram e, ainda assim, não chegaram ao ponto, então, era o tempo de Deus se interpor, cujo julgamento é conforme a verdade.”[43]
3.Deus fez a separação das águas no abismo conhecido como mar e acima no céu com os antigos bolsões abertos no Dilúvio. Deus deu um limite para as ondas. Deus também desafia Jó falando da alva. É como se Deus pegasse a beira da terra e sacudisse todos os perversos. É uma alusão à perversidade cometida à noite. Quando a luz começa a raiar os malfeitores somem. Conforme as primeiras luzes vão brilhando sobre a terra esta vai tomando sua forma aos nossos olhos. Tudo vai ficando bonito: as planícies, planaltos, montanhas e vales. Os perversos são derrotados com a luz do dia (38.8-15).
4.As profundezas do mar são misteriosas. O homem descobre a cada dia algo novo debaixo do mar. O lugar dos mortos é simplesmente inacessível ao homem enquanto em vida. Quanto à largura da terra, hoje é possível saber (veja ponto anterior de Jó 38.1-7). Jó não tinha como entender o giro da terra ao redor de cima mesma e ao redor do sol. No versículo 21, Deus usa de ironia (38.16-21).
5.A neve se forma no alto, mas para cair precisa a temperatura deve ser ideal até o chão. Às vezes há neve na altura de um prédio, mas no chão só chega a chuva. Alguém “soterrado” por neve pode viver por longos períodos, pois há falhas nos cristais de gelo onde fica o ar. Não há nenhum floco de neve igual a outro em desenho. A saraiva ou chuva de pedra é o resultado da evaporação da água que precipita em forma sólida e causa grandes estragos (38.22-23).
6.A luz é difundida de modo maravilhoso. É na estratosfera que existe a camada de ozônio e onde começa a difusão da luz para a terra que origina o azul do céu. O vento ocorre por causa das diferenças de temperatura e pressão da terra, mas quando começa e todos os fatores só Deus pode determinar. Outras questões que Jó jamais poderia ter noção são a respeito do gelo, geada e lagos compactos de gelo (38.24-30).
7.O conjunto de estrelas conhecida como Constelação de Touro ou Sete-Estrelo ou Plêiades. Órion é a constelação mais fácil de se enxergar. É só saber identificar as “Três Marias”. As três marias ficam no centro e quatro estrelas em volta delas (quadrilátero) formam o cinturão de Órion. Jó não poderia manter esse desenho no céu, só Deus pode. Os signos do Zodíaco ou círculo dos animais é um círculo no céu com aparência de animais. A Ursa maior e menor são constelações que não vemos no hemisfério sul. A ursa indica o norte. A importância das estrelas para os navegadores foi e é enorme (38.31-33).
8.Os meteoros são partículas do espaço, pedras e poeiras dos cometas que ao entrarem na atmosfera nos oferecem um espetáculo à noite. Incendiadas pelo atrito parecem estrelas caindo (estrelas cadentes). Os odres nos céus são as nuvens cheias de águas para despejarem na terra (38.34-38).
9.Deus diz para Jó em forma de perguntas que Ele é quem sustenta os leões e os corvos. Se Deus faz tudo isso certamente é Ele também quem cuida do homem e de Jó que está sofrendo, mas não consegue ver Deus por olhar somente para si mesmo (38.39-41).
10.Deus continua sua contenda com Jó falando de alguns animais indomáveis. É uma forma de dizer que Jó não tem controle somente de seu sofrimento e do plano de Deus em sua vida, mas também não poderia controlar aquilo que está ao seu redor, os animais por exemplo. Um jovem pesquisador de animais, Steve Irving, conhecido como “O caçador de crocodilos” desafiava a todas as feras, mas sua vida terminou tragicamente ao pegar uma raia. Ele teve seu coração perfurado com o poderoso aguilhão daquele animal, algo que para ele deveria ser óbvio, mas o pegou mortalmente. Os animais são do Senhor. Os primeiros animais selvagens mencionados no capítulo 39 são as cabras monteses e as corças que têm suas crias que logo fogem para viver sozinhas sem os cuidados da mãe (39.1-4).
“Até mesmo os animais selvagens, separados de todo o cuidado do homem, são cuidados por Deus nas estações de maiores necessidades. Os seus instintos vêm diretamente de Deus que os dirige no parto; quando os pastores estão mais ansiosos por seus rebanhos.”[44]
11.O jumento selvagem escapa do arrieiro e mesmo que este grite muito e corra atrás não conseguirá pegá-lo. O boi selvagem já tem feito muito estrago em rodeios com os peões, pois não é um animal nada manso e ninguém se atreveria a arar a terra com ele (39.5-12).
