23 Eclesiastes

 Eclesiastes

 

Introdução[1]

1.Nenhum nome de autor é mencionado no livro de Eclesiastes. A antiga tradição judaica diz que o rei Salomão é o autor deste livro. O escritor deste livro se apresenta como o filho de Davi e rei em Jerusalém (1.1,12). No versículo 16 do capítulo 1 ele fala de sua grande sabedoria a qual está de acordo com 1 Reis 3.12, 4.2ss e 10.1. Em 12.9 o escritor menciona que ele colocou em ordem muitos provérbios. Isto se refere a Salomão (veja 1 Reis 4.32, Provérbios 1.1). Várias expressões em Eclesiastes indicam que Salomão escreveu o livro em idade avançada (Eclesiastes 1.12, 2.11, 11.9, 12.7). O autor repensa sua longa vida, seus pensamentos e obras, fazendo advertência aos jovens e apontando à

velhice. O rei Salomão governou por volta de 970-931 a.C. O livro de Eclesiastes deve ter sido escrito no final desse período.[2]

 

2.Eclesiastes pertence à última parte da Bíblia hebraica, os “escritos” (ketubim) e aos cinco rolos (megillot), o qual é lido na festa dos tabernáculos. A palavra vaidade” aparece 37 vezes neste livro e corresponde à palavra “hevel” em hebraico. O nome Abel vem dessa raiz e significa “vaidade”, “insatisfação”, provavelmente porque o pecado entrou no mundo e os pais estavam insatisfeitos. A expressão “debaixo do sol” aparece 29 vezes e enfatiza o ponto de vista do homem caído sobre a vida na terra. Faz-nos lembrar das consequências da queda (Gênesis 3.17-19). Qual é a melhor maneira de gastar a vida para o ser humano? As respostas à essa pergunta são dadas neste livro de acordo com o ponto de vista humano, por isso, dão a impressão que o autor está longe da verdade divina. Algumas dessas falsas conclusões podem ser encontradas em Eclesiastes 3.19-22, 7.16-17, 8.15, 9.6,10. O leitor pode ficar surpreso como tais coisas possam estar escritas na Palavra de Deus. Os argumentos não são revelação divina, no entanto, foram acrescentados à Bíblia pela inspiração divina. As experiências e pensamentos de Salomão são registrados como discursos de um homem desapontado com a vida. É por isso que o livro de Eclesiastes tem sido considerado um livro pessimista e cético. De fato, não encontramos neste livro nenhuma palavra de louvor a Deus e nada sobre a graça e redenção. Não aparece o nome Jeová, mas Elohim mais de 40 vezes. O ensino direto de Deus sobre o homem aparece somente em 12.11-14. As palavras finais podem ser consideradas uma introdução ao livro de Provérbios, embora este preceda o livro de Eclesiastes. Provérbios é um passo a mais nos assuntos espirituais. Eclesiastes é um dos poucos livros do Velho Testamento que não faz referência ao Novo Testamento, embora haja muitos pensamentos paralelos (Eclesiastes 5.1 com Mateus 6.7, Eclesiastes 12.14 com 2 Coríntios 5.10 e Eclesiastes 7.9 com Tiago 1.19).[3]

 

 3.O título “pregador” é a tradução da palavra hebraica “qohelet” (Coelet) que vem da palavra “qahal” que significa “reunir”, “juntar” (1.1,2,12, 7.27, 12.8-10). Essa palavra não aparece em nenhum outro lugar da Bíblia. Os tradutores da Septuaginta traduziram para Eclesiastes (que vem de Eclesia, assembleia ou igreja). Lutero foi o primeiro a traduzir como “pregador”. O significado tem sido questionado. O ajuntamento (Eclesiastes) dá a ideia de que a sabedoria era pública e acessível a todos os homens. Talvez seja essa a ideia do livro. Sobre o nome Jeová que não aparece no livro e sim Elohim (40 vezes), podemos estudar o Pentateuco e os Salmos para ver que o nome Elohim mostra Deus em Sua soberania e onipotência como Criador. Jeová é o nome de Deus que mostra Sua graça e relacionamento com os homens e, especialmente, mostra sua aliança com o povo de Israel. O fato do nome Jeová não aparecer em Eclesiastes é um sinal de que o tema não é homem em um relacionamento de fé com Deus, antes, mostra que o tema trata do ser humano diante do Deus Criador a quem deverá prestar contas (Eclesiastes 11.9, 12.1).[4]

 

4.Eclesiastes não é uma palavra hebraica. Vem do grego ekklesia, que em o NT é traduzida como igreja ou assembleia. O sentido pode ser, também, de um pregador falando a uma assembleia (1.1-2, 12.8-10). O título hebraico é koheleth que significa “professor” ou “pregador”.

 

5.Salomão é tido como o autor (1.1-2,12). Ele era conhecido por sua sabedoria, bem como por sua riqueza. Nenhum rei do VT descreve melhor a situação desse livro. A data em que foi escrito: possivelmente cerca de 975 a.C.  Este livro passou a ser lido todas às vezes em que os judeus se reuniam para a Festa dos Tabernáculos.

 

6.O tema está em 1.1-3 e pode ser expressado com a seguinte pergunta: “a vida é realmente digna de ser vivida?” Salomão vê a vida cheia de contradições e mistérios e pergunta para si mesmo se vale a pena viver esse “labutar sem fim”. O homem luta a vida toda, depois morre! Alguém, menos digno do que este, herda toda a sua riqueza e gasta! O pregador chega à conclusão que o melhor a fazer é gozar as bênçãos de Deus hoje, temer a Deus e guardar a Sua Palavra. Note que nós temos a luz do NT em 1 Co 15.58 e “sabemos que o nosso trabalho não é em vão, no Senhor”.

 

7.Note algumas palavras ou expressões que se destacam em Eclesiastes:

Homem (47 vezes), Trabalho (36), “Debaixo do sol” (30), Vaidade (37), Sábio ou sabedoria (52), Mal (22).

 

8.Salomão está questionando sobre o que ele vê e conhece “debaixo do sol”. Se pararmos em Eclesiastes com o ponto de vista humano de Salomão estaremos em “sombra de dúvidas”. Os versículos desse livro não devem ser usados a esmo, sem a correta interpretação do contexto da vida que Salomão levou longe de Deus. Só no último capítulo lemos o ponto de vista correto, quando Salomão se arrependeu de sua obstinação e idolatria. O livro não é pessimista como muitos pensam, mas é demasiadamente honesto, pois o sentimento interior de um homem andando sob sua própria perspectiva de vida não pode ser melhor do que o livro retrata. O pregador coloca em palavras aquilo que ninguém jamais ousou fazer, pois isso derrubaria o seu “maravilhoso castelo de engano”.

 

9.Problemas

1) PRIMEIRO PROBLEMA: Eclesiastes ensina que o homem morre como os animais e que não há vida após a morte? NÃO! Leia cuidadosamente 2.14-16, 3.16-22, 6.1-6, 7.2-4, 9.1-4. Note que Salomão crê na vida após a morte. Em 3.17 ele menciona um julgamento e, também, em 11.9 e 12.14. Se não há vida após a morte, como haverá um julgamento futuro? A única semelhança entre os homens e as feras, referente à morte, é que ambos vão para o mesmo lugar: o pó da terra. Mas, que o espírito do homem volta a Deus para salvação ou condenação, é verdade (v.21 e 12.7). Salomão não teve toda a revelação de Deus concernente à vida, morte, ressurreição e julgamento, no entanto, ele não contradiz os ensinos do NT.

 

2) SEGUNDO PROBLEMA: Eclesiastes ensina “comer, beber e alegrar-se” de modo irresponsável? NÃO! Eclesiastes ensina que devemos receber as bênçãos de Deus e alegrarmo-nos enquanto pudermos. Cada passagem sobre “alegria” é balanceada com textos sobre “morte”.

 

Alegria

Morte

2.12-23

2.24-26

3.16-21

3.12-15,22

6.1-7

5.18-20

9.1-4

8.15-17

 

Salomão está dizendo algo assim: “Por causa da brevidade da vida e a certeza da morte, alegre-se com as bênçãos de Deus, com os frutos de seu trabalho, hoje. Use essas bênçãos para a glória de Deus”. O pensamento do pregador concorda com o ensino de Paulo em 1 Tm 6.17. Salomão não está aconselhando à prática da luxúria, bebedice, glutonaria, etc., antes está-nos aconselhando a apreciar a vida e suas bênçãos enquanto podemos, pois ele mesmo não aproveitou melhor as bênçãos de Deus.

 

3) TERCEIRO PROBLEMA: As verdades não são apresentadas todas de uma vez. Isto necessariamente não é um problema, mas quando se trata de quebrar um pensamento para muitos se torna um grande problema, principalmente quando a pessoa não é paciente para firmar princípios, querendo ter respostas para tudo de uma só vez. A Bíblia, de modo geral, revela os pensamentos, doutrinas e história de forma cumulativa e progressiva. Devemos interpretar o livro de Eclesiastes à luz do NT. Se a morte é o fim de tudo, então a vida não é digna de ser vivida mesmo e o homem é miserável! Quando conhecemos nosso Salvador e Senhor, Jesus Cristo, a vida se torna uma emocionante aventura de fé e não uma monotonia. O nosso trabalho não será vão, pois teremos recompensa (1 Co 15.51-58). A salvação e ressurreição em Cristo faz a vida ser digna de ser vivida (1 Jo 2.17, Ap 14.13). Salomão conclui o livro nos capítulos 11 e 12 com a seguinte filosofia: “Viva pela fé, obedeça a Deus e Ele cuidará de tudo o mais. Goze as bênçãos agora e invista a vida naquilo que realmente importa”.

 

10.Não é difícil chegar no mesmo estado de desilusão do pregador, porém, é difícil explicar o que leva alguém chegar à desilusão. Os principais fatores:

 

1) PRIMEIRO FATOR: viver de modo egoístico e não social. O pregador viveu em função de obter e não de dar. Quando alguém vive só para si a tendência é sentir que cada vez tem menos e, consequentemente, torna-se cada vez mais cobiçoso e menos social. Aquele que faz bem aos outros descobre que ele próprio é mais beneficiado por causa da satisfação interior que isso traz.

 

2) SEGUNDO FATOR: viver independente de Deus e não controlado por Ele. Tudo parece que está nas mãos do homem (4.1-3). Cada vez que o homem se aprofunda em sua própria perspectiva de vida, Deus vai tomando distância, embora o homem pensa que ele próprio esteja se distanciando de Deus, conscientemente.

