48 1 Coríntios

 1 Coríntios

 Asfalto, Crack, Fundo, Linha, Estrada

 

Introdução[1]

1.Paulo foi o autor desta epístola por volta de 52-54 a.D. Gálio foi procônsul em 50 a.D., época em que Áquila e Priscila foram expulsos de Roma e foram a Corinto. Paulo estava morando em Éfeso por 3 anos quando escreveu esta carta (At 20.31, 1 Co 16.5-8). O início da Igreja em Corinto está registrado em Atos 18.1-11. Paulo veio de uma frustrante viagem (Atenas); ganhou ânimo em Corinto. Paulo ficou

18 meses em Corinto. Foi o 2º lugar onde Paulo ficou mais tempo, o 1º foi Éfeso (3 anos).

2.Em Corinto Paulo escreveu as epístolas de Romanos, 1 e 2 Tessalonicenses. Depois de Paulo, um rabino judeu veio a Corinto (Apolo). Este foi esclarecido sobre a fé judaico-cristã em Éfeso, por Áquila e Priscila. Em Corinto estouraram divisões, vícios, abuso de liberdade, legalismo, profanação da “festa do amor” (agapao), falsas doutrinas, imoralidade, etc. Com a saída de Paulo, Apolo chegou, mas de modo algum foi Apolo quem prejudicou aquela igreja.

 

3.Corinto era uma das cidades mais importantes do Império Romano. A população da época era de 400 mil habitantes, só ultrapassada por Roma, Alexandria e Antioquia. Corinto era a principal rota comercial do Império Romano. Havia gregos, romanos, judeus e outros. Paulo escreveu esta epístola (chamada 1ª aos Coríntios) para responder sobre casamento, alimentos e a preocupação de Paulo sobre diversos assuntos, dos quais teve informações de Cloe.

 

4.É bem provável que uma carta tenha sido “perdida” (1 Co 5.9); outra carta foi II Coríntios que temos em nossa Bíblia. Alguns dizem que no total foram quatro cartas, porém, é impossível provar, sendo que temos duas somente e não sabemos quais partes são divididas para formarem quatro (ou seja três, visto que uma foi extraviada).

 

5.A segunda epístola aos Coríntios trata da “Defesa do apostolado de Paulo”, basicamente o assunto que em 1 Coríntios resume-se no capítulo 9.


Capítulo 1: Saudação, gratidão, união e sabedoria de Deus e do mundo

1.Paulo deixa claro que a posição e obra do apostolado não era sua, mas sim uma chamada específica de Deus. Ele exercia não só a função de apóstolo, mas a autoridade de apóstolo, não só porque fundou a igreja em Corinto e outras, mas porque foi escolhido como apóstolo, mesmo não sendo de fato, porém, sendo de direito (Atos 1.21-22). Sóstenes, provavelmente foi o amanuense de Paulo. Talvez seja o mesmo de At 18.17, líder da sinagoga, espancado perante o tribunal de Gálio (v.1).

 

2.Os coríntios recebem o tratamento de “santificados e santos”. Infelizmente uma grande parte dos crentes modernos não compreendem estas expressões, senão somente relativo ao caráter moral elevado. A expressão “com todos os que em todo lugar” ensina sobre a Unidade da Igreja. Nunca existiu o conceito de separação das igrejas, exceto por questão geográfica (igrejas locais). Os crentes atualmente precisam de muito maior compreensão do que é Unidade da Igreja, pois estamos num emaranhado de denominações (v.2).

 

 

“Às vezes [Igreja] quer dizer cristãos professos de qualquer lugar, como quando é feita menção da igreja em Jerusalém, Antioquia ou Corinto. Qualquer número, por menor que seja, de crentes professos, considerado coletivamente, pode ser chamado igreja. Assim, ouvimos da igreja na casa de Filemom e na casa de Áquila e Priscila (Rm 16.5). São chamadas igreja de Deus.”[2]

 

3.Graça (karis) é uma saudação grega e paz (eirene) é uma saudação judaica (shalom em hebraico). Isto mostra a unidade do Corpo de Cristo (judeu e gentio) e, também, ensina que só pode haver paz como resultado da graça salvadora de Cristo Jesus (v.3).

 

4.Apesar da situação (veremos durante toda a epístola), Paulo podia achar motivo de agradecimento. Em todos os crentes podemos ver motivo de gratidão a Deus, pois a graça de Cristo manifestou-se no mais debilitado crente que já existiu. A expressão “em Cristo” aparece 164 vezes nas epístolas de Paulo, sendo que 10 vezes se encontram nos primeiros dez versículos deste capítulo. “Em Cristo” significa que participamos da plenitude de Deus (Ef 3.19) (v.4).