12.O avestruz é um animal que esconde seus ovos de predadores. O avestruz não tem penas e asas de bondade. Ele pode se tornar bem agressivo. Mesmo escondendo os ovos de seus predadores a mamãe avestruz pode acidentalmente pisar em um ovo ou algum animal pisar, mas ela não pensa nisto. Trata seus filhotes com dureza e é um animal muito veloz. Homens já montaram em avestruz e sentiram sua velocidade que pode chegar a 80 km/h. Cada passada de um avestruz chega a 5 metros (39.13-18).
13.O cavalo dispensa apresentações, pois embora seja um animal selvagem o homem conseguiu domá-lo. Às vezes o homem até esquece que o cavalo é selvagem e sofre acidentes terríveis. Por ser um animal forte e veloz, o cavalo tem sido usado em batalha há milênios. Quando o cavalo é de guerra ele entende até os sonidos das trombetas (39.19-25).
14.Finalmente, Deus desafia a inteligência de Jó ao falar do falcão e da águia. São aves que voam alto, excelentes caçadoras com visão aguçada. Deus sustenta esses animais todos e conhece cada impulso deles, pois Ele colocou instintos dentro de cada para que, mesmo não tendo entendimento, agissem conforme sua espécie. Nenhum animal precisa conviver com outros de sua espécie para saber como agir, como comer, como se preparar para dar à luz e como tratar de seus filhotes. Como diz o hino “Deus tem um plano para cada criatura”. O Senhor tem um plano para a vida de Jó (39.26-30).
15.Jó quis tanto a oportunidade de contender com Deus em um tribunal e mostrar toda a sua integridade e perguntar-Lhe o motivo de deixá-lo sofrer. Deus dá a Jó a tão esperada oportunidade, mas Jó não tem o que dizer, pois ninguém pode julgar ao Senhor (veja Romanos 3.19). Diante de Deus é que temos que nos colocar quando temos questões difíceis as quais não entendemos (40.1-5).
“A questão é se Jó persistirá em contender com Deus. Aquele que [pensa] que sabe mais do que Deus, deverá responder as questões colocadas diante dele.”[45]
16.Parece que enquanto Deus falava o redemoinho ainda estava soprando. Jó teve um tribunal extraordinário, mas não conseguia falar diante de tanta majestade. As perguntas de Deus a Jó são incisivas e mostram que Jó se preocupou tanto em se justificar que esqueceu que ao fazer isto acabou por acusar ao Senhor. Quando nos preocupamos demais com o sofrimento sobre nós como se fosse algo extraordinário nos envolvemos na armadilha de achar que estamos sendo injustiçados e por não acharmos culpados acabamos culpando a Deus em nosso coração (veja 1 Pedro 4.12). Jó só poderia falar assim com Deus se ele próprio fosse forte como Deus e se vestisse de excelência e glória, então poderia derramar sua ira sobre os soberbos, sejam seus três amigos ou outros. Até Deus se humilharia diante de Jó, mas é claro que Jó é somente um homem, pois mesmo sendo íntegro depende de Deus para sustentá-lo em sua vida e integridade (40.6-14).
17.Novamente, quando pensamos que Deus falará de Sua majestade no céu, Ele fala de Sua criação. Toda a atenção é voltada para um animal dentre tantos outros que Ele fez. O animal chama-se em hebraico “behemote”. Alguns têm identificado com o hipopótamo e outros com o elefante, mas nenhum desses dois grandes animais corresponde à descrição, pois a cauda de ambos é muito pequena e na descrição a cauda é como o cedro. Certamente tratava-se de um animal extinto, talvez um dinossauro o qual talvez tenha sumido após o dilúvio. Como disse L.M. Grant “cada parte de sua anatomia contribui para sua força excepcional... seus lombos, corpo, pernas e ossos e até mesmo a cauda”. Deus criou este animal como símbolo de força e poder. Ainda que fosse um animal poderoso, Deus tinha que cuidar dele para que nunca lhe faltasse água e erva, pois embora grande e terrível era herbívoro. Não é problema teológico algum crer que dinossauros existiram, porém, não precisamos acreditar na falácia de que existiram a milhões de anos. O behemote nos ensina algo sobre a autossuficiência do homem. O ser humano quando é forte e poderoso pensa que nada pode lhe conter (40.15-24).
