Atos dos Apóstolos
Introdução[1]
Atos dos Apóstolos (O trabalho que Jesus iniciou, descrito nos Evangelhos foi e ainda é feito por Ele através do Espírito Santo, 1:1, 1:8)
1.Nome do livro: Alguns acham que o melhor título seria “Atos do Espírito Santo”. O livro de Atos descreve a vida de Jesus no Espírito. Neste livro notamos, ainda, o Senhor Jesus Cristo, ressuscitado, vivo, cooperando sempre, pelo Espírito Santo, com seus discípulos. Lucas, no seu Evangelho, escreveu
o “que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar”. Neste livro, encontramos o que Jesus continuou a fazer e ainda está fazendo.
2.Autor: Lucas, o que mais escreveu no NT, mais do que 1/4 dos escritos do NT. Era grego, culto e médico. O escrito é de alto nível literário. Embora não seja mencionado o autor, percebe-se facilmente que foi Lucas (At 1.1 com Lc 1.1-4). Atos é continuação do Evangelho de Lucas. Observe o pronome “nós” em 16.10-17, 20.5, 27.1-28.16 com Cl 4.14. Provavelmente Lucas fez uso de seu diário de viagem para escrever o livro de Atos.
3.Data: Os acontecimentos históricos em Atos dão exatidão quanto à data:
A destruição de Jerusalém foi em 70 a.D.
A perseguição de Nero e o incêndio de Roma foi em 64 a.D.
A morte de Paulo foi nesse período de perseguição em 64-65 a.D.
Sendo que Lucas não registrou nenhum desses três importantes eventos em seu livro (Atos) é possível que tenha escrito nos anos 62 ou 63 a.D.
4.Proveniência: Não se sabe onde Lucas estava, mas provavelmente em uma dessas três cidades: Antioquia, Éfeso ou Roma.
5.Destino: Assim como o Evangelho de Lucas, Atos foi escrito a um oficial romano. Embora não tenha sido escrito diretamente aos crentes, Atos é extremamente útil para estes.
6.Algumas observações:
1) Lucas e Atos, originalmente, eram uma só obra com duas divisões.
2) Atos não tem por objetivo dar uma biografia dos apóstolos, aliás, a primeira parte fala de Pedro e a segunda de Paulo (que por sinal nem era um dos doze).
3) Atos também não tem por objetivo apresentar a História da Igreja Primitiva no Mundo, pois nem sequer menciona como se desenvolveu a Igreja na Galileia e no Egito e em outras partes do Mundo da época.
4) A mensagem do Evangelho era novíssima, por isso, precisava de autenticação, principalmente para os judeus que tinham uma decisão muito importante a tomar: deixar os ritos judaicos, ordenados por Jeová, e juntar-se a um grupo, seguidor Daquele que diziam ser o Messias, o Libertador. Isso explica a abundância de sinais e milagres e línguas no livro.
5) A Bíblia, como conhecemos hoje, não havia sido totalmente revelada, ainda faltavam uns 30 anos para isto acontecer. Isso também explica a ênfase nas Profecias e Profetas na Igreja.
6) Portanto, Atos é um livro de transição, ou seja, uma ponte dos Evangelhos, da apresentação do Messias, para as epístolas, que são o manual de como a Igreja do Senhor Jesus Cristo deve funcionar.
7) Muitas discussões no meio evangélico estão neste campo: Carismáticos/Pentecostais e os Não-Carismáticos/Pentecostais.
Capítulo 1: O tratado de Lucas a Teófilo. A Ascensão de Cristo. Os discípulos em oração e a eleição de Matias.
1.O primeiro livro que Lucas escreveu foi o Evangelho. Portanto, o 1º tratado a que Lucas se refere é o 1º volume da obra: o Evangelho. Não sabemos exatamente se Teófilo era um pagão querendo informações ou um crente que estava sendo ensinado, ou um que se converteu com a exposição escrita do Evangelho de Lucas, e agora, sendo já crente ao ler Atos. Em Lc 1.3 é tratado como “Excelentíssimo” e em Atos o tratamento é menos formal. Lucas era da alta sociedade, por isso, não nos admiramos de ter amigos assim. O título excelentíssimo sugere uma ocupação de algum cargo administrativo no governo romano, um oficial. Atos é a continuação da obra e do ensino de Jesus. Agora, na Pessoa do Espírito Santo, e também, pelas pessoas que Ele usa. Quando se diz que Jesus “começou” a fazer, refere-se, logicamente ao ministério Dele na terra, pois na eternidade nunca teve um início e nunca terá um fim (v.1).
2.Jesus ensinou até a Ascensão, daí por diante o Espírito Santo continuou a obra e o ensino de Jesus. O Espírito Santo só viria após a saída de Jesus do mundo. Vemos, então, que Atos dá grande atenção ao Espírito Santo. Os mandamentos que Jesus deixou são conhecidos como a Grande Comissão. Os apóstolos são os doze, título generalizado, pois eram onze na ocasião (v.2).
3.A ênfase é que Jesus apareceu vivo e não como um espírito sem corpo. A Ascensão foi no quadragésimo dia depois da ressurreição de Cristo. Não devemos pensar que nos intervalos em que Ele não aparecia na terra ficou limitado a este mundo físico-terreno. Entre a Páscoa e o Pentecoste havia um espaço de 50 dias e não 40, portanto houve 10 dias de espera até o Espírito Santo descer, enquanto isso, os discípulos esperavam em oração. A Bíblia relata 17 aparições de Jesus na terra, formando um conjunto de “provas incontestáveis” (v.3).
4.Cristo ordenou aos discípulos que permanecessem em Jerusalém (Lc 24.30-49). Entende-se, portanto, que a promessa veio 10 dias após a Ascensão, quando seria o Pentecoste. A promessa de Joel 2.28 confirmada pelo Filho Jo 7.38 e os capítulos 14-16 (v.4).
5.Conforme a pregação de João Batista (Mc 1.18). O prosélito era batizado em água. João batizava judeus que criam na vinda do Messias. O batismo era uma preparação para a vinda Dele. O batismo, agora, seria a habitação do Espírito Santo nos corações dos crentes. Seriam batizados não muito depois do dia da Ascensão (10 dias depois). O Batismo com fogo significa juízo, é o mesmo que condenação, pois o fim é o Lago de Fogo e quem “batizará” será o Reto Juiz, O Senhor Jesus. Por isso, o “machado está posto à arvore”, ou seja, o juízo está próximo (v.5).
6.Devemos lembrar que é apenas o relato daquilo que já aconteceu há uns 30 anos (da época em que Lucas relatou a Teófilo). Enquanto comiam com Jesus os discípulos perguntaram-Lhe sobre o tão esperado dia da restauração do reino a Israel, já que no ministério de Jesus na terra isto não aconteceu. Este reino é de restauração universal e ainda não aconteceu. Neste espaço, o plano atual é a Igreja. O reino não foi estabelecido porque os judeus rejeitaram Jesus, como o Verdadeiro Cristo (Messias), porém, Deus Soberano já sabia disto e o plano, chamado Igreja, era um mistério para todos os profetas do Velho Testamento, inclusive para João Batista, que foi o último profeta do antigo Testamento (v.6).
7.Jesus não tomou tempo para corrigi-los do conceito errôneo que tinham do “reino”. Limitou-se a dizer que este assunto pertence ao Pai. É segredo do Pai e não cabe ao homem tentar descobrir ou especular. Isto não quer dizer que Deus se esqueceu da nação de Israel. Em Rm 11.25 diz que todo Israel será salvo (v.7).
8.Ao invés de preocupar-se com tempos, Jesus diz que ao receberem a promessa do Espírito Santo, terão muito trabalho a fazer. Esta é a Grande Comissão. A obra deve realizada simultaneamente no mundo todo e não alcançar um local totalmente para, só então, prosseguir para outro local. Este ensino vemos nas expressões “tanto em” e “como em” (v.8).
9.Lc 24.50-51. Não foi um arrebatamento, isto é, uma retirada abrupta, mas uma subida gradual enquanto falava, até que uma nuvem sobrenatural O ocultou e não mais O veriam. Jesus entrou no céu com o corpo glorificado, o qual já estava desde a ressurreição, assim também, o crente entrará no céu com o próprio corpo, só que à semelhança de Jesus, glorificado (v.9).
10.Os dois varões eram anjos, ver Lc 2.9, 22.43, Mt 28.2-3. Vestes brancas, significando pureza, santidade e glória celestial. Agora podiam entender melhor Jo 14.1-3. Ali mesmo, naquele monte Jesus voltará (Zacarias 14.4) (v.10-11).
11.A jornada de um sábado era a expressão judaica para indicar 1200 metros, a distância permitida para uma jornada nesse dia, nada indica que a Ascensão foi no sábado. A Ascensão foi nas imediações de Jerusalém. Em Lc 24.52-53, diz que voltaram para Jerusalém com alegria, certamente esperando o Espírito Santo. Este monte possui quatro cumes, por isso, não se sabe exatamente o local da Ascensão (v.12).
12.No cenáculo se reuniam para orar. Provavelmente, ali celebraram a última Páscoa com Jesus, e talvez aí estavam reunidos no dia do Pentecoste, na descida do Espírito Santo. Cenáculo era um quarto de estudo de um rabino, no andar superior de uma casa. Após a morte de Jesus passaram a se reunir, separadamente, da sociedade judaica, embora, ainda participassem das reuniões no Templo com seus irmãos judeus de descendência e não de fé. Esperavam a descida do Espírito Santo em oração. Estavam também as mulheres que eram discípulas de Jesus, inclusive Maria, mãe de Jesus, citada pela última vez no Novo Testamento. Os irmãos de Jesus se converteram (ver Jo 7.5). Outras listas dos 12 ver Mt 10.2, Mc 3.16, Lc 6.14. A ausência de Judas Iscariotes é triste, mostra que alguém pode se desviar da verdade por amor ao dinheiro e também que é possível alguém não regenerado participar no meio dos crentes, enganando e sendo enganado (v.13-14).
13.Apesar de medroso e precipitado, muitas vezes, Pedro se tornou um líder entre os apóstolos. Os 120 não são os únicos crentes da Igreja Primitiva naquele momento, pois sabemos que Jesus, antes de subir ao céu, apareceu a 500 crentes de uma só vez (1 Co 15.6). Provavelmente estes 120 estavam reunidos no cenáculo. Estes crentes frequentavam o Templo, a sinagoga e o cenáculo, porém, o cenáculo era um lugar de privacidade para eles, já que pensavam diferente de seus irmãos hebreus, quanto ao Messias (v.15).
14.O número devia ser doze, portanto, alguém precisava preencher a vaga. A tragédia de Judas já estava prevista. Por que Judas devia ser substituído? O motivo é que Deus tinha plano de que os 12 recebessem o Espírito Santo. Judas foi substituído por causa de sua apostasia e não por causa de sua morte. Tiago foi morto (capítulo 12), porém, não foi substituído. Outros morreram e não foram substituídos. Judas se enforcou (Mt 27.5). Pedro é quem fala, porém, no v.18 entre parênteses, é Lucas o historiador. Os sacerdotes compraram a propriedade em nome de Judas. Ficou sendo um cemitério, conforme Mt 27.7 (v.16-20).
“Precisamos lembrar que, de acordo com Lucas, o Senhor ressurreto tinha aberto as Escrituras perante seus discípulos e, também, as suas mentes para que pudéssemos entendê-las. Como consequência, a partir da ressurreição, eles começaram a ter um entendimento diferente de como o Antigo Testamento profetizou os sofrimentos, a glória, a rejeição e o reino do Messias. E, estimulados pelas explicações de Jesus durante os cinquenta dias de espera, eles provavelmente vasculharam as Escrituras buscando mais luz. Sabemos que várias listas de testemunhos do Antigo Testamento sobre o Messias foram compiladas posteriormente e postas em circulação. Mas o processo deve ter começado imediatamente após a ressurreição.”[2]
15.Havia requisitos para se tornar apóstolo. Devia ser testemunha ocular das obras, vida, morte e ressurreição e Ascensão de Cristo. O ministério de Jesus começou com o batismo de João, portanto, este é mais um requisito. Assim, para alguém ser apóstolo devia ter participado, sem interrupção e intimamente, dos acontecimentos que envolveram o ministério de Jesus, desde o batismo de João até a Ascensão de Cristo. De acordo com estes requisitos, o apóstolo Paulo não era realmente um dos doze, mas como ele mesmo disse “um como que nascido fora de tempo” (v.21-22).
16.Não foi simplesmente lançada a sorte, mas feita a seleção dos qualificados, e então, sim, lançada a sorte. Claro que deviam ter não apenas qualificação histórica dos fatos, mas vida espiritual digna. Como, ainda, não tinham o Espírito Santo em habitação permanente, usaram o antigo método judaico de lançar sortes. Antes, porém, oraram. Devemos entender que não foi uma brincadeira ou uma medida desesperada, mas a escolha pelo próprio Jesus. Vale lembrar, que era o método de Deus (Josué 14.1-2, 1 Crônicas 25.8, Neemias 11.1, Provérbios 16.33). Hoje, com a habitação permanente do Espírito Santo, a Igreja não precisa mais disto, conforme profetizou Jesus em Mt 16.18-19 (v.23-26).
Capítulo 2: A descida do Espírito Santo. O discurso de Pedro e a conversão de três mil pessoas.
1.Deus queria que fosse um acontecimento único. Ele queria que todos soubessem que algo incomum estava acontecendo. Era o início da Igreja, a descida do Espírito Santo. Isso devia acontecer uma só vez. O nascimento da Igreja foi um acontecimento único, num local específico, para pessoas específicas, na época específica. Portanto, um acontecimento histórico específico. O Espírito Santo pousou sobre os crentes ali reunidos. Este foi o batismo do Espírito Santo. As línguas faladas foram idiomas (glossa em grego). As línguas não eram de fogo, mas como de fogo, em forma de língua, na aparência de chama (v.1-4).
O propósito definido das línguas em Atos 2
1.Sinal de juízo para Israel descrente 2.Para mostrar a inclusão de outros grupos 3.Autenticação dos apóstolos |
2.Lucas destaca o valor universal do Pentecoste. Pessoas vinham de vários países para participar da festa do Pentecoste. Vemos que foi uma época própria para a descida do Espírito Santo, pois ali ajuntaram muitos povos. Estavam em Jerusalém apenas para participarem desses dias festivos. Eram judeus ou prosélitos, mas não pagãos (v.5).
3.Povos com dialetos diferentes ouviram os 120 galileus e entendiam. O capadócio ouviu o galileu na língua capadócia. O milagre não foi de audição, isto é, o Espírito Santo traduzindo simultaneamente, pois o milagre não foi sobre os ouvintes, mas sobre os falantes, que receberam o Espírito Santo Os 120 galileus falando nas várias línguas que lá havia causou espanto sobre todos. Os judeus incrédulos e obstinados diziam que estavam bêbados. Esses povos eram os habitantes dos arredores do Mediterrâneo, portanto, falavam grego, mas também sua língua nativa. Os judeus que ouviram, mas não creram não receberam o Espírito Santo e não entendiam as línguas, pois só falavam grego e hebraico, zombavam, por isso, Pedro explicou em grego (ou aramaico). Os 120 falavam nas línguas maternas de cada povo. Isto nos leva ao entendimento que falavam um idioma de cada vez ou dividiam os ouvintes em grupos distintos, cada qual com pessoas da mesma língua. Havia grupos representados das 16 línguas existentes ali no momento (v.6-13).