 

5.Os coríntios estavam enriquecidos, isto é, repletos de dons, embora faltasse o amor (cap.13). Em lugar do amor havia orgulho. Os coríntios, também, eram ricos na transmissão da verdade (“em toda a palavra”). Havia bons oradores dentre os crentes coríntios. Havia escolas de retórica, aplicavam isto nos sermões, por esta razão muitos preferiam Apolo (bom orador) a Paulo (fraco em oratória, 2 Co 11.5-6). Os coríntios, também, eram ricos na apreensão da verdade (“em todo o conhecimento”). O Espírito Santo deu a muitos coríntios a compreensão das coisas espirituais, porém, se orgulhavam disto para sua própria destruição (v.5).

 

6.Portanto, os coríntios eram ricos em três maneiras:

 

1)Quanto aos dons espirituais

2)Quanto à oratória

3)Quanto ao entendimento

           

7.Além dos dons, os coríntios tinham a confirmação (aprovação) de Cristo, ou seja, os dons não eram falsos. O testemunho de Cristo foi confirmado entre os coríntios, em outras palavras, as conversões em Corinto foram genuínas. A tradução correta para o português no v.7 deve ser “vos falta” e não “vos falte”. Não se trata de Paulo desejando que não “falte” nenhum dom aos coríntios na manifestação de Cristo, mas sim que Paulo está afirmando que nesta manifestação não faltará dom com o qual deverá prestar conta a Deus. Muitos crentes esperam a vinda de Cristo, mas nem todos pensam que deverão prestar contas a Deus (2 Co 5.10) (v.6-7).

 

8.O Senhor providenciará que não falte nenhum dom até o dia em que os coríntios se encontrem com Ele. Desta forma é possível chegar diante de Cristo irrepreensível, mas também com o peso da responsabilidade de prestação de contas. Nenhum crente deve se preocupar se chegará no céu sem os dons (pois isto não ocorrerá), mas deve temer se não foi bom mordomo dos dons dados pelo Espírito Santo. Deus é fiel em todos os aspectos, mas conforme o contexto aqui, Deus é fiel em manter os dons seguros até o Tribunal de Cristo. A Igreja aqui é mencionada com a expressão “Comunhão de Seu Filho” (v.8-9).

 

9.A expressão “rogo-vos” (parakaleo) significa “colocar-se ao lado”. Paulo se coloca ao lado dos coríntios para levá-los a compreender o que quer falar. Paulo pede aos coríntios que se unam. Não havia uma grande congregação, e sim, diversas congregações pequenas, funcionando nas próprias casas dos crentes. Estava ocorrendo divisões, rivalidades, competições de um grupo com o outro, além das divisões entre os irmãos da mesma congregação. As divisões internas podiam ser resolvidas ali mesmo. Paulo faz menção das divisões, mas até o momento não tocou nos motivos. Paulo pede união num mesmo pensamento, numa mesma mente. As diferenças não são necessariamente um problema sério, pois estas sempre existirão, mas o problema é como os crentes lidam as diferenças existentes. Ignorar as diferenças é viver de modo superficial; respeitar as diferenças é viver de modo maduro (v.10).

 

10.Cloe era um dos crentes tristes com a situação e apelou para Paulo. Cloe é um nome feminino (“verdejante”). Possivelmente não era de Corinto, mas de Éfeso, onde Paulo estava. Não sabemos exatamente como Paulo recebeu estas informações. Não sabemos se Cloe era crente, é bem provável que sim. De qualquer forma, Paulo recebeu notícias de Corinto, de modo muito cauteloso, ou seja, de alguém de Éfeso e não de Corinto, o que prejudicaria ainda mais a situação, causando a impressão de que Paulo estaria tomando algum partido ouvindo alguém de Corinto (v.11).

 

11.Os coríntios estavam com os olhos fitos em homens. Os gentios em geral apreciavam Paulo, o “apóstolo aos gentios”. Os gregos apreciavam a oratória e, consequentemente, Apolo (At 18.24, 2 Co 11.5-6). Os judeus apreciavam Cefas (Pedro), o apóstolo da circuncisão (Gl 2.7). “Os de Cristo” não são melhores do que os demais, mas são contenciosos, também, formando um grupo à parte (v.12).

 

Não se sabe se Pedro visitou Corinto. Só agora Paulo tocou num dos motivos das contendas: o partidarismo, a “preferência nociva”.

 

12.Paulo dá duas razões porque não pode haver divisão no Corpo (v.13):

 

1ª)A crucificação de Cristo - através da cruz somos unidos

2ª)A santificação pelo batismo - o crente colocado no Corpo de Cristo é unido imediatamente aos outros membros.