 

3) TERCEIRO FATOR: viver limitado pela sepultura e não pelo destino além-sepulcro. O homem que “faz” o seu próprio destino, através de várias teorias (cessação da existência, aniquilamento da alma, reencarnação, etc.), acaba vivendo sem esperança, pois NADA prova a ele que esteja realmente certo. Alguém que não tem uma perspectiva correta da vida além-túmulo, não consegue viver o presente corretamente, pois o que ele adquire agrada por pouco tempo, como “a criança eufórica com seu brinquedo novo que logo deixa de lado”.

 

11.As dez “vaidades” mencionadas no livro

A seguir um artigo extraído da revista “Ultimato” de Maio de 1998, que mostra bem que se vamos nos referir a alguma coisa como vaidade, devemos lembrar que “tudo é vaidade”.

 

“TUDO É VAIDADE

A torre de Babel, As pirâmides do Egito, Os jardins suspensos da Babilônia, A Empire State Building. Tudo é vaidade. A Invencível Armada, O porta aviões HMS Invencible, O míssil Tomahawk, A bomba “estoura bunker”. Tudo é vaidade. O imperialismo, O comunismo, O capitalismo, O nazismo. Tudo é vaidade. A raça, O dinheiro, Os títulos de nobreza, A casa na praia e a casa na montanha. Tudo é vaidade. O smoking e a cartola, O longo e o chanel, O jeans e a minissaia. Tudo é vaidade. A maquilagem, Os brincos e as joias, As pulseiras e os anéis, A plástica. Tudo é vaidade. O cetro e a coroa, As medalhas, A Jules Rimet e o Oscar, O Prêmio Nobel. Tudo é vaidade. A vida sem propósito, A vida sem amor, A vida sem disciplina, A vida sem Deus.”[5]

 

Deve-se entender que a vaidade é sempre humana e não de Deus, Portanto, acrescente após o substantivo a palavra “humana (o)”. Exemplo: “A vaidade” da sabedoria humana.

 

Referência

“A vaidade da (o,s)...”

Explicação adicional

2.15-16

...Sabedoria

Sabedoria e tolice têm o mesmo fim, a morte.

2.19-21

...Labor

No fim o trabalhador não é melhor que o negligente.

2.26

...Propósitos

Deus é Quem dispõe os propósitos do homem.

4.4

...Competição

Muito sucesso traz mais inveja e cobiça do que prazer.

4.6

...Avareza

O homem deseja mais, porém, é ilusão.

4.16

...Fama

É breve, incerta e logo esquecida.

5.10

...Insaciabilidade

Dinheiro não satisfaz e o aumento deste só alimenta os outros.

6.9

...Cobiça

Frequentemente, quando se obtém o que cobiçou, o prazer acaba.

7.6

...Frivolidade

A futilidade humana apenas camufla a inevitável tristeza do fim.

8.10,14

...Recompensas

Frequentemente os maus são honrados.

12.As dez vaidades em Eclesiastes[6]

1.Sabedoria (2.15-16) Jesus olhou ao céu e agradeceu pela sabedoria aos pequenos. A sabedoria atual é encontrada nas redes sociais (brigas, superficialidades e fakes)

 

2.Trabalho (2.11,19-21, 4.8) Jesus foi um trabalhador (carpinteiro e ministério). O trabalho ajuda a formar o caráter (treino aos filhos não dado em casa)

 

3.Propósito (2.26) Jesus disse que quem quiser ganhar a vida vai perdê-la. As pessoas vivem para si (escolha de profissão, o que fazem com o salário, o que querem de uma igreja)

 

4.Competição (4.4) Jesus foi procurado pela mãe de Tiago e João para que Ele desse honra aos filhos. Nossas buscas e preparo têm mais a ver com nossa superioridade sobre outros (pais querem sucesso para os filhos, “estar bem na vida”, mas longe do Senhor)

 

5.Avareza (4.6) Jesus falou do homem que queria construir um celeiro maior. Compramos coisas que não precisamos, com o dinheiro que não temos para agradar pessoas que não conhecemos

 

6.Fama (4.16) A fama de Jesus se espalhou. Saudaram-No como Rei, mas depois: Crucifica-O! Letra da música “Eu vos envio”

 

7.Insaciabilidade (5.10, 6.9) Jesus disse que as pessoas trabalhavam pelo pão que perece, mas precisavam comer da carne Dele que é pão eterno (Jo 6.27). Não há limite para nossos ganhos (conhecimento, coleção de filmes, séries, músicas, diplomas, promoções. O céu é o limite)

 

8.Frivolidade (7.6) Jesus foi zombado antes e durante a crucificação. O motivo de riso e alegria do mundo gira em torno de obscenidades e ateísmo

 

9.Recompensas (8.10,14) Jesus foi exemplo de quem só fez o bem e recebeu injustiça. As injustiças da vida não seguem a lógica, por isso, são injustiças. Asafe é um bom exemplo no Sl 73

 

10.Hedonismo (11.8-10) Jesus falou do rico que se deleitou na vida e Lázaro só males. A nossa sociedade quer evangelho sem cruz.

 

12.Esboço simples

 

  I.Suas razões iniciais (1.4-2.26)

 II.Suas observações profundas (3-10)

III.Suas conclusões finais (11-12)


Capítulo 1: Tudo é vaidade. Pode tentar satisfação, mas no final confirmará que tudo é vaidade, um vazio, uma insatisfação.

O pregador é o rei, o filho de Davi. Provavelmente seja Salomão, mas só no início (1.1,12) se apresenta como um rei. Adiante, ele não toma para si este título. Será que tudo é vaidade, insatisfação ou em vão? Será que Deus é vaidade? É claro que não! Tudo é visto de uma perspectiva de um homem caído, enfadado e cansado. No final, toda a esperança nesta terra é em vão. O homem só se completa em Deus e no Seu Filho Amado, Jesus Cristo. O homem trabalha e gasta tanta energia para ser feliz e ter tudo o que o coração deseja, mas descobre que foi perda de tempo e energia. As pessoas nascem, se tornam “alguém” na vida, mas depois morrem e a terra continua a mesma, nem mesmo sente falta daquela pessoa e de seus feitos. O sol, o vento e os rios cumprem o seu ciclo sempre e sempre e nada muda. Tudo o que procuramos para satisfazer nossos olhos e ouvidos pode parecer novidade, mas depois nos esquecemos daquilo. Aquilo que parece novo já é passado. Andar de montanha russa pode ser uma grande novidade e medo, mas depois se acostuma e nem medo mais oferece ao aventureiro. A história registra os homens do passado, mas não os podemos ver e nem sabemos se é verdade o que falaram deles. Tentar examinar a razão da existência humana do ponto de vista humano é um fardo enorme. Aquilo que é torto continuará torto. Para quem pensa que é um relato frustrado de alguém que nada conseguiu na vida está muito enganado. Esse rei conseguiu toda a sabedoria, posição e riquezas. Porém, até mesmo investigar a razão da vida se tornou enfadonho. Quanto mais conhecimento, mais sofrimento e tristeza. De fato, o autor deste livro está “jogando a toalha”, desistindo da luta da vida. É necessário algo muito maior do que os projetos humanos para se viver com esperança (v.1-18).

 

“Ao ler o livro de Eclesiastes, o qual eu receio que muitas pessoas não leem de modo algum, temos que lembrar sempre que os pensamentos selvagens e as coisas amargas que o Pregador está dizendo, tão abundantemente por todo o livro, não representam sua convicção final, mas pensamentos que ele carregou em seu progresso do erro até chegar à verdade.”[7]

 

O baixo nível do secularismo (Ec 1)

1.O secularismo investe pesadamente no trabalho sem proveito (v.1-7)

2.O secularismo investe na repetição sem avançar em nada (v.8-11)

3.O secularismo investe na análise sem chegar a nenhuma conclusão (v.12-14)

4.O secularismo investe na posição social sem conseguir tranquilidade (v.15-18)

 

Capítulo 2: A vaidade dos bens materiais, da sabedoria e do trabalho

1.Em um mundo em que ter bens e dinheiro vale mais do que ter fé e caráter aprovado, nos sentimos, muitas vezes, confusos e sem saber se vale a pena investir mais em um lado ou no outro. Não somos os únicos a entrar em colapso de estilo de vida. Muitos séculos antes de nós, o rei Salomão já sofria com esse conflito. Aliás, como alguém retratou bem esse conflito, disse: “O dinheiro não traz felicidade, principalmente quando é pouco”. O mundo é infeliz e reserva apenas vaidades. As reservas de um mundo infeliz são vistas nos projetos e alegrias, na contemplação e na decepção, no desespero e na aflição. Este mundo nos reserva muitas alegrias e projetos. É possível planejar tudo o que é agradável à carne. Quem vive neste mundo faz um acordo hedonista com o próprio coração, mas nem todos se lembram que tudo é transitório. Tanto o riso quanto a alegria são ineficazes para a eternidade. Um pouco nos divertimos e um pouco desfrutamos deste mundo, mas isto não garante uma sensação permanente. É como sair de um parque de diversões. Todos os brinquedos foram rápidos demais para a grande expectativa da fila que enfrentamos. O rei que devia se afastar do vinho também experimentou essa loucura. O número dos dias do homem é muito curto. Equivale a 29.200 dias (80 anos). Passamos a vida planejando e desfrutando dos projetos, mas eles não garantem uma colheita eterna. Reservamos dinheiro para investir na produção e bem-estar, adquirindo muitas coisas, amontoando bens e recursos que facilitam a vida e dão alegria passageira. Construímos um nome e usamos a sabedoria de Deus para nos manter numa boa posição. Esses projetos um dia acabam. Eles acabam quando acaba a vida. As riquezas e prazeres duram o mesmo tempo que a vida, ou seja, menos de 30 mil dias. Este mundo nos reserva muita instrução, se estivermos com os olhos atentos ao que acontece. É a contemplação das obras das nossas mãos. Fazemos muitas coisas boas e úteis, mas também produzimos muitas coisas inúteis e até ruins (v.1-11).