Aqui é diferente do fenômeno das igrejas de Corinto, anos mais tarde, pois em Corinto, Paulo exigia interpretação. |
4.Pedro, novamente, toma a palavra como líder do grupo, agora, incluindo Matias. A terceira hora corresponde às 9 horas da manhã. Nos dias de festa judaica era proibido o uso de bebidas fortes e, além disso, era muito cedo (v.14-15).
5.A expressão “últimos dias” significa que a Igreja, mesmo que tinha acabado de nascer, já estava em seus últimos dias, com o derramamento do Espírito Santo, pois a qualquer momento a Igreja seria levada para a Presença do Noivo, Jesus Cristo. Estamos na última era antes do arrebatamento. Toda a carne estava ali representada pelos vários povos que ouviram as grandezas de Deus, falada pelos galileus, nas próprias línguas nativas. Neste dia se cumpriu apenas uma parte da profecia de Joel, pois a outra parte se cumprirá na restauração de Israel. A profecia de Joel culmina com a punição das nações incrédulas da Tribulação. Os sinais dos versículos 19 e 20 acontecerão no final da Grande Tribulação quando o Messias voltar (Mt 24.29-31) (v.16-21).
“Pedro estava dizendo que o derramamento do Espírito, no dia de Pentecoste, cumpriu a profecia de Joel (Jl 2.28-32)? Comentaristas conservadores expressam considerável diferença de opinião nessa questão. É um problema de interpretação porque não apenas Joel, mas os profetas do Antigo Testamento profetizaram que Deus daria Seu Espírito para crentes individuais no futuro (Is 32:15; 44:3; Ez 36:27; 37:14; 39:29; Zc 12:10). Além disso, João Batista também predisse o derramamento do Espírito de Deus sobre os crentes (Mt 3.11, Mc 1.8, Lc 3.16, Jo 1.33)... Outros comentaristas acreditam que Deus cumpriu a profecia de Joel apenas parcialmente... mas Ele cumprirá todos os versículos 19-21 no futuro.”[3]
6.As mãos iníquas que mataram Jesus foram as dos romanos, porém, os judeus que O entregaram. Tanto romanos quanto judeus são culpados pela morte de Jesus, porém, ao mesmo tempo consistia no desígnio de Deus. Era impossível Jesus ficar morto, pois Ele é Deus. Pedro mencionou os sinais feitos por Jesus. Os judeus não negavam os sinais, pois eram incontestáveis, mas diziam que era um feiticeiro com poderes de Belzebu (Lc 11.15). Não precisavam provas das obras de Jesus, nem da crucificação, mas da ressurreição, por isso, Pedro argumenta sobre isto nos próximos versículos (v.22-24).
7.Davi estava historiando sua própria experiência que tipificava a experiência do Messias. Não há dúvida de que Davi estava falando de ressurreição e, portanto, não podia ser sobre si mesmo, pois a ressurreição de Davi não aconteceria nos dias de sua morte. Davi, depois da morte física, ficaria no Sheol, mas Cristo, não (v.25-28).
8.A profecia se referia, portanto, não a Davi, mas a algum descendente dele, e este é o Messias. Jesus não só ressuscitou como derramou a Promessa do Espírito Santo. Pedro foi ousado na aplicação (“Fica sabendo ó casa de Israel”). A expressão “disse o Senhor ao meu Senhor” significa que Deus, o Pai, disse a Deus, o Filho (v.29-36).
9.Os ouvintes, quebrantados pelo Espírito Santo, ficaram compungidos. Estavam doloridos em suas consciências por terem matado o Messias e saberem disso somente agora. O batismo era o passo seguinte e natural do arrependimento. O batismo não é para salvação (regeneração batismal), mas é o resultado imediato de alguém salvo. A promessa é para os judeus que crerem, mas também, para os gentios que da mesma forma crerem. Os judeus que não criam eram considerados “geração perversa” (v.37-40).
10.O batismo era um ato exterior evidenciando que haviam aceitado a mensagem como verdadeira e recebido o perdão. Não há nenhuma indicação que os apóstolos impuseram as mãos sobre os 3 mil para receberem o Espírito Santo, nem que foram submersos em água (o que não era impossível, pois havia o tanque de Betesda ali perto) (v.41).
11.Os convertidos não ficaram sem rumo, mas estavam juntos para aprender mais com os apóstolos, os únicos que podiam ensinar, pois, foram testemunhas oculares do ministério de Jesus. Cumpriam a ordem de Jesus de ensinar todas as coisas que Ele ensinou. Reuniam-se no Templo, mas como não podiam tomar a Ceia lá se reuniam em casas para refeições e Ceia as quais aconteciam juntas. Os apóstolos supervisionavam os crentes e eram responsáveis em não deixar as heresias se infiltrar na Igreja (v.42).
12.O respeito que tinham pelas coisas espirituais era uma evidência principal que amavam o Senhor. O temor era por causa das verdades espirituais e a responsabilidade que diante delas e não medo dos sinais. Os sinais davam autoridade para os apóstolos e autenticavam ainda mais a mensagem. Havia temor “em cada alma”, inclusive, entre os não cristãos que viam os sinais os quais, provavelmente, eram possuídos de medo (v.43).
13.Os que não eram de Jerusalém logo passariam necessidade não fosse o cuidado uns pelos outros. Ninguém era coagido a vender e dar, mas faziam com alegria (v.44-45).
14.Havia unanimidade no Templo, partilha de pão de casa em casa e refeições alegres, mas aos poucos este lindo costume foi sendo esquecido. Ainda frequentavam o Templo, tomavam Ceia e refeições comuns juntos. Era um povo singelo (generoso) e alegre. Não houve intenção por parte deles de se apartar do judaísmo e formar um grupo à parte. Ainda não ocorrera a ideia teológica de separação, pois criam que sua fé era no Messias que ainda lidava com a nação de Israel (v.46).
15.O povo viu diferença neles e por intermédio da amizade ouviam os ensinos e eram salvos. Portanto, os salvos eram dentre os judeus. À medida que os dias se passavam, Deus acrescentava à Igreja mais judeus. Os gentios foram salvos mais tarde com a família de Cornélio (v.47).
Capítulo 3: A cura de um paralítico na porta do Templo. O segundo discurso de Pedro.
1.A Bíblia não fala o que fizeram com a cortina rasgada, o certo é que continuavam a se reunir no Templo, pois não creram em Jesus. Os que creram também se reuniam no Templo, mas também reuniam-se, separadamente. A hora nona corresponde às quinze horas, era o horário de oração e sacrifícios vespertinos (v.1-2).
2.O coxo já era muito conhecido, pois tinha mais de 40 anos de idade (4.22). Além do milagre da cura houve o milagre de andar, pois o homem era coxo de nascença, nunca aprendeu a andar (Is 35.6) (v.3-8).
3.Muitos judeus estavam no Templo naquele dia e reconheceram aquele homem. Os gritos do homem chamavam a atenção. Ninguém ficou em dúvida que aquele era o mendigo de tantos anos ali. Embora ficassem “admirados e assombrados” não significa que creram em Jesus. Era a 1ª vez que ele entrava no Templo, pois era proibida a entrada de aleijados (v.9-10).
4.O Pórtico de Salomão era extenso corredor de colunas. Jesus esteve lá outras vezes diante dos judeus. A mensagem dos apóstolos era cheia de tensão, pois estavam diante de pessoas que não queriam ouvir a verdade de seus pecados. Pedro, novamente, revela a culpa dos judeus, sendo que o próprio Pilatos, um pagão, quis soltar Jesus. Pedro desviou a atenção de si mesmo, pois foi Deus Quem curou o coxo (v.11-12).
5.Preferiram a liberdade de um criminoso a de um justo, o Justo. Mataram o Autor da Vida, mas Este ressuscitou, senão não seria o Autor da Vida. Este tipo de mensagem não é bem-vinda pelos incrédulos, por isso, o relacionamento dos pregadores verdadeiros nem sempre é bom e simpático. A Igreja não é chamada para anunciar uma mensagem simpática, mas para anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a luz. Esta mensagem é tensa, pois bate em corações áridos que precisam ser arados para receber a mensagem (v.13-15).
6.Pedro, ao falar que Jesus ressuscitou, atribuiu a cura ao próprio Jesus. O Nome de Jesus não tem poder mágico, mas a fé na Pessoa de Jesus possibilita a ação Dele. Toda a cura só é possível porque Jesus está vivo. Nenhuma igreja ou crente tem poder algum fora de Jesus. A mensagem é tensa porque é dirigida a todos os presentes em forma de desafio. O homem é trazido diante de todos e se torna um testemunho do poder de Jesus (v.16).
7.A mensagem era cheia de tensão também porque apresentava Jesus como o único caminho para a salvação. Embora a morte de Cristo estivesse nos planos de Deus, os líderes judaicos deviam recebê-Lo como o Messias. Os judeus não sabiam, de fato, que Ele era o Messias. Bastava os líderes judaicos se retratarem, considerando-O como o Messias, para virem “tempos de refrigérios”. Se os judeus aceitassem o Messias a restauração seria apressada. Se reconsiderassem Jesus como o Cristo, então, o pecado da crucificação seria perdoado. Se a nação toda se convertesse, o Messias restauraria o reino, porém, isso não aconteceu, e o Deus Soberano e Presciente já sabia disso e agiu com base nos Seus planos eternos (v.17-21).
“Observe a diferença na maneira de fazer os milagres. Nosso Senhor sempre fala como tendo poder onipotente, sem jamais vacilar para receber a maior honra que lhe foi conferida por seus milagres divinos. Porém, os apóstolos atribuíam tudo ao Senhor e se negavam a receber honras, exceto como instrumentos Dele, sem méritos. Isto mostra que Jesus era um com o Pai, e igual a Ele; enquanto os apóstolos tinham consciência de que eram homens frágeis e pecadores, e em tudo dependentes de Jesus, cujo poder era o que curava. Os homens úteis devem ser muito humildes. Nosso nome não deve ser glorificado, e sim o do Senhor.”[4]
8.Deuteronômio 18.15,19. As profecias referiam-se aos descendentes judaicos. Portanto, até o momento, Atos não tratam dos gentios. O castigo para quem não aceitasse o Messias era a expulsão do povo de Deus e é exatamente isso que está acontecendo, só que com a chance de arrependimento na época da Igreja e ainda, na Tribulação, embora com muito sofrimento. A nação de Israel pode, hoje, se arrepender. Na Tribulação todo o Israel será salvo na última hora. É uma mensagem tensa porque mostra claramente que não há nenhum sistema de crença que salve, mas só a fé em Jesus Cristo como o salvador único e suficiente através de mudança de mente (v.22-26).
Capítulo 4: O resultado do segundo discurso foi a prisão de Pedro e João. O amor entre os crentes e a ousadia dos apóstolos.
1.Todos estavam acotovelados naquele corredor. O capitão era responsável por manter a ordem no Templo. Os sacerdotes e saduceus não criam na ressurreição. Os sacerdotes adotaram a doutrina dos saduceus. Os fariseus eram contra esta doutrina, portanto, havia uma divisão entre a própria liderança judaica. Era tarde, isso quer dizer que pregaram pelo menos por três horas. Não era permitido pela lei do sinédrio os julgamentos noturnos. Com Jesus não respeitaram essa lei (v.1-3).
2.Os convertidos são os judeus e prosélitos. Os gentios ainda não “entram em cena” no livro de Atos. O número dos convertidos é alto, cinco mil (v.4).
3.Um dos objetivos do livro de Atos é mostrar como a rejeição dos judeus contra Jesus continuou contra os apóstolos. Queriam as credenciais de Pedro e João para operarem milagres. Reuniram-se às dez horas do outro dia, como era costume. A pergunta foi astuta (“Em nome de quem?”), pois conforme a resposta seriam acusados de blasfemos (em nome de Deus) ou acusados de farsantes, impostores (em nosso próprio nome) (v.5-7).
4.Salmo 118.22, Isaías 28.16. Os judeus examinaram a Pedra (Cristo) e A rejeitaram, mas por outro lado, Deus também examinou a Pedra (Cristo) e, ao contrário dos judeus, colocou-A acima de tudo, como Pedra angular, a principal da construção, que ficava na esquina da construção (v.8-12).
5.Pedro e João eram “iletrados”, isto é, faltava-lhes preparo formal que os rabinos tinham. Os membros do Sinédrio nada podiam dizer da doutrina dos apóstolos, pois era apoiada por um milagre indiscutível. Não negavam que aquele poder era de Jesus, “reconheciam que haviam estado com Jesus”. Para que não expandissem mais o ensino, ameaçaram os apóstolos, embora não houvesse punição, mas um pedido fervoroso (v.13-18).
“Esse discurso deixou o Sinédrio admirado. Iletrados e incultos não se refere à sua inteligência ou capacidade de ler e escrever, mas ao fato de que não eram escolados na tradição dos escribas, sendo de fato leigos. Era coisa incomum que leigos sem preparo falassem com tal eficiência e autoridade. Os líderes já sabiam que Pedro e João eram discípulos de Jesus, mas lembravam-se agora do fato de que Jesus também, mesmo não sendo educado nas tradições dos escribas (Jo. 7:15), também tinha deixado o povo maravilhado com a autoridade com que falava (Mc. 1:22).”[5]
6.Devemos obedecer as autoridades somente quando estas não tomam o lugar de Deus e quando não contradizem a vontade de Deus. Os apóstolos ganharam tal popularidade que o Sinédrio não ousava açoitá-los. Era muita coragem, pois o Sinédrio representava as coisas de Deus, e os apóstolos diziam que obedeceriam a Deus e não ao Sinédrio (v.19-22).
7.A súplica deles era no sentido de Deus dar intrepidez nas próximas oportunidades, visto que seriam reprimidos pelo Sinédrio. Não queriam milagres por simples prazer, mas para pregar o Evangelho. Também não pediram proteção, mas coragem em meio às perseguições (v.23-30).
8.Deus respondeu às orações com um sinal do consentimento. O tremor não foi por terremoto, mas pelo Espírito Santo. Não foi um outro batismo do Espírito, pois este já acontecera. Encheram-se do Espírito, isto é, receberam a Plenitude do Espírito e não foi mais uma descida do Espírito, que foi um fato histórico e único naquele Pentecoste. O Espírito Santo estava livre para atuar na vida daqueles crentes, pois estes estavam dando permissão (v.31).
9.Os cinco mil tinham um só pensamento. Não havia coação. Era espontânea a ajuda uns pelos outros. O assunto principal era a ressurreição de Cristo. Isto contrariando o Sinédrio, porém, não se limitava aos apóstolos, pois em todos eles havia abundante graça (v.32-33).
10.Os apóstolos não deram nenhuma instrução sobre isto, mas os crentes espontaneamente depositavam aos pés dos apóstolos os seus bens para quem tivesse necessidade. Não davam joias ou coisas de pouco valor, mas dinheiro de casas e terrenos vendidos. Não vendiam ao mesmo tempo, mas à medida que a necessidade surgisse. Os apóstolos é que administravam o dinheiro. Este tipo de economia não demoraria para causar pobreza entre os crentes de Jerusalém, como de fato, veio acontecer tempos mais tarde (v.34-35).
11.José, apelidado pelos apóstolos de Barnabé, que significa “filho da exortação”. Apelidos eram dados para enfatizar o caráter ou alguma característica da pessoa, por isso, entende-se que José era encorajador dos irmãos. Era levita, portanto, a lei que proibia ao levita possuir terras caiu em desuso (Números 18.20, Deuteronômio 10.9, Jeremias 32.7ss) (v.35-37).