 

13.Paulo tinha suas razões para não batizar, as quais não esclarece muito bem, mas o importante é que isto contribuiu para não haver maior partidarismo. Paulo deixava o batismo a cargo dos líderes das igrejas. Paulo batizou Crispo (At 18.5-8). Crispo foi perseguido pelos judeus. O fato de alguém batizá-lo podia comprometer seriamente e, talvez por isso, Paulo o batizou. Paulo batizou também, Gaio (Rm 16.23), possivelmente seu anfitrião em Corinto (v.14).

 

14.Ninguém podia apoiar-se no fato de ter sido batizado por Paulo e assim, causando maior divisão. O nome envolvia identificação, portanto usar o nome de Paulo, (“em meu nome”, v.15), ou seja, ser batizado por Paulo indicaria forte ligação com ele. Deste modo, Paulo não tinha ligação com nenhum partido. Estéfanas (v.16) estava com Paulo (1 Co 16.17). Talvez o próprio Estéfanas lembrou a Paulo que este o batizou. Batizar não era o ministério de Paulo, por isso, ele nem ao menos se lembrava (v.15-16).

 

15.Paulo não foi enviado para batizar, mas isto não quer dizer que o batismo não seja importante, mas sim, que foi uma tarefa deixada para os líderes permanentes de uma igreja e Paulo não tinha este ministério. A principal tarefa do apóstolo (“enviado”) era pregar o evangelho, estabelecendo igrejas, mas a tarefa de estabelecer liderança e dirigir os crentes era do “evangelista” (conforme as epístolas pastorais). A maneira de pregar o evangelho não é com sabedoria de palavras (humanas). Estas palavras eram duras para os coríntios, pois os gregos de modo geral avaliavam um pregador pela oratória. A ordem não é substituir a “sabedoria humana” por “ignorância humana”, mas o quanto for possível e sadio deve-se usar uma boa oratória que agrade qualquer ouvinte (v.17).

 

A igreja em Corinto (1 Co 1.1-17)

1.Uma igreja auxiliada por um apóstolo fiel (v.1)

2.Uma igreja como qualquer outra, composta de santificados (v.2)

3.Uma igreja dependente da graça e paz de Jesus (v.3-4)

4.Uma igreja enriquecida (v.5)

5.Uma igreja confirmada (v.6)

6.Uma igreja capacitada de dons espirituais (v.7)

7.Uma igreja sujeita ao Tribunal de Cristo como qualquer igreja (v.8)

8.Uma igreja chamada à comunhão de Jesus (v.9)

9.Uma igreja carente de união (v.10)

10.Uma igreja onde há contendas (v.11)

11.Uma igreja partidária (v.12)

12.Uma igreja desobediente ao Corpo de Cristo (v.13)

13.Uma igreja que cultua personalidades (v.14-17)

 

16.“Cruz é morte e morte é fracasso e exaltar o fracasso só pode ser loucura”. Este é o pensamento comum de uma mente sem Cristo. A Cruz não é mensagem agradável, mas palavras duras, no entanto é o poder de Deus. Is 29.14. O homem sempre acha que está certo e Deus errado (Pv 14.12 e 16.25). “Sábio, escriba e inquiridor” são símbolos de pessoas sábias e cultas. Diante Deus, no entanto tornam-se em nada. Deus prova que a sabedoria humana erra em não considerar a fonte: o próprio Deus (v.18-20).

 

17.A sabedoria do homem em qualquer época não o satisfez, não o conduziu ao alvo supremo de toda alma, que é o conhecimento de Deus (Jó 11.7). A loucura da pregação é a própria mensagem: a Cruz. Crer num salvador crucificado é loucura para os que se perdem. Os judeus pedem sinais porque foi só isto que conheceram em toda a sua história. Esta nação foi guiada por Deus através de fatos concretos e visíveis. Exemplos: Passagem pelo Mar Vermelho, Nuvem e fogo, Maná, Muralhas de Jericó, etc. Pediram um sinal de Jesus (Mt 12.38, 16.14, Mc 8.11-12, Jo 6.30). Um Messias, operador de sinais, sim, mas crucificado, era loucura. Os gregos buscam sabedoria porque foi só isto que conheceram em toda a sua história. Esta nação tinha sensibilidade à filosofia, por isso, davam-se às especulações. Crer num salvador crucificado não tem lógica, por isso, é loucura. O Evangelho é loucura para o pensador, pois é muito simples, mas se estivesse disposto a ir além de seu pobre pensamento descobriria um Deus confiável (v.21-22).

 

18.Apesar das dificuldades para judeu e grego, Paulo não muda sua mensagem. O judeu queria um Messias glorioso, estabelecendo o reino prometido, mas morreu como criminoso (este é o “escândalo para os judeus”). O grego queria explicação intelectual, mas não havia, pelo menos, do modo que desejava (esta é a “loucura para os gregos”). No ponto mais dubitável para o judeu e grego é que Paulo enfatiza a sua mensagem: a crucificação de Cristo. “Os chamados” são os que ouviram e obedeceram (creram), seja judeu ou grego. Estes entendem que a mensagem do Evangelho (a Cruz) é o poder e sabedoria de Deus (v.23-24).