 

2.Tudo na vida passa a ser um círculo de coisas que já aconteceram com outros. Nada é novo, mas adaptação de antigas práticas. Tudo é uma nova versão daquilo que já aconteceu. Ao contemplarmos a vida nos resta exaltar o óbvio. Valorizar as boas virtudes e desprezar as práticas pecaminosas. Ou seja, a vida é menos complicada do que julgamos. Para os que contemplam a vida e descobrem a simplicidade que é viver com o Senhor, não têm com que se impressionar, mas para os que tiveram perspectivas irreais, a contemplação daquilo que realmente é a vida se torna para estes uma decepção. Deus nos deu olhos para contemplarmos o mundo. A descoberta de que o mundo é infeliz não deveria decepcionar o crente, pois a Palavra de Deus já nos previne que o mundo está em trevas e que é tudo loucura. A vontade do crente é pedir que o bonde pare para que ele desça. A loucura é universal. Quando o rei Salomão contemplou, ele descobriu o óbvio: que o rei não é diferente do plebeu. O que acontece com um acontece com o outro. Nem ao menos há um privilégio especial para o crente neste mundo. Ele fica doente, o dinheiro acaba, ele é traído pelos seus sentimentos de ganância, etc. É necessário algo mais para não ter uma vida de decepção e isto é a comunhão com Deus. A morte é a maior certeza deste mundo para todos. A morte está reservada ao ser humano. A vida precisa ter mais sentido do que viver bem e morrer. Esta contemplação para os que não apreciam andar bem perto de Deus gera muita decepção. No mundo infeliz que vivemos há muito desespero e aflição. O próprio rei que possuía tudo e tinha reservas suficientes de ouro, comida e súditos se desesperou da vida (v.1-17).

 

3.O desespero e aflição daquele que coloca todas as suas esperanças mentais, emocionais e espirituais neste mundo é que ele sabe que deverá deixar tudo para os outros e sabe-se lá se estes serão idôneos para substituí-lo. Então o rei se aprofundou e se afundou cada vez mais em seu trabalho por causa do desespero de pensar nestas coisas. Há muitos workholics (viciados pelo trabalho, também ergomaníacos) que vivem da mesma maneira. Para não ter que pensar muito nessas coisas é melhor, pensam eles, trabalhar sem parar e sem pensar. É um desespero e aflição pensar que o trabalhador dedicado deixará tudo para alguém não tão trabalhador e nada dedicado desfrutar de tudo sem ter feito nada. A pergunta é: “Que proveito há nisto”? É só isto que este mundo infeliz nos reserva? A resposta é clara. Sem o conhecimento de Deus e comunhão com o Seu Filho, a vida é desespero e aflição. Todos os 30 mil dias de vida são passageiros. Nem as noites servem para o descanso daqueles que têm o coração neste mundo. Por causa desses pensamentos, o rei achou por bem receber as coisas agradáveis de Deus e viver mais a vida. Mas só de pensar nisto a conclusão é a mesma: isto também não satisfaz. Há duas únicas maneiras do homem viver sem desespero. Uma é não pensar na vida. Desta forma, os bêbados são mais felizes. Mas é claro que isto é uma ironia. Os bêbados são infelizes. Outra maneira do homem viver sem desespero é confiar a sua existência à Pessoa Maravilhosa de Jesus Cristo (v.18-26).

 

“O fracasso da busca pela sabedoria e da busca pelo prazer sugere uma transigência, um meio termo que evita extremos unilaterais e tem por alvo uma vida rica, variada e equilibrada. Trata-se da cultura. O homem culto é aquele que se aproveita de todas as riquezas, prazeres, sabedoria e ações da vida, e que procura mesclá-las num harmonioso total. Mas logo aprende o ‘paradoxo do hedonismo’ e encontra seu prazer, não na sensualidade, mas no pleno exercício de suas faculdades mentais e volitivas.”[8]

 

A superficialidade do prazer próprio (Ec 2)

1.O prazer próprio oferece riso temporário (v.1-2)

2.O prazer próprio planeja e executa atividades momentâneas (v.3)

3.O prazer próprio estabelece um pequeno império, mas de satisfação própria e terrena (v.4-11)

4.O prazer próprio se dedica à sabedoria, mas esta não dá a imortalidade (v.12-17)

5.O prazer próprio constrói grandes confortos, mas não aproveita quase nada (v.18-21)

6.O prazer próprio gasta muita energia, mas não traz o descanso de todo o esforço (v.22-26)

 

Capítulo 3: O tempo para a humanidade

1.Os tempos são determinados por Deus. Por exemplo, não será possível esticar o seu dia para 25 horas, nem o inverno para 8 meses ou diminuir o ano para 10 meses. O tempo que Deus nos deu será usado da melhor ou pior maneira. A seguir alistados os 28 tempos dos versículos 2-8.

 

1) Tempo de nascer. Por mais ansiosa que uma mulher estiver o parto só acontecerá depois das contrações e dilatações. A cesariana não deveria ser usada para planejar o tempo dos pais e médicos.

2) Tempo de morrer. Enquanto escrevo este comentário, o Arquiteto Oscar Niemeyer fez 102 anos e deu uma entrevista que por enquanto ele quer viver mais, pois ainda não cansou da vida. Porém, cansados ou não da vida, o tempo da morte virá.

3) Tempo de plantar. O agricultor precisa aproveitar o tempo de plantio.

4) Tempo de arrancar. O agricultor não pode deixar de colher no tempo correto.

5) Tempo de matar. O pai de Salomão, o rei Davi, viveu o tempo de matar.

6) Tempo de curar.  Agora Salomão está no tempo de curar. O reino de Salomão é de paz por causa do pai que deixou ao filho um reino sem inimigos.

7) Tempo de derribar. Às vezes não é possível aproveitar uma construção, então, chegou o tempo de trazê-la ao chão.

8) Tempo de edificar. Chega o tempo de construir com planejamento.

9) Tempo de Chorar. O tempo de chorar deve ser respeitado, não como fraqueza, mas como o dispositivo que Deus nos deixou para aliviarmos a pressão emocional interna.

10) Tempo de rir. “Rir é o melhor remédio”, desde que não precisamos exaltar a miséria humana para que isto aconteça. O tempo de rir também é dado por Deus para o bem-estar do ser humano.

11) Tempo de prantear. O tempo de pranto não deve ser negado, pois Deus trabalha em nossa dependência a Ele. Pranto por calamidades, morte e o pranto pelo pecado contra Deus.

12) Tempo de saltar. O aleijado que foi curado em Atos 3 não conseguiu ficar parado, era o seu tempo de saltar de alegria. Davi dançava com a volta da arca do Senhor para Jerusalém.

13) Tempo de espalhar pedras. Em terrenos com aclives e declives escorregadios espalhamos pedras para nossa segurança.

14) Tempo de ajuntar pedras. Para uma construção juntamos as pedras e tijolos colocando-os um em cima do outro.

15) Tempo de abraçar. Esaú e Jacó se abraçaram depois de um tempo de ódio, perseguição e fuga.

16) Tempo de afastar-se de abraçar. O apóstolo Paulo disse aos coríntios que poderia ir até eles com vara ou mansidão, ou abraçando ou se afastando de abraçar. Depois de uma disciplina de um filho ou repreensão a um adulto deveria existir um abraço caloroso mostrando que o afastar-se de abraçar serve para que o infrator sinta a seriedade do assunto, mas o abraço mostra que o amor está presente até com a disciplina.

17) Tempo de buscar. O sentido é obter bens e riquezas. Muitos buscam e querem sempre ganhar.

18) Tempo de perder. Quem busca precisa se preparar para perder também. Acontecem perdas em muitas as áreas de nossa vida. Deus nos faz ganhar mais Dele mesmo quando admitimos as perdas.

19) Tempo de guardar. Noé guardou os exemplares que Deus criou. Raabe guardou os espias debaixo de canas. O crente deve guardar a Palavra de Deus em seu coração. Os ricos crentes devem guardar seu tesouro no céu.

20) Tempo de deitar fora. Os marinheiros jogaram Jonas do barco para o mar. No naufrágio em Atos 27, jogaram as mobílias do navio para o mar. Os incrédulos serão lançados no Lago de Fogo. Devemos lançar fora o fermento do meio da igreja.

21) Tempo de rasgar. Jacó rasgou suas vestes por ter perdido seu filho, José. Quando disseram ao rei Davi que Absalão matou a todos os seus irmãos Davi rasgou suas vestes[9]. O sumo sacerdote rasgou a veste dizendo que Jesus tinha blasfemado. Paulo e Barnabé rasgaram suas vestes quando o povo de Listra os adoraram por curarem um homem aleijado.

22) Tempo de coser (costurar). Adão e Eva coseram para si um avental de folhas. A mulher virtuosa costurava para a família. Jesus disse que não se costura um remendo novo em pano velho. A túnica de Jesus não tinha costura.

23) Tempo de estar calado. Em Provérbios aprendemos que há sabedoria em falar pouco. Jesus ficou calado em seu julgamento. Tiago diz que temos de ser tardios em falar.

24) Tempo de falar. Jesus disse que o Espírito Santo falaria por nós. O Senhor animou Paulo: “Fala e não te cales” (Atos 18.9). O servo de Deus deve falar o que convém à sã doutrina (Tito 2.1). Pedro disse que temos que estar pronto para falar da nossa esperança (1 Pedro 3.15).

25) Tempo de amar. O crente sempre deve amar. É uma dívida permanente (Romanos 13.8). é o único tempo que não deve ser intercalado com o antônimo (no caso ódio).

26) Tempo de aborrecer. O crente odeia o pecado (Provérbios 8.13) e ama menos a família e qualquer interferência à prática do amor a Deus (Lucas 14.26).

27) Tempo de guerra. O rei Davi viveu épocas de guerra. Deus o recompensará com um tempo de reino de paz na terra chamado Milênio (Jeremias 30.9, Ezequiel 34.24, 37.24-25, Oseias 3.5).

28) Tempo de paz. O crente, mesmo em tempos de guerra e aflição, pode experimentar a paz de Deus que excede a todo o entendimento (Filipenses 4.6-7). O Senhor Jesus prometeu a todos os crentes a paz (João 14.27).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O tempo para a humanidade (Ec 3.1-8)

1.Tempo de nascer

2.Tempo de morrer

3.Tempo de plantar

4.Tempo de arrancar

5.Tempo de matar

6.Tempo de curar

7.Tempo de derribar

8.Tempo de edificar

9.Tempo de Chorar

10.Tempo de rir

11.Tempo de prantear

12.Tempo de saltar

13.Tempo de espalhar pedras

14.Tempo de ajuntar pedras

15.Tempo de abraçar

16.Tempo de afastar-se de abraçar

17.Tempo de buscar

18.Tempo de perder

19.Tempo de guardar

20.Tempo de deitar fora

21.Tempo de rasgar

22.Tempo de coser (costurar)

23.Tempo de estar calado

24.Tempo de falar

25.Tempo de amar

26.Tempo de aborrecer

27.Tempo de guerra

28.Tempo de paz

 

Aqui termina o estudo dos 28 tempos de Eclesiastes 3.1-8. Agora continuemos com o estudo do restante do capítulo

 

2.Parece que tudo o que o homem fizer terá a morte como o seu maior inimigo. Quando no auge, alguém se vai deixando todos os planos e projetos para pessoas que talvez nunca tenham entendido o seu desenvolvimento. Isto é uma aflição que Deus permite ao ser humano depois da queda. Este senso de algo inacabado aqui na terra que o homem possui dentro de si se chama “eternidade”. O homem clama por algo mais permanente. Ele clama pela eternidade. É bom se alegrar, comer, festejar, ter lazer. Deus deu isto para o homem, mas o objetivo principal é saber que Deus é bom em um mundo mal. Deus até renova para o homem a velha rotina. Mesmo que tudo já tenha acontecido, o homem consegue sentir alegria nas mesmas coisas, pois Ele as renova para nós (v.9-15).

