Esdras
Introdução[1]
1.Esdras e Neemias formam um livro na Bíblia hebraica, pois falam de uma história: o retorno do remanescente para Jerusalém e a reconstrução da cidade e da nação. O cativeiro babilônico começou em 606 a.C.. Jerusalém caiu nas mãos do inimigo em 587 a.C. Os babilônicos deportaram muitos do povo entre 606 e 586 a.C., incluindo Daniel e Ezequiel. Jeremias profetizou um período de 70 anos de cativeiro (Jr 25.12-14 e 29.10-14, 2 Cr 36.21); isto abrangeria do começo da invasão em 606 a.C. até o retorno do remanescente em 536 a.C., tempo este em que o altar foi reconstruído e o sacrifício de animais restabelecido. Assim, Esdras e Neemias contam a história do retorno à terra e à cidade, a reconstrução do
Templo e a reconstrução dos muros. O livro de Ester, também, abrange esse período, bem como os livros dos profetas Ageu e Zacarias (ver Esdras 5.1ss).
2.Esdras foi escritor como a maioria dos escritores concordam. Os judeus estimam muito a vida de Esdras como escriba. Alguns dizem que ele copiou toda a lei, visto que esta tinha sido destruída no exílio, bem como muitos livros. Os capítulos 7 a 9 são escritos na primeira pessoa do singular. Os primeiros seis capítulos são escritos com base em registros. Duas passagens são escritas em aramaico (4.8-6.18 e 7.22-26). O aramaico era a língua diplomática da época, o que faz sentido, pois os textos nesse idioma são para cartas e decretos entre a Palestina e a Pérsia.
3.Tomando como certo que o Artaxerxes em 7.1 era o Artaxerxes I Longímano, Esdras chegou em Jerusalém em 457 a.C., o “sétimo ano do rei” (7.8), portanto, doze anos antes de Neemias chegar em Jerusalém. O próprio Esdras escreveria outro livro com o nome de Neemias. O livro de Esdras abrange um período de 80 anos mais ou menos. Na História os acontecimentos no mundo são os seguintes:
1) Idade de ouro da Grécia.
2) Época da vida de Buda (563-483 a.C.)
3) Época da vida de Confúcio (551-479 a.C.).
4.Cronologia
606 - 605 - Os babilônicos iniciam sua invasão e deportação dos prisioneiros. 587 - Jerusalém rende-se ao inimigo. 539 - Babilônia rende-se a Ciro e o Império Medo-Persa tem início. 538 - Ciro permite aos judeus retornarem a Palestina. 536 - Aproximadamente 50 mil judeus retornam; o altar é reconstruído e sacrifícios são oferecidos. 535 - Começa a reconstrução do Templo, mas a obra é interrompida (Esd 4). 520 - Após 15 anos, a obra reinicia-se; Ageu e Zacarias pregam. 515 - O Templo é restaurado e consagrado. 476 - Ester torna-se rainha da Pérsia. 458 - Esdras viaja a Jerusalém (ver Esd 7-10); seguem reformas espirituais. 446 - Neemias enviado a Jerusalém como governador. Reconstrução dos muros. Malaquias, contemporâneo de Neemias profetiza. |
Alguns estudiosos discordam de algumas datas, mas esse pormenor não afeta as lições tiradas desses acontecimentos. Note que Esdras foi para Jerusalém somente 80 anos após Zorobabel começar edificar o Templo.
5.A cronologia dos reis da Pérsia
528-529 Ciro 529-522 Cambises 522-521 Gaumata (pseudo-Smerdis), foi Usurpador. 521-486 Dario I (Histaspes) 486-465 Xerxes I (Assuero) 464-424 Artaxerxes I (Longimano) 424-423 Xerxes II 423-404 Dario II (Nothus) 404-359 Artaxerxes II (Mnémon) 359-338 Artaxerxes III (Ócus) 338-331 Dario III (Codomano) |
Nesta data, o império persa foi derrubado por Alexandre o Grande da Macedônia.
6.Os líderes
ESDRAS 1.Foi um judeu justo e patriota. 2.Um sacerdote e escriba (Esd 7.1-6). 3.Ele foi um estudante das Escrituras e ajudou a restaurar a Lei à terra. 4.Também, foi um homem de oração (8.21-23) e um homem interessado pelo bem-estar de seu povo (9.3-4). 5.Seu nome significa “ajuda”. 6.A fé de Esdras no Senhor é vista pela sua disposição de empreender uma jornada perigosa da Babilônia a Jerusalém, sem escolta militar! |
NEEMIAS 1.Era um oficial na coorte do rei quando Deus o chamou para retornar à cidade de Jerusalém para reconstruir os muros. 2.Ele era o que chamamos hoje de “leigo”, sendo que não tinha nenhum chamado profético ou linhagem sacerdotal. 3.Ele foi promovido de copeiro para governador! |
ZOROBABEL 1.Era um dos líderes antes de Esdras (2.3, 3.8). 2.Seu nome significa “descendente da Babilônia”, mostrando assim que nasceu no Exílio. Alguns dizem que era chamado, também, de Sesbazar, que seria o nome babilônico (1.8,11, 5.16); outros discordam disso, pois em 5.14-16, Sesbazar é referido como alguém que não mais estava vivo, enquanto Zorobabel estava atarefado na edificação do Templo. 3.Seu título oficial era “Tirsata” (2.63) que significa “governador”. 4.Zorobabel era da linhagem real de Davi (1 Cr 3.17-19). 5.Ele serviu de líder político da nação restaurada. |
JOSUÉ Era o sumo-sacerdote nessa época (Ag 1.1,12,14, Zc 3.1-10, Esd 3.2). |
Além desses nomes que foram citados, mais duas personagens foram muito importantes nessa época: os profetas Ageu e Zacarias, os quais animaram o povo quanto à reconstrução do Templo. Note que Esdras NÃO guiou o primeiro grupo de judeus de volta a Jerusalém; isto foi feito por Zorobabel e Josué 80 anos antes. Esdras só “entra em cena” no cap.7 quando guiou o segundo grupo (um grupo menor) à Terra Santa. Esdras permaneceu lá para trabalhar e finalmente juntou-se a Neemias (Nee 8.9, 12.26).