 

19.A “loucura-sábia” é a sabedoria de Deus e a “sabedoria-louca” é a tolice dos homens. Os homens julgam a mensagem de Deus loucura, mas é esta “fraqueza de Deus” que é o Seu poder. Deus não escolheu os grandes. Deus não precisa de sabedoria humana. Este é o sentido de “vocação”: não as pessoas indo até Deus, mas Deus buscando as pessoas e, evidentemente, estas aceitando ou rejeitando. Os “sábios” rejeitam e os “loucos” aceitam. O fato de Paulo dizer que Deus não chamou muitos nobres, sugere que alguns nobres aceitaram o chamado e tornaram-se “loucos”. “Segundo a carne”, isto é, segundo os padrões humanos (v.25-26).

 

A mensagem da cruz (1 Co 1.18-25)

1.Loucura do homem X poder de Deus (v.18)

2.Sabedoria destruída (v.19)

3.O humanismo é mais perigoso que o satanismo (v.20)

4.Os salvos só surgem pela pregação (v.21)

5.As alternativas falíveis: sinais e sabedoria humana (v.22)

6.A destruição completa do humanismo, a cruz ou pregação do evangelho (v.23)

7.A mensagem da cruz atende às maiores exigências: sinais e intelectualidade (v.24)

8.O paradoxo: loucura de Deus X sabedoria do homem (v.25)

 

20.Se Deus pode exaltar coisas fracas, isso prova Sua onipotência (“de ossos secos dá vida”). Deus confunde os sábios. Muitos dos chamados (crentes) em Corinto eram lavradores e escravos. Isso foi alvo de zombaria, mas para Deus serve para envergonhar os nobres. O sentido de humilde aqui é de “baixo nascimento”, ou seja, sem ancestrais importantes ou nobres (v.27-28).

 

21.A Bíblia sempre fala que a altivez é abatida por Deus (Pv 16.18, Is 2.11, 25.11, 2 Co 10.5, Sl 18.27, 101.5, Is 5.15, 10.33). Todos os que lutaram contra Deus perderam (1 Sm 2.10). Na verdade Deus sabe que somos fracos, o que falta é reconhecermos isto. “Em Cristo” todos os benefícios da salvação são nossos. Nossa união com Cristo nos une aos irmãos (esta era a necessidade dos coríntios). Em Cristo temos: Sabedoria (compreensão, entendimento), Justiça (retidão), Santificação (dedicação, consagração, separação) e Redenção (resgate do mercado de escravos). Com tudo isto podemos nos gloriar “em Cristo” (Jr 9.24), pois o mérito é Dele e por estarmos Nele, participamos de Sua glória (v.29-31).

 

A clientela genuinamente cristã (1 Co 1.26-31)

1.Caminho estreito, cheio de gente simples (v.26)

2.Caminho estreito com aparência de loucura (v.27)

3.Caminho estreito com poder de destruir o humanismo (v.28)

4.Caminho estreito de pessoas submissas a Deus (v.29)

5.Caminho estreito de pessoas transformadas (v.30-31)

 

Capítulo 2: O caráter espiritual da mensagem de Paulo

1.Quando Paulo pregou em Corinto, não atraiu ninguém à sua própria pessoa, antes, expôs o Evangelho simples, como de fato é. O “testemunho de Deus” é o mistério encoberto para o homem natural, que deixa de ser mistério quando compreende e aceita. Paulo se concentrou neste ponto: a crucificação (1 Co 1.23). Claro, ele tocou em outros temas, mas tudo baseado e convergindo para o tema principal: a expiação na Cruz (v.1-2).

 

2.A atitude de Paulo era de alguém quebrantado pela cruz. O medo de Paulo era pela experiência anterior em Atenas (At 17.32-34). A pregação era simples, não por medo de ser preso ou açoitado, pois senão, não seria “demonstração do Espírito e de poder” e, mesmo porque Paulo foi preso e açoitado com esta mensagem simples. Paulo pregava sabedoria de Deus aos mais maduros (“experimentados”). Estes ouvem e aceitam. Neles é que a mensagem faz efeito. Os “príncipes deste mundo” ou “poderosos desta época”, podiam ser os líderes romanos, os líderes judeus e os filósofos gregos (v.3-6).

 

3.O “mistério”, muito falado em Ef 2 e 3, onde judeus e gentios, salvos, são unidos num só Corpo, a Igreja. Nunca o VT revelou isto. Deus “preordenou”, isto é, o Evangelho não é uma ideia tardia, mas estava na mente de Deus, embora nunca tenha revelado até a plenitude dos tempos (Gl 4.4). A revelação deste plano de Deus é para a glória dos crentes (“para nossa glória”). Participamos deste plano com Cristo e em Cristo. Esta sabedoria é ignorada pelo homem natural (Sinédrio, Pilatos, Caifás, os soldados, o povo judeu em geral que mandou crucificar Jesus, Lc 23.34) (v.7-8).