 

3.A vida nunca foi justa depois da queda de Adão e Eva e continuará assim até que tudo seja destruído e reconstruído por Deus. Enquanto isto, a sensação para os injustiçados e pobres é que são muito semelhantes a qualquer animal que ganha fôlego para viver e sofrer durante um tempo, mas em seguida vem a morte. Todos, animais e homens, vão para o buraco feito na terra, para a sepultura. Alguns melhoram um pouco a sepultura para ficar em forma de capela, edifício ou palácio (Taj Mahal), mas o conteúdo das sepulturas e criptas é o mesmo, esqueletos sem vida. O pregador coloca em forma de dúvida o versículo 21, mas ele sabia que havia uma grande diferença depois da morte entre o animal e o homem. O animal deixa de existir após a morte, mas o homem continua vivo após a morte física. Os anjos levarão o homem para o céu ou para o lugar de tormento, conforme Lucas 16. Embora o texto fale que Lázaro foi levado pelos anjos e a respeito do rico diz apenas que foi sepultado. No entanto, o rico estava no lugar de tormento e, portanto, a sua existência não cessou como acontece com os animais. Na perspectiva humana, ninguém conseguirá fazer o homem morto voltar para que ele veja o que está acontecendo em sua ausência (v.16-22).

 

 

 

 

“Esta não é apenas a conclusão do livro [3.17], mas é encontrado por toda a Bíblia. Um dos grandes problemas de nossa cultura é que não há nenhuma consciência de Deus. As pessoas agem como se Ele não existisse ou se não se importasse. Estamos totalmente enamorados conosco mesmos. Mas Ele continua a nos falar que não podemos encontrar alegria longe do relacionamento apropriado com Ele. Conhecer a Deus é o mais alto propósito da vida.”[10]

 

O resultado das atividades terrenas (Ec 3.9-22)

1.Nossas atividades resultam em ocupação incompletas (v.9-11)

2.Nossas atividades resultam em prazeres do momento apenas (v.12-15)

3.Nossas atividades resultam em pouquíssimas mudanças consideráveis (v.16-18)

4.Nossas atividades resultam em breves momentos terrenos sem resolverem o problema da morte (v.19-22)

 

Capítulo 4: As opressões da vida. O companheirismo. A popularidade esquecida.

1.A vida é cheia de tribulação e opressão, a ponto do pregador observar que os que morrem ou os que não nascem são mais felizes. A vida é um risco e quase sempre a pessoa se machuca irremediavelmente no curso dela. Os oprimidos choram e não são consolados. É claro que hoje nos lembramos da bem-aventurança de Mateus 5.4: “Bem-aventurados os que chorão porque serão consolados”. A revolta do pregador é tão grande que ele dispara duas flechas mortais ao ar. É melhor morrer e melhor ainda é não nascer, pois jamais se verá as injustiças que os vivos veem. Se não temos sido alvo das injustiças, não concordaremos nunca com o pregador, mas se somos atormentados com um mundo cruel que desaba sobre nós, então, certamente este pensamento tenha passado em nossa mente. O pregador conclui também que todos os projetos humanos, ainda que úteis para todos, têm como mola propulsora a inveja. A inveja move o mundo e sem dúvida todos são beneficiados vendo sob a perspectiva humana. O fato dos inventores patentearem suas invenções é prova que a inveja é a grande motivação da humanidade, por isso, as pessoas se defendem com copyright, patentes, chave de bloqueio de arquivos, manchas e tarjas de produtos na TV, etc. Então, deveríamos cruzar os braços e não fazer mais nada a não ser esperar a morte? Não, o tolo faz isto. Os crentes devem trabalhar com os olhos em seu trabalho e com o coração no céu. O trabalho é só para a sobrevivência, mas nossa vida está no Senhor que envolve a Sua Palavra, Sua obra e a oração (v.1-6).

 

“... Vimos, em 4:4-8, não os perdedores nesta luta humana, mas os aparentes ganhadores e sobreviventes: aqueles que conseguiram ser por ela ou em si mesmos totalmente absorvidos. Ao que parece, estes entraram em um acordo com a vida. Mas será que receberam um prêmio duradouro? E será que a sua maneira de obtê-lo poderia enfrentar uma inspeção? A expressão ‘corrida desenfreada’ resume a ideia principal destes versículos: uma rivalidade frenética em um dos extremos, uma desastrosa escolha no outro; e para os poucos que obtêm sucesso, uma vida dedicada à consecução de prêmios e mais prêmios sem significado algum.”[11]

 

2.Depois de falar das opressões da vida e do trabalho, o pregador nos presenteia com o assunto companheirismo. Se a vida é dura, o companheirismo amolece um pouco essa dureza. Alguém sem amigo e sem família trabalha para si mesmo. O companheirismo faz com que nos desprendamos um pouco do trabalho e acúmulo de dinheiro. Por isso, os amigos e familiares dão presentes uns aos outros, convidam uns aos outros para comer em suas casas, fazem viagens para visitarem uns aos outros e sustentam missionários que são seus amigos. O nosso dinheiro é usado para isto, senão não tem valor algum. Assim, é fácil entender porque é melhor serem dois do que um. Se uma pessoa vive sozinha e isolada, ela não poderá ser socorrida em suas doenças e finalmente morrerá sem que ninguém veja e se estiver geograficamente isolada seu corpo ficará sem ser sepultado. É uma cena horrível, mas nos alerta sobre ter amigos. Atualmente, temos mais condições de nos aproximar das pessoas, só que virtualmente (Telefone e Internet). O companheirismo no casamento é essencial. O cordão de três dobras é uma figura bem clara, mas não sabemos o que especificamente o pregador tinha em mente. Usamos hoje para dizer que se trata do marido, a esposa e Deus. Outros dizem que é o casal mais os filhos. O mais importante é saber que o companheirismo só faz bem, apesar dos riscos que toda a amizade oferece (v.7-12).

 

3.O pregador nos fala sobre a popularidade que chega ao fim na velhice. A velhice reserva coisas boas como a experiência, mas também teimosia nos antigos erros. Neste caso, é melhor uma nova liderança sábia. A tendência do velho é não se deixar admoestar. Os sentidos se endurecem na velhice, mas não precisa ser assim se o velho está em submissão ao Senhor. Quando o rei velho é teimoso, o povo prefere que se levante um novo rei, mesmo que seja um ex-presidiário ou um pobre da própria terra. O novo rei acabará fazendo igual ao seu antecessor, ou seja, se tornará um tirano e a própria geração também desejará um novo rei. O auge pode ser a queda e a popularidade a ruína. Assim caminha a humanidade. Sempre foi e sempre será assim, até que venha o Rei, o Messias Jesus Cristo e estabeleça Seu reino de paz e justiça no mundo todo (v.13-16).

 

A habilidade do homem (Ec 4)

1.O homem é hábil para exercer poder opressor (v.1-3)

2.O homem é hábil para buscar superação sobre o semelhante (v.4)

3.O homem é hábil para arranjar desculpas para não trabalhar (v.5-6, obs: o v. 6 está ligado ao tolo do v. 5)

4.O homem é hábil para trabalhar sem objetivo (v.7-8)

5.O homem é hábil para se isolar (v.9-12)

6.O home é hábil para achar-se melhor do que é (v.13-16)

 

Capítulo 5: Os votos precipitados e a vaidade das riquezas

 

“Quais as responsabilidades têm o homem à luz das futilidades e mistérios da vida? Quais ações Qohelet [O Pregador, o Sábio] diz ajudarão o homem em seu propósito de vida? Pelo menos seis sugestões são dadas no livro. Seja sábio... Adore e agrade a Deus... Lembre-se de Deus... Tema a Deus... Seja diligente... Aproveite a vida...”[12]

 

1.Neste capítulo, duas partes são bem claras, a precipitação das palavras diante de Deus e as riquezas. O homem deve se achegar até Deus com um coração humilde, quebrantado e ensinável. Às vezes o homem que é acostumado a ter o controle de cada situação de sua vida, acha também que poderá controlar Deus, Suas bênçãos e disciplina. Saul ofertou precipitadamente sacrifícios que não agradaram a Deus (1 Samuel 15.22). O pecador mesmo resgatado deve ter reverência na presença de Deus. O silêncio na oração é uma prática saudável. É um trabalho devocional com Deus, assim como o trabalho manual realiza os sonhos, a devocional resultará em crescimento espiritual, mas as muitas palavras só produzem tolice. Não há nenhum preceito na Bíblia sobre fazer votos, mas só exemplo de pessoas que fizeram. O homem é falho em cumprir promessas, portanto, não é bom tentar a Deus com votos que não serão cumpridos. Há uma sugestão no texto que os anjos estão observando os votos e não cumpri-los seria como pedir para os anjos falaram para Deus que foi um engano. É claro que não somos incentivados a falar com anjos, mas é apenas uma maneira de mostrar quão perigosa é a precipitação diante de Deus. O pregador finaliza essa seção advertindo que devemos temer a Deus e falar pouco (v.1-7).

 

2.A respeito das riquezas, a história nunca mudou. Sempre existirão os opressores e os oprimidos pela mesma razão que é se enriquecer às custas dos mais fracos. Em seguida, o rei exalta a agricultura, sendo necessária para o pobre e até para o rei. Atualmente vemos um êxodo rural ocasionando produtos alimentícios industrializados e superpopulação urbana juntamente com criminalidade e outros problemas sociais, de abastecimento e sanitários. Tudo gira em torno do dinheiro e quem o ama e mesmo o tem nunca está satisfeito. Quando alguém aumenta os seus negócios, terá mais pessoas dependentes dele, tais como funcionários e aproveitadores, bem como serviço e equipamentos de segurança. No final, os ricos mais olham o seu dinheiro do que realmente aproveitam, pois o seu tempo fica comprometido para a manutenção das riquezas, seja para manter ou aumentar o que tem. O trabalhar acaba dormindo melhor do que o empregador. Em ser rico também há o perigo de estar fazendo tudo para os filhos, sem aproveitar do dinheiro, mas por alguma desventura perder tudo. Neste caso, nem ele aproveitou e nem os filhos usufruirão das riquezas. Com a morte, todo o trabalho de juntar dinheiro se vai. É como trabalhar para o vento. Um conselho não muito administrativo para alguns é aproveitar do fruto do trabalho, pois esta é a porção de Deus para o homem. Quem souber aproveitar disto com alegria estará reconhecendo o dom de Deus (v.8-20).