18.Se não bastasse o exemplo do poder do behemote, Deus apresenta a Jó a exuberância do leviatã. Seria uma baleia, um crocodilo ou um dragão? Parece que o dragão corresponde melhor à descrição, mas muitos rejeitariam por entenderem que dragão é uma figura mitológica. Porém, Satanás é chamado de “o dragão, a antiga serpente”. A China reconhece há milênios o dragão como um ser de adoração. As muitas fantasias sobre dragões não devem nos impedir de admitir a existência e extinção desse animal poderoso. Não é possível prender em cativeiro este animal. Hoje, há muitos crocodilos em cativeiro e baleias em aquários as quais proporcionam espetáculos. A luz resplandece aos espirros do leviatã. A baleia quando esguicha produz a impressão de luz e arco-íris ao sol. Porém, da boca do dragão sai fogo, conforme as lendas. Se este animal realmente existiu, as lendas chegam até nós com verdadeiro. O leviatã vê tudo o que é alto. Não se encaixa com o crocodilo e nem com a baleia, mas com o dragão que voa, sim. Seja como for, o leviatã ensina a Jó e a todos nós que a criação de Deus é muito poderosa e que se toda a criação está debaixo do controle Dele, muito mais nós que valemos mais do que os pardais, o behemote e o leviatã (41.1-34).
“Como antes, é claro que o objetivo é lançar em profundo contraste a insignificância do homem. Podemos não ser muito dados a especular sobre o mundo orgânico no qual vivemos, mas somos capazes de apreciar o argumento. Certamente, aquele que conta o número das estrelas e pesa as montanhas em balanças, terá Seus caminhos profundos e Suas pegadas em águas poderosas. Sendo que Ele é, Ele deixa os olhos do homem perplexos e o coração pode confiar totalmente Nele. Nós sabemos que Ele faz tudo bem.”[46]
Deus está nas alturas (Jó 36-41) 1.Ele é grande, mas não despreza ninguém (36.5, 22-23, 26) 2.Ele controla o que homem nenhum pode reproduzir (37.1-2, 5-7, 10, 14, 22-24) 3.Ele desafia o homem a compreendê-Lo (38.1-2, 4, 19, 39.26-30) 4.Ele é incontestável (40.1-5, 8, 41.1-2) |
Capítulo 42: A confissão, a repreensão e a restauração
1.Jó queria encontra-se com Deus para justificar-se, mas quando teve a oportunidade ele só conseguiu admitir sua arrogância por falar do que não sabia. Ele esteve durante toda a manifestação de Deus dentro do redemoinho. Assim como Moisés diante da sarça ardente e na fenda da penha, Jó viu Deus com os próprios olhos. Temos necessidade de ver Deus em nossa vida e essa oportunidade acontece todos os dias, pois podemos ver Deus na intimidade através da oração e confiança Nele. Jó se arrependeu de sua altivez e agora quer falar, só que para perguntar para aprender e não para se justificar (v.1-6).
2.Somente depois de Jó descansar no Senhor e não mais buscar a justiça foi que Deus agiu a respeito dos amigos cruéis. A ira de Deus estava contra os três amigos, pois falaram de conceitos que achavam estar corretos, mas eram pensamentos humanos. Quanto a Eliú não houve repreensão, pois este foi enviado pelo Senhor para levar palavras verdadeiras do Espírito Santo. A reparação pelos erros dos amigos seria feita com holocausto. Os amigos providenciaram a oferta e Jó as apresentaria diante do Senhor em favor dos amigos. Isto nos apresenta Cristo Jesus que nos apresentou diante de Seu Pai (v.7-9).