 

4.Is 64.4. É impossível perceber a Sabedoria com as capacidades naturais. O Espírito Santo atinge nossas faculdades (visão, audição e mente) iluminando-as para entendermos a sabedoria de Deus. O homem natural pensa que com suas faculdades pode buscar a sabedoria de Deus. O que Deus tem preparado para os crentes? Tudo aquilo que está envolvido na Salvação, coisas estas que as faculdades naturais não podem discernir. Só é possível compreender Deus pelo Espírito Santo, aliás, o que se pode conhecer de Deus é somente através do Espírito Santo (v.9-10).

 

5.“As coisas do homem”, ou seja, o que se refere à personalidade de cada um, somente o “espírito” de cada um pode perceber. A expressão “espírito do mundo” serve para identificar com a cosmovisão, ou seja, qual a concepção da civilização deste mundo, como o mundo pensa. O crente recebe o “Espírito de Deus” com o fim de conhecer as bênçãos provenientes de Deus. As bênçãos são as mesmas do v.9, são as “coisas que Ele tem preparado para os que O amam”. Nem imaginamos o que Deus pode nos dar, por isso, o Espírito Santo atua como Aquele que traduz as bênçãos de Deus para serem entendidas por nós. Como entenderíamos a bênção do sofrimento sem a atuação do Espírito Santo dizendo que o sofrimento redundará em bênção. (v.11-12).

 

“‘O espírito do mundo’… Apesar do que possa parecer a princípio, a referência, quase com certeza, não é a Satanás como ‘o deus deste século’ (2 Co 4.4) ou a algum outro ser espiritual. Antes, é cunhado para aguçar a antítese ao Espírito e sua atividade escatológica. A frase retrata o mundo, como humanidade em rebelião contra Deus (1.20,21,27,28, 2.6b,8), com as atitudes e padrões que caracterizam o mundo como um todo... (‘mentalidade’, ‘disposição’, ‘atitude’) da carne em oposição ao Espírito de Rm 8.6. Como falamos do ‘espírito das eras’ ou ‘o espírito’ que controla uma cultura, assim Paulo se refere ao ‘espírito desta era do mundo’,”[3]

 

6.“Disto, também, falamos”, isto é, sobre a verdadeira sabedoria de Deus e o Espírito Santo. As informações de Deus não eram de nenhuma escola de retórica, mas do próprio Espírito Santo (“ensinadas pelo Espírito”). Paulo exclui todo o tipo de sabedoria humana, quando diz “conferindo coisas espirituais com espirituais. O crente, ou melhor, o Espírito Santo, recebe verdades e o Espírito Santo liga essas verdades com outras já aprendidas e, em consequência, vai aumentando a maturidade (2 Pe 1.5-8) (v.13).

 

7.O homem natural (psuchikos) não tem o Espírito Santo, por isso mesmo, não entende as verdades espirituais. As verdades espirituais subjetivas (experiência interior) não estão ao alcance do intelecto humano, embora as verdades espirituais objetivas possam ser entendidas com o intelecto humano (v.14).

 

Exemplo: Cristo morreu pelos pecadores para salvá-los de sua condição de escravos de Satanás. A verdade é espiritual e muitos entendem de forma objetiva (externa), mas de modo subjetivo, como experiência interior que produz mudança de mente, só o crente pode entender.

 

8.O homem espiritual (pneumatikos) tem o Espírito Santo, por isso mesmo, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém, isto é, o homem espiritual entende o homem natural (julga todas as coisas), porém, o homem natural não compreende o homem espiritual (não é julgado por ninguém). Julgar aqui tem o sentido de “considerar e discernir” (v.15).

 

9.Is 40.13. Quem conhece a mente de Cristo para julgar o homem espiritual? Ninguém somente o próprio homem espiritual, que não somente conhece, mas possui a mente de Cristo. O homem espiritual é como o diamante: pode riscar qualquer corpo, mas não é riscado por nenhum (v.16).

 

O problema da pregação (1 Co 2.1-16)

1.Ostentação de linguagem (v.1)

2.Falta de cristologia (v.2)

3.Autossuficiência (v.3)

4.Persuação humana (v.4)

5.Humanismo como base (v.5)

6.Falta de experiência espiritual verdadeira (v.6)

7.Falta de compreensão dos propósitos de Deus no plano geral da humanidade (v.7-8)

8.Falta de visão espiritual (v.9)

9.Falta de submissão ao Espírito (v.10-11)

10.Mundanismo (v.12)

11.Incapacidade associativa com as verdades espirituais (v.13)

12.Falta de discernimento espiritual ou falta de conversão (v.14-16)

 

Capítulo 3: As divisões na igreja. As recompensas das obras dos ministros. A sabedoria de Deus

1.O homem carnal (sarkikos), também, tem o Espírito Santo, possui dons, mas não as qualidades morais de Cristo para exercê-los. Não é controlado pelo Espírito Santo. Aqui considerado como criança em Cristo, mas não no mesmo sentido que é usado para um recém-convertido, que ainda não teve tempo para amadurecer (v.1).

 

2.Não há problema em “ser criança”, desde que esteja nesta fase, mas com o decorrer do tempo deve haver crescimento, senão, a questão já não é ser recém-convertido (que não é um problema), mas o problema passa a ser “carnalidade”. Quando Paulo fala que “nem agora” podem comer alimento sólido, porque continuam “crianças”, já está tratando como pecado (carnalidade). Paulo ficou 18 meses em Corinto. Escreveu um ano depois de ter saído de Corinto, são dois anos e meio sem crescimento, isto mostra que a falta de maturidade se tornou carnalidade (v.2).

 

3.Há diferença entre “sarkinos” (cárneo, feito de carne) e “sarkikos” (caracterizado pela carne). Os coríntios se tornaram “sarkikos” (agindo segundo a carne), com ciúmes e contendas, “andando segundo o homem”, entende-se “homem natural”. O homem carnal é salvo, porém, age como o incrédulo. Os partidos mostram carnalidade (Mt 7.20) (v.3-4).

4.Os “heróis” apreciados pelos partidos são apenas servos, no lugar onde Deus os colocou para ganhar os coríntios para Cristo. “Deus concedeu a cada um” serviço. Aqui não se refere a dons (v.5).

 

Um incentivo a todo obreiro é que Deus concede serviço e não sucesso. O sucesso é nossa obediência e não os resultados que esperamos. Nossa tarefa é trabalhar.

 

5.Paulo e Apolo contribuíram para a salvação e edificação dos coríntios. Começou com Paulo plantando e continuou com Apolo regando (At 18.24-28) e concretiza-se com Deus dando o crescimento. Nem Paulo e nem Apolo devem receber glórias, mas Deus (v.6-7).

 

6.Aqui vemos que Paulo e Apolo não eram rivais (“são um”). Note que cada um receberá galardão, segundo o seu próprio trabalho, e não segundo o sucesso (resultado). Não importa tanto quem é o trabalhador, mas sim, quem é o dono da lavoura e do edifício. Paulo e Apolo são apenas cooperadores (v.8-9).

 

A divisão entre os irmãos (1 Co 3.1-9)

1.As divisões são carnalidade (v.1-2)

2.As divisões são uma forma de humanismo (v.3-4)

3.As divisões não reconhecem o cooperativismo (v.5)

4.As divisões não reconhecem Deus (v.6-7)

5.As divisões não reconhecem o coletivo (v.8-9)

 

7.Paulo foi usado por Deus para ser o arquiteto da “construção” (igreja em Corinto). Paulo foi um “prudente construtor”, isto é, sábio, habilidoso. Paulo lançou o “alicerce”, que é Jesus Cristo. O alicerce que Paulo lançou é bom, porém, estavam corrompendo a construção (“outro edifica sobre ele”, sobre o alicerce). Outros estavam usando materiais estranhos sobre o alicerce. Esses materiais estranhos eram compostos de sabedoria humana. Paulo reforça o ensino, identificando claramente de Quem se trata este alicerce. O alicerce “foi posto” por Deus, o Pai, Paulo foi o arquiteto que cooperou. Há ensinos que “dão lugar” a Cristo, mas de fato, usando Cristo como material sobre o alicerce, quando Ele é o alicerce (v.10-11).

 

8.Aqui trata especialmente e em primeiro lugar das obras dos ministros, mas com aplicação aos crentes em geral. Há duas classes de trabalho: 1)ouro, prata e pedras preciosas   2)madeira, feno e palha. Portanto, não são seis classes de trabalho, apenas duas: as indestrutíveis e as destrutíveis. Lembre-se, os materiais sempre vão em cima do alicerce, por isso, quem sofrerá algum juízo são os materiais e não o alicerce (v.12).

 

9.As obras dos ministros serão provadas e o “dia as demonstrará”, isto é, o dia do encontro da Igreja com Jesus, que será o dia (talvez sete anos) dos galardões e acertos de conta (2 Co 5.10). O fogo provará as obras. O que permanecer é garantia de recompensa. Nada tem a ver com a salvação, exceto que o julgamento se dá com os salvos e por causa do que fizeram com os benefícios da salvação. Todas as obras serão queimadas (provadas à fogo). A obra queimada que não permanecer é porque não houve aprovação do Senhor. Portanto, não apenas falta de obras, mas obras desaprovadas. As obras em si mesmas podem ser proveitosas (exemplo: edificação do corpo de Cristo com uma pregação), mas a atitude arrogante, pode desmerecer para efeito de galardão, muito embora, possa ter realmente edificado o corpo de Cristo (v.13-15).