7.Lições
1) Deus tinha prometido cativeiro à nação, caso caísse em desobediência, e Ele cumpriu Sua promessa.
2) Ele também prometeu que um remanescente retornaria (Jr 25.12-14, 29.10-14).
3) Foi a profecia de Jeremias que encorajou Daniel na Babilônia a orar pelo retorno do povo (Dn 9.1ss).
4) Deus preservou uma “lâmpada” em Jerusalém para que seu Filho pudesse nascer através da nação judaica e salvar o mundo.
5) O Salmo 126 relata a alegria de retornarem para a terra, mas nem todos se alegraram. Os mais velhos que lembravam da glória do Templo choravam, como Ageu relata.
8.Judá foi para o cativeiro babilônico e lá ficou por 70 anos. Ciro, o rei da Pérsia derrotou a Babilônia, cumprindo a profecia (Is 14.22, Jer 27.7, Dn 5.28). Isaías profetizou até o regresso dos judeus e até profetizou o nome de Ciro 200 anos antes do nascimento deste (Is 44.28, 45.1-4). Josefo diz que relatou que Daniel mostrou essas profecias a Ciro, este ficou tão impressionado e disposto que publicou o decreto.
9.O livro das tradições dos judeus, o Talmude, coloca Esdras como um dos mais célebres personagens entre os judeus. Cinco grandes feitos são atribuídos a ele:
1) A fundação da “Grande Sinagoga” ou seja, um grande Concílio de 120 pessoas para reorganizar a vida religiosa do povo. Esdras teria sido o presidente. Instituíram escolas de ensino para os judeus, e instituíram a Festa de Purim.
2) O estabelecimento do cânon sagrado.
3) A árdua tarefa de reescrever as Escrituras do hebraico antigo para o novo, com os caracteres assírios (aramaico).
4) A compilação do livro das Crônicas junto com o livro que leva o seu nome e o livro de Neemias.
5) A instituição das sinagogas locais.
10.Israel ou Judá? Israelita ou judeu?
As dez tribos de Israel se perderam no cativeiro assírio; a tribo de Judá retornou em parte para a Judeia. Desta forma, todos ficaram conhecidos por “judeus”, cujo significado é incerto, mas talvez signifique “louvor” da mesma palavra “Judá” (5.5, 6.7). O livro de Ester não faz distinção, nem Jesus, nem Paulo ou Pedro; ora chamando de judeus, ora de israelitas. Tiago, por exemplo, 550 anos mais tarde escreve “às doze tribos que estão espalhadas” (Tg 1.1). Portanto, os judeus que conhecemos hoje são descendentes de todas as tribos de Israel, não só de Judá. Alguns fazem a seguinte distinção: Israelense refere-se à pessoa que nasce em Israel e Israelita refere-se ao descendente de Israel.
11.Esboço simples
I.Restauração nacional com Zorobabel (1-6) II.Reforma espiritual com Esdras ( 7-10) |
Capítulo 1: Um rei do mundo usado por Deus
1.Ciro, o rei da Pérsia foi usado por Deus para liberar o povo de Israel para voltar a Jerusalém e reconstruir a cidade, os muros e o Templo. O coração do rei está nas mãos do Senhor e Ele pode mudar o curso da História quando quiser. Embora Deus dê liberdade para o governo humano agir, algumas vezes Ele interferiu na História com algum propósito específico. Ciro tomou para si a responsabilidade de reconstruir o templo em Jerusalém. O povo de Deus deveria obedecer a Deus através de Ciro. O próprio Ciro e o povo da Pérsia financiariam os custos. Quem diria, o Irã um dia ajudou Israel! (v.1-4).
2.Os líderes de Israel se levantaram para fazer o que estava no coração de Deus. Ele já tinha usado Jeremias para profetizar o cativeiro e o retorno. Tudo o que Judá perdeu no despojo da Babilônia foi devolvido pelo rei Ciro. A honestidade do rei contribuiu para os planos de restauração que Deus estava estabelecendo em Judá (v.5-11).
“Quanto a este eco da história do Êxodo, ver sobre o v. 4. Aquele versículo demonstra também que o termo voluntariamente dado refere-se às dádivas para o Templo propriamente dito, sendo que o restante evidentemente era para os peregrinos. Não havia questão de recusarem este dinheiro dos descrentes; pelo contrário, conforme Ageu 2.7-8 indicaria, uma vez que as coisas preciosas de todas as nações eram do Senhor, estavam às ordens Dele para que Ele os usasse.”[2]
Sonhos realizados (Ed 1) 1.Deus cumpre sua promessa (v.1) 2.Deus usa o rei para o seu propósito (v.2) 3.Deus quer reunir o seu povo (v.3) 4.Deus dará os recursos (v.4) 5.Deus levanta líderes e trabalhadores (v.5) 6.Deus usa a voluntariedade (v.6) 7.Deus faz justiça (v.7) 8.Deus é generoso (v.8-11) |
Capítulo 2: A reintegração do povo em Jerusalém e cidades circunvizinhas
1.Este capítulo registra as famílias que retornaram para Jerusalém. Alguns, evidentemente, jamais viram a terra dos seus pais. Os líderes que os conduziram de volta à terra tiveram bastante trabalho, pois era um trabalho de reestruturação da cidade e das pessoas. A Lei do Senhor estava meio esquecida e sem aplicação, pois estavam longe da terra. Alguns não conseguiam provar que suas famílias pertenciam a Israel. Os supostos sacerdotes que não conseguiam provar sua membresia à família sacerdotal não foram aceitos para ministrar as coisas sagradas. O que poderia resolver esta questão era uma intervenção direta de Deus através do Urim e Tumim, método usado para revelar verdades impossíveis aos homens descobrirem. Sabemos que uma comparação bem prática para nós é que ninguém pode se achegar a Deus, para morar com Ele, se não for o seu filho. Isso se dá por meio da fé em Cristo Jesus, o Filho de Deus. Dessa forma, somos co-herdeiros com Jesus Cristo na família do Pai. Isso não é comprovado com certificado de batismo, rol de membros de uma igreja ou pagamento, mas somente pelo selo do Espírito Santo na vida daquele que creu (v.1-67).
2.Para se construir tudo aquilo novamente eram necessárias ofertas. As pessoas ofertavam voluntariamente. Isso mostra que aqueles que resolveram viver uma vida normal na Babilônia e Pérsia podiam se sustentar através da agricultura e outros ofícios, ganhando tranquilamente o seu sustento para sobreviver. É tão importante quando pessoas sentem que fazem parte de uma comunidade. Ninguém precisa apelar por dinheiro e ajuda, pois o próprio senso de pertencimento faz com que as pessoas voluntariamente ajudem nas necessidades que surgem (v.68-70).
“Que ninguém se queixe dos gastos necessários de sua religião. Busquemos primeiro o reino de Deus, seu favor e sua glória; então, todas as outras coisas nos serão acrescentadas. Suas ofertas nada eram comparadas às da principesca época de Davi; porém, por serem proporcionais à sua capacidade, foram igualmente aceitas por Deus. O Senhor nos conduzirá por todas as tarefas que começarmos conforme a sua vontade, se o objetivo for sua glória e se dependermos de sua ajuda.”[3]
A coragem e ousadia para recomeçar (Ed 2) 1.Para muitos, a coragem de ir para uma terra desconhecida, mesmo sendo dos seus pais (v.1) 2.Para os líderes, a coragem de um trabalho de reestruturação da cidade e das pessoas (v.2) 3.Para os supostos sacerdotes, a ousadia de querer se envolver na obra santa (v.59-63) 4.Para os sacerdotes, a coragem de exercer o ministério sem o Urim e Tumim (v.63) 5.Para os chefes de famílias, a coragem de usar o próprio dinheiro para a reconstrução do Templo (v.68) 6.Para os oficiais dos assuntos do Templo, a coragem de assumir o seu pertencimento à nação (v.70) |
Capítulo 3: A construção do altar e dos alicerces do templo
1.O povo estava como um só homem na cidade. Muito esforço, dificuldades, medo, mas ao mesmo tempo confiança, graças à boa mão de Deus e aos líderes usados por Ele para animar o povo. As primeiras providências foram o estabelecimento provisório nas cidades e construção do altar para, tão logo possível, começarem a adoração ao Deus merecedor de toda adoração. O povo estava temeroso com os povos ao redor, pois conheciam a fama deles e sua idolatria, mas mesmo assim construíram o altar e sacrificavam ao Deus único pela manhã e à tarde. Lembraram do detalhe que Deus exigiu, a festa dos tabernáculos, para recordarem que os seus pais habitaram no deserto em cabanas. A adoração estava em funcionamento perfeito, lembrando-se dos sacrifícios obrigatórios e voluntários. Ainda que não havia ainda os alicerces do templo, o altar era suficiente para adorarem ao Senhor. Nem tudo em nossa vida e projetos são completos, mas podemos fazer o melhor para Deus com aquilo que temos. O povo foi mordomo fiel do rei e usou o dinheiro e os subsídios para edificar o templo (v.1-7).
2.Durante a construção, foi necessário a liderança de pessoas para supervisão da construção. Em todos os projetos comunitários é necessário a supervisão, pois todos começam animados e sinceros, mas com o tempo começa a bater a preguiça, o desvio de verbas e materiais e outras coisas que não gostamos de pensar, por isso, a segurança da supervisão se faz necessário. O povo queria obedecer a Deus e fazer tudo de forma organizada até ao ponto dos sacerdotes e levitas poderem exercer suas funções com vestes, utensílios e infraestrutura. Ao terminar a construção dos alicerces do templo, o povo louvou ao Senhor com alegria, reconhecendo a bondade e o amor de Deus para com eles. De fato, os mais velhos, que conheceram a antiga construção do templo, ficaram um tanto decepcionados e choravam de tristeza. Outros, que jamais viram os alicerces de um templo ao Deus verdadeiro, choraram de alegria. Isso mostra que realidades diferentes causam sensações distintas nas pessoas. A gratidão pelo momento resolve todas essas dificuldades (v.8-13).
“Cinquenta anos tinham se passado desde que o primeiro Templo fora destruído, e muitos dentre os homens mais velhos que o tinham visto choravam agora por causa do triste contraste em tamanho e grandeza de planos. E que contraste era para com o glorioso Templo Milenial profetizado por Ezequiel, os judeus desse período sabiam-no muito bem! Quando o trabalho do segundo templo foi recomeçado em 520 A.C., alguns desses velhos homens choraram novamente (Ageu 2:3).”[4]
O trabalho em equipe para Deus (Ed 3) 1.Todos agiram como se fossem um só homem (v.1) 2.Todos em torno de um só objetivo, a adoração a Deus (v.2) 3.Todos enfrentaram o medo juntos (v.3) 4.Todos agindo com base bíblica (v.4) 5.Todos seguindo uma rotina e não apenas uma emoção momentânea (v.5) 6.Todos serviam a Deus com o que era possível no momento e não com toda a estrutura (v.6) 7.Todos agindo com mordomia diante do rei (v.7) 8.Todos concordando sobre a necessidade de supervisão (v.8-9) 9.Todos num só pensamento e alegria, reconhecendo a bondade e o amor de Deus (v.10-11) 10.Todos choravam, mas nem todos pela mesma razão (v.12-13) |
Capítulo 4: A oposição contra a obra de
Deus
1.Quando a obra do Senhor dá andamento, os inimigos investem contra o povo de Deus. A maneira peculiar como os inimigos abordaram o povo de Deus só pode ser percebida por quem consulta ao Senhor constantemente e, por isso, ganham percepção dos perigos deste mundo. A abordagem não foi agressiva, pelo contrário, foi uma oferta de ajuda por motivos supostamente religiosos como o próprio povo de Deus. Zorobabel e os demais líderes não discutiram argumentos, mas foram pelo caminho mais óbvio e fácil, ou seja, não podemos aceitar a ajuda, pois o rei Ciro incumbiu o povo de Israel para a tarefa. Não era mentira e, ao mesmo tempo, era uma forma de encurtar a conversa. Às vezes, entramos em confusão por explicarmos coisas que não nos perguntaram. Podemos começar pelas explicações mais óbvias e fáceis. Caso o assunto continue, então, sim, podemos ir para os argumentos e ações mais complexas. É um bom conselho para todo líder. Resuma e evite maiores confusões (v.1-3).