“A retratação de Jó não quer dizer que seus amigos tinham razão. Ao contrário: ele deve interceder por quem o tinha injuriado e não haviam dito a verdade a respeito de Deus.”[47]
3.Jó compreendeu que a justiça não deve buscada por aquele que foi injustiçado, mas deixar que Deus resolva a questão. Aprendeu também a perdoar e a orar pelos amigos. Ele não busca o dobro das riquezas que tinha antes, mas buscava o próprio Deus. No entanto, Deus o abençoou com bens que era a evidência da fidelidade a Deus no Antigo Testamento. Jó foi honrado pela família e amigos. Houve uma confraternização depois de tudo ter passado. Comparando com o capítulo 1 versículo 3, lemos que tudo veio em dobro. Os filhos também vieram em dobro, pois os dez não se perderam, mas foram para o Senhor. Deus deu outros dez filhos. As três filhas foram mencionadas por nome e receberam herança. Deus mostrando que as mulheres têm valor para ele mesmo no Antigo Testamento, pois às vezes temos uma ideia errada por causa da atitude dos homens do passado em relação às mulheres. A Bíblia mostra que pessoas têm beleza distinta e algumas são mais afeiçoadas que outras. As filhas de Jó eram as mais belas da região. Abraão viveu 175 anos. Jó viveu 140 anos depois daquela experiência. Se ele tivesse 35 anos quando começou todo o seu sofrimento, então, ele viveu o mesmo tempo que Abraão. Hoje não buscamos bens materiais e nem longevidade, mas buscamos a Deus. Somos abençoados com todas as bênçãos espirituais em Cristo nas regiões celestiais e somos plenos do conhecimento Dele. É isto que nos basta (v.8-17).
Endireitando o que estava torto (Jó 42) 1.Endireitando o conceito a respeito de Deus (v.1-6) 2.Endireitando os relacionamentos quebrados (v.7-9) 3.Endireitando o foco das orações (v.10-16) |
Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 2009
Todas as notas deste material
1. Introdução
1.Explore the book - J.Sidlow Baxter
2.Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr
3.Manual Bíblico - H.H.Halley
4.Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears
5.Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray
6.Análise Bíblica Elementar - James M.Gray
7.O livro dos livros - H.I.Hester
8.Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira
9.A História de Israel - Samuel J.Schultz
10.Através da Bíblia - Myer Pearlman
11.Introdução ao Velho Testamento - H.E.Alexander
12.De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs
13.O Novo Dicionário da Bíblia
14.Bíblia anotada pelo Dr. Scofield
15.Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wierse
16.A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders
17.Comentários da Bíblia Vida Nova
2. The Bible - Its 66 Books In Brief New Testament - L. M. Grant
3. 4 Reasons You Should Preach through Job - Jeff Lacine (9Marks, 14 de set. 2019, https://www.9marks.org/article/4-reasons-you-should-preach-through-job/)
4. Expositions of the Holy Scriptures: Job, pg. 229 – Alexander Maclaren (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, sem data de publicação)
5. Knowing God through Job – David Egner (RBC Ministries, Grand Rapids, MI – 1990)
6. Novo Comentário da Bíblia, pg.13 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
7. Notes on Job - Dr. Thomas L. Constable, pg. 29 (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
8. The Structure and Purpose of the Book of Job - Gregory W. Parsons, pg. 146 (Bibliotheca Sacra - April-June 1981)
9. Comentário Bíblico de Matthew Henry, pg. 16 – Jó (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
10. 11 meses para enxugar toda a terra
11. Comentário Bíblico Moody, pg. 26 – Jó 9.2 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
12. Comentário Bíblico NVI – F.F. Bruce, pg. 723 – Jó 9.20 (Editora Vida, São Paulo – 2009)
13. Comentário Bíblico NVI – F.F. Bruce, pg. 724 – Jó 11.2-3 (Editora Vida, São Paulo – 2009)
14. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg.1922 – Russell Norman Champlin (Editora Hagnos – São Paulo – SP – 2ª ed. 2001)
15. Introdução e Comentário, pg. 168 – Jó – Francis I. Andersen – Série Cultura Bíblica (Ed. Vida Nova – São Paulo – SP – 1ª ed. Brasileira 1984)
16. Comentário Bíblico Expositivo do VT, pg.31 – vol. 3 – Jó - Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
17. Comentário Bíblico Popular Antigo Testamento, pg. 355 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
18. The Pulpit Commentary, Jó 17 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
19. Summarized Bible Complete Summary of the Bible, Jó 18.4 – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
20. David Guzik's Enduring Word Commentary – 1 Cr 20.4-8 - Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
21. A síndrome de Bullying é o desejo em maltratar pessoas frágeis, tais como os mais tímidos, aleijados, idosos, etc. Começa com o valentão da escola e continua com o adolescente brigão e chega à idade adulta.