 

A ingenuidade do homem (Ec 5)

1.O homem é ingênuo para fazer votos e nãos os cumprir (v.1-7)

2.O homem é ingênuo para acreditar na justiça humana (v.8)

3.O homem é ingênuo para apoiar-se no dinheiro (v.9-20)

 

Capítulo 6: A vaidade de tudo ter, mas nunca se satisfazer

1.Quando o homem não tem as coisas agradáveis ele se entristece e fica frustrado, mas há os que possuem todas as coisas boas da vida, porém, não podem usufruir por qualquer razão, seja roubo, falta de prazer, doença, falta de tempo, etc. O homem está fadado a ser frustrado, pois vive em um mundo caído onde tudo é cobiçado e tudo é descartado e enfadonho. É uma grande aflição. Um homem pode ter muitos filhos (veja 2 Crônicas 11.21), mas não ter satisfação plena. O texto ainda fala de morrer sem sepultura, foi o caso de Jezabel. O aborto é tido por mais feliz do que um homem que tem tudo, mas não tem alegria de viver e desfrutar da vida. Mesmo que viva dois mil anos, a morte é o final de todos. A não satisfação é algo inexplicável, pois tudo o que o homem quer é ter para se satisfazer, mas quando ele consegue ter a satisfação não vem junto com o seu desejo. Se ao menos os olhos pudessem se fixar em algo realmente satisfatório, então o homem não perderia tanto tempo com a cobiça (veja Hebreus 13.5, v.1-9).

 

2.Não há nada novo, tudo já tem nome, apenas mudam-se os nomes das coisas antigas. Nem o homem é novo, pois todos são iguais, ou seja, de curta duração. O homem não pode lutar com quem é mais forte do que ele, neste caso, o tempo, a morte e, claro, o próprio Deus (veja Jó 9.3). A vaidade do homem só vai aumentando, junto com a cobiça, mas nada satisfaz o homem por completo. O homem tem poucos anos de vida, os quais passam como a sombra. O capítulo termina sem respostas, há somente perguntas. Nós que temos a perspectiva correta que é a bíblica, sabemos as respostas. Só Deus em Cristo Jesus pode satisfazer o homem completamente (v.10-12).

“Qoheleth [O Pregador, o Sábio] não era nenhum pessimista enigmático. Ele não era um homem que registrou a batalha de pensamentos atormentadores e conflituosos que estava com raiva, oscilando entre piedade e secularismo. Qoheleth era um sábio piedoso. Ele era um homem justo equilibrado pelo seu conhecimento e temor ao Deus de Israel. É exatamente por isso que ele era capaz de expressar tal paradoxo e assuntos anômalos sem negar a presença do mal neste mundo ou sem destruir sua crença em Deus. Qoheleth registra as reflexões de um homem piedoso sobre um mundo amaldiçoado por Deus à vaidade e frustração. É o caráter desse mundo que conta para as expressões polarizadas e observações paradoxais neste livro.”[13]

 

O homem reflete a tolice (Ec 6)

1.No acúmulo de riquezas insaciáveis (v.1-7)

2.Na falta de provisão para a eternidade (v.8-12)

 

Capítulo 7: A tristeza é melhor do que a alegria. A moderação. A mulher enganosa

1.O pregador que já conheceu muitas festas e alegrias falsas e interesseiras, atreve-se a exaltar o lado sombrio da vida, tais como a tristeza, o luto, o sofrimento, a repreensão, etc. Ele começa tratando do bom nome. A unção sobre a cabeça de alguém como um sacerdote ou rei indicava uma posição de destaque. No entanto, é melhor ter uma boa reputação do que ser um rei ou sacerdote com caráter e atitudes desleais. Esse unguento também pode ser perfume. O ensino é o mesmo, pois o bom nome tem uma boa fragrância. Quanto ao dia da morte ser melhor do que o do nascimento, ele falou no capítulo anterior. Se a vida for uma vergonha e escândalo, então, a morte é uma boa notícia aos que foram prejudicados por aquela pessoa. A Bíblia diz que o rei Jorão “foi sem deixar de si saudades”. Para todos os crentes em Cristo Jesus, a morte é mais preciosa do que o próprio nascimento, pois teve uma vida resolvida com um destino garantido de salvação. Ir a um funeral é mais didático do que ir a uma festa. No funeral, os corações estão como devem estar para conhecer a Deus: dependentes, carentes, sofridos, pensativos e sinceros. Em festas, a preocupação é esconder os defeitos, falar de outros, fingir alegria, independência, sendo que as marcas das festas são a superficialidade e o exibicionismo. Os vivos não podem se esquecer que o fim não é festa, mas morte e luto. Enquanto a tristeza deixa o rosto abatido, ela também deixa o coração mais contemplativo para as coisas de Deus. Uma canção agrada mais do que uma repreensão, mas às vezes, precisamos de repreensão e não de distração. O riso do tolo é como o espinho no fogo: é espalhafatoso, barulhento, mas dura pouco e não serve como fogo consistente. A alegria do mundo não tem consistência e durabilidade. Até o sábio fica indignado com a opressão, pois não há quem ame a justiça que não fique “doido” (hebr. Halal, louco) com a injustiça. Não é o sábio o opressor, mas ele é quem sofre. O suborno tanto quando se oferece quando se aceita corrompe as motivações de ser uma pessoa honesta. O suborno quando é usado, será um recurso sempre presente. O fim é melhor do que o princípio porque revela a paciência e a motivação. Não devemos julgar algo até que tome forma e, então, podemos prever o que acontecerá. O arrogante perde muitas amizades e oportunidades, mas o paciente ou perseverante ganha a confiança das pessoas. A ira é característica daqueles que não são racionais em suas atitudes e motivações. O versículo 10 é tão verdadeiro em todas as épocas. Somos saudosistas e nos enganamos com as palavras: “Antes é que era bom”, “Hoje em dia as pessoas são assim”, “Onde vamos parar”. O fato é que sempre existiram os mesmos pecados que hoje, dificuldades, incredulidade, mas também, sempre houve homens e mulheres fiéis a Deus, um remanescente no meio de uma geração má. A sabedoria de alguém quando faz discípulos é muito útil. Não existe sábio para si mesmo, ou seja, quem é sábio precisa fazer diferença na sociedade (veja Provérbios 18.1). A sabedoria poderia ser comparada ao dinheiro que protege, dá segurança para a vida. A diferença é que a sabedoria oferece mais do que segurança, pois oferece vida eterna ao possuidor, lembrando que a verdadeira sabedoria é a do alto, está em Cristo. Os propósitos e obras de Deus às vezes nos parecem defeituosos, tortos, mas Ele sabe muito bem o que está fazendo. Não enxergamos o desenho de uma tapeçaria do avesso, mas o tapeceiro sabe o que está fazendo. Deste lado da eternidade, as obras de Deus parecem distorcidas, mas nós os salvos as compreenderemos quando estivermos com Ele. A primeira parte do versículo 14 é fácil praticar, sendo que todos nós nos alegramos com a prosperidade. No entanto, debaixo das adversidades temos a tendência de reclamar e não crer que Deus está agindo. Não sabemos como Deus está trabalhando, mas sabemos que Ele está e o melhor, a nosso favor (v.1-14).

 

“É melhor ir a um funeral do que a uma festa. Podemos comparecer a ambos, conforme haja ocasião. Cristo participou das bodas de casamento em Caná e chorou na sepultura de seu amigo Lázaro em Betânia. Contudo, ao considerarmos quão propensos somos a ser vãos e a satisfazer os desejos da carne, melhor é irmos à casa onde há luto, para aprendermos qual é o fim do homem neste mundo. A seriedade é melhor que a alegria e o júbilo. É melhor para nós o que é melhor para a nossa alma, ainda que seja desagradável para os nossos sentidos. Melhor é mortificar a nossa corrupção pela repreensão do sábio, do que gratificá-la com a canção dos néscios. O sorriso dos néscios acaba rapidamente, e o fim de sua alegria é o pesar.”[14]

 

2.O pregador nos alerta para o perigo da falta de equilíbrio. Desde os dias antigos, as injustiças da vida acontecem. Até mesmo afirmar que um justo viverá muito e muito bem pode ser uma falta de equilíbrio, assim como afirmar que o mal aqui mesmo se paga, pois há injustiças que perduram por toda a existência do maldoso e nunca são julgadas aqui na terra. A visão bíblica é eterna. Temos que ver a eternidade como o tempo da justiça e juízo de Deus. O versículo 16 pode ser muito mal interpretado se não lembrarmos que o caráter de Deus é sempre justo e sempre sábio e deseja que Seus filhos também sejam assim. O alerta aqui é para não se considerar mais justo e mais sábio do que os outros, pois isto é arrogância e, consequentemente, uma autodestruição. Da mesma forma, ser demasiadamente perverso e tolo significa multiplicar o pecado na própria vida pensando que o juízo não virá. Deus pode vir em juízo antes da eternidade apenas como demonstração do que virá após a morte. O crente sairá ileso se não for arrogante e se mantiver puro para o Senhor. Novamente, o valor real disso se verá na eternidade. Em seguida, o pregador exalta a sabedoria mais do que a força e o poder. É verdade que mesmo o crente ainda peca, mas tem o recurso da confissão, até que na eternidade sejamos aquilo para o que Deus nos preparou, santos e perfeitos. O perigo de dar ouvidos a tudo é que as pessoas não admirarão, mas se aproveitarão. Se Paulo atentasse às críticas contra o seu ministério, ele não nos deixaria os ensinos de Deus para a Igreja, tão edificantes e esclarecedores. Não devemos ser ingênuos de que as pessoas não falam mal umas das outras, pois em nossa própria experiência sabemos que o homem peca com sua língua (v.15-22).

 

3.Segue-se um testemunho pessoal de Salomão. Ele foi o homem mais sábio da terra, porém, perdeu a sabedoria e esta ficou distante dele. Ele mesmo que disse para comprarmos a sabedoria e jamais vendê-la, entregou a força da sabedoria às mulheres. Aquelas mulheres idólatras se tornaram laços para Salomão o qual acabou erigindo altares aos demônios. Dentre todos os homens, o único sábio é Jesus Cristo e das mulheres que Salomão possuiu nenhuma o encaminhou na sabedoria. Deus não está dizendo que as mulheres não são confiáveis, pois como sabemos Abigail foi mais sábia que o marido, Nabal e muitas outras mulheres foram sábias e houve muitíssimos homens tolos. Certamente, ele está se referindo às prostitutas e mulheres tolas. Salomão encerra esta parte de seu testemunho dizendo que Deus fez o homem perfeito, porém, este se meteu em muitos enganos e pecados. Em Adão todos nos desviamos e só estamos provando que nossa natureza é se desviar das coisas retas, dos caminhos de Deus (v.23-29).