2.As pessoas comuns da região também estavam se tornando inimigas do povo, mas foram mais agressivas, tentando desanimar os trabalhadores. Eles até mesmo pagavam arruaceiros para atrapalhar o desenvolvimento da obra. Isso aconteceu do ano 536-520, ou seja, 16 anos[5]. Assuero ou Xerxes. No tempo do sucessor de Ciro, de Dario, de Xerxes (Assuero) e de Artarxerxes (486-424)[6] houve oposição. Isto mostra que o povo de Deus sempre sofrerá oposição dos incrédulos, sendo que alguns serão mais cruéis que outros. Os influentes políticos escreveram ao rei Artarxerxes contra o povo de Israel. O conteúdo da carta pode ser descrito em alguns pontos, como seguem abaixo (v.4-16).
O conteúdo da carta contra o povo de Deus (Ed 4) 1.Estão reconstruindo a cidade (Jerusalém) rebelde e má (v.12) 2.Estão consertando os muros e lançando os alicerces (v.12) 3.Não pagarão impostos e outras taxas e o rei sofrerá prejuízo (v.13) 4.A carta expressa a preocupação bem pelo estar do rei (v.14) 5.o rei deveria pesquisar os registros e conferir que Jerusalém é uma cidade problemática e, por isso, foi destruída (v.15) 6.Se a cidade for reconstruída, o reino perderá o reino no Eufrates (v.16) |
3.O rei fez a pesquisa e, de fato, constatou-se que, na visão dos povos vizinhos a Israel, a nação era um problema muito grande. Para eles, Israel era a nação opressora. Por isso, o rei aceitou os argumentos da carta e mandou impedir a construção. Vemos que se tudo tivesse sido feito da época de Ciro não haveria problema, porém, há tempo para tudo, até mesmo para o povo de Deus sofrer oposição. Mesmo porque, na época de Ciro, não daria tempo de terminar tudo o que precisavam terminar com respeito à reconstrução dos muros, do templo e das cidades (v.17-24).
Capítulo 5: Os empecilhos que a obra de Deus enfrenta
1.Em 538 a.C. Ciro permitiu os judeus voltarem para Palestina (Ed 1.1-3). Dois anos depois (536 a.C.) 50 mil judeus retornaram e reconstruíram o altar para os sacrifícios (Ed 3.1-3). Um ano depois (535 a.C.) começaram a reconstruir o Templo (Ed 3.8-9), mas pararam por proibição do rei Artaxerxes que foi influenciado pelos adversários de Judá (5 homens e 9 povos vindos para Samaria (Ed 4.7-9). Somente 15 anos depois (520 a.C.) recomeçaram a construção do Templo. E é neste contexto que estamos (Ed 4.24).
“Uma evidência expressiva da política de Ciro, quanto à tolerância, está no “Verse Account of Nabonidus[7]“e no “Cyrus Cylinder[8]“ os quais indicam que um dos primeiros atos de Ciro foi devolver os deuses removidos dos santuários por Nabonido. O último documento relata: ‘Eu (também) juntei todos seus (antigos) habitantes e devolvi (a eles) suas habitações.’ Um fragmento do Cilindro de Ciro, identificado em 1970, também declara que Ciro restaurou os muros interiores da Babilônia e os fossos. Escavações em Uruk e Ur revelam que Ciro também fez restaurações nos templos.”[9]
2.A obra de Deus tem como inimigo Satanás. Todas as pessoas usadas para prejudicar a obra de Deus são incentivadas pelo Diabo. A nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra os príncipes das trevas e estes estão nos lugares celestiais. Não no céu, diante de Deus, mas no lugar para onde foram depois de expulsos da Presença de Deus por causa de sua inveja e rebelião. Estes empecilhos que a obra de Deus enfrenta não devem nos desencorajar a prosseguir, mas pelo contrário, devem nos fortalecer, pois não somos maiores do que o Mestre que sofreu tudo isto. Não somos melhores do que os apóstolos que lutaram contra os inimigos da obra de Deus.
3.Pessoas que sentem que o seu território está sendo ameaçado. Isto acontece quando o evangelho entra numa família que não tem Deus como o único e Jesus como o único Salvador. Quando um membro da família se converte os outros ficam preocupados com essa “invasão” de outra religião. Além de Satanás, as pessoas incrédulas reagem quando o evangelho chega de modo claro. Os profetas Ageu e Zacarias incentivam com a Palavra de Deus para que o povo voltasse à obra. Apenas três semanas de incentivo foram suficientes para o povo voltar à construção (v.1, Ag 1.14-15).
4.O governador de Judá, Zorobabel (Sesbazar) e Jesuá (Josué, sumo sacerdote) incentivando com o trabalho. Deus tem levantado obreiros em todo o mundo, usando várias igrejas e diversas agências missionárias para o avanço de Sua obra. O governador de Canaã, Tatenai (Zc 4.7, o “grande monte”). Setar-Bozenai e os companheiros deles. Provavelmente o secretário de Tatenai e toda a comitiva. Queriam saber porque estavam usando materiais que vinham com o dinheiro do tesouro real. Portanto, à primeira vista, Tatenai estava dentro de seu direito como governador de todas as províncias do oeste do Eufrates (v.2-3).
5.Estes homens fizeram duas perguntas: 1ª) Quem permitiu a restauração do templo e dos muros (Ciro)? 2ª) Quem são os responsáveis por aquela construção (Zorobabel e Josué)? As pessoas se sentiam ameaçadas e, por isso, insinuavam que estavam ali sem permissão. Acontece isto quando missionários entram numa cultura para pregar o evangelho. As insinuações são que o evangelho mudará a cultura do povo e isto será prejudicial. Outros insinuam que alguém que nasce numa religião não pode mudar. Mas na Palavra de Deus sempre há os “mas” e os “poréns”. Os olhos de Deus viam toda aquela situação. A obra é de Deus e os homens não podem impedi-la (v.4-5, 9-10).
6.Pessoas que buscam os recursos disponíveis para impedir o avanço da obra. As famílias tentarão de tudo para que os seus membros que abraçaram uma nova fé não avancem, mas que desistam. Os argumentos são os mais absurdos. Alguns preferem, inclusive, que a pessoa se torne um nada na sociedade, mas jamais um crente em Cristo Jesus. Os inimigos queriam impedir a obra de Deus, mas não podiam acusar os Seus servos, pois eram irrepreensíveis. A não ser que as pessoas inventem mentiras não há o que acusar os servos fiéis. A carta continha fatos verdadeiros (v.6-7).
7.Quando os adversários buscarem recursos para impedir o avanço da obra de Deus encontrarão virtudes no Seu povo e, talvez, ficarão até amigos. É bom que as pessoas examinem os crentes. A nossa preocupação deve ser a diligência, isto é, o esforço de lutar pela obra de Deus mais do que por outras coisas (v.8).
8.O crente, por sua vez, deve ter uma resposta sobre as suas práticas e fé. É sempre uma ótima oportunidade para testemunhar do Deus vivo. As pessoas precisam ver se somos convictos daquilo que cremos ou apenas seguimos cegamente alguns líderes (v.11-13).
9.Os crentes devem mostrar fatos e, assim, os incrédulos terão de admitir que estamos certos. O povo de Israel teve até os utensílios recuperados. Nós temos a mudança em nossas vidas. Os familiares que criticam os novos crentes acabarão percebendo a mudança que a fé em Cristo produz em suas vidas. Que os inimigos vasculhem nossa fé e prática. A responsabilidade dos crentes é muito grande, mas ao mesmo tempo simples, pois é só vivermos aquilo que professamos e os recursos dos inimigos serão insuficientes para impedir o avanço da obra de Deus. Na obra de Deus e na vida cristã há empecilhos. As pessoas se sentem ameaçadas e acionam os seus recursos para nos impedir de caminhar em seguir a Cristo. Mas esses empecilhos podem ser afastados através de um bom testemunho de cada crente (v.14-17).
As oportunidades que vêm junto com os empecilhos contra a obra de Deus (Ed 5) 1.Enquanto a obra vai bem, trabalhadores e invejosos se levantam (v.1-4) 2.Enquanto a obra vai bem, o povo de Deus não deve parar (v.5) 3.Enquanto a obra vai bem, até os incrédulos reconhecem a diligência do povo de Deus (v.6-8) 4.Enquanto a obra vai bem, os incrédulos têm a oportunidade de verificar a história e ações do povo de Deus (v.9-17) |
Capítulo 6: A resposta de Deus é a própria defesa para a obra de Deus
1.Na Babilônia não foi achado nada, pois os documentos em rolos ficavam na Média, pois o clima era mais seco que em Babilônia de clima quente e úmido, onde ficavam os documentos em tabuinhas. O documento existia e confirmava, inclusive quanto às despesas que corria por conta do tesouro real. O rei Dario não só confirmou como deu ordens diretas a Tatenai para sair dali para não atrapalhar a reconstrução (v.1-7).
3.O rei Dario acrescentou o seu próprio decreto, tirando dos impostos das províncias de Tatenai, para a continuação da obra. O rei Dario só exigia que os judeus rogassem a Deus por ele. Paulo ordena à Igreja fazer o mesmo pelas autoridades (1 Tm 2.1-4). O rei Dario estava falando muito sério. O costume persa era empalar as vítimas. A história registra que o rei Dario empalou 3.000 babilônios depois de invadir a cidade (v.8-12).
4.Os homens maus dobraram-se sob a mão do rei. Os homens de Deus serviram a Deus livremente. Artaxerxes entrou em cena somente 70 anos mais tarde. A glória foi de Deus e a alegria de seus servos. Deus foi glorificado com sacrifícios e o povo se santificou. É verdade que por ocasião da dedicação do Templo de Salomão, o número de sacrifícios foi 200 vezes mais, mas o povo era maior. Deus mostrou mais uma vez que é Soberano (Pv 21.1). “Rei da Assíria”. Dario é rei da Pérsia, mas dominou sobre a Assíria. Assim como Ciro era rei da Pérsia, mas foi considerado rei da Babilônia. Na obra de Deus, homens de Deus se levantam para servi-Lo. Na obra de Deus, homens maus usados por Satanás se levantam para atrapalhar a obra e os servos de Deus. Neste conflito entre homens maus e homens de Deus cada qual busca o seu próprio recurso. Nesta guerra, Deus responde para a Sua própria glória (v.13-22).
“Comparado à dedicação do primeiro templo, este era muito modesto. Salomão tinha oferecido 200 vezes mais animais. Os judeus ofereceram uma oferta pelo pecado, a qual envolvia o sacrifício de um bode para cada uma das doze tribos (v.17). A referência ao número das tribos de Israel sendo doze mostra que nenhuma das tribos foram ‘perdidas’ durante o cativeiro, como alguns atualmente dizem. O povo ainda é considerado a nação de doze tribos, chamada ‘Israel’ (2.2,59)”.[10]
A resposta de Deus é a única defesa do crente (Ed 6) 1.A carta-resposta com os simples fatos (v.1-5) 2.A resposta de Deus aos homens maus (v.6-7) 3.A resposta de Deus aos homens de Deus (v.8-12) 4.A resposta de Deus resulta em Sua própria glória (v.13-22) |
Reedifique a casa - restaure o lar (Ed 6) 1.Reerga o seu lar com fundamento firme (v.1-3) 2.Coloque na conta do rei (v.4) 3.Resgate tudo o que é direito para o lar cristão (v.5) 4.Não se preocupe com os inimigos (6-7) 5.Use os recursos disponíveis (8-10) 6.Reedifique o lar ou deixe desmoronar (v.11-12) 7.Tome por base e incentivo a Palavra de Deus (v.13-15) 8.Agradeça a Deus com alegria pela reedificação (v.16-17) 9.Faça a manutenção diária para não cair novamente (v.18) 10.Purifique o seu lar com o sangue do Cordeiro (v.19-22) |
Capítulo 7: Quando Deus move o coração do rei
1.Esdras fez parte de todo o processo da liberação do povo de volta para a terra de Israel. Ele era muito capacitado por Deus academicamente, mas também era piedoso para com a obra do Senhor. São qualidades difíceis de encontrar nos obreiros. Alguns são muito capacitados, mas pouco piedosos e outros são piedosos, mas falta-lhes alguns recursos acadêmicos. Esdras não foi para Israel despreparado, mas acompanhado de servos de Deus também capacitados para a obra de reintegração do povo. Deus abençoou Esdras, mas note que ele tinha algumas motivações no coração, as quais eram buscar a Lei de Deus, cumpri-la e ensinar ao povo (v.1-10).
“Esdras chegou em Jerusalém ‘no sétimo ano do rei Artarxerxes’ (Ed 7.7). Os dados são baseados no cálculo do reinado de Artarxerxes. Isto significa que Esdras e Neemias foram contemporâneos por aproximadamente quatro anos e meio (de 458 a 454) no máximo, mas mais provavelmente por apenas um ano, o ano da visita de Esdras a Jerusalém. Em 454, o governo de doze anos de Neemias chegou ao fim e ele retornou a Susã.”[11]
2.Artarxerxes deu todo o apoio para Esdras ir para Israel e levar quem ele quisesse consigo. O rei também estava devolvendo os bens pertencentes ao templo. A adoração faz parte da história do povo de Israel e, por isso, o rei, compreendo isso, incentivou Esdras a usar as ofertas voluntárias do povo para instituir os cultos que há muito não realizavam. O rei não poupou dos seus tesouros para financiar todo o projeto de reconstrução da cidade de Jerusalém e do templo. É claro que o rei estabeleceu um teto, e por isso, Esdras e toda a sua equipe precisariam administrar muito bem todo o dinheiro recebido. A ira de Deus já se tornara conhecida na terra da Babilônia e Pérsia. O rei não queria ser alvo da ira de Deus. O cativeiro poderia envergonhar Deus e sua obra, mas em vez disso, exaltou a Sua justiça. Os servos de Deus que trabalhariam na Casa de Deus ficaram isentos de quaisquer taxas, impostos e pedágios. O rei incentivou Esdras a estabelecer um governo dentre o povo de Israel e mecanismos para que todo o povo aprendesse a Lei de Deus, fazendo desse assunto uma prioridade sob penas severas, caso houvesse desrespeito. Esdras louvou a Deus pelo modo como as coisas foram se desenhando a favor do povo de Deus (v.11-28).
As mudanças rumo à vitória (Ed 7) 1.As mudanças para a vitória são por causa da boa mão de Deus (v.1-6) 2.As mudanças para a vitória são conduzidas por servos preparados (v.7) 3.As mudanças para a vitória requerem sair do lugar (v.8-9) 4.As mudanças para a vitória são baseadas na Palavra de Deus (v.10) 5.As mudanças para a vitória são abençoadas por Deus usando até incrédulos (v.11-14) 6.As mudanças para a vitória são supridas por Deus (v.15-24) 7.As mudanças para a vitória são baseadas na sabedoria e disciplina de Deus (v.25-26) 8.As mudanças para a vitória animam o coração do servo de Deus (v.27-28) |
Capítulo 8: Preparativos, viagem e chegada em Jerusalém
1.Os preparativos foram feitos, mas Esdras queria ter certeza de que tudo estava certo. Ao fazer a chamada dos chefes das famílias do povo, Esdras notou que faltavam os da família de Levi. Eles eram muito importantes para este projeto de retorno à terra da promessa, pois eram os homens que cuidavam dos assuntos relacionados à adoração. Às vezes, temos técnica nos assuntos, recursos financeiros, pessoas, mas não temos uma estrutura espiritual que nos dê condições de dar sequência aos planos de Deus para nossa vida (v.1-15).
2.Esdras providenciou para que buscassem os ministros do templo que estavam faltando. Trouxeram homens que serviriam nas coisas sagradas, uns 200 homens. Deus providenciou dentre eles um homem sábio chamado Serebias. Em todo o projeto para o Senhor, precisamos de homens sábios. Não são necessários muitos deles, pois um homem sábio, dirigido por Deus, dirige uma multidão. A expressão “segundo a boa mão de Deus” é sempre repetida neste livro o que nos faz lembrar que dependemos do Senhor para tudo o que fazemos (v.16-20).
3.Mesmo que a boa mão de Deus estivesse acompanhando todo o projeto de Esdras e do povo de Israel, a oração não era dispensada. Deus trabalha por Sua misericórdia para com os Seus filhos, mas também dá o privilégio de participarmos através da oração a qual mostra nossa dependência Dele. É bem curioso o constrangimento de Esdras. O rei havia fornecido tudo o que precisavam e deixou Esdras à vontade para pedir mais o que fosse para realizar a empreitada. Esdras sabia que haveria inimigos pelo caminho e até saqueadores, pois era um povo andando pelo deserto cheio de bens valiosos. Não seria nenhum exagero pedir uma escolta armada, pois afinal de contas, o dinheiro daquele projeto vinha dos tesouros reais. No entanto, Esdras já testemunhara ao rei que o Senhor os protegeria em tudo. Quando nos propomos a realizar a obra do Senhor, devemos também confiar que Ele fará tudo e suprirá todas as necessidades. Insistir e apelar às pessoas que nos ajudarem com recursos enfraquece a nossa confiança e mancha o nosso testemunho. Deus usa as pessoas, mas o nosso pedido não é a elas e sim a Deus. Esdras e o povo pediram ao Senhor por um exército para protegê-los e o Senhor atendeu usando o rei (v.21-23).
“Os servos de Deus têm Seu poder empenhado por eles. Aquele que confiam em Deus se envergonham em buscar a criatura para proteção. Ao levar adiante as ordens de Deus, estamos seguros debaixo da sombra de Suas asas.”[12]
4.Esdras fez a separação dos bens corretamente para os homens corretos. Quando a obra de Deus é realizada pelas pessoas corretas e de modo correto, o resultado será ordem. Cada um que recebeu os tesouros devia cuidar como bom mordomo, pois era o dinheiro da Casa do Senhor (v.24-30).
5.O povo partiu e, de fato, houve inimigos armando ciladas contra o povo, mas o Senhor protegeu o povo o qual chegou em segurança em Jerusalém. Todos os tesouros foram conferidos, pesados e registrados. As ofertas foram apresentadas diante do Senhor, isto é, os holocaustos. Os súditos do rei ajudaram na construção da Casa do Senhor (v.31-36).
Abraçando o projeto de Deus (Ed 8) 1.Todos precisam abraçar os projetos de Deus (v.1-15) 2.O povo precisa abraçar os homens sábios que Deus levanta para o Seu projeto (v.16-20) 3.Deus abraça os Seus servos com Suas asas de proteção para realizarem o Seu projeto (v.21-23) 4.Cada um deve abraçar a sua parte do projeto de Deus (v.24-30) 5.O projeto de Deus deve ser abraçado até o final (v.31-36) |
Capítulo 9: Os casamentos mistos
1.Tudo parecia estar indo muito bem. O rei financiando a viagem, os materiais e a obra, a boa mão de Deus guiando Esdras e os líderes, o povo abraçando a obra e os inimigos sendo vencidos pelo Senhor. No entanto, o problema era interno. O próprio povo que devia se afastar do mal, da idolatria e dos casamentos mistos, isto é, misturados com os povos idólatras, estava perigosamente formando alianças através dos casamentos com os povos vizinhos. Os próprios líderes não estavam dando bom exemplo. Alguns, hoje, acham normal um crente em Cristo casar-se com alguém que adora ídolos, não crê na Bíblia e crê na salvação por obras. Se isto estiver acontecendo, não somos diferentes daquele povo nos dias de Esdras (v.1-2).
2.Esdras ficou indignado e mostrou isso através das expressões externas da época (rasgar as vestes e desgrenhar os cabelos e barba). Será que hoje estamos indignados com a normalidade que, infelizmente, há na mente de alguns crentes a respeito da não separação do mundo? Esdras ficou sem palavras, enquanto outros o acompanharam na indignação. Esdras se humilhou diante de Deus, confuso e humilhado. Esdras reconhecia a disciplina de Deus, mas também a Sua graça de tirá-los do cativeiro. Agora, o ciclo estava retornando muito rápido, ou seja, praticamente nem entraram na terra e já estão se contaminando. Esdras achava que o povo não merecia a graça, mas também achava que merecia a punição. Ele não fez mais nada, senão estar diante do Deus misericordioso (v.3-15).
“O favor dos reis da Pérsia cujos editos eram sua segurança contra todos os inimigos com os quais estavam cercados: e a graciosa providência de Deus, a qual os tinha plantado em sua própria terra, e cuidado deles em todo o tempo.”[13]
Reincidência na desobediência (Ed 9) 1.A reincidência vem após grandes vitórias (v.1, “acabadas estas coisas”) 2.A reincidência vem até mesmo dos líderes (v.1-2) 3.A reincidência deixa os fiéis atônitos (v.3-4) 4.A reincidência deixa os fiéis confusos e envergonhados (v.5-6) 5.A reincidência é um desrespeito à graça de Deus (v.7-9) 6.A reincidência nunca é inocente, mas sempre deliberada (v.10-12) 7.A reincidência depende somente da misericórdia de Deus (v.13-15) |
Capítulo 10: Os casamentos mistos e a consequência para a nação
1.Esdras era um homem muito piedoso que amava profundamente a Deus, a Sua Palavra e ao povo. Ele não era apenas severo com o povo, mas incluía-se nos pecados da nação. Se a situação chegou até aquele ponto é porque todos pecaram contra o Senhor. A piedade foi esquecida e o humanismo cresceu até anularem Deus de suas vidas e ficarem apenas com os rituais. Os próprios infratores foram tocados pela comoção de Esdras e da nação. Eles confessaram seu pecado e tinham esperança que tudo fosse selecionado, não sem muita dor e decepção. Resolveram se reconciliar com Deus, despedindo as mulheres tomadas das nações vizinhas. Os próprios pecadores, agora arrependidos, animaram Esdras para liderar o assunto (v.1-4).
2.Houve um termo de compromisso para que tudo fosse formalizado. Mesmo assim, Esdras não confiou nos homens, pois isso é humanismo. Ele era piedoso e confiava em Deus, por isso, se isolou em oração. Todos os planos, termo de compromisso, juramento, promessa dos homens poderiam ser quebrados a qualquer momento, pois é assim que o homem é. Foi dado um prazo de três dias para que a nação se reunisse em Jerusalém para tratar daquele essencial. Às vezes, é necessário parar tudo o que estamos fazendo para resolver questões que decidirão o futuro do nosso lar, igreja, trabalho, escola, nação. Duas situações eram assustadoras naqueles dias: a decisão de Esdras e as grandes chuvas (v.5-9).
3.Esdras não teve que rodear para chegar no assunto principal que era a desobediência nacional de terem feito alianças com os povos vizinhos, os quais não eram tementes a Deus. Os casamentos causaram problema grande demais para ser ignorado. Tudo estaria perdido sem mesmo ter começado direito. As medidas a seguir são por demais exageradas para os nossos dias, mas precisamos entender que aqueles casamentos não eram baseados nem sempre no amor, mas em interesses mútuos. Eram alianças políticas. Romper aqueles casamentos era o mesmo que romper alianças entre lideranças. Os povos vizinhos temiam Israel, pois a fama do passado chegou com toda a força com a libertação do cativeiro (v.10-11).
4.Embora o assunto fosse de importância primordial e todos concordavam, não dava para resolver rapidamente e no mesmo local, devido a quantidade de homens casados com mulheres estrangeiras. As chuvas em abundância atrapalhariam as viagens dessas mulheres de volta para suas famílias. A mobilização era enorme e, por isso, a necessidade de se resolver a questão regionalmente sob a direção das lideranças locais da nação. É claro que em situações assim sempre há os que apoiam e os contrários. Esdras assumiu a liderança do impasse e resolveu estabelecer tribunais dentre as tribos. Todo o processo de separação demorou 3 meses. O acordo todo foi feito e sacrifícios foram oferecidos, pois a ofensa toda foi contra Deus e Sua Palavra. Alguns tiveram filhos dessas mulheres, o que indica que nem saíram do cativeiro e já estavam se amoldando aos padrões da terra de Canaã novamente (v.12-44).