 

10.O santuário de Deus aqui não é o corpo do crente, mas o crente como Igreja. O Espírito Santo habita a Igreja. Quando Paulo usa a expressão “não sabeis”, está combatendo a sabedoria humana, que pretende saber tudo. A Igreja não é apenas um lugar religioso, mas é a morada de Deus. Este é o santuário onde Deus habita. Portanto, refere-se à Igreja Universal Invisível. Alguém pode destruir o santuário de Deus, a Igreja? Sim e Não! Não, porque Jesus disse que as portas do Inferno não prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18). E sim, porque o presente versículo está dizendo que quem destruir, Deus o destruirá. A questão está em compreender corretamente o termo, aqui usado para destruir. Evidentemente, ninguém pode fazer isto de modo categórico com a Igreja do Senhor Jesus Cristo, porém, é possível não ajudar na edificação da Igreja e até atrapalhar o avanço desta com heresias da sabedoria humana. Aos que prejudicarem a Igreja desta forma, serão também, prejudicados por Deus. Devemos pensar em termos de eternidade, mais do que no presente tempo (v.16-17).

 

11.Paulo adverte os coríntios a colocarem de lado a sabedoria humana. Ser sábio para Deus é ser louco para o mundo. Quem aceita a sabedoria de Deus (a mensagem da Cruz) é considerado estulto (néscio) para o mundo. A sabedoria do mundo é astuta (Jó 5.13), mas Deus apanha esses sábios e mostra quão tolos são. A sabedoria humana é vã. “Tudo é vosso”, ou seja, os coríntios são ricos em Cristo, pois em Cristo temos todos os benefícios e, consequentemente a Igreja é rica, pois têm os crentes para Si mesma. Paulo, Apolo e Cefas eram dos coríntios (1.12), pois eram seus mestres. “Tudo é vosso”, ou podemos dizer, também: “Tudo é nosso”. A seguir uma lista do que é nosso (v.18-22):

 

1)Os líderes (Paulo, Apolo e Cefas)

2)O mundo (vivemos nele)

3)A vida (presente e eterna)

4)A morte (vencida por Cristo a nosso favor)

5)As coisas presentes (o controle da situação em Cristo - a vitória diária)

6)As coisas futuras (esperança em Cristo)

 

12.Temos estas seis realidades mencionadas. Cristo nos tem para Si, e é por isso que temos alguma coisa. Paulo completa o pensamento dizendo que Deus, o Pai, possui Cristo para Si. A relação de Cristo para com Deus, o Pai é de subordinação voluntária para salvar o pecador (v.23).

 

“Todas as coisas e todos os crentes são a possessão de todos os crentes entre si, uns com os outros. Nós nos roubamos quando limitamos a nós mesmos a um indivíduo ou a um círculo estreito [de pessoas, de crentes].”[4]

 

O que não é nosso, pois não é mencionado nas verdades destes é o passado. O passado não é nosso, pois este não importa mais, Cristo venceu por nós. Às vezes o passado vem para nos culpar, mas como este não é nosso, não precisamos mais nos preocupar com ele.

 

 

 

 

 

 

 

Os galardões ministeriais (1 Co 3.10-23)

1.Galardão é baseado na edificação do corpo (v.10)

2.Galardão é baseado no fundamento de Cristo (v.11)

3.Galardão é baseado na utilidade e efetividade do nosso trabalho (v.12)

4.Galardão é baseado no Dia do Tribunal de Cristo (v.13)

5.Galardão é baseado em obras no ministério (v.14)

6.Galardão é baseado no fogo (v.15)

7.Galardão é baseado no conhecimento do Corpo, a Igreja (v.16)

8.Galardão é baseado em retribuição (v.17)

9.Galardão é baseado na sabedoria de Deus (v.18-23)

 

Capítulo 4: O ministério da Palavra

1.A palavra “ministros” é “huperetes”[5] que traduz-se como “remador de baixo” e é uma alusão aos escravos que remavam “em fila” no porão do navio, como no romance “Ben-Hur”. Portanto, Paulo diz que o importante é que os homens vejam os ministros como servos deste tipo. Ora, o “doulos” era um escravo até de elite em comparação aos “huperetes”. Mas, Paulo também, considera os obreiros como “oikonomos” (despenseiro), que na verdade era um mordomo que devia prestar contas ao seu senhor. Oikos (casa), nemo (distribuir, determinar), portanto, alguém que controla uma casa distribuindo tarefas e recursos e que deve prestar contas. O ministro é um mordomo (despenseiro) e distribui “os mistérios de Deus”, ou seja, as verdades bíblicas (v.1).

 

2.A fidelidade do despenseiro está em entregar o que recebeu (Lc 12.42). O despenseiro deverá prestar contas a respeito de suas atitudes para com as pessoas. Todos somos despenseiros (1 Pe 4.10, 5.1-3). Algumas vidas são confiadas ao despenseiro. Ele não é responsável diretamente pelas vidas, mas sim, por suas atitudes em relação às pessoas (Se foi fiel ou infiel). Paulo não tem medo de ser julgado pelos homens, pois quem julga é o Senhor. O próprio Paulo não se julga, pois não tem o conhecimento de todos os fatos e motivações do próprio coração. Se Paulo interrompesse o ministério por causa dos julgamentos dos homens, não teria ido muito longe, pois durante toda a sua vida, criticaram-no e duvidaram de seu apostolado (v.2-3).

 

Observação sobre a INTROSPECÇÃO:

Alguns incentivam esta prática e até foi introduzida em muitos grupos evangélicos como uma parte específica dos cultos. Não é errado examinar a própria vida quanto às práticas externas, visíveis e conhecidas do próprio indivíduo (1 Co 11.28,31), porém, há um perigo encoberto na introspecção, que não é o mesmo que autojulgamento e pode, inclusive, causar depressão emocional. Quem somos nós para olharmos dentro de nós mesmos para buscar algo que não agrada a Deus? Com quais olhos podemos examinar-nos? Pelo fato de não possuirmos a visão de Deus, podemos ver “qualidades” que Deus não vê, ou defeitos (culpas) que Deus também não vê. A oração deve ser a mesma que o rei Davi: “Sonda-me, ó Deus...” (Sl 139.23, 7.9, 17.3, 139.1, ver também, Pv 21.2, Ap 2.23). Podemos pedir a Deus para sondar o nosso coração, mas nunca tentarmos fazer isto com os nossos próprios olhos (Jr 17.9-10). Veja porque temos visão errada sobre nós mesmos (Sl 36.2).

                                                                    

3.A consciência de Paulo não o argui (acusa) em nada, mas ainda assim, ele prefere deixar o julgamento com o Senhor, pois a própria consciência pode falhar (Jr 17.9). O julgamento que os coríntios fizeram de Paulo era precipitado. No Tribunal de Cristo tudo será esclarecido. O Juiz vê tudo, até mesmo os “desígnios do coração”, que são as coisas mais profundas e misteriosas do nosso ser, onde estão as intenções mais íntimas conhecidas ou não por nós mesmos. Somente na Presença do Senhor Jesus Cristo é que receberemos o louvor e a reprovação (v.4-5).

 

4.Paulo fez menção dele próprio e de Apolo até agora, para ensinar os coríntios. O objetivo de colocar-se como exemplo, era para que não fossem “além do que está escrito”, preferindo um em detrimento ao outro, exaltando Paulo e diminuindo Apolo ou vice-versa. A expressão “além do que está escrito” ensina algo importante: é permitido julgar pecados já revelados na Bíblia (“o que está escrito”) e fazer distinção do que anda na luz e o que não anda, mas nunca ir além disto (v.6).

 

5.Tudo o que temos, em relação ao progresso espiritual, é porque recebemos e não porque conquistamos. Paulo novamente condena a sabedoria humana, aqui com roupa de orgulho, quando o próprio crente “se faz sobressair, sendo diferente”. São perguntas retóricas, onde a respostas são óbvias (v.7).

 

6.Paulo usa de bastante ironia neste versículo. Os coríntios sentiam-se satisfeitos e sem carência de nada, independentes (Mt 5.6, Ap 3.17-18). Paulo desejava que os coríntios fossem realmente maduros como pensavam. Paulo sente-se assim, zombado, servindo de espetáculo, onde “anjos e homens” assistem (v.8-9).

 

7.Os coríntios se consideravam mais do que Paulo, por isso, usou de ironia, dizendo: “Nós somos loucos por causa de Cristo” e “vós sábios em Cristo”. O que os coríntios tinham de sabedoria deviam ao ensino de Paulo e Apolo. “Nós fracos e vós fortes” (1 Co 9.22). Paulo fez muito para alcançar alguns. Esta ideia nunca pode se afastar da mente de um missionário, pois senão desanimará com tão poucos “resultados”. “Vós nobres e nós desprezíveis”. Os coríntios quando chegavam diante dos nobres era para ganhar honra e favor; Paulo quando chegava diante dos nobres era para ser esbofeteado e envergonhado, mas tudo isto ele fez para “enobrecer” os crentes (v.10).

 

8.As privações sofridas pelos apóstolos são mencionadas aqui. Paulo não está recordando fatos antigos, mas é a sua própria atualidade. Paulo mostrou dedicação