22. A mania por colecionar por se transformar em cobiça e idolatria.
23. Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – Jó 20 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
24. Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, Jó 21.2 (Published in 1706 extraído de e-sword version 10.3.0 - 2014)
25. Jamieson, Fausset and Brown Commentary – Jó 22.5 - A Commentary, Critical and Explanatory, on the Old and New Testaments - Rev. Robert Jamieson - Published in 1871; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
26. Keil & Delitzsch - Keil & Delitzsch Commentary on the Old Testament (Johann (C.F.) Keil (1807-1888) & Franz Delitzsch (1813-1890), Jó 23.10-13 – extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016
27. Through the Bible Day by Day – A Devotional Commentary by F. B. Meyer, B.A. - Published in 1914; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
28. Notas da Biblia Reina-Valera (Biblia Hispanica) (1995), Jó 25 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
29. The Preacher's Complete Homiletical Commentary – Jó 25 - Edited by the Rev. Joseph S. Exell - Published in 1892; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
30. The Biblical Illustrator - By Joseph S. Exell, M.A. - Published in 1900; public domain – Jó 26 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
31. Adam Clarke's Commentary on the Bible - (1715-1832) - Published in 1810-1826; public domain – Jó 27.2 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
32. The Expository Notes of Dr. Constable (Dr. Constable's Bible Study Notes – Job 28 - Copyright 2012 by Dr. Thomas L. Constable (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
33. Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – Jó 29.7ss - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
34. Expositor's Bible Commentary – Jó 30 - Prof. Marcus Dods (Editado pelo Rev. W. Robertson Nicoll – publicado em 1887-1896; domínio público – extraído de e-sword versão 11.0.6 - 2016)
35. Geneva Bible Translation Notes – Job 31.12 - 1599 Geneva Bible Translation Notes (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
36. Comments on the book of Job – L.M. Grant
37. John Gill's Exposition of the Entire Bible, Jó 32.11 (John Gill 1690-1771 - extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
38. The Pulpit Commentary, Jó 33.12 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
39. Summarized Bible Complete Summary of the Bible – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
40. John Wesley's Explanatory Notes on the Whole Bible, Jó 35.11 - extraído de e-sword version 10.3.0 – 2014
41. David Guzik's Enduring Word Commentary – Jó 36.5- Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
42. Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – Jó 37.11 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
43. Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, Jó 38.1 (Published in 1706 extraído de e-sword version 10.3.0 - 2014)
44. Jamieson, Fausset and Brown Commentary - A Commentary, Critical and Explanatory, on the Old and New Testaments – Jó 39.1 - Rev. Robert Jamieson - Published in 1871; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
45. Keil & Delitzsch - Keil & Delitzsch Commentary on the Old Testament – Jó 40.1 (Johann (C.F.) Keil (1807-1888) & Franz Delitzsch (1813-1890) – extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016
46. Through the Bible Day by Day – A Devotional Commentary by F. B. Meyer, B.A. – Jó 41.1 - Published in 1914; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
47. Notas da Biblia Reina-Valera (Biblia Hispanica) (1995) – Jó 42.7-9 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[1] 1.Explore the book - J.Sidlow Baxter
2.Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr
3.Manual Bíblico - H.H.Halley
4.Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears
5.Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray
6.Análise Bíblica Elementar - James M.Gray
7.O livro dos livros - H.I.Hester
8.Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira
9.A História de Israel - Samuel J.Schultz
10.Através da Bíblia - Myer Pearlman
11.Introdução ao Velho Testamento - H.E.Alexander
12.De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs
13.O Novo Dicionário da Bíblia
14.Bíblia anotada pelo Dr. Scofield
15.Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wiersbe
16.A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders
17.Comentários da Bíblia Vida Nova
[2] The Bible - Its 66 Books In Brief New Testament - L. M. Grant
[3] 4 Reasons You Should Preach through Job - Jeff Lacine (9Marks, 14 de set. 2019, https://www.9marks.org/article/4-reasons-you-should-preach-through-job/)
[4] Expositions of the Holy Scriptures: Job, pg. 229 – Alexander Maclaren (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, sem data de publicação)
[5] Knowing God through Job – David Egner (RBC Ministries, Grand Rapids, MI – 1990)
[6] Novo Comentário da Bíblia, pg.13 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
[7] Notes on Job - Dr. Thomas L. Constable, pg. 29 (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
[8] The Structure and Purpose of the Book of Job - Gregory W. Parsons, pg. 146 (Bibliotheca Sacra - April-June 1981)
[9] Comentário Bíblico de Matthew Henry, pg. 16 – Jó (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
[10] 11 meses para enxugar toda a terra
[11] Comentário Bíblico Moody, pg. 26 – Jó 9.2 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
[12] Comentário Bíblico NVI – F.F. Bruce, pg. 723 – Jó 9.20 (Editora Vida, São Paulo – 2009)
[13] Comentário Bíblico NVI – F.F. Bruce, pg. 724 – Jó 11.2-3 (Editora Vida, São Paulo – 2009)
[14] O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg.1922 – Russell Norman Champlin (Editora Hagnos – São Paulo – SP – 2ª ed. 2001)
[15] Introdução e Comentário, pg. 168 – Jó – Francis I. Andersen – Série Cultura Bíblica (Ed. Vida Nova – São Paulo – SP – 1ª ed. Brasileira 1984)
[16] Comentário Bíblico Expositivo do VT, pg.31 – vol. 3 – Jó - Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
[17] Comentário Bíblico Popular Antigo Testamento, pg. 355 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
[18] The Pulpit Commentary, Jó 17 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[19] Summarized Bible Complete Summary of the Bible, Jó 18.4 – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[20] David Guzik's Enduring Word Commentary – 1 Cr 20.4-8 - Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[21] A síndrome de Bullying é o desejo em maltratar pessoas frágeis, tais como os mais tímidos, aleijados, idosos, etc. Começa com o valentão da escola e continua com o adolescente brigão e chega à idade adulta.