“Assim, quanto mais profundamente afastados do Senhor e mais frutos houver desse afastamento, mais profunda a dor será. É sempre assim. Ainda que aqui vemos que a graça de Deus é igual em cada dificuldade… Que o Senhor nos encontre fiéis; mas fidelidade em dias como este, jamais pode ser separada de uma prontidão de ver onde estamos errados e… disposição, através de um coração submisso à Palavra de Deus... e que Deus nos dê graça para sermos verdadeiros à Sua própria Palavra. Amém.[14]
O zelo e a dor pela obra de Deus (Ed 10) 1.O zelo faz chorar (v.1) 2.O zelo traz esperança (v.2) 3.O zelo obedece, mesmo com dor (v.3) 4.O zelo exige força e ação (v.4) 5.O zelo é selado por compromisso (v.5) 6.O zelo leva à solitude (v.6) 7.O zelo arrebanha outros (v.7) 8.O zelo tem pressa (v.8) 9.O zelo faz tremer (v.9) 10.O zelo vai direto ao assunto (v.10) 11.O zelo se separa do mal (v.11) 12.O zelo concorda com o bem (v.12) 13.O zelo faz grandes mudanças (v.13) 14.O zelo precisa ser coordenado (v.14) 15.O zelo incita os contrários (v.15) 16.O zelo é conduzido por líderes (v.16) 17.O zelo conclui os assuntos (v.17-19) 18.O zelo pode causar muita dor (v.44) |
As mudanças no livro de Esdras 1.Do cativeiro para a edificação da Casa do Senhor (1.3) 2.De tributário para ofertante (2.68) 3.Da tristeza para o louvor (3.11 veja Sl 137) 4.Da atividade para o descanso forçado (4.23-24) 5.Da inatividade para o trabalho (5.17) 6.Do projeto para a conclusão (6.14-15) 7.De oprimido para motivado (7.27-28) 8.Da escassez de obreiros para a abundância de servos de Deus (8.15-20) 9.Do pecado para a confissão (9.15, 10.1) 10.Da confissão para o abandono do pecado (10.19) |
Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 2015
Notas
1. Introdução
1) Explore the book - J.Sidlow Baxter
2) Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr
3) Manual Bíblico - H.H.Halley
4) Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears
5) Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray
6) Análise Bíblica Elementar - James M.Gray
7) O livro dos livros - H.I.Hester
8) Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira
9) A História de Israel - Samuel J.Schultz
10) Através da Bíblia - Myer Pearlman
11) Introdução ao Velho Testamento - H.E.Alexander
12) De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs
13) O Novo Dicionário da Bíblia
14) Bíblia anotada pelo Dr. Scofield
15) Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wiersbe
16) A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders
17) Comentários da Bíblia Vida Nova
2. Introdução e Comentário Esdras e Neemias, pg. 35 – Derek Kidner (Série Cultura Bíblica – Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão – São Paulo – SP – 1ª ed. 1985)
3. Comentário Bíblico de Matthew Henry pg.3 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
4. Comentário Bíblico Moody – Esdras pg. 9 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
5. Novo Comentário da Bíblia - Esdras pg.11 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
6. Ibid, pg. 11
7. Crônica de Nabonido
8. Cilindro de Ciro
9. Archaeological Backgrounds of the Exilic and Postexilic Era - Part III: The Archaeological Background of Ezra - Edwin M. Yamauchi, pg. 200 (Bibliotheca Sacra - July-September 1980)
10. Notes on Ezra Dr. Thomas L. Constable, pg. 20-30 (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
11. Was Nehemiah Contemporary with Ezra in 458 BC? - Leslie McFall (Copyright 1997 by Westminster Theological Seminary and Galaxie Software)
12. Complete Summary of the Bible - Keith L. Brooks (1919 extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)
13. John Wesley's Explanatory Notes on the Whole Bible (extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)
14. Kelly Commentary on Books of the Bible (extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)
[1] 1.Explore the book - J.Sidlow Baxter
2.Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr
3.Manual Bíblico - H.H.Halley
4.Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears
5.Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray
6.Análise Bíblica Elementar - James M.Gray
7.O livro dos livros - H.I.Hester
8.Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira
9.A História de Israel - Samuel J.Schultz
10.Através da Bíblia - Myer Pearlman
11.Introdução ao Velho Testamento - H.E.Alexander
12.De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs
13.O Novo Dicionário da Bíblia
14.Bíblia anotada pelo Dr. Scofield
15.Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wiersbe
16.A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders
17.Comentários da Bíblia Vida Nova
[2]Introdução e Comentário Esdras e Neemias, pg. 35 – Derek Kidner (Série Cultura Bíblica – Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão – São Paulo – SP – 1ª ed. 1985)
[3] Comentário Bíblico de Matthew Henry pg.3 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)
[4] Comentário Bíblico Moody – Esdras pg. 9 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
[5] Novo Comentário da Bíblia - Esdras pg.11 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
[6] Ibid, pg. 11
[7] Crônica de Nabonido
[8] Cilindro de Ciro
[9] Archaeological Backgrounds of the Exilic and Postexilic Era - Part III: The Archaeological Background of Ezra - Edwin M. Yamauchi, pg. 200 (Bibliotheca Sacra - July-September 1980)
[10] Notes on Ezra Dr. Thomas L. Constable, pg. 20-30 (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
[11] Was Nehemiah Contemporary with Ezra in 458 BC? - Leslie McFall (Copyright 1997 by Westminster Theological Seminary and Galaxie Software)
[12] Complete Summary of the Bible - Keith L. Brooks (1919 extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)
[13] John Wesley's Explanatory Notes on the Whole Bible (extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)
[14] Kelly Commentary on Books of the Bible (extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)
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