 

A artificialidade na qual o homem confia (Ec 7)

1.A artificialidade das alegrias das festas (v.1-6)

2.A artificialidade do suborno (v.7)

3.A artificialidade dos projetos humanos (v.8)

4.A artificialidade da ira (v.9)

5.A artificialidade da nostalgia e do saudosismo (v.10)

6.A artificialidade das riquezas em comparação à sabedoria (v.11-14)

7.A artificialidade da justiça própria (v.15-20)

8.A artificialidade das maledicências (v.21-22)

9.A artificialidade do humanismo para se obter sabedoria (v.23-25)

10.A artificialidade da imoralidade (v.26-29)

 

Capítulo 8: A submissão ao rei. As aparentes injustiças.

1.É impossível entender a vida com os olhos humanos, mas a sabedoria de Deus ilumina o homem que O teme e, assim como Moisés, o seu rosto brilha. O povo de Israel jurou obediência ao rei. Os crentes têm a ordem de obedecer às autoridades. Um súdito só deixava a presença do rei se o rei permitisse e nunca dava as costas para o rei, sempre saía andando para trás com o rosto baixo em reverência ao rei. Nós temos o Rei dos reis a quem não devemos deixá-Lo. Assim como um rei faz o que quiser, o nosso Deus sábio move as situações de nossa vida como bem entende e não devemos discutir. O obediente não precisa temer o mal, pois ele sabe que virá o tempo de julgamento. As palavras “tempo” e “modo” no hebraico são tempo e julgamento. Deus julgará toda a maldade do homem que se acumula. O homem é incapaz de deter o vento e da mesma forma não pode controlar o dia de sua morte. No momento, os homens dominam sobre outros, mas chegará o tempo que Deus é quem dominará o homem a começar pela morte (v.1-9).

 

2.A vida nunca foi justa em tempo algum após o pecado. O justo pode ser esquecido aqui, mas Deus jamais o esquecerá. A aparente demora do juízo de Deus nesta terra causa no homem a aparente segurança e impunidade. Os crentes não devem se abalar com as injustiças, pois tudo se confirmará na eternidade e os perversos serão devidamente condenados e sentenciados. Enquanto temos um pouco de alívio neste mundo devemos experimentar, mas sabendo que no Senhor a alegria é completa. Tentar entender a tolice do homem que gasta tanta energia com coisas temporárias é um trabalho impossível. Nunca compreenderemos o quanto o ser humano é falto de bom senso. A sabedoria de Deus é impossível de se alcançar em sua totalidade aqui neste mundo. Há em todos nós uma carência da sabedoria de Deus (v.10-17).

 

“Embora, talvez, geralmente o justo tenha assegurado uma vida feliz, enquanto os ímpios são deserdados; contudo, até mesmo isto tem suas exceções, de modo que ninguém pode depender da moral como guia para a vida.”[15]

 

 

 

 

A submissão do homem neste mundo (Ec 8)

1.Ele pode se submeter aos poderosos (v.1-9)

2.Ele pode se submeter a Deus (v.10-13)

3.Ele pode se submeter a si próprio (v.14-17)

 

Capítulo 9: A vida reserva surpresas para o justo e para o ímpio sem distinção

1.Salomão tinha muita sabedoria, mas até ele era limitado para compreender a vida e sua sorte. O futuro é cheio de surpresas, boas e más. Porém, essa realidade é a mesma tanto para o justo quanto para o ímpio. Salvos e não salvos estão em um mundo caído pelo pecado, mas criado por Deus, portanto, acontecem coisas boas, mas também coisas ruins tais como fome, destruição, desastres, violência e, finalmente, a morte. Infelizmente, há um ensino falso que promete isenção de todas as coisas ruins para os que aceitarem determinadas regras religiosas. Esse engano desvia as pessoas da realidade da vida e, pior, do próprio Deus e Sua Palavra. A vida também oferece boas coisas, sendo a principal delas a oportunidade de se acertar com Deus e a eternidade. Depois da morte só resta o juízo aos incrédulos que não decidiram em vida o destino de sua alma. A morte é cruel pelo próprio sentido dela, mas também porque não resta mais nenhuma atividade e oportunidade que são reservadas apenas aos vivos. Salomão não nega que haverá atividade na eternidade, mas o que ele deixa claro é que nenhuma atividade na eternidade, seja a de um salvo como de um perdido, fará qualquer diferença entre os vivos (v.1-6).

 

2.Diante dessa fria realidade, o crente não precisa se desesperar, mas exaltar a Deus que dá vida e alegria. Não existem apenas tragédias na vida, mas há bons momentos de prazer. A limpeza de vestes e óleo na cabeça indicam motivação de vida e dignidade. O casamento é um grande incentivo para viver, pois grande parte da energia dos casados é cuidar da família. Na eternidade dos salvos haverá obras, projetos e conhecimento, porém, serão de outro nível e não mundanos (v.7-10).

 

3.Estamos acostumados com a ideia do esforço humano relacionado ao sucesso. “Trabalhe bastante e será bem-sucedido. Treine muito e vencerá as competições. Seja bom para com todos e sempre terá a quem recorrer algum favor”. Há os que trabalham duro na semeadura e perdem tudo com o temporal. Há os que treinam, mas são acometidos de alguma doença ou acidente na época das competições. Há os que emprestam, mas são ignorados em momentos de necessidade. Salomão chama isto de tempo e acaso. Portanto, há muitos fatores de riscos que envolvem nossos projetos nessa vida. Assim como peixes e aves, estamos sujeitos às redes traiçoeiras da vida (v.11-12).

 

4.Uma ilustração do esquecimento humano é a do pobre que livrou uma cidade, mas não foi honrado. Contudo, o valor da sabedoria permanece, pois o que vale é o feito do livramento de uma cidade e não os elogios e recompensas. Melhor são os cochichos da sabedoria do que os gritos do poder. Por outro lado, um pecador pode destruir tudo o que foi construído com sabedoria. De fato, a vida não é justa. Haverá muita decepção para quem espera muito desse mundo (v.13-18).

 

“Embora a história ilustre o fato de que a sabedoria é melhor do que a força (v.16,18), ela também ilustra o que foi relatado antes (v.11). A sugestão de que o homem pobre mas sábio foi Arquimedes, que ajudou a cidade de Siracusa por meio de sua sabedoria quando foi sitiada pelos romanos em 212 a.C. , é improvável em razão da data e de outras circunstâncias.”[16]

A realidade da vida (Ec 9)

1.Todos estão debaixo das mãos de Deus (v.1)

2.Todos estão debaixo das mesmas situações (v.2)

3.Todos estão debaixo da maldade no coração (v.3)

4.Todos estão debaixo da expectativa da morte (v.4-5)

5.Todos estão debaixo da temporalidade terrena (v.6)

6.Todos estão debaixo de algum prazer lícito e terreno (v.7-9)

7.Todos estão debaixo de oportunidades de alguns projetos terrenos (v.10)

8.Todos estão debaixo do tempo para ser usado neste mundo (v.11-12)

9.Todos estão debaixo do esquecimento de suas obras neste mundo (v.13-18)

 

Capítulo 10: A excelência da sabedoria

1.A sabedoria para ser verdadeira precisa vir do alto, de Deus. Apenas um pouco de humanismo na mensagem de Deus faz com que a sabedoria seja contaminada e deixa de ser sabedoria de Deus. O lado direito é sempre o correto, digno e honrado. Esta é uma ilustração universalmente conhecida. Inclinar-se para o lado direito é inclinar-se para Deus[17]. O tolo é um desastre em seus caminhos e todos podem notar isto. Salomão nos adverte sobre a intimidação e ira. O espírito calmo sempre triunfará. Uma briga não precisa continuar se alguém ceder. A humildade é mais forte que a indignação. Há um erro por parte de alguns líderes que é o de promover ou dar oportunidades aos que não merecem. Isto é perigoso, pois as pessoas interpretarão que foi Deus quem colocou essas pessoas ali. É evidente que uma vez na liderança todos devem obedecer. Um exemplo foi Saul. Facilmente, o povo obediente a Saul diria que Deus errou em colocar aquele homem, porém, lembremos que Deus usou grandemente Saul contra os filisteus e poderia ter usado muito mais se ele fosse obediente. No versículo 6, o rico em lugar baixo, necessariamente não se refere ao rico de posses, mas rico em qualidades, honra e graça diante das pessoas. Alguns que deveriam ser honrados como príncipes estão abaixo daqueles que deveriam ser servos. É a injustiça da vida entre homens injustos e tolos. O sábio precisa de advertência também para que evite ser injusto e vingativo. Quem abre uma cova para outros caírem, ele mesmo cairá nela. Quem abre uma cerca onde ficam cobras será picado por elas. Quem arranca pedras são aqueles que movem os limites de marcação de propriedades para roubá-las. Essas pedras o machucarão, ou seja, ele perderá de suas propriedades. Assim como alguém que racha lenha corre o perigo de uma lasca ferir-lhe ou do machado machucar seu pé, alguém que provoca divisões entre os irmãos corre vários perigos espirituais, sendo o mais temido a disciplina do Senhor. Salomão fala que a sabedoria é como uma ferramenta bem afiada. A sabedoria humana é como uma ferramenta sem corte, precisa redobrar os esforços e ainda assim não levará a bom êxito (veja Eclesiastes 9.16). Uma cobra furiosa não é controlada por um encantador que faz apresentações com cobras inofensivas. Assim é a calúnia e a língua venenosa, não há o que fazer contra as más línguas, só nos resta deixar o julgamento com o Senhor (v.1-11).

 

 

 

 

 

 

 

“Ali os príncipes se ‘banqueteiam já de manhã’. Eles farão coisas erradas no tempo errado, transformando dias em noites, e noites em dias. Estarão mais interessados nos prazeres triviais do que em governar bem. Naquele país, todos os governantes serão apenas um bando de idiotas, pelo que ai de qualquer país que for governado por eles, pois fazem parte da vaidade generalizada (ver Eclesiastes 1.3). Esse rei criança é contrastado com o nobre bem-nascido, referido no vs. 17; e isso pode subentender que estamos frente a frente com um rei-escravo, de humilde nascimento, que chegou à sua posição por algo que não foi a sabedoria. Cf. II Sam. 16.1 ss. O Targum aplica este versículo a Jeroboão.”[18]

 

2.O sábio edifica, o tolo destrói. O tolo, do começo ao fim, peca. As muitas palavras do tolo não levam a nada, pois ninguém sabe o que realmente acontecerá. Há muitos prognosticadores em muitos assuntos, mas só Deus sabe o futuro. O tolo fala demais, porém, não sabe nada. Nem sabe ir à cidade. É como se disséssemos: “Não sabe nem amarrar seus sapatos e quer prever o futuro”? (v.12-15).