Capítulo 5: A mentira de Ananias e Safira. A prisão e libertação dos apóstolos e estes diante do Sinédrio
1.Não era pecado ficar com o dinheiro, a culpa se deu pela mentira. O ciúme faz pessoas imitarem outras só para conseguirem a mesma atenção. Claro que podiam ficar com parte do dinheiro e até mesmo com todo o dinheiro da venda, caso contrário, seria coação e isso, como já vimos, não existia naquele grupo de crentes. Não há motivos para pensarmos que não eram crentes, visto que os apóstolos conheciam os crentes e administravam as suas ofertas (v.1-2).
“Que a partilha das propriedades era puramente voluntária, evidencia-se da pergunta de Pedro a Ananias: ‘Conservando-o, porventura, não seria teu?’. O pecado não consistiu em reservar parte do dinheiro, mas em dar a entender que a soma entregue era a importância integral. A mentira dita à Igreja foi considerada como dirigida a Deus o Espírito Santo.”[6]
2.A Bíblia não revela como Pedro descobriu a fraude, mas certamente foi o Espírito Santo quem revelou. Não há necessidade de pensar que hoje acontece o mesmo. Ananias, mesmo depois de vender, podia fazer o que quisesse com o dinheiro, pois lhe pertencia. O pecado foi que ele quis ter consagração máxima através da mentira. Eles não enganaram Pedro, mas mentiram contra o Espírito Santo. Ananias não estava possesso de demônios, mas obedeceu aos desejos de Satanás. Ananias, pensando estar servindo a Cristo, estava sendo hipócrita (v.3-4).
3.Alguns podem ver este episódio como algo repugnante, mas Deus de maneira alguma é injusto. O resultado de qualquer disciplina deve causar temor nos demais, a fim de viverem uma vida reta. O sepultamento foi imediato. Enrolaram-no num linho, como era o costume e o enterraram. Safira não sabia de nada do ocorrido. Não houve tempo para o arrependimento, porém, não é base para dizer que perderam a salvação. No v.11, a palavra Igreja, pela primeira vez em Atos (v.5-11).
4.Eles não tinham onde se reunir, pois eram milhares, mas de comum acordo se reuniam no pórtico de Salomão. O “restante” mencionado eram outros judeus não crentes, mas admiradores dos cristãos. Talvez tivessem medo de serem julgados pelo Sinédrio. Quanto ao povo acreditar que havia poderes mágicos na sombra de alguém era fato conhecido, porém, isto é superstição e não indica que Pedro concordava com isto. Era uma crença dos povos que a sombra de homens maus era maléfica e dos homens bons benéfica. Lucas não precisa explicar esses detalhes para Teófilo (v.12-16).
5.Novamente o Sinédrio ficou com inveja por causa da popularidade que os cristãos estavam obtendo. A palavra “seita” aqui não tem a mesma conotação dos dias atuais. A palavra “seita” simplesmente significa um partido, no caso, o partido dos saduceus. Foram colocados na cadeia à noite para o julgamento no dia seguinte pela manhã. Desta vez quiseram silenciar os doze apóstolos, de uma só vez, na esperança de acabar com o movimento (v.17-18).
6.Um anjo liberta os apóstolos, antes de serem julgados pela segunda vez. O termo “vida” era usado pelos cristãos para descrever o evangelho. O mesmo anjo que os libertou, ordenou-lhes que voltassem para o Templo e continuassem a ensinar. O anjo foi apenas o porta-voz, mas a ordem veio do próprio Deus. Anjos são ajudadores dos servos de Deus (v.19-20).
7.O Senado era o mesmo que Sinédrio. Ficaram perplexos ao ouvir a notícia de que os apóstolos não estavam na prisão. Mais perplexos ficaram ao ouvir que voltaram ao Templo para ensinar o povo. Talvez o Sinédrio pensasse que os apóstolos haviam ensinado os guardas e estes, aceitando a mensagem, os tivessem libertados (v.21-25).
8.Nenhuma violência foi praticada, pois a multidão poderia até apedrejar. Estavam sendo acusados de desobediência por voltarem a pregar e por acusar o Sinédrio de matar um homem inocente (Jesus). Eles não estavam fazendo uma acusação direta, porém, a mensagem da cruz sugeria isto. Nem ao menos perguntaram aos apóstolos como saíram da prisão, pois certamente ouviriam as “fabulosas” histórias sobrenaturais (v.26-28).
9.Embora acusassem novamente o Sinédrio pela morte de Jesus, diziam também que Ele redimia pecados. Os apóstolos eram testemunhas da morte e ressurreição de Jesus. O Espírito Santo também é testemunha. Ele testifica através dos sinais pelos apóstolos, tais como curas, línguas e libertações de prisões. Quando Pedro diz “o Deus de nossos pais” coloca-se como um legítimo judeu (v.29-32).
10.Gamaliel era o fariseu mais ilustre da época e, por isso, todos o ouviam. O conselho de Gamaliel era esperar. Se fosse de Deus, não adiantava persegui-los e se fosse de homens, logo cessaria. Gamaliel recordou de outros dois movimentos que sucumbiram com a morte de seus iniciadores: Teudas, 4 a.C. e Judas, 6 a.C. que instigou o povo a não pagar tributo a César. Gamaliel ensinou a Lei para Saulo de Tarso (v.33-39).
11.A lei permitia apenas quarenta chibatadas (Deuteronômio 25.1-3), caso ultrapassem esse limite, os verdugos recebiam como castigo a mesma pena que o preso. Por precaução e “margem de segurança” davam trinta e nove. A mesma ordem foi dada: não falar de Jesus, mas não adiantou, pois a ordem foi desobedecida centenas de vezes mais (v.40-42).
Capítulo 6: Os auxiliadores dos apóstolos para questões sociais. Estevão.
1.Os helenistas eram os judeus que moravam foram da Palestina e falavam a língua grega e não o aramaico. Satanás tenta fazer os crentes brigarem entre si. O problema foi que os helenistas perceberam que as viúvas que eram da terra de Israel recebiam mais na distribuição. Vemos, portanto, a negligência dos apóstolos, certamente por estarem atarefados demais em seu serviço. Todo ministério precisa de acompanhamento de uma liderança. O helenista é o judeu de fala grega e o hebreu é o judeu de fala aramaica (v.1).
“Pela segunda vez, levanta-se dificuldade interna. A inimizade de Satanás vinda de fora é claramente evidente. No capítulo 5.1-3 Satanás procurou invadir os santos, mas foi exposto. Agora, ele tenta outro método, mas ainda usando motivos egoístas em relação às coisas materiais.”[7]
2.Os doze tinham que aprovar a escolha dos sete. Estes eram helenistas, facilmente se descobre pelos seus nomes. Estes tinham de ter qualidades espirituais. Os apóstolos deviam se dedicar à oração e à pregação, isto não significa que servir à mesa é um trabalho inferior e nem que os sete nunca pregariam a palavra, por exemplo, Filipe e Estevão se destacaram na pregação, também (v.2-6).
3.Com a decisão os apóstolos ficaram livres para o trabalho. Lucas menciona a conversão dos sacerdotes. Nem todos se converteram. Essas conversões foram importantes, pois dentre eles havia saduceus, os quais não criam na ressurreição, que era a principal mensagem dos apóstolos (v.7).
4.Estevão tinha a aprovação de Deus para tudo quanto fazia. É a primeira vez que aparecem em Atos milagres feitos por alguém que não era apóstolo. Estevão continuou a cuidar das mesas, mas não se limitou a isto (v.8).
5.Os judeus mencionados eram nascidos fora da Palestina. Eles se reuniam numa sinagoga por ali. Como não conseguiam vencer Estevão no debate, contrataram pessoas para fazer acusações públicas, dizendo que o ouviram blasfemar contra a Lei (representada por Moisés) e contra Deus (representado pelo Templo). Os costumes eram as leis orais e diziam que foi Moisés quem as passou. Estevão foi o primeiro que percebeu que devia romper de vez com o judaísmo. As mentiras chegaram ao Sinédrio (v.9-14).
6.O rosto de Estevão ficou como o rosto de anjo. Um brilho incomum no rosto, como o de Moisés ou Jesus na Transfiguração. A hostilidade era tão grande que o Sinédrio nem se incomodou com o rosto de Estevão. O Sinédrio não queria julgá-lo, mas condená-lo (v.15).
Capítulo 7: Estevão se defende relatando a história da nação de Israel
“Segue-se, pois, que o discurso cumpre pelo menos três propósitos: (1) É uma defesa contra as acusações feitas contra Estêvão. Nega implicitamente que falou contra a lei de Moisés, e se faz defensor da lei. Justifica a sua atitude de crítica do templo e do culto nele prestado. (2) É um ataque contra os judeus por deixarem de obedecer à revelação dada a eles no Antigo Testamento, e por rejeitarem ao Messias e ao novo modo de adoração que Ele trouxe. (3) Como consequência, o discurso desempenha seu papel na história total de Atos, ao mostrar que os judeus, aos quais o evangelho foi pregado em primeiro lugar, o rejeitaram, preparando, desta forma, o caminho para a igreja afastar-se de Jerusalém e do templo, a fim de evangelizar em lugares mais distantes e, finalmente, entre os gentios.”[8]
1.Os primeiros cinco versículos relatam a trajetória de Abraão, o pai da nação de Israel. Estevão arredondou para 400 anos, pois exatamente são 430 anos (Êxodo 12.40, Gl 3.17). Este é número de anos do pacto de Abraão até o surgimento de Moisés. Como escravo Israel ficou por 215 anos, mas Estevão não se preocupa em fazer a divisão (v.1-6).
3.A circuncisão foi estabelecida por Deus antes da Lei de Moisés. José tem uma importante participação na História de Israel (v.7-9).
4.O título Faraó significa “casa grande”. Estevão conta a história de Israel como sendo a história do seu próprio povo, mostrando assim que não está discutindo com os fariseus um assunto desconhecido (v.10-19).
5.Moisés é um nome egípcio (“tirado da água”). Moisés também assim como José é uma figura importante para a história de Israel (v.20-40).
6.Deus julgou a nação se afastando do povo e deixando-o em seus próprios pecados de idolatria (v.41-42).
7.Moloque era representado por uma estátua de metal oco. Faziam fogo embaixo e toda estátua efervescia. Os adoradores depositavam bebês nos braços da estátua. É quase inacreditável que Salomão tenha edificado um altar a esse deus, mas infelizmente o fez (v.43).
8.A seguir Estevão fala das duas habitações de Deus na terra. O tabernáculo e o templo de Salomão (v.44-50).
9.Embora o Velho Testamento não diga, em Gl 3.19 e Hb 2.2 afirma que a Lei foi dada por ministério de anjos. Circuncisão, usada como analogia, era cortar fora o orgulho e a pecaminosidade do coração (Levítico 26.41, Deuteronômio 10.16 e Jeremias 4.4). Os judeus eram responsáveis pela morte dos profetas que Deus enviava (1 Reis 19.10,14, Neemias 9.26, Jeremias 26.20-24, Lc 6.23, 11.49, 13.34, 1 Ts 2.15, Hb 11.36-38). Agora também eram responsáveis pelo assassinato de Jesus, o Justo (v.51-53).
10.Rangiam os dentes. Mais uma vez mostraram a resistência contra o Espírito Santo, como seus antepassados (Salmo 35.16). Estevão já era bem-vindo no céu, antes mesmo de ser apedrejado. Ele viu a glória de Deus e viu Jesus à direita, em pé. Uma cena muita parecida com a de Jesus tempos atrás (Mc 14.62), provavelmente aqueles homens, os mesmos do julgamento de Jesus, lembrassem da semelhança (v.54-56).
11.Taparam os ouvidos para não ouvir a verdade. Não era permitido aos judeus executar ninguém, mas mesmo assim fizeram. As testemunhas atiravam as primeiras pedras (Deuteronômio 17.7). Saulo foi testemunha ocular de todo o ocorrido, concordando com tudo, ao segurar as túnicas dos apedrejadores. Não houve nenhuma sentença formal. Não sabemos se naquela época Saulo pertencia ao Sinédrio. Seguiram a tradição e executaram fora da cidade (v.57-58).
12.Estevão orou à semelhança de Jesus na cruz, pedindo a Deus para não lhes imputar esse pecado. Claro que aqueles homens carregariam aquela culpa, porém, Deus respondeu o pedido no sentindo de não reter a graça, isto é, se aqueles homens se arrependessem, como foi o caso de Saulo, tudo estaria perdoado. Adormeceu é um eufemismo para morreu (v.59-60).
Capítulo 8: Começa a perseguição aos discípulos de Jesus. Simão, o mágico. O Espírito Santo aos samaritanos. Filipe e o etíope
1.Somente assim a Igreja “acordou” para a realidade de que era para ficar em Jerusalém somente até a descida do Espírito Santo. A perseguição foi mais contra os helenistas, por causa de Estevão. Foi no mesmo dia do apedrejamento. O principal perseguidor foi Saulo de Tarso. Ao que tudo indica, com aquela perseguição, os apóstolos (que eram judeus) foram deixados em paz (v.1).
2.Embora pranteassem, Jesus se alegrava em receber o primeiro mártir cristão. Os piedosos bem podiam ser alguns simpatizantes dos cristãos. Dar sepultura para um morto é uma atitude honrosa em qualquer cultura que se tem conhecimento (v.2).
3.Saulo, furioso, entrava nas casas, arrastando homens e mulheres para a prisão (do Sinédrio e não dos romanos). No capítulo 26 vemos que quando Saulo trazia os crentes para julgamento dava o seu voto para que fossem mortos. Portanto, não é certo dizer que Saulo matava os crentes, mas sim, que os prendia e dava o seu voto, como membro do Sinédrio, para matá-los. Saulo, conforme 26.10, era cruel, porém sincero em sua fé, pois na mente dele se esse movimento era falso e contra Jeová, corajosamente devia prender e mandar matar os impostores. Embora nessa sinceridade ele fosse culpado diante de Deus (v.3).
“Os seguidores de Jesus gradualmente reconheciam que a nação judaica poderia não se arrepender durante sua geração e que o Senhor podia não imediatamente para estabelecer Seu reino terreno. Eles começaram a ver a era da Igreja como um ínterim. Eles continuavam a pregar Jesus Cristo como o Messias das Escrituras do Antigo Testamento. Eles também continuavam a proclamar ‘o reino de Deus’ (At 8.12, 19.8, 20.25, 28.31). Mas eles não mais pensavam em termos de reino terreno, exclusivamente.”[9]
4.Começa aqui uma nova fase do livro de Atos. Saindo de Jerusalém, o Evangelho é expandido, abrindo o caminho para alcançar os não-judeus. Não é um dos apóstolos o pioneiro fora de Jerusalém, mas Filipe, um dos sete. As fronteiras são alargadas. Até mesmo o impossível aconteceu, ou seja, um judeu conversar com um samaritano. Houve curas notáveis como em Jerusalém. A perseguição que parecia o fracasso dos cristãos foi o meio para expansão da boa mensagem. Todos os pregadores que iam para terras novas eram acompanhados de sinais e maravilhas para autenticação de uma mensagem nova para os povos (Mc 16.20) (v.4-8).
5.Simão era instrumento de Satanás para enganar as pessoas, pois achavam que era o próprio poder de Deus em pessoa. Simão era bruxo, portanto, ludibriou a muitos. Agora, porém, via um homem que fazia sinais autênticos, sem farsa, pois os sinais vinham do próprio Deus. Filipe batizou os que creram. Não sabemos se Simão se converteu verdadeiramente ou apenas viu uma forma de voltar a ser prestigiado pelo povo. Filipe o batizou com base em sua confissão de fé, ou seja, se ele disse que creu e quis ser batizado. Contudo, ninguém ali recebeu o Espírito Santo até que os apóstolos (judeus) chegassem (v.9-13).