[22] A mania por colecionar por se transformar em cobiça e idolatria.
[23] Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – Jó 20 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[24] Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, Jó 21.2 (Published in 1706 extraído de e-sword version 10.3.0 - 2014)
[25] Jamieson, Fausset and Brown Commentary – Jó 22.5 - A Commentary, Critical and Explanatory, on the Old and New Testaments - Rev. Robert Jamieson - Published in 1871; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[26] Keil & Delitzsch - Keil & Delitzsch Commentary on the Old Testament (Johann (C.F.) Keil (1807-1888) & Franz Delitzsch (1813-1890), Jó 23.10-13 – extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016
[27] Through the Bible Day by Day – A Devotional Commentary by F. B. Meyer, B.A. - Published in 1914; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[28] Notas da Biblia Reina-Valera (Biblia Hispanica) (1995), Jó 25 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[29] The Preacher's Complete Homiletical Commentary – Jó 25 - Edited by the Rev. Joseph S. Exell - Published in 1892; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[30] The Biblical Illustrator - By Joseph S. Exell, M.A. - Published in 1900; public domain – Jó 26 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[31] Adam Clarke's Commentary on the Bible - (1715-1832) - Published in 1810-1826; public domain – Jó 27.2 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[32] The Expository Notes of Dr. Constable (Dr. Constable's Bible Study Notes – Job 28 - Copyright 2012 by Dr. Thomas L. Constable (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[33] Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – Jó 29.7ss - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[34] Expositor's Bible Commentary – Jó 30 - Prof. Marcus Dods (Editado pelo Rev. W. Robertson Nicoll – publicado em 1887-1896; domínio público – extraído de e-sword versão 11.0.6 - 2016)
[35] Geneva Bible Translation Notes – Job 31.12 - 1599 Geneva Bible Translation Notes (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[36] Comments on the book of Job – L.M. Grant
[37] John Gill's Exposition of the Entire Bible, Jó 32.11 (John Gill 1690-1771 - extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[38] The Pulpit Commentary, Jó 33.12 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[39] Summarized Bible Complete Summary of the Bible – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[40] John Wesley's Explanatory Notes on the Whole Bible, Jó 35.11 - extraído de e-sword version 10.3.0 – 2014
[41] David Guzik's Enduring Word Commentary – Jó 36.5- Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[42] Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – Jó 37.11 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[43] Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, Jó 38.1 (Published in 1706 extraído de e-sword version 10.3.0 - 2014)
[44] Jamieson, Fausset and Brown Commentary - A Commentary, Critical and Explanatory, on the Old and New Testaments – Jó 39.1 - Rev. Robert Jamieson - Published in 1871; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016)
[45] Keil & Delitzsch - Keil & Delitzsch Commentary on the Old Testament – Jó 40.1 (Johann (C.F.) Keil (1807-1888) & Franz Delitzsch (1813-1890) – extraído de e-sword version 11.0.6 - 2016
[46] Through the Bible Day by Day – A Devotional Commentary by F. B. Meyer, B.A. – Jó 41.1 - Published in 1914; public domain (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
[47] Notas da Biblia Reina-Valera (Biblia Hispanica) (1995) – Jó 42.7-9 (extraído de e-sword version 11.0.6 – 2016)
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