 

3.Salomão não fala necessariamente da idade do rei, mas de suas atitudes infantis. Quem sofre com uma liderança imatura são os liderados. Uma liderança equilibrada edificará o povo. A preguiça, a falta de administração do tempo e a negligência são inimigas da manutenção de uma casa. Isto é uma ótima ilustração para que os líderes não sejam relapsos, relaxados, não dando atenção à igreja, ao lar, ao trabalho e à vida em todas as suas esferas. Ainda sobre líderes que se banqueteiam logo de manhã, a razão de toda essa festança, exagero e escândalo é a quantidade de dinheiro, pois quem não tem dinheiro, mas tem bom senso, dispensará todas essas luxúrias para pensar em sobreviver. Neste caso, é melhor ter pouco dinheiro, mas ter sabedoria e uma vida moderada. Tudo isto é uma realidade, mas perigosas de se denunciar, pois não há segredos neste mundo. Todos acabam descobrindo o seu estilo de vida e todos ficam sabendo se você concorda ou não com o rei esbanjador. A conclusão é que é perigoso ser sábio e equilibrado num mundo tolo e exagerado (v.16-20).

 

As bases sobre as quais edificamos nossa vida (Ec 10)

1.Sabedoria ou tolice (v.1,3,15)

2.Acerto ou erro (v.2)

3.Submisão ou rebeldia (v.4,20)

4.Altura ou baixeza (v.5-7)

5.Segurança ou perigo (v.8-11)

6.Discrição ou tagarelice (v.12-14)

7.Moderação ou diversão (v.15-17,19)

8.Trabalho ou preguiça (v.18)

 

Capítulo 11: O bom planejamento da vida. A mocidade

1.A realidade de dias maus não deveria paralisar o crente, mas fazê-lo agir com planejamento. Se dias tristes surgirão, o crente deve, hoje, se alegrar no Senhor. Se ao sair de casa eu soubesse que iria chover, eu deveria me munir de um guarda-chuva. “Lançar o pão sobre as águas provavelmente se refere ao transporte de commodities [mercadorias] pelo navio, não para atos caridosos"[19]. Repartir com sete e oito significa diversificar os investimentos. Não sabemos o que acontecerá no futuro. Assim como ao derrubar uma árvore ela ficará ali no chão, se ninguém tirá-la, os acontecimentos da vida virão, sejam bons ou maus. O que faremos? Apenas observaremos a vida e seus acontecimentos? Não, devemos planejar e agir de acordo com a vontade de Deus. Um semeador não fica apenas observando as nuvens, ele planta! Embora não saibamos tudo, devemos andar sob a luz que temos. Uma mulher não sabe como se forma seu bebê no ventre, mas mesmo assim ela planeja para a chegada dele. O semeador planta todas as sementes, mesmo que algumas não vingarão. Assim nossa vida prossegue, com lutas, planejamento e mais lutas. Devemos nos alegrar nesta vida, mas sabendo que dias de trevas virão também (v.1-8).

 

“O Pregador adverte, em seguida, contra a procrastinação, usando, ainda, uma ilustração da vida agrícola. O fazendeiro enfrenta um vento errático e um tempo instável, não podendo esperar, interminavelmente, uma ocasião mais propícia para lançar a semente. ‘A falta de informações completas não é desculpa para a inatividade’ (Jones). A vida de alegrias não virá ao indeciso. A vida dele será um fracasso total. (Semeará... segará indicam totalidade.)”[19]

 

2.A mocidade é bela e alegre. Deus não quer tirar a beleza e a alegre dos jovens, pelo contrário, quer que desfrutem desse período tão agradável da vida. A diversão é importante para o jovem, tais como brincadeiras, conversas, risadas e esportes. O que ele precisa saber é que terá que prestar contas a Deus de sua vida. O jovem crente deve afastar a angústia de seu coração andando conforme a vontade de Deus (v.9-10).

 

O planejamento durante a vida (Ec 11)

1.Planejando ajudar os necessitados (v.1-2)

2.Planejando sem saber o futuro (v.3-6)

3.Planejando para os dias maus (v.7-8)

4.Planejando para prestar contas a Deus (v.9)

5.Planejando para a velhice (v.10)

 

Capítulo 12: A velhice. A conclusão sábia do livro.

1.A velhice chega como preparativo para o fim da vida. O que acontece com um acontecerá com os demais. Não importa o quanto alguém cuide do corpo, a vulnerabilidade a qual nosso corpo se submete é triste, mas no Senhor temos a esperança da redenção do corpo corruptível para o corpo incorruptível. A seguir as analogias usadas para ilustrar a degeneração do corpo humano em sua velhice (v.1-8).

 

v.3 no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas,

 

1) Os guardas da casa se referem aos joelhos que já não suportam o corpo do idoso. Outros já comentaram que as costelas também guardam a nossa casa e que ficam doloridas na velhice.

 

2) Os homens fortes se referem aos braços que se curvam ao peso dos anos, ou seja, desistem de serem os homens fortes. Já não possuem a força para levantar pesos e guerrear. Os músculos se curvaram e caíram.

 

3) Os moedores se referem aos dentes que caem na velhice.

 

4) Os que olham pelas janelas são os olhos. Eles se escurecem, embaçam. O cristalino fica opaco formando a catarata.

v. 4  e as portas da rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura, e nos levantarmos à voz das aves, e todas as filhas da música ficarem abatidas;

 

5) As portas da rua são os lábios (veja salmo 141.3), mas podendo ser toda a rua pela qual a comida passará incluindo o esôfago. O idoso vai perdendo o apetite ou tem dificuldade de engolir e digerir e até mesmo tem dificuldade de abrir a boca para pronunciar as palavras corretamente.

 

6) O ruído baixo, voz das aves, e filhas da música são expressões que se referem ao que o ouvido ouve. Os idosos perdem a audição e muitos já não ouvirão esses sons que tanto os agradavam. Assim como a audição diminui, diminuirá também a força da voz.

 

v.5  como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho; e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;

 

7) Medo de altura é característica do idoso. Até mesmo um degrau pode ser uma montanha para um idoso. Sentar ou se levantar de uma cadeira pode ser um desafio contra o medo de cair. Problemas como fraqueza dos membros, vertigens e dificuldades de respirar causam medo no idoso.

 

8) Espantos no caminho referem-se aos medos do idoso. Qualquer pedrinha seria um grande obstáculo aos idosos. Movimentos rápidos ao redor deles os apavoram, pois já perderam seus reflexos. Barulhos fortes e pancadas podem assustá-los mesmo com sua pouca audição. Vultos os confundem.

 

9) O Florescer a amendoeira se refere aos cabelos brancos. A amendoeira quando floresce apresenta lindas flores brancas. Os cabelos brancos quase sempre indicam velhice.

 

10) Quando o gafanhoto for um peso se refere à fraqueza física. Um gafanhoto ilustra um peso levíssimo. O menor peso já é muito para um idoso.

 

11) Falhar o desejo se refere à libido sexual. Antes, uma força tão irresistível, agora sem nenhum interesse. Não apenas o desejo sexual se vai, mas grandes realizações e ambições já não interessam ao idoso, pois a realidade da morte está chegando.

 

12) A casa eterna se refere à sepultura. Cremos na vida eterna, mas a forma figurativa para falar da morte aqui é a próxima casa do homem que é a sepultura.

 

13) Pranteadores rodeando a praça se refere aos parentes e amigos que consolam o idoso em seus últimos momentos os quais se lamentarão ao redor de seu corpo inerte e morto.

 

v.6  antes que se rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna,

 

14) Cadeia de prata alguns acham que se refere à língua que deixa seus movimentos nos momentos finais da vida. Outros acham que se refere à espinha dorsal ou medula. O cérebro liga seus comandos à espinha, mas rompendo a vida este fio ou corrente de prata é quebrado desligando os comandos do cérebro para a coluna vertebral. De qualquer forma, esta cadeia de prata é o que liga a vida ao homem. A figura é que a vida está indo embora.

15) O copo de ouro é o cérebro, a membrana cerebral. É o final da vida, a morte cerebral. A vida preciosa se quebrou assim como um copo precioso de ouro.

 

16) O cântaro junto à fonte tem o mesmo simbolismo que o copo de ouro, mas agora em relação ao coração que é a fonte de bombeamento de sangue para todo o corpo. Despedaçando-se esse cântaro não haverá mais de onde tirar água para manter a vida. O coração parando não haverá mais sangue circulando o corpo e a vida cessará.

 

17) A roda junto à cisterna se refere ao pulmão que é como a roldana que gira para trazer água da cisterna. Os pulmões são como uma roldana que movimentado pelo sangue do coração nunca para. Cessando o movimento dessa roda que é o pulmão cessará também a vida. Acabando a oxigenação do corpo a vida acabará.

 

v.7  e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu.

 

18) Pó à terra se refere ao nosso corpo que é constituído de barro. Veio do barro e para o barro voltará. O espírito do homem é imortal e terá que ir para o seu destino presença de Deus ou separação eterna de Deus. De qualquer maneira, até os incrédulos deverão comparecer diante de Deus antes de serem lançados para o Lago de Fogo eterno. Os crentes estarão com Ele no momento imediato à morte aqui na terra. O pregador conclui essa descrição com sua famosa frase “vaidade de vaidade” (v.1-8).