6.Nos capítulos 2 e 10 não foi feita a imposição de mãos. Para os carismáticos aqui está a doutrina da subsequência, ou seja, um intervalo entre a conversão e o recebimento do Espírito Santo. Realmente houve uma subsequência por causa da transição histórica. Não se pode dizer que tenha sido um Pentecoste samaritano, pois aquele acontecimento (a descida do Espírito Santo) foi único e específico. Note que aqui não houve sinal sobrenatural como línguas de fogo e som como de vento tempestuoso. O motivo de não haver línguas é simples: todos ali falavam grego e aramaico e também não havia judeus incrédulos naquele acontecimento, mas somente os salvos (v.14-17).
Dois motivos para este intervalo1.Para os samaritanos (não judeus) reconhecerem a autoridade dos apóstolos (judeus) 2.Para os apóstolos (judeus) reconhecerem a inclusão dos samaritanos (não-judeus) na Igreja
Os samaritanos não são judeus, porém, não são gentios também mas são uma mistura de judeus com pagãos. |
7.Simão era ambicioso. Estava perdendo terreno já que sempre foi visto como um homem de poderes sobrenaturais. Simão não fazia parte do apostolado e, portanto, não tinha parte no ministério de conceder o Espírito Santo às pessoas. Simão, apesar de crer que havia algo sobrenatural na mensagem de Filipe e dos apóstolos, e até ter sido batizado, ainda estava no caminho da perdição (v.18-25).
8.O motivo de aparecer um anjo, talvez fosse para evitar que Filipe ficasse em Samaria, evitando assim, um atraso na divulgação da mensagem. O eunuco era um alto funcionário, membro da corte da rainha da Etiópia. Era prosélito, porém, não podia entrar no Templo, sendo que era eunuco (Deuteronômio 23.1). Era muito rico, pois comprou rolos da Bíblia (v.26-29).
9.Filipe foi arrebatado para outra região. O fato de alguém ser batizado logo após crer é muito fácil de entender. No início do evangelho só havia duas divisões, sendo que o contexto era judeus ou prosélitos: ou alguém continuava a seguir o judaísmo, que naquela altura estava rejeitando o Messias, Jesus, ou passava a seguir Jesus, através do Cristianismo. Hoje em dia pessoas vêm de centenas de crenças diferentes com as mentes confusas. Seria imprudência aceitá-las sem um acompanhamento doutrinário para que elas mesmas certifiquem-se em que e em quem estão crendo. Porém, isso é apenas um conselho e uma concessão, pois não há impedimento bíblico para alguém ser batizado logo após a conversão (v.30-40).
Capítulo 9: A conversão de Saulo. Saulo passa a ser um pregador. O ministério de Pedro.
1.Fora o Pentecoste este é o incidente mais importante no livro de Atos. A maneira como aconteceu a conversão e o chamado de Saulo foi única, singular. O termo usado, algumas vezes, em Atos para designar os crentes é “os do caminho”. O Sinédrio se achou no direito de sequestrar os crentes. Saulo não iria atrás dos crentes damascenos, mas dos refugiados de Jerusalém (v.1-2).
2.Todos ouviram a voz, porém, só Saulo entendeu. Todos viram a luz (26.13), porém, só Saulo ficou cego. Saulo falou “Senhor” que era apenas o termo que se usava, não que ele já era salvo, isso aconteceu somente depois que soube que era Jesus. Jesus falou com Saulo em hebraico (26.14). O aguilhão foi o testemunho de Estevão e outros crentes que certamente afetou a consciência de Saulo (v.3-7).
3.O contraste entre o implacável Saulo e, agora humilhado, é nítido. Não havia fome em Saulo, a experiência foi muito dramática. Em três dias, com os olhos inúteis, sobrou tempo para meditar e orar sobre suas crueldades e a graça de Jesus e descobrir a vontade de Deus. John Gil disse: “Sem a visão física a todo o tempo sua visão espiritual ia aumentando” (v.8-9).
4.Nada mais sabemos sobre Ananias. O recebimento do Espírito Santo aqui também foi de uma maneira específica. “Saulo, irmão”, foi a maneira como Ananias se dirigiu a Saulo, dando as boas-vindas como crente. Saulo sofreria muito por causa de Jesus. Isso seria um privilégio e não um castigo por perseguir a Igreja. No início, Ananias estava pensando em sua vida, mas o Senhor falou o que aquilo representava e ele obedeceu mais tranquilamente (v.10-17).
5.Enquanto não se sabe mais nada de Ananias, Saulo se torna muito conhecido. Não se sabe também quanto tempo Saulo ficou em Damasco, porém, sabemos que assim que recobrado das forças saiu pregando. Não é dito quando Saulo recebeu o Espírito Santo e nem é dito que tenha falado em línguas, pois nenhum judeu ali precisava ser confundido por incredulidade. É bem provável que recebera o Espírito logo após o batismo. Também não é dito quando exatamente Saulo se convertera, se no caminho, nos três dias de jejum ou com a visita de Ananias. Saulo foi o único que não recebeu instrução de homens após a conversão, mas aprendeu de Jesus diretamente (Gl 1.6-7) (v.18-19).
6.Saulo que fora a Damasco para prender crentes, agora está persuadindo judeus a se converterem, declarando que Jesus é Deus. Diferente dos outros crentes, Saulo tinha entendimento que o judaísmo estava sendo deixado de lado por Deus para dar lugar ao Cristianismo (v.20).
7.Saulo confundia a todos não só por ser, pouco tempo antes, perseguidor dos crentes, mas principalmente por ser entendido na lei e interpretar que Jesus é o Messias prometido (v.21).
8.Ouviam Saulo com a mesma raiva que um dia ele ouviu Estevão. A expressão “muitos dias” pode ser três anos, quando passou na Arábia (Gl 1.18). Este período deve ser encaixado no v. 23 e não no v.20. Para impedir a fuga de Saulo “guardavam as portas”, mas foi em vão (2 Co 11.32). Esse incidente é muito semelhante com o de Raabe. Paulo via isto como um exemplo de suas debilidades conforme 2 Co 11 (v.22-25).
9.Barnabé integrou Saulo entre os irmãos. Assim como Estevão, Saulo passa a pregar aos helenistas. Em Jerusalém só havia Pedro e Tiago, mas Saulo não ficou por lá (Gl 1.22-24). Saulo escapou com vida por causa da ajuda dos irmãos. Certamente ficou em Tarso pregando, inclusive aos seus familiares. Tarso, a capital da Cilícia era uma cidade muito intelectual. Sabemos que a irmã de Saulo se converteu (23.16) (v.26-30).
10.Houve paz, edificação, temor, conforto e acréscimo na igreja. Embora o número de crentes crescera e reuniam-se em lugares diferentes, o termo usado é “Igreja” e não “igrejas” (v.31).
“As várias comunidades pequenas de discípulos formavam um todo. Elas eram ‘igrejas’ individualmente; elas eram coletivamente ‘ a Igreja’. A ordem de Cristo para expansão, dada no capítulo 1, foi, assim, seguida e a sequência aqui resume o progresso registrado em Atos.”[10]
11.O Evangelho chegou ali ou pelos dispersos ou por Filipe (8.40). Note que o dom da cura não dependia da fé do enfermo, mas por uma palavra de ordem. Todos habitantes ali se converteram (v.32-35).
12.Tabita é um nome aramaico e Dorcas, grego, mas o significado é o mesmo, gazela. Dorcas já era crente. Adiaram o sepultamento, colocando-a no cenáculo. Visto que Pedro estava perto, em Lida, pensavam na possibilidade de um milagre. Era uma mulher de boas obras, fazia roupas para ajudar os santos que passavam necessidades. O fato de Pedro ficar na casa de um curtidor mostra que ele havia se desprendido de muitas coisas dos judeus, pois havia animais mortos na casa de qualquer curtidor. Ver Mc 5.41, Lc 8.54, o som é quase idêntico “Talita cumi” e “Tabita cumi” (v.36-43).
Capítulo 10: O centurião Cornélio e o Espírito Santo sobre os gentios.
1.Cornélio era centurião da coorte italiana. Embora Cornélio não fosse circuncidado e nem prosélito era temente a Deus, isto é, adorava ao Deus dos judeus. Mesmo assim, os judeus consideravam tais pessoas quase prosélitos. Às quinze horas ele recebeu a visão, horário das orações no Templo, tanto judeus quanto prosélitos obedeciam, mesmo fora do Templo. Cornélio foi o primeiro gentio a se converter. Embora fosse piedoso não era salvo. O fato de Deus ouvir a oração dele é facilmente explicado da seguinte maneira: O desejo de Deus é salvar o perdido. Deus não ouve orações dos incrédulos, pelo simples fato de não serem filhos de Deus, porém, visto que o desejo de Cornélio era conhecer a Deus e sendo que Deus tinha o mesmo desejo, acabou se concretizando. Este incidente trouxe problemas entre os crentes judeus quanto à aceitação em relação aos gentios, embora não fosse Pedro quem o procurara. Ele e a família eram quase prosélitos, isto é, abraçaram a fé judaica, que é uma fé monoteísta. Um “temente a Deus” se distinguia de um prosélito quanto às práticas da circuncisão e batismo. O temente a Deus não passava por esses ritos, mas apenas era simpatizante do judaísmo (v.1-8).
2.Era meio-dia. Os judeus oravam no templo às 9, 12 e 15 h. A fome desviou Pedro de orar. Entende-se que na visão do lençol não havia nenhum animal limpo, ou seja, que rumina e que tenha unhas fendidas, embora animais puros, junto com animais imundos, não fossem mais considerados puros (v.9-16).
Os dois princípios da visão do lençol
1.Deus estava cancelando a dieta prescrita no Velho Testamento e que não haveria mais distinção entre limpo e imundo. 2.Os gentios e judeus professariam a fé em Cristo, juntos, sem distinção.
Os animais não eram reais, mas visão. Pedro estava na casa de um curtidor, mas comer aqueles animais era demais para ele. O judeu nunca pensou em Lei transitória, mas permanente. |
3.Pedro é interrompido em suas reflexões. A interpretação da visão: O lençol representa a Igreja, os quatro cantos representam os quatro cantos da terra, os animais limpos representam os judeus e os animais imundos representam os gentios. Na Igreja, porém, todos são puros (Ef 3.6). Não há contradição na narrativa, quanto ao número de pessoas, pois de fato foram três homens, dois criados e um soldado (10.7, 11.11). Foi um incidente totalmente dirigido pelo Espírito Santo. Pedro não foi buscar os gentios, pois na mente dele não existia este conhecimento. Portanto, unir judeus e gentios num só corpo foi obra exclusiva do Senhor, o mistério de Efésios, outrora encoberto, nunca antes revelado, agora acontecendo sem qualquer iniciativa de homens (v.17-22).
4.Outros seis homens foram com Pedro (11.12). Cornélio como um bom militar preparou tudo, esperou com amigos e parentes íntimos. Claro que Cornélio não queria adorar Pedro, mesmo assim, este o alertou. Pelo visto Pedro entendeu a visão. Talvez tenha levado testemunhas porque pediriam satisfação desse incidente, o que de fato, aconteceu (v.23-43).
“Parece que Cornélio e seus amigos estavam familiarizados com a história pessoal de Jesus e mesmo com a mensagem de paz a qual Deus pregou aos filhos de Israel.”[11]
5.Desta vez os apóstolos não vieram e nem Pedro impôs as mãos para receberem o Espírito Santo, mas o próprio Deus mandou, fornecendo um sinal para os judeus que a inclusão dos gentios no Corpo de Cristo é algo totalmente planejado por Deus e não por Pedro ou qualquer outro apóstolo. Entendemos que os gentios foram salvos enquanto Pedro falava, sem apelo final, pois Pedro ainda não terminara o sermão quando foi interrompido pelo Espírito Santo. Os judeus crentes dariam as boas-vindas aos gentios, batizando-os. Note que a circuncisão já não é mais necessária. O sinal aqui não foi para os gentios, mas para os crentes judeus, a fim de compreenderem a nova união: gentio e judeu, juntos no mesmo corpo, a Igreja de Cristo. Não foi outro Pentecoste, mas a extensão deste. O sinal externo serviu para Pedro, o apóstolo judeu, convencer-se de que Deus, agora, aceita gentios, assim como judeus. A única língua (idioma) que poderia ter havido como sinal seria o aramaico, pois, o sinal era para impressionar os judeus e não os gentios (v.44-48).
Capítulo 11: A explicação de Pedro. O título “cristãos” usado pela primeira vez. O profeta Ágabo.
1.Pedro mostrou que não foi decisão dele, mas Deus dirigiu tudo quanto à salvação dos gentios. “Os da circuncisão” eram judeus crentes, porém, queriam conservar o que Deus já estava ordenando ser colocado de lado: várias prescrições judaicas. Continuaram causando problemas na Igreja. Em Gálatas, o assunto é tratado largamente. Ensinavam que para o gentio ser salvo precisava cumprir a lei mosaica. Pedro não discutiu, mas limitou-se a relatar o ocorrido. Os judaizantes (“os da circuncisão) em Gálatas não são os mesmos, e nem crentes são (v.1-17).
2.Foi oportuna esta manifestação dos crentes, pois com isso, Pedro não foi julgado como alguém que ele incluiu os gentios na Igreja, por iniciativa própria, mas foi o próprio desígnio de Deus. Porém, dentre eles alguns não concordaram, conforme veremos no capítulo 15. Os que aceitaram os gentios viram que a graça de Deus não tem fronteiras (v.18).
“Os líderes espirituais das igrejas na Judeia aceitaram a nova revelação e glorificaram a Deus. Muitos cristãos judeus, no entanto, conseguiram ouvir somente relatos parciais do evento, que lhes pareceram insuficientes para demolir a posição evidentemente inexpugnável de Israel como apresentada no AT.”[12]
3.Ficou mais fácil agora, visto que os judeus crentes já aceitavam os gentios. Os que foram dispersos voltaram aos seus lugares de origem e pregavam aos judeus. Alguns de Chipre e Cirene pregavam aos gregos em Antioquia. Barnabé foi procurar Saulo. Pela primeira vez o título “cristão” que identifica um povo que pertence a Cristo, embora os crentes da época não usassem este termo (v.19-26).
4.Os crentes de Antioquia praticavam o amor de Cristo. Sabendo pelos profetas que a fome assolaria o mundo, enviaram socorro para os irmãos da Judeia. Barnabé e Saulo foram escolhidos para levar a oferta. Este laço é muito importante, visto tratar-se de gregos e judeus, mostrando que a união era completa. A ajuda foi antes mesmo da fome (v.27-30).
Capítulo 12: A prisão de Pedro e a morte de Tiago. A libertação de Pedro e a morte de Herodes.
1.Herodes obtinha amizade dos judeus e era amigo dos fariseus. Enquanto Deus libertou Pedro da prisão, permitiu a morte de Tiago. Ele sabe todas as coisas e faz tudo muito bem. Tiago foi o primeiro apóstolo a morrer, no entanto, não foi substituído. Lembre-se que Judas foi substituído por causa da apostasia e não por causa de sua morte. Toda essa perseguição começou com Saulo de Tarso. Não é relatado nenhum julgamento, apenas foi passado o fio da espada em Tiago. Bebeu o cálice do sofrimento (Mc 10.38) (v.1-2).
“O fato de que foi decapitado mostra-nos que foi executado por sentença de um governante civil, pois, se porventura houvesse sido julgado por blasfêmia ou heresia, por parte do sinédrio, teria morrido por apedrejamento. Naturalmente por detrás da acusação civil, sem importar qual tenha sido ela, na realidade havia uma acusação religiosa, provavelmente mais no caso de Tiago do que no caso de João Batista, o qual morreu, por igual maneira, por ordem de Herodes Antipas, tio de Herodes Agripa. Os judeus consideravam a morte por decapitação uma maneira vergonhosa de morrer (ver Mat. 14:10). Essa maneira de executar Tiago sem dúvida agradou aos judeus incrédulos.”[13]
2.Herodes experimentou a sua popularidade diante dos judeus com a morte de Tiago. Sendo que funcionou resolveu prender Pedro. O outro Tiago, irmão de Jesus, foi líder da igreja em Jerusalém. A igreja orava por Pedro (v.3-5).
3.Assim como no capítulo 5, aqui também, houve a participação de um anjo. A expectativa do povo era a execução de Pedro (v.11). As sentinelas foram punidas (v.19). Deus deixou Tiago morrer e libertou Pedro, portanto, devemos orar e esperar a vontade Dele. Herodes envergonhado deixou a Judeia e foi para a Cesareia. Pedro ficou preso cinco dias. Na lei romana o castigo do preso voltava para o guarda que o deixasse fugir (v.6-19).
4.O camarista de Herodes foi o intermediário para a reconciliação. Tantas perseguições, porém, a Igreja crescendo. Saulo e Barnabé voltaram de Jerusalém e levaram João Marcos. Este verso é uma continuação de 11.30. João Marcos acompanhou Barnabé e Saulo. Cumpriram o que foram fazer em Jerusalém: levar a oferta de Antioquia (v.20-25).
Capítulo 13: A primeira viagem missionária
1.A necessidade de profetas era para mostrar aos crentes a vontade de Deus, visto que o cânon não estava completo. Niger é uma palavra latina que significa negro, era o apelido de Simeão, identificando-o como africano. Alguns afirmam que é o Simeão cirineu que carregou a Cruz, mas não temos como saber (Mc 15.21). Manaem foi amamentado pela mesma mulher que Herodes Antipas, que matou João Batista. O Espírito Santo falou pelos profetas, certamente. Os mestres interpretavam a Bíblia. A imposição das mãos era um sinal de bênção (v.1-3).
“O falecido Henry Martyn, missionário na índia e na Pérsia, disse certa vez: ‘O Espírito de Cristo é o espírito de missões, e quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais intensamente missionários devemos nos tornar’.”[14]
2.Barjesus significa filho de Josué ou filho da salvação. Era um falso profeta, distorcia a palavra de Deus com suas mágicas. Procônsul era o governador de uma província. Pela primeira vez Saulo é chamado Paulo (Saulo, hebraico=pedido e Paulo, grego=pequeno). Paulo era o nome romano de Saulo, alguns dizem que se referia à estatura dele. Elimas foi disciplinado e Sérgio Paulo ficou maravilhado e creu (não por causa da disciplina, mas por causa da pregação do evangelho). Era comum aos governadores terem mágicos e astrólogos em seu séquito (comitiva). Daqui para frente o nome Paulo precede ao de Barnabé, indicando a liderança nas viagens (v.4-12).
3.Não é mencionado porque João Marcos os deixou. No capítulo 15 vemos que isto desagradou muito a Paulo e afetou até mesmo o relacionamento dele com Barnabé, que tomou o partido do primo. Porém, Paulo aceitou João Marcos, finalmente. Marcos escreveu o evangelho (v.13).
4.Quando havia estranhos, judeus, eram convidados a falar. “Varões israelitas” refere-se aos judeus e “todos que também temei a Deus” refere-se aos prosélitos ou quase prosélitos. Começando pela base que tinham, o Velho Testamento, Paulo expôs o evangelho. Muitos creram, e os que não creram perseguiram e os expulsaram do território. Paulo afirmou que Deus o chamou para pregar aos gentios (v.46-47). Os judeus aproveitaram a influência que as mulheres tinham sobre seus maridos para expulsar os missionários (v.50). Eram mulheres da alta sociedade na província (v.14-52).
Capítulo 14: Ainda a primeira viagem missionária
1.Novamente os judeus, invejosos por perderem a primazia, perseguiram os missionários. Mesmo assim, ficaram muito tempo pregando em Icônio. Note que os sinais eram realizados, pois a mensagem era nova. Não foram apedrejados, porém, era plano dos opositores (v.1-7).
“Ao serem ameaçados de apedrejamento, Paulo e Barnabé fugiram para a Licaônia. Em outras ocasiões ao longo de seus trabalhos missionários, ficaram no mesmo lugar, não obstante o perigo. Como explicar a diferença? Não parece haver uma resposta clara. O princípio controlador absoluto em Atos é a orientação do Espírito Santo. Esses homens viviam em comunhão íntima com o Senhor. Ao permanecerem em Cristo, receberam revelações maravilhosas acerca dos planos e da vontade divina. Para eles, isso era mais importante que um conjunto organizado de regras de conduta.”[15]
2.Não havia sinagoga ali, portanto, a pregação era em praça. A cura foi semelhante ao capítulo 3. O resultado da cura não foi o desejado. Os deuses mencionados eram os adorados em Listra. Chamaram o sacerdote de Júpiter que fez os preparativos para a adoração. Rasgar as vestes mostra a indignação. O deus grego Zeus equivale ao deus romano Júpiter. O deus grego Hermes equivale ao deus romano Mercúrio (Hermes ou Mercúrio é o mensageiro dos deuses. Assim, como Paulo falava mais foi identificado como o porta-voz de Barnabé). A língua falada era a licaônica. Paulo e Barnabé só entenderam quando viram os preparativos para a adoração. Timóteo era de Listra (16.1), talvez tenha presenciado este acontecimento (v.8-18).
3.Os perseguidores anteriores não desistiram de matar Paulo. Estes queriam matá-lo, enquanto em Listra era aclamado deus; nenhum dos dois grupos acertou diante de Deus. Aqui Paulo sentiu um pouco a situação de Estevão (2 Co 11.25). A cura foi imediata e sem ajuda médica, pois havia hematomas e, talvez ossos quebrados, totalmente doloridos. Humanamente, a recuperação imediata numa situação dessa é impossível (v.19-26).
4.Além de outros lugares, voltaram aos lugares onde queriam matá-los. Voltaram para confirmar e alicerçar os crentes e estabelecer liderança entre eles. É possível que esta viagem tenha durado dois anos e ficaram em Antioquia um ano. Paulo nomeou líderes das igrejas novas, porém, já eram judeus ou prosélitos de vida reta e acostumados com culto (v.27-28).
Capítulo 15: A assembleia em Jerusalém. A segunda viagem missionária
1.Chegaram de Jerusalém ensinando a circuncisão para a salvação. Paulo e Barnabé combateram este ensino, por isso, foram enviados a Jerusalém pra dar este parecer aos irmãos. Chegando lá os fariseus crentes estavam intransigentes sobre a questão, por isso, os líderes se reuniram particularmente. Após esta reunião da liderança Pedro tomou a palavra com a assembleia dos crentes. As obrigações da religião judaica são chamadas de jugo no v.10. Sendo que esses judaizantes se espalharam, principalmente na região Frígio-Gálata, e Paulo não teve tempo de ir para lá, pois estavam em Jerusalém, escreveu carta aos gálatas. Jugo para o judeu não significa necessariamente algo que não gostasse, mas uma obrigação (v.1-11).
“Ninguém, agora, dentro da Igreja de Cristo, pensa em manter a necessidade da circuncisão; embora, infelizmente, p mesmo erro sobrevive em espírito entre aqueles que ensinam as doutrinas da regeneração batismal e a graça sacramental ou a impossibilidade de serem salvos sem ser batizado ou participar da Ceia do Senhor.”[16]
2.Paulo e Barnabé relataram suas experiências entre os gentios, confirmando que creram, de fato. Depois Tiago, o líder da igreja em Jerusalém, tomou a palavra. Fica claro que o gentio que se converte não precisa se tornar prosélito do judaísmo para depois, tornar-se um da Igreja de Cristo. Citou Amós 9.11-12 sobre a salvação dos gentios. O Tabernáculo caído de Davi refere-se ao trono de Davi. Este tabernáculo, hoje caído, será levantado, cumprindo, assim a profecia do pacto davídico, o reino eterno na terra, sendo que o Messias será o Rei. Os gentios deviam, sim, afastar-se dos ídolos, das relações sexuais ilícitas (às vezes prostituíam a própria esposa e filhas por lucro financeiro), e carne de animais sufocados; tudo isso para evitar escândalo entre os judeus. Quanto à maneira de encarar o sexo teriam que mudar completamente, pois Deus não aceita aquele tipo de prática, quanto às festas idólatras também teriam que ver que o Senhor Jesus é o único que deve ser adorado, e quanto a comer carne encharcada com sangue era para evitar como respeito aos judeus. O v.21, um pouco difícil de entender, alerta os gentios que em todo o lugar existem judeus e, que quase em todos os lugares existem sinagogas e para ganhá-los é preciso muito tato (v.12-21).
3.Através da carta circular, enviada por Paulo, Barnabé, Judas (Barsabás) e Silas. Judas Barsabás pode ser o irmão de José Barsabás (At 1.23). Silas é o mesmo que Silvano. Judas representava os judeus e Silas os helenistas. Silas voltou com Judas para Jerusalém e depois retornou a Antioquia (v.22-35).
4.Barnabé concorda com Paulo em visitar as igrejas já formadas, porém, quer a companhia de João Marcos. Paulo não quer ter por companheiro alguém que recue diante das dificuldades encontradas, como já aconteceu com João Marcos. Barnabé insiste e esses dois preciosos missionários separam-se. Barnabé leva João Marcos consigo e vai para Chipre. Mais tarde Paulo fala de Barnabé com grande afeto e quer que João Marcos junte-se a ele, pois lhe é útil para o ministério (Fm 24, 2 Tm 4.11, Cl 4.10-11, 1 Co 9.6). Consequente à contenda saíram duas expedições e não só uma (v.36-41).
Capítulo 16: Ainda a segunda viagem missionária
1.Timóteo possivelmente foi um dos convertidos de Paulo durante a 1ª viagem. Será que Paulo errou em circuncidar Timóteo só porque visitariam judeus? Nesta viagem Paulo publicava de lugar em lugar sobre a decisão do concílio de Jerusalém de que os crentes gentios não precisavam ser circuncidados (Gl 5.2). Em vez de ir de navio, Paulo foi por terra até a Galácia. Paulo circuncidou Timóteo por expediente e não por princípio religioso. Fez isso para não ofender os judeus nas sinagogas que não eram crentes, pois Timóteo era considerado judeu. Já Tito, era totalmente gentio (Gl 2.3-5, 1 Co 9.21) (v.1-5).
2.Havia lugares na Ásia onde Paulo queria ir, mas não era a vontade do Senhor para o momento. Em Trôade, Lucas se ajunta a Paulo, Silas e Timóteo, veja o pronome “nós” (v.10). Certamente Lucas, viajando com Paulo, foi de grande ajuda quanto aos ferimentos obtidos nas prisões. Sabemos que Paulo fundou a igreja na Galácia do sul, porém, no norte não sabemos como surgiram (v.6-12).
3.Mulheres piedosas oravam à beira do rio. Lídia era prosélita do judaísmo. Toda a casa dela foi batizada porque todos creram, evidentemente. No v.16, o espírito de adivinhação é Piton, uma serpente representando o deus Apolo; a jovem era escrava de pessoas que ganhavam dinheiro através das adivinhações dela. Os demônios usam linguagem cristã, porém, Deus não aceita. Os que lucravam com a jovem ficaram irritados e levaram os missionários às autoridades. Paulo e Silas são presos após espancamento. O carcereiro antes os tratava como vagabundos, agora como “senhores”. O carcereiro sabia porque tinham chegado até ali e, certamente, já tinha ouvido sobre a salvação, por isso, queria sabia o que devia fazer para ser salvo, conforme eles pregavam. Fica implícito (v.30) que todos devem crer individualmente para serem salvos, o que, de fato, aconteceu na família do carcereiro (v.32). Caso o preso fugisse o soldado pagava com o mesmo castigo, por isso, ele quis se matar. No v.22 os pretores, que eram os magistrados de justiça, arrancaram as roupas dos missionários (v.13-34).
“Entre aqueles que ouviram estava Lídia, uma vendedora de tinturas púrpura e tecidos tingidos de Tiatira, que era o centro do sincretismo religioso (Ap 2.20), a qual tinha uma casa em Filipos e que era uma verdadeira ‘adoradora de Deus’ e ‘temente a Deus’. O coração dela foi aberto por Deus para as palavras de Paulo e ela as recebeu totalmente para o mais interior de sua alma, sabendo que era isso o que ela estava aguardando por muito tempo.”[17]
4.Só há uma explicação para os pretores mandarem libertar os prisioneiros: souberam do ocorrido. Foram açoitados publicamente e exigiram que os próprios magistrados viessem comunicar a libertação. Paulo não teve oportunidade de falar isto no dia anterior, quando foi preso. Lucas ficou em Filipos (20.6). Timóteo seguiu viagem com Paulo (17.4). Não podiam expulsar cidadãos romanos, mas solicitar que deixassem o local. Os lictores eram os carrascos que castigavam os prisioneiros com varas, também chamados de oficiais de justiça. Paulo não estava se vingando, mas beneficiando os crentes em Filipos, impondo respeito e segurança para o futuro. Cinco anos mais tarde Paulo escreve aos filipenses (v.35-40).
Capítulo 17: Ainda mais da segunda viagem missionária
1.Paulo ficou ali um tempo, fabricando tendas e alcançando os tessalonicenses (2 Ts 3.7-8). Procuraram a sinagoga e muitos se converteram, inclusive mulheres de alta posição na sociedade. Os judeus invejosos ajuntaram os vadios (os da malandragem) e fizeram alvoroço para chamar a atenção dos politarcas (magistrados de Tessalônica). Jasom, que hospedou os missionários, (Rm 16.21) ficou seriamente comprometido; assaltaram a casa dele e não achando os missionários, o levaram. Jasom só foi solto porque pagou fiança, bem como os outros crentes que estavam com ele. Os crentes não eram rebeldes (v.7), mas exaltavam Jesus como o Rei no sentido espiritual, embora também fosse rei politicamente, no futuro. Essa fiança envolvia a responsabilidade de mandar Paulo e Silas embora da cidade (v.1-9).
2.Novamente procuraram a sinagoga. Aqui também, mulheres gregas da alta sociedade creram. Os de Tessalônica foram atrás dos missionários. Lucas deve ter ficado em Filipos. De Bereia, Paulo vai sozinho, pois Silas e Timóteo ficaram. Eles se encontrariam com Paulo em Atenas (v.16). Os judeus de Bereia ouviam e confirmavam com as Escrituras do Velho Testamento, não eram preconceituosos como os de outros lugares. Os bereianos percebiam que a mensagem era de extrema importância para outros lugares, por isso levaram Paulo até Atenas, como proteção e voltaram dando as ordens dele para Silas e Timóteo (v.10-15).
3.Atenas era a cidade da filosofia, arquitetura e arte. Epicureus (seguidores de Epicuro) defendem o deísmo, isto é, um deus qualquer criou tudo e abandonou sua criação; os Estoicos defendem que Deus é o universo e o universo é Deus, portanto, o homem é Deus. O panteísmo segue a mesmo pensamento. (v.18). Todo o estrangeiro era ouvido com atenção (v.21), pois talvez tivesse mais uma informação filosófica para acrescentar suas mentes, que já estavam tão acumuladas de humanismo. Paulo mostra interesse pela religiosidade dos atenienses e apresenta, não mais um deus, mas o Deus da História. Era muito comum Paulo citar os poetas dos povos (v.28). Paulo tinha familiaridade a estas literaturas. Deus não deixou o mundo impune até o momento, mas aceitou os sacrifícios de animais segundo o padrão a Sua Palavra até que veio Cristo, pois o sangue de touros e bodes não podem perdoar pecados (v.30-31). Conforme Rm 3.25, mas o Juiz julgará e Paulo está anunciando pela primeira vez em Atenas, portanto, já são conhecedores do juízo. A justificação torna o pecador justo como se não tivesse pecado anterior (Rm 3.24-25). Ressurreição para eles era mera fantasia (v.32). Areopagita (v.34) era o membro da Corte do Areópago (v.16-34).
“Deus permitiu que aquelas eras da ignorância passassem sem qualquer revelação especial ou reprovação severa. Ele não enviou nenhum mensageiro para declarar Sua vontade a eles. Ele tinha deixado aquelas pessoas somente com os ensinos da natureza e suas próprias consciências; mas agora o tempo da paciência acabou, agora Ele chama os homens para o arrependimento, para mudarem de mente e coração...”[18]
Capítulo 18: O fim da segunda viagem missionária. A terceira viagem missionária
1.Paulo chegou em Corinto sozinho, desanimado pelo aparente fracasso em Atenas e cheio de temor (1 Co 2.1-3). Silas e Timóteo não o encontrou em Atenas conforme o combinado, talvez pelo próprio pedido de Paulo (1 Ts 3.1) por causa da situação difícil em Tessalônica. Paulo fez novas amizades (v.2). Áquila e Priscila tiveram que deixar Roma, pois eram judeus. Em Corinto Paulo pregava na sinagoga. Paulo já não tinha nenhuma responsabilidade com os judeus incrédulos (v.6). A casa de Tício era contígua (próxima) à sinagoga. O ataque dos judeus foi frustrado (v.9,12-17). Paulo ficou ali um ano e meio (v.11). Fora Éfeso que ficou três anos, Corinto foi o lugar onde mais tempo permaneceu. O texto não diz nada se Áquila e Priscila já eram crentes quando deixaram Roma e nada se sabe sobre a origem da Igreja em Roma. Crispo, o principal da sinagoga se converteu (v.8), isso irritou os judeus. Gálio (v.12) era o irmão do filósofo Sêneca. Sóstenes (v.17) foi o sucessor de Crispo e também se converteu (1 Co 1.1). Paulo, novamente satisfazendo os costumes judaicos (v.18) em Cencreia. Este voto significa ações de graça de um nazireu (Números 6.1-21) (v.1-18).
“A Igreja prosseguia em seu curso inabalável. Ela mantinha em suas mãos a lâmpada da verdade, não inventada por ela, mas recebida de Deus. Essa lâmpada espargia sua luz celestial, quer os homens a recebessem ou rejeitavam em seus corações e continuassem nas trevas. A Igreja está, hoje, preparada para essa verdade, como sempre esteve, para suportar o escárnio e ódio da humanidade ou para sofrer aprisionamento e morte. O seu ofício é testificar que Jesus é o Cristo. Pela graça de Deus ela continuará esse testemunho até que o Senhor venha...”[19]
2.Em Éfeso havia uma maior nobreza quanto a ouvir a mensagem de Paulo, pois insistiram que ele ficasse. Paulo deixou Áquila e Priscila em Éfeso. De Éfeso foi para Cesareia na Palestina e depois para Jerusalém. Lá relatou por onde andou, dando as informações do Concílio. Dali voltou ao seu “quartel general” em Antioquia. A pressa de Paulo em deixar Éfeso, talvez fosse por causa de alguma festa em Jerusalém (v.19-22).
3.Paulo voltou a Éfeso, onde passou rapidamente na 2ª viagem missionária. Paulo não encontrou Apolo, pois ainda não havia chegado em Éfeso. Apolo pregava as Escrituras do Velho Testamento, ensinava sobre o Messias, mas nada sabia, ainda, sobre a morte e a ressurreição de Cristo e a descida do Espírito Santo. As notícias era veiculadas com muita lentidão naquela época, ainda mais, estando fora da Palestina onde tudo aconteceu. Áquila e Priscila colocaram-no a par dos acontecimentos do evangelho e certamente o batizaram. Após isto Apolo quis ir para Acaia (Corinto); foi incentivado e até deram carta de recomendação. Lá ele foi uma bênção, embora os crentes fossem partidários, preferindo Apolo a Paulo (v.23-28).
Capítulo 19: Paulo em Éfeso na sua terceira viagem missionária
1.Os antigos discípulos de João Batista que não seguiram Jesus ficaram isolados da Igreja. Entende-se que são os discípulos dos ensinos de João Batista e não, propriamente os discípulos dele. Eram pessoas, como Apolo mal informadas a respeito da descida do Espírito Santo. Os crentes que iam surgindo precisavam da intervenção dos apóstolos para receber o Espírito Santo, como em Samaria. De alguma forma tiveram informação de Jesus e creram. Aqui não houve subsequência, pois não haviam sido batizados com o batismo cristão. As línguas aqui serviram, não para impressionar Paulo, mas os doze que acabaram de entender e crer, assim convenceram-se de que não eram mais discípulos de João, mas de Jesus Cristo, tendo como autenticação o Espírito Santo junto com o falar em línguas. Estes doze discípulos nada têm a ver com Apolo. A língua que falaram devia ter sido alguma língua que não entendessem, mas que Paulo entendesse, possivelmente o latim (v.1-7).
2.Paulo deixou a sinagoga e começou a ensinar numa escola ou numa sala de conferência de um certo Tirano (v.10). O castigo para esses sete causou admiração nos bruxos que se converteram. Os lenços e aventais eram de uso pessoal de Paulo em sua profissão. As pessoas iam atrás desses e eram curadas e demônios eram expelidos. Nada fala se Paulo aprovava isto. Sabemos que sumo sacerdotes atuavam apenas em Jerusalém, por isso, nada sabemos desse com nome Ceva (v.8-20).
“Não sabemos quem era esse Ceva. Se fosse um sumo sacerdote, estaria ligado a Jerusalém (At 5.24). Alguns manuscritos têm governador em vez de sacerdote. O nome dele pode ter origem no Latim... Mas que ele tinha sete filhos em seu negócio degradante mostra como o judaísmo estava mal em suas superstições. Eles imaginaram que houvesse um poder especial no número sete?”[20]
3.Paulo iria mesmo para Roma, só que como prisioneiro (v.21). Timóteo e Erasto foram enviados por Paulo para Macedônia, enquanto ficou em Éfeso. Demétrio e outros faziam miniaturas de prata do templo de Diana. Diana era o nome romano da deusa e Ártemis era o nome grego. Esses nichos (réplica do templo) eram comprados por turistas. Diana (Ártemis) era deusa caçadora. O “sindicato” dos ourives (v.25) ficou preocupado, dependiam de turistas que vinham adorar em Éfeso (v.27). Não achando Paulo, pegaram os seus companheiros. Consideravam a liderança de Paulo (v.30, compare 2 Samuel 18.3). Os asiarcas (v.31) eram homens responsáveis pela organizações dos jogos públicos e adoração ao Imperador (não eram crentes, mas admiravam Paulo). Um tal Alexandre tentou apaziguar a situação, mas sem sucesso, pois era judeu e os judeus eram contra a idolatria, portanto, contra a deusa Diana (v.33). Certa vez caiu um meteorito naquela cidade, que foi guardado e adorado como a deusa Diana. O escrivão, que não é o Alexandre, aconselha Demétrio e os outros que levem suas queixas às autoridades (v.38). A preocupação do escrivão era com as autoridades romanas que podiam até executar os líderes daquele tumulto (v.40) (v.21-40).
Tempos de incredulidade (At 19.23-32) 1.Tempos de alvoroço (v.23) 2.Tempos de prosperidade (v.24-25) 3. Tempos de idolatria (v.26-27) 4. Tempos de furor (v.28-29) 5. Tempos de perigo (v.30-31) 6. Tempos de confusão (v.32) |
Capítulo 20: Ainda a terceira viagem missionária
1.Paulo queria passar em Macedônia e Acaia antes de ir a Jerusalém (v.1, 19.21). O motivo era angariar dinheiro para ajudar os crentes pobres de Jerusalém (Rm 15.25-27, 2 Co 8.9). Paulo ficou três meses (v.3) em Corinto. Quando Paulo estava indo para a Síria soube que queriam matá-lo na viagem, por isso mudou o rumo, voltando pela Macedônia. Lucas entra novamente na história de Atos com Paulo (v.5). Na segunda viagem Lucas tinha ficado em Filipos (16.16). O restante do grupo prosseguiu e encontrou-se com Paulo em Troas. Essa viagem durava apenas um dia, porém, o vento contrário dificultou (v.1-6)
2.Ficaram em Trôade 7 dias, tomaram a Ceia do Senhor num domingo. No dia seguinte Paulo devia viajar. Paulo prolongou o seu discurso. As lâmpadas eram tochas ou lâmpadas de azeite. O cenáculo era no 3º andar. A menção de um lugar bem iluminado e janelas abertas mostram que os crentes não faziam reuniões de orgias que eram na penumbra e de janelas fechadas. As janelas mais se pareciam com portas (v.9). Êutico, de fato, morreu em consequência da queda, mas Paulo o ressuscitou. Depois disto foi fácil prender a atenção dos ouvintes até o romper da alva (v.7-12).
3.Paulo queria chegar a tempo para a festa do Pentecoste em Jerusalém, por isso, não podia ir a Éfeso e dispensar tempo nos problemas lá existentes, por isso, mandou chamar os anciãos para encontrarem-se com ele em Mileto (v.17ss). Veja a função dos profetas e profecias (v.23). No v.28 é evidente que o sangue é o de Cristo Jesus. Haveria heresias externas e internas (v.29-30). Paulo fazia tendas não só para o seu próprio sustento, mas também para outros (v.33-35). As palavras de Jesus mencionadas aqui (v.35) não se encontram em nenhum dos quatro evangelhos, mas isso não indica que não tenha falado! Com certeza Jesus falou. A tristeza tomou conta deles ao ouvir que não veriam mais Paulo. Paulo considera que sua missão foi completa ali (v.26), já que sobre ele pesava a obrigação. O ósculo era muito comum entre os crentes que viviam naquela cultura (v.37). Houve um momento de muita emoção. É possível que no intervalo das duas prisões Paulo tenha visitado Éfeso (v.13-38).
“Como testemunhas da graça de Deus através de Jesus Cristo, não devemos poupar nossas vidas para nós mesmos para o cumprimento de nossa missão e declarar todo o conselho de Deus. Purificando-nos pelo sangue do Filho do Homem, nos fará limpos do sangue dos filhos dos homens.”[21]
Capítulo 21: O retorno de Paulo para Israel
1.Lucas continua com Paulo. Pegaram uma embarcação comercial para a Fenícia. Tiro era o principal porto da Fenícia (v.3). Nada se sabe sobre a Igreja em Tiro. Eles souberam pelo Espírito Santo que Paulo seria preso em Jerusalém e, por isso, tentaram persuadi-lo a não ir para lá[22] (v.4). Também, era comum orarem de joelhos. De alguma forma as filhas solteiras de Filipe exerciam o dom da profecia (v.8-9). Novamente Ágabo profetiza (v.10), agora não profetiza a fome, mas a prisão de Paulo. Jeremias também dramatizou uma profecia (Jr 13.1). Insistiram para Paulo não subir a Jerusalém, inclusive Lucas (v.12). Foi uma demonstração da fraqueza deles, mas também de afeto (v.13), mas Paulo foi maduro como o Senhor Jesus (Mt 16.21-23, Mc 8.31-33). Mnason que estava em Cesareia subiu com eles, pois morava em Jerusalém e iria hospedá-los. O termo “velho discípulo” significa que participou do grupo dos 120 de Atos 1 e 2, que presenciou a descida do Espírito Santo. Os preparativos para viagem referem-se às bagagens. Lembrando que Paulo levava consigo as ofertas para os crentes de Jerusalém (v.1-16).
“[v.4] literalmente, colocar o pé em. Não como em At 20.23. Uma advertência do perigo, mas agora um imperativo, uma ordem.”[23]
“Eles o aconselharam a não ir. Os discípulos pareciam entender que seu impulso profético era para ser uma intimação do Espírito. Paulo, se fosse atento, poderia ter evitado o perigo, não indo a Jerusalém.”[24]
“Parece que a advertência específica de não ir a Jerusalém era uma interpretação humana da profecia do Espírito Santo do perigo que aguardava Paulo, de outra forma seria difícil ver porque Paulo iria contra a direção do Espírito Santo.”[25]
2.Paulo relata alegremente sobre sua viagem (v.20), mas os irmãos levantam um problema: enquanto ele viajava e pregava aos gentios, alguns judeus crentes falavam mal dele, acusando-o de desprezar a lei de Moisés. Tiago sentia-se responsável em desfazer tal confusão (v.22) e sugere o voto do nazireado (v.23). Paulo foi um pacificador (v.17-26).
3.Aqui os judeus incrédulos da Ásia (v.27). Paulo tinha um amigo grego, Trófimo da cidade de Éfeso. Por alguma razão Trófimo estava em Jerusalém. Alguém viu Paulo andando com esse grego na rua. Sabe que o ser humano, em sua maldade, tem um prazer mórbido de prejudicar o seu semelhante inventando histórias. Inventaram a história que Paulo levou o grego para dentro do templo dos judeus. Sabemos que os gentios tinham um limite, por isso, o templo tinha um átrio (espaço) chamado o o Pátio ou Átrio dos gentios, também conhecido como Pátio das mulheres, pois elas também eram limitadas em sua adoração no templo. Sendo assim, com essa calúnia conseguiram arrumar argumentos para prender o apóstolo Paulo recém-chegado de sua viagem missionária (v.27-36). Paulo estava no Templo (v.30), ele queria paz entre a Igreja e os judeus. A polícia do Templo, percebendo o tumulto, fechou as portas. O tumulto chegou aos ouvidos do comandante romano, que é responsável por 1000 soldados. Os judeus se assustaram com a presença de militares romanos e pararam o espancamento. Por precaução, não sabendo do que se tratava, o comandante prendeu Paulo. Isso foi providência divina, pois, certamente o teriam matado. O clamor do povo era idêntico ao caso de Jesus (v.27-36).
4.Cláudio Lísias surpreendeu-se ao ouvir Paulo falar em grego (v.37). Ele próprio não era romano de nascimento (22.27). Josefo menciona esse político radical, aqui chamado de egípcio (v.38). Os sicários eram os seguidores desse egípcio. Ganharam esse apelido por usarem a sicari, uma espécie de adaga. Nas festas populares praticavam o assassinato político[26]. Seria um triunfo para Cláudio Lísias prender esse homem, porém, o preso era Paulo, que se defendeu diante dos judeus, falando em hebraico (v.37-40).
Capítulo 22: A defesa de Paulo
Nesta defesa vemos que Paulo se beneficiou por ser cidadão romano. Todos ouviam sua defesa até ele usar a última palavra: “gentios”. Isso era o estopim para aqueles judeus incendiados de raiva (v.22). Lançar pó ao ar era sinal de ira e desprezo (v.23). O comandante queria saber se Paulo estava escondendo algo, por isso, mandou açoitá-lo para ver se ele confessava (v.24). Naquele tempo era possível comprar a cidadania romana por uma quantia exorbitante, foi o que fez Cláudio Lísias (v.28). Porém, Paulo nasceu livre, isto é, com a cidadania romana. Talvez o pai dele comprou ou algum antepassado de Paulo prestou algum serviço militar elevado, o qual neste caso, foi presenteado bem como seus descendentes. Por nascer em província romana não dava o direito de ser cidadão romano. O comandante soltou Paulo não para o povo, mas para o Sinédrio julgar e dar o retorno para ele (v.1-30).
“A aquisição da cidadania romana era um investimento. Sob os primeiros imperadores romanos a cidadania era obtida por um custo muito alto e com grande dificuldade; mais tarde era vendida por um valor insignificante.”[27]
Capítulo 23: Paulo perante o Sinédrio. A conspiração e o envio para Cesareia
1.O sumo sacerdote mandou bater-lhe por começar a se defender, sem ter recebido a permissão de falar (v.2). Paulo perdeu a paciência (não ofereceu a outra face, v.3). O xingamento “parede branqueada” alude à uma parede caiada para encobrir o trabalho malfeito, em outras palavras quer dizer “hipócrita”. Paulo agiu diferente de Jesus (Mt 23.27), porém, se retratou de sua ira (v.5). Lucas não deu todos os detalhes de tudo o que falavam, não devemos entender que todos os acontecimentos foram seguidos rapidamente, conforme a narrativa (v.6). Quando o julgamento tomou certo rumo, Paulo aproveitou da “guerra doutrinária” que havia dentro do Sinédrio. O comandante viu que a situação se tornara incontrolável e recolheu Paulo (v.10). Esse ânimo veio em hora certa para Paulo (v.1-11).
“O comportamento emocional de Ananias e a réplica precipitada de Paulo, provam a natureza de Adão a qual ambos pertenciam. Embora a graça tenha renovado a mente de Paulo, ainda o corpo não renovado tinha todo o velho homem de pecado nele! Assim disse Paulo e todos os filhos de Deus conhecem, por experiência (Rm 7.23-24).”[28]
2.Os quarenta judeus furiosos (v.12) juraram entre si que veriam Paulo morto. Traçaram até mesmo os detalhes para matar Paulo (v.15). O sobrinho de Paulo teve um papel importantíssimo (v.16). Cláudio Lísias mostrou-se atencioso com o rapaz (v.19). Cláudio Lísias agiu rapidamente (v.23), mandou providenciar um escolta segura para Paulo partir às 22:00 hr (3ª hora da noite). Félix era o procurador da Judeia, morando em Cesareia (v.24). Era corrupto (24.26). Cláudio Lísias relata tudo (v.25-30). Dos 470 acompanhantes de Paulo, somente 70 continuaram. Os 200 lanceiros e os 200 soldados da infantaria voltaram para Jerusalém, pois ali já não havia perigo. Félix recebe a carta, juntamente com Paulo. Resolve não ouvi-lo antes de ouvir os acusadores. Paulo foi guardado no palácio de Herodes (v.12-35).
Capítulo 24: Paulo perante Félix
Os judeus contrataram um orador que estava familiarizado com o linguajar dos tribunais romanos. Ele usa de toda a retórica que os romanos tanto gostavam (v.1-5). Tértulo mentiu para complicar Paulo, pois este nunca profanou o Templo (v.6). Paulo recebe a Palavra para se defender (v.10ss). Paulo não admite que chamem o cristianismo de seita (v.14). Novamente, Paulo menciona a consciência (v.16). O v.17 refere-se às ofertas que Paulo conseguiu na 3ª viagem missionária para ajudar os necessitados em Jerusalém, que eram representantes da nação judaica. Os que acusam Paulo não estavam presentes, são os judeus da Ásia (v.19). Félix tinha conhecimento a respeito do Caminho, pois sua esposa sendo judia, interessava-se por essas questões (v.22). Félix adiou o caso até a vinda de Cláudio Lísias. Paulo não foi maltratado (v.23). Félix ficou amedrontado, pois os romanos são místicos e medrosos a respeito das forças espirituais (v.25). Félix esperava de Paulo algum tipo de suborno (v.26). Paulo ficou dois anos detido por negligência e displicência por parte de Félix, que “engavetou” o caso para agradar os judeus e ser “justo” para com Paulo ao mesmo tempo. Deixou o caso com o seu sucessor, Pórcio Festo (v.27).
“Paulo era um homem pobre, ele não tinha ouro e prata para dar a fim de adquirir sua liberdade; mas Félix sabia que havia os que queriam bem a Paulo, os quais podiam assisti-lo. Ele tinha coletado uma grande soma de dinheiro para os santos pobres. Félix também podia estar esperando que os santos ricos contribuíssem para a libertação de Paulo e é surpreendente que isso não tenha acontecido.”[29]
Capítulo 25: Paulo perante Festo e depois perante o rei Agripa
1.Pórcio Festo assumiu a província (v.1) e fez uma visita cordial às autoridades judaicas para ganhar a simpatia de Israel. Tentaram novamente o plano de dois anos atrás: uma emboscada para matar Paulo (v.2-3). Festo foi sábio e prudente (v.4-5). No tribunal em Cesareia mandou chamar Paulo (v.6). Os judeus não tinham como provar as acusações que faziam (v.7). Paulo se defendeu com poucas palavras (v.8). Embora Festo não visse crime em Paulo, queria assegurar o apoio dos judeus (v.9), semelhante a Pilatos com Jesus. Paulo não teria chance alguma nas mãos dos judeus (v.10), além do mais era proibido devolvê-lo ao tribunal judaico, pois ele veio de lá. Paulo queria a justiça, ainda que fosse a pena de morte contra si mesmo (o que, de fato, aconteceu, porém, injustamente). O “provocatio”[30] era o direito legal de apelar para o César (imperador romano), caso não concorde com o veredicto do magistrado ou governante da província (v.11). Festo era obrigado a atender o prisioneiro (v.1-12).
2.Paulo foi decapitado, conforme a tradição, a mando de Nero, o César, ao qual ele apelou. O filho de Herodes, que matou Tiago, Herodes Agripa II, casado com sua própria irmã (Berenice era meia-irmã, mesmo assim era incesto). A visita era cordial (v.13). Os versículos 14-21 são uma repetição para colocar Agripa a par dos fatos. Agripa se interessou pelo caso (v.22). Havia convidados no tribunal (v.23-25). Festo declarou que não via crime em Paulo. Se Paulo tivesse certeza que Festo o julgaria com justiça, não teria apelado a César (Nero). O governador Festo tinha que preparar um relatório por escrito e os conselhos de Agripa seriam bem-vindos (v.26). O embaraço de Festo: ter que fazer uma acusação formal para César contra Paulo, mas não tinha argumentos. Por que Herodes Agripa II teria? Ele pertencia à raça e religião judaicas, por isso seria capaz de discernir mais especificamente o crime de Paulo (v.13-27).
Capítulo 26: A defesa de Paulo perante o rei Agripa
1.Agripa toma o lugar de Festo como mestre de cerimônias (v.1). Paulo observou as formalidades, estendendo a mão, que é o gesto característico dos oradores. Essas mãos, provavelmente estavam presas em cadeias (v.29). Mormente significa, principalmente (v.3). Agripa estava qualificado para ouvir e entender Paulo. Os versículos 4-23 são repetição do que já sabemos. Para Agripa eram totalmente compreensivas as palavras de Paulo (v.24). Paulo afirma que não está louco (v.25). Para Agripa, aquelas palavras eram conhecidas, pois era conhecedor das Escrituras do Velho Testamento (v.26). O assunto da morte e ressurreição de Jesus “não se passou aí, nalgum recanto...”, isto é, grande parte do mundo soube desses acontecimentos (v.1-26).
“Ele foi o melhor dos fariseus; pois ele ensinado aos pés de Gamaliel, o qual era um rabino eminente da escola de Hillel, o qual era de reputação muito mais alta que a escola de Shamai. Paulo era fariseu e vivia como fariseu. Então, era um acadêmico, um homem de cultura e não um ignorante e iletrado; os fariseus conheciam a lei e eram versados nela e nas exposições tradicionais da lei.”[31]
2.Portanto, a família dele estava bem envolvida sobre os assuntos referentes a Cristo Jesus. Esse verso tem sido mal interpretado, como se Agripa gostou tanto que quase se converteu (v.28). Porém, Agripa usa de sarcasmo contra Paulo, algo assim: “Sei o que está querendo, Paulo, quer que eu me torne cristão.” O sentido é este: “Em tão pouco quer que me torne cristão?” ou “Por tão poucos argumentos quer que eu me torne cristão?” Paulo devolve aquele sarcasmo com seriedade (v.29). Com isso, o relatório foi favorável a Paulo (v.32). Talvez por isso, Paulo foi solto da prisão uma vez, em Roma (v.28-32).
Capítulo 27: Paulo a caminho de Roma. A quarta viagem missionária[32]
1.Júlio era o centurião da coorte augusta (de César), Lucas foi junto (v.1). Não era permitido Lucas e Aristarco viajarem com Paulo como amigos, mas como escravos dele, sim. Adramítio era cidade da Mísia, defronte de Lebos (v.2). Eram raros navios que saiam de Cesareia a Roma sem escalas. Paulo foi bem-tratado (v.3). O navio velejou ao redor da ilha (sota-vento) de Chipre, às costas da Cilícia (v.4). Esse navio estava carregado de cereais (v.6, 38). Ao sul de Creta (v.7). No navio, a maioria era judeus, por isso, o jejum do Dia da Expiação (v.10). O centurião agiu como qualquer um faria: dando ouvidos ao timoneiro e não a um religioso, que era Paulo (v.11). Tinham que achar um porto para passar o inverno, pois nessa estação, o mar Mediterrâneo era inavegável (v.12). Levantaram ferro (âncora, v.13). Euro= grego, vento leste; Áquilo= latim, nordeste. Portanto, um vento nordestino (v.14). Reforçavam o navio com cordas afim de não partir ao meio (v.17). Arriar os aparelhos significa afrouxar as velas. Sirte são bancos de areia, um tipo de movediça. Depois de lançar as mercadorias, lançaram também, a armação, que são os utensílios do navio. Antes de animar, Paulo repreendeu os técnicos da embarcação. O fato de não comerem não era por causa do jejum (pois foi só um dia), mas por falta de apetite, enjoo do mar tão ondulado e desânimo. “Avaria” é o prejuízo de um navio (v.1-21).
“Pela forma do texto grego, é possível que o dono e o capitão da nave fossem a mesma pessoa. Se o navio tinha sido contratado pelo governo, o centurião, como oficial militar, também teria autoridade sobre a navegação.”[33]
2.O Senhor deu certeza para Paulo (v.22-24). Ele deu a todos do barco, não significa salvação de almas, quanto à vida eterna, mas quanto ao naufrágio. Chegaram afinal, a ilha de Malta (ou Melita, v.26). Os marinheiros acostumados ouvem o barulho das águas espraiando na areia, à distância (v.27). Sonda ou prumo é um cabo com um peso na extremidade que serve para medir a profundidade das águas (v.28). Da 1ª vez 20 braças (36 mts); da 2ª vez 15 braças (27 mts). Uma braça corresponde a 1,80m. Alguns marinheiros oportunistas quiseram enganar, mas Paulo denunciou ao centurião a má intenção deles (v.30-31). Os soldados foram exagerados, pois o bote lhes seria útil (v.32). Paulo se tornou (não oficialmente) o comandante do navio (v.33). Quatorze dias sem comer refeição completa, pois, deviam ter “beliscado” algo, pois foi muito esforço físico. Tinham alimento, mas não tinham apetite. Claro que aqui não foi a Ceia do Senhor, pois não eram crentes todos ali presentes (v.35). Eram 276 pessoas; Josefo diz que naufragou certa vez com 600 pessoas num mesmo barco (v.37). É estranho, mas cortaram as cordas das âncoras, v.40 (de fato, quatro âncoras era muito peso, ainda que necessário, mas não tinham muitas alternativas). Suspenderam o leme (que dá direção ao navio), amarrando-os com tiras. A vela da proa era a vela principal. O navio possuía duas velas. Encalharam na baía de São Paulo, que era um banco de areia (v.41). A preocupação dos soldados era matar os prisioneiros para não fugirem e terem que pagar com as próprias vidas. O centurião reconhecia que todos deviam a Paulo (v.43). Cumpriu-se a palavra de Paulo (que era a promessa de Jesus), ninguém morreu (v.44). Salvavam-se com os destroços do navio, os quais faziam parte da popa, que foi desfeita com a força das ondas (v.41) (v.22-44).
Capítulo 28: Os últimos acontecimentos relatados por Lucas no livro de Atos
1.O significado de Malta ou Melita foi verdadeiro para eles, que é “refúgio”. O tufão empurrou o navio 776 Km desde a ilha de Clauda até Malta (27.16). Paulo passou três meses em Malta. O termo Bárbaro era para designar um povo que não era nem romano, nem grego e nem judeu. O equivalente hoje são os índios. Foram hospitaleiros, alguns falavam grego (v.2). Deus tem Seu plano nos “acidentes” (v.3). A concepção de justiça daqueles indígenas (v.4). As presas da cobra ficaram encravados na mão de Paulo (v.5). A cobra era venenosa, pois os habitantes conheciam, com certeza (v.6). O conceito daqueles nativos mudou para o outro extremo. Públio é um nome romano, foi também, muito receptivo (v.7). A cura, bem como o milagre serviram para autenticar o testemunho (v.7,9). O que perderam, antes, ganharam nessa ilha. Desde a chegada, até a partida, foram bem recebidos por aqueles nativos simpáticos e hospitaleiros (v.1-10).
2.O navio Alexandrino carregava cereais do Egito (v.11). O emblema Dióscuros trata-se dos filhos gemêos de Zeus, Castor e Pólux. Paulo ficou sete dias em Potéoli com a permissão do centurião Júlio. Certamente algemado com um guarda, podia visitar amigos (v.14). A praça de Ápio fica a 43 Km de Roma. Três Vendas é uma vila na Via Ápia (v.15).O privilégio de Paulo foi por causa do bom relatório de Festo e de Júlio (v.16). Os soldados se revezavam para guardar Paulo (Fp 1.13). Paulo não podia ir à sinagoga, pois estava preso (v.17). A Esperança de Israel é o Libertador Prometido, o Messias (Paulo o apresenta como Jesus Cristo). Os judeus de Roma não eram tão ferozes contra Paulo como os de Jerusalém (v.22). Paulo marcou conferências com os principais dos judeus, não só para se defender, mas para evangelizá-los (v.23). Alguns creram, mas não todos (v.24), quanto aos que não creram, Paulo citou Isaías 6.9-10. Por causa da rejeição dos judeus, Paulo prega aos gentios (v.28). Paulo morou dois anos numa casa que alugou (v.30). Morava com os guardas (prisão domiciliar). Talvez fosse permitido trabalhar em sua função, assim podia pagar o aluguel. Os da própria família de Nero se converteram (Fp 4.22). O que Paulo sempre desejou era pregar sem impedimento e aqui, preso, consegue isso (v.31). Roma, propriamente, não era contra o cristianismo até aqui, mas o judaísmo radical, sim. Paulo morreu em 67 ou 68 a.D. (v.11-31).
“O livro de Atos narra a história da igreja cristã e sua expansão em círculos cada vez mais amplos tocando a Jerusalém, Antioquia, Éfeso e Roma: as cidades mais influentes do mundo oriental. Atos também mostra os milagres surpreendentes e os testemunhos dos heróis e mártires da igreja primitiva: Pedro, Estevão, Tiago, Paulo. O Espírito Santo impulsionou e levou todo o ministério ao trabalhar na vida de pessoas comuns: comerciantes, viajantes, escravos, carcereiros, líderes de igreja, homens, mulheres, gentios, judeus, ricos, pobres. Muitos heróis desconhecidos da fé continuam os atos do Espírito Santo através de gerações posteriores, tocando o mundo com a mesma mensagem: Cristo Jesus é Senhor e Salvador para todo aquele que lhe segue. Hoje, podemos ser heróis anônimos na continuação da história da difusão do evangelho. É essa mesma mensagem que, como cristãos, devemos levar a nosso mundo, para que muitos mais ouçam e creiam.”[34]
O Espírito Santo em Atos[35]
1.O Espírito Santo é o continuador da obra de Jesus aos discípulos (1:2) 2.Todos os crentes são batizados pelo Espírito Santo (1:5, 2.38) 3.O Espírito Santo é quem capacita para a obra missionária até aos confins da terra (1:8) 4.O Espírito Santo inspirou crentes do passado para dar a Palavra de Deus a nós (1:16, 4.25, 28.25) 5.O Espírito Santo capacitou os discípulos a falarem nas línguas conhecidas dos estrangeiros (2:4) - As línguas eram idiomas conhecidos da época (At 2.11) - As línguas exaltavam a Deus diante dos judeus incrédulos (At 10.46) - As línguas eram o cumprimento da promessa de Jesus aos discípulos (Mc 16.17) - As línguas eram sinal de juízo e não prática da igreja para abençoar os crentes (Is 28.11, 1 Co 14.21-23) 6.O Espírito Santo desceu sobre os primeiros crentes da Igreja e fará isso no final da tribulação, na conversão dos judeus (2:17-18) 7.O Espírito Santo é a promessa do Pai (2:33) 8.O Espírito Santo é quem dá autoridade para o crente falar (4:8, 31, 6.10) 9.É impossível mentir ao Espírito Santo sem ser descoberto (5:3,9) 10.O Espírito Santo é a testemunha de Deus na terra (5:32) 11.O serviço a Deus deve ser realizado por pessoas cheias do Espírito Santo (6:3) 12.Os incrédulos resistem ao Espírito Santo (7:51) 13.O Espírito Santo dá forças e consolo nos momentos difíceis (7:55) 14.Alguns querem imitar o Espírito Santo (8:18-19) 15.O Espírito Santo fez coisas incomuns no início da Igreja. Hoje a Palavra se desloca através dos crentes que lá estão ou que para lá vão (8:39) 16.O crescimento da igreja deve ser dado pelo Espírito Santo e não por métodos (9:31) 17.O próprio Jesus que é Deus fez a obra no poder do Espírito Santo (10:38) 18.Não é o pregador quem convence o público, mas é o Espírito Santo (10:44, 11.15) 19.O Espírito Santo não é de um grupo seleto e restrito (10:45) 20.O batismo é o desejo de quem recebeu o Espírito Santo (10:47) 21.O Espírito Santo dirige o crente para falar de Cristo aos outros (11:12) 22.Não é a igreja quem deve decidir sobre o ministério de alguém, mas o Espírito Santo (13:2,4) 23.O Espírito Santo enche o crente de alegria (13:52) 24.O Espírito Santo não se agrada do legalismo e regras dos homens (15:28) 25.O Espírito Santo é quem deve impedir e dirigir o crente na obra (16:6,7) 26.Na fase de transição, no início da igreja, alguns não tinham recebido o Espírito Santo, pois a Bíblia ainda não estava completa (19:2) 27.O Espírito Santo nem sempre leva o crente para um caminho fácil na obra (20:22-23) 28.O Espírito Santo constitui líderes para a igreja (20:28) 29.O Espírito Santo fala através dos irmãos (21.4,11) 30.O Espírito Santo desmascara a incredulidade (28.25) |
Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 1993
NOTAS ADICIONAIS SOBRE OS CAPÍTULOS 2, 8, 10 E 19 DE ATOS[36]
CAPÍTULO 2
1.Deus queria que o início da Igreja, com a descida do Espírito Santo, fosse um acontecimento único e que todos soubessem que algo incomum estava acontecendo. Isto devia acontecer uma única vez, num local específico, para pessoas específicas, numa época específica.
2.As Escrituras gregas empregam a expressão “lallon glossa” = falar língua, ou seja, falar em idioma. Nunca aparece a expressão “falar em outras línguas” ou “falar em línguas estranhas”.
O propósito específico das línguas: 1)Sinal de juízo para o Israel descrente. 2)Mostrar a inclusão dos gentios na Igreja. 3)Autenticação dos apóstolos. |
3.Naquele dia havia 16 nações representadas. Os 120 galileus sabiam duas línguas: o aramaico e o grego. Porém, o Espírito Santo deu a capacidade para falarem línguas que nunca aprenderam antes e nem depois. Cada um devia falar de uma vez, pois as pessoas de outros lugares entendiam em sua própria língua.
Não foi um milagre de audição, mas de língua, pois o Espírito Santo desceu sobre os 120 galileus que eram crentes e não sobre as 16 nações (15 prosélitas). |
4.Pedro, quando tomou a palavra para dar as explicações do ocorrido, certamente falou em grego para que todos entendessem de uma só vez.
CAPÍTULO 8
1.Os samaritanos não eram totalmente gentios, nem totalmente judeus, mas uma mistura. Eles não foram evangelizados pelos apóstolos, mas por Filipe, um dos sete.
2.No capítulo 2 não diz que houve imposição de mãos para receberem o Espírito Santo e nem no capítulo 10, porém aqui no capítulo 8 houve a imposição das mãos, não por Filipe, mas pelos apóstolos.
3.Aqui houve a subsequência, ou seja, um intervalo entre a conversão e o recebimento do Espírito Santo. As razões para este intervalo são duas:
1ª - Para que os samaritanos reconhecessem a autoridade dos apóstolos (judeus). Samaritanos e judeus tinham rivalidade religiosa. 2ª - Para que os apóstolos (judeus) reconhecessem a inclusão dos samaritanos na Igreja. |
4.Samaritanos e judeus falavam aramaico e grego, portanto, não era necessário o dom de línguas.
CAPÍTULO 10
1.Desta vez os apóstolos não vieram impor as mãos sobre os gentios, nem o próprio Pedro que estava lá fez isto.
2.Pedro foi interrompido em seu sermão e o Espírito Santo desceu sobre os gentios. Isto mostra que o plano da inclusão dos gentios na Igreja foi TOTALMENTE de Deus.
3.O sinal de profecia e língua não foi para os gentios, mas para os judeus crentes, ou seja, para autenticar para os judeus crentes que os gentios também foram incluídos na Igreja.
4.A língua que falaram para que Pedro e os outros judeus entendessem não podia ter sido o grego, pois Cornélio e os outros já falavam. Devia ser o aramaico, pois Cornélio não sabia esse idioma, mas os judeus sim.
CAPÍTULO 19
1.Esses não eram discípulos de Apolo, mas de João Batista (que já havia morrido, porém, seguiam os seus ensinamentos sobre a vinda do Messias. Estavam desinformados, pois criam na Pessoa de Jesus Cristo como se ainda estivesse na terra.
2.Aqui não houve subsequência (pelo menos prolongada), pois não eram crentes. Língua aqui não serviu para impressionar Paulo, mas aos 12 que acabaram de crer, assim estariam convencidos de que não eram mais discípulos de João, mas de Cristo.
3.Que idioma (língua) teriam falado? Possivelmente sabiam o aramaico, pois eram discípulos de João e também o grego que era a língua corrente em todo o mundo da época. Deviam falar um idioma nunca antes aprendido, mas que Paulo entendesse. Talvez o latim.
Notas
- Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ
- A mensagem de Atos, pg. 57 – John R. W. Stott (ABU editora – SP – 1ª ed. 1994)
- Notes on Acts, pg. 43 – At 2.16-21 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
- Comentário Bíblico de Matthew Henry – At 3.12-18 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
- Comentário Bíblico Moody – At 4.13 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
- Novo Comentário da Bíblia – At 5.1-16 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
- Comments on the book of Acts – Leslie M. Grant (biblecentre.org) http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=208 06/09/2019
- Introdução e Comentário (Atos), pg. 128-129 – At 7 – I. Howard Marshall (Ed. Vida Nova e Mundo Cristão – SP – 1ª ed. 1982)
- Knowing God through Acts – At 7.4-8.3 - Martin R. De Haan II (RBC Ministries – Grand Rapids MI – 1991)
- Expositions of Holy Scripture (Atos), pg. 147 – At 9.31 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)
- A Commentary on Acts of the Apostles, pg. 141 – At 10.36-38 - J. W. McGarvey (Logos Research Systems, Inc. – Public Domain, domínio público – 1862 http://www.ccel.org/ccel/mcgarvey/acts.html 06/09/2019
- Comentário Bíblico NVI, pg. 1783 – At 11.18 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)
- O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 244 – At 12.2 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
- Comentário Bíblico Expositivo do NT, vol. 1, pg. 591, At 13 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
- Comentário Bíblico Popular Antigo Testamento, pg. 373 – At 14.4-7 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
- The Preacher's Complete Homiletical Commentary – At 15.1 - Edited by the Rev. Joseph S. Exell - Published in 1892; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Dr. Peter Pett's Commentary At 16.14 - Commentary Series on the Bible - Copyright 2013 (extraído de e-sword versão 12.0.1 – 2019)
- A Popular Commentary on the New Testament, At 17.30 - Edited by Prof. Philip Schaff - Published in 1879-1890; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- The Pulpit Commentary, At 18.4-17 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Word Pictures in the New Testament (A. T. Robertson) – At 19.14 - Published in 1930-1933; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Summarized Bible Complete Summary of the Bible – At 20 – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Conforme o versículo 10 e também por sabermos que Paulo foi chamado para sofrer pelo evangelho, não podemos pensar que a Palavra de Deus está se contradizendo. O Espírito Santo não levaria Paulo para Jerusalém se o próprio Deus não quisesse que ele fosse. A responsabilidade do Espírito Santo aqui foi revelar sobre os sofrimentos, mas tentar impedir foi responsabilidade dos crentes em Tiro.
- Scofield Reference Notes - Scofield Reference Notes (1917 Edition) – At 21.4 - Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921) (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- John Wesley's Explanatory Notes on the Whole Bible – At 21.4 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- David Guzik's Enduring Word Commentary – At 21.4 - Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 467-468 – At 21.37-38 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
- Word Studies in the New Testament – At 22.28 - Marvin R. Vincent, 1886 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – At 23.5 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, At 24.26 (Published in 1706 extraído de e-sword version 12.0.1 - 2019)
- O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 506 – At 25.11 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
- Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, At 26.4-5 (Published in 1706 extraído de e-sword version 12.0.1 - 2019)
- Nos capítulos 27 e 28 há muitas informações técnicas, as quais foram consultadas no O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 524-551 - Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
- Notas da Biblia Reina-Valera – At 27.11 (Biblia Hispanica) (1995) (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – At 28.31 - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
- Pércio Coutinho Pereira, 2015 – com o auxílio das referências cruzadas de Treasury of Scriptural Knowledge by Canne, Browne, Blayney, Scott, e outros por volta de 1880 – extraído de e-sword version 10.3.0 - 2014
- Notas adicionais sobre os capítulos 2, 8, 10 e 19 de Atos - Pércio Coutinho Pereira, 1992
[1] 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ
[2] A mensagem de Atos, pg. 57 – John R. W. Stott (ABU editora – SP – 1ª ed. 1994)
[3] Notes on Acts, pg. 43 – At 2.16-21 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
[4] Comentário Bíblico de Matthew Henry – At 3.12-18 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
[5] Comentário Bíblico Moody – At 4.13 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
[6] Novo Comentário da Bíblia – At 5.1-16 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
[7] Comments on the book of Acts – Leslie M. Grant (biblecentre.org) http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=208 06/09/2019
[8] Introdução e Comentário (Atos), pg. 128-129 – At 7 – I. Howard Marshall (Ed. Vida Nova e Mundo Cristão – SP – 1ª ed. 1982)
[9] Knowing God through Acts – At 7.4-8.3 - Martin R. De Haan II (RBC Ministries – Grand Rapids MI – 1991)
[10] Expositions of Holy Scripture (Atos), pg. 147 – At 9.31 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)
[11] A Commentary on Acts of the Apostles, pg. 141 – At 10.36-38 - J. W. McGarvey (Logos Research Systems, Inc. – Public Domain, domínio público – 1862 http://www.ccel.org/ccel/mcgarvey/acts.html 06/09/2019
[12] Comentário Bíblico NVI, pg. 1783 – At 11.18 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)
[13] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 244 – At 12.2 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
[14] Comentário Bíblico Expositivo do NT, vol. 1, pg. 591, At 13 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
[15] Comentário Bíblico Popular Antigo Testamento, pg. 373 – At 14.4-7 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
[16] The Preacher's Complete Homiletical Commentary – At 15.1 - Edited by the Rev. Joseph S. Exell - Published in 1892; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[17] Dr. Peter Pett's Commentary At 16.14 - Commentary Series on the Bible - Copyright 2013 (extraído de e-sword versão 12.0.1 – 2019)
[18] A Popular Commentary on the New Testament, At 17.30 - Edited by Prof. Philip Schaff - Published in 1879-1890; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[19] The Pulpit Commentary, At 18.4-17 - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. (Published in 1880-1897 extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[20] Word Pictures in the New Testament (A. T. Robertson) – At 19.14 - Published in 1930-1933; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[21] Summarized Bible Complete Summary of the Bible – At 20 – Keith L. Brooks – Copyright 1919 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[22] Conforme o versículo 10 e também por sabermos que Paulo foi chamado para sofrer pelo evangelho, não podemos pensar que a Palavra de Deus está se contradizendo. O Espírito Santo não levaria Paulo para Jerusalém se o próprio Deus não quisesse que ele fosse. A responsabilidade do Espírito Santo aqui foi revelar sobre os sofrimentos, mas tentar impedir foi responsabilidade dos crentes em Tiro.
[23] Scofield Reference Notes - Scofield Reference Notes (1917 Edition) – At 21.4 - Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921) (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[24] John Wesley's Explanatory Notes on the Whole Bible – At 21.4 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[25] David Guzik's Enduring Word Commentary – At 21.4 - Copyright © 2014 by David Guzik and Enduring Word Media (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[26] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 467-468 – At 21.37-38 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
[27] Word Studies in the New Testament – At 22.28 - Marvin R. Vincent, 1886 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[28] Poor Man's Commentary (Robert Hawker) – At 23.5 - Published in 1805; public domain (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[29] Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, At 24.26 (Published in 1706 extraído de e-sword version 12.0.1 - 2019)
[30] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 506 – At 25.11 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
[31] Matthew Henry's Concise Commentary on the Whole Bible, At 26.4-5 (Published in 1706 extraído de e-sword version 12.0.1 - 2019)
[32] Nos capítulos 27 e 28 há muitas informações técnicas, as quais foram consultadas no O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 3, pg. 524-551 - Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
[33] Notas da Biblia Reina-Valera – At 27.11 (Biblia Hispanica) (1995) (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[34] Comentarios de la Biblia del Diario Vivir – At 28.31 - Compilado por Maqui, (a) Rabí Gamaliel, 1997 EDITORIAL CARIBE - Una división de Thomas Nelson - P.O. Box 14100 (extraído de e-sword version 12.0.1 – 2019)
[35] Pércio Coutinho Pereira, 2015 – com o auxílio das referências cruzadas de Treasury of Scriptural Knowledge by Canne, Browne, Blayney, Scott, e outros por volta de 1880 – extraído de e-sword version 10.3.0 - 2014
[36] Notas adicionais sobre os capítulos 2, 8, 10 e 19 de Atos - Pércio Coutinho Pereira, 1992
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