 

“Princípios da Morte – Fenômeno da vida. Princípio um: Todos morrem... Princípio Dois: A morte tem certas vantagens sobre a vida... Princípio Três: A morte não pode ser evitada, mas é melhor não agir de modo tolo e apressá-la... Princípio Quatro: Estudar a realidade da morte pode ser instrutivo sobre como viver a vida em sua plenitude... Princípio Cinco: A vida tem certas vantagens sobre a morte... Princípio Seis: Viver somente para esta vida é vaidade...”[20]

 

As analogias e condições da degeneração do corpo humano em sua velhice (Ec 12.1-8)

1.Os guardas da casa

2.Os homens fortes

3.Os moedores

4.Os que olham pelas janelas

5.As portas da rua

6.O ruído baixo, voz das aves, e filhas da música

7.Medo de altura

8.Espantos no caminho

9.O Florescer a amendoeira

10.Quando o gafanhoto for um peso

11.Falhar o desejo

12.A casa eterna

13.Pranteadores rodeando a praça

14.Cadeia de prata

15.O copo de ouro

16.O cântaro junto à fonte

17.A roda junto à cisterna

18.Pó à terra

 

2.Salomão escreveu um livro angustioso, mas ao mesmo tempo esperançoso. Ele ensinou ao povo, ainda que se desviara do Senhor. No final de sua vida ganha novamente o bom senso. As palavras escritas foram bem escolhidas, pois foram inspiradas por Deus. A experiência de amargura não era de Deus, mas de Salomão, no entanto, Deus permitiu que o rei expusesse sua visão humana nesses assuntos para que aprendêssemos o contraste daquele que vê o mundo com a perspectiva de Deus. O versículo 11, mostra a importância do mestre ensinar corretamente, pois o ensino é como o prego fixando as coleções dos outros mestres (no original, “...como pregos fixados pelos mestres das coleções ou reuniões ou assembleias”.[21] Os mestres são muitos, mas o Pastor é um só, o Deus verdadeiro, Jesus Cristo e o Espírito Santo. O estudo de qualquer tema é infinito, mas o ensino de Deus é um só e não tem nele as chamadas “linhas de pensamento”. A conclusão do livro é “temer a Deus” e obedecê-Lo. Deus julgará todas as obras de todos os homens. Com os escritos do Novo Testamento descobrimos que os incrédulos serão julgados no Grande Trono Branco (Apocalipse 20.11-15) e os crentes serão julgados no Tribunal de Cristo (2 Coríntios 5.10 e Romanos 14.10). Assim termina o livro de Eclesiastes, chamando a atenção a prestação de contas que todos estão sujeitos diante de Deus (v.9-14).

 

As prioridades da vida (Ec 12.9-14)

1.O estudo (v.9)

2.A verdade (v.10)

3.As palavras (v.11)

4.O conhecimento selecionado (v.12)

5.O temor a Deus (v.13)

6.A consciência da prestação de contas a Deus (v.14)

 

Como Deus é visto em cada capítulo de Eclesiastes (Ec 1-12)[22]

1.13      Deus que dá trabalho ao homem

2.24      Deus que dá prazer ao homem

2.26      Deus dá sabedoria

2.26      Deus dá alegria

2.26      Deus dá trabalho ao pecador

3.10      Deus exercita o homem com trabalho

3.11      Deus oferece enigmas para o homem tentar descobrir

3.13      Deus dá o trabalho como prazer

3.14      Deus eterno

3.14      Deus temível

3.15      Deus ajustador de contas

3.17      Deus julgador

3.18      Deus mostra ao homem seu estado

5.1        Deus temível

5.1-2     Deus quer que o homem ouça

5.4        Deus que cobra votos

5.6        Deus não quer se irar contra o homem (por isso, use poucas palavras)

5.7        Deus temível

5.18      Deus limita a vida do homem

5.19      Deus dá poder (livre arbítrio)

5.20      Deus dá alegria

6.2        Deus limita a vida

7.13      Deus imutável

7.14      Deus opera no bem e no mal

7.18      Deus que dá equilíbrio

7.26      Deus dá livramento

7.29      Deus perfeito criador. Deus não é culpado pela queda do homem.

8.2        Deus usa as autoridades instituídas

8.12      Deus temível. Deus perdoador. Deus fiel.

8.13      Deus temível. Deus que julga. Deus que não tem não faz prosperar o ímpio

8.14      A justiça de Deus não é imediata

8.17      Deus misterioso

9.1        Deus soberano. Deus conhecedor.

9.7        Deus provê satisfação dos sentidos.

9.9        Deus deu o casamento para o casal desfrutar. A vida terrena é fugaz.

11.5      Deus onisciente. Deus onipotente. Deus misterioso.

11.9      Deus que pede contas. Deus juiz. Deus que dá liberdade.

12.1      Deus criador. Deus grandioso. Deus permite a velhice.

12.7      Deus eterno. Deus dono da vida.

12.11    Deus Pastor. Deus único. Deus que dá poder para homem usar as palavras.

12.13    Deus temível. Deus de mandamentos. Deus que exige. Deus poderoso.

12.14    Deus juiz onisciente. Deus julgará as ações boas e más.


Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 2010

 

Notas

 

1.     Introdução

 1.Explore the book - J.Sidlow Baxter

 2.Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr

 3.Manual Bíblico - H.H.Halley

 4.Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears

 5.Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray

 6.Análise Bíblica Elementar - James M.Gray

 7.O livro dos livros - H.I.Hester

 8.Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira 

 9.A História de Israel - Samuel J.Schultz

10.Através da Bíblia - Myer Pearlman

11.Introdução ao Velho Testamento -  H.E.Alexander

12.De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs

13.O Novo Dicionário da Bíblia

14.Bíblia anotada pelo Dr. Scofield

15.Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wierse

16.A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders

17.Comentários da Bíblia Vida Nova

 

2.     Ecclesiastes or The Preacher de Arend Remmers

(http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=138 24/06/2019)

3.     Ecclesiastes or The Preacher de Arend Remmers

(http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=138 24/06/2019)

4.     Ecclesiastes or The Preacher de Arend Remmers

(http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=138 24/06/2019)

5.     Revista “Últimato” de Maio de 1998

6.     Pércio Coutinho Pereira, 2018

7.     Expositions of Holy Scripture (Ecclesiastes), pg. 364 – Ec 1 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)

8.     Novo Comentário da Bíblia, pg. 8-9 – Ec 2.3-23 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)

9.     Embora fosse um boato, pois Absalão tinha matado somente Amnom que praticou incesto com Tamar

10.  Outlines by Dr. David Hocking, pg. 4 – Ec 3.17 (sem publicadora ou data)

11.  A mensagem de Eclesiastes, pg. 23 – Ec 4.4-8 – Derek Kidner (ABU Editora – SC – 1ª ed. 1989)

12.  God and Man in Ecclesiastes, pg. 55 - Roy B. Zuck (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software)

13.  Qoheleth: Enigmatic Pessimist Or Godly Sage? - Ardel B. Caneday (Copyright 1997 by Grace Theological Seminary and Galaxie Software)

14.  Comentário Bíblico de Matthew Henry, pg. 11 – Ec 7.1-6 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

15.  Comentário Bíblico Moody, pg. 18 – Ec 8.10-14 – (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

16.  Comentário Bíblico NVI, pg. 969 – F.F. Bruce – Ec 9.13-18 (Editora Vida, São Paulo – 2009)

17.  O próprio termo “direito” para os destros indica isto. Os canhotos escrevem com o lado “errado”. Sabemos que quando sai da ilustração para o literal, isto pode causar muitos problemas de estima para alguns canhotos. Isto também acontece com a cor preta quando saímos da analogia para a cor de pele.

18.  O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 2736 – Russell Norman Champlin (Editora Hagnos – São Paulo – SP – 2ª ed. 2001)

19.  Introdução e Comentário – Eclesiastes, pg. 150 – Ec 11.4 – Michael E. Eaton (Ed. Mundo Cristão – SP – 1ª ed. 1989 - Série Cultura Bíblica)

20.  Death, an Impetus for Life, pg. 299-301 - Ec 12.1-8 - Barry C. Davis (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software)

21.  Sentenças coligidas são ensinos da coligação ou da assembleia de mestres

22.  Como Deus é visto em cada capítulo de Eclesiastes - Pércio Coutinho Pereira, 2008

 

 



[1]  1.Explore the book - J.Sidlow Baxter

 2.Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr

 3.Manual Bíblico - H.H.Halley

 4.Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears

 5.Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray

 6.Análise Bíblica Elementar - James M.Gray

 7.O livro dos livros - H.I.Hester

 8.Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira 

 9.A História de Israel - Samuel J.Schultz

10.Através da Bíblia - Myer Pearlman

11.Introdução ao Velho Testamento -  H.E.Alexander

12.De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs

13.O Novo Dicionário da Bíblia

14.Bíblia anotada pelo Dr. Scofield

15.Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wiersbe

16.A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders

17.Comentários da Bíblia Vida Nova

 

[2] Ecclesiastes or The Preacher de Arend Remmers (http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=138 24/06/2019)

[3] Ecclesiastes or The Preacher de Arend Remmers (http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=138 24/06/2019)

[4] Ecclesiastes or The Preacher de Arend Remmers (http://biblecentre.org/content.php?mode=7&item=138 24/06/2019)

[5] Revista “Ultimato” de Maio de 1998

[6] Pércio Coutinho Pereira, 2018

[7] Expositions of Holy Scripture (Ecclesiastes), pg. 364 – Ec 1 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)

[8] Novo Comentário da Bíblia, pg. 8-9 – Ec 2.3-23 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)

[9] Embora fosse um boato, pois Absalão tinha matado somente Amnom que praticou incesto com Tamar

[10] Outlines by Dr. David Hocking, pg. 4 – Ec 3.17 (sem publicadora ou data)

[11] A mensagem de Eclesiastes, pg. 23 – Ec 4.4-8 – Derek Kidner (ABU Editora – SC – 1ª ed. 1989)

[12] God and Man in Ecclesiastes, pg. 55 - Roy B. Zuck (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software)

[13] Qoheleth: Enigmatic Pessimist Or Godly Sage? - Ardel B. Caneday (Copyright 1997 by Grace Theological Seminary and Galaxie Software)

[14] Comentário Bíblico de Matthew Henry, pg. 11 – Ec 7.1-6 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

[15] Comentário Bíblico Moody, pg. 18 – Ec 8.10-14 – (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

[16] Comentário Bíblico NVI, pg. 969 – F.F. Bruce – Ec 9.13-18 (Editora Vida, São Paulo – 2009)

[17] O próprio termo “direito” para os destros indica isto. Os canhotos escrevem com o lado “errado”. Sabemos que quando sai da ilustração para o literal, isto pode causar muitos problemas de estima para alguns canhotos. Isto também acontece com a cor preta quando saímos da analogia para a cor de pele.

[18] O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 2736 – Russell Norman Champlin (Editora Hagnos – São Paulo – SP – 2ª ed. 2001)

[19] Notes on Ecclesiastes, pg. 37 – Ec 11.1 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

 [19] Introdução e Comentário – Eclesiastes, pg. 150 – Ec 11.4 – Michael E. Eaton (Ed. Mundo Cristão – SP – 1ª ed. 1989 - Série Cultura Bíblica)

[20] Death, an Impetus for Life, pg. 299-301 - Ec 12.1-8  - Barry C. Davis (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software)

[21] Sentenças coligidas são ensinos da coligação ou da assembleia de mestres.

[22] Como Deus é visto em cada capítulo de Eclesiastes - Pércio Coutinho Pereira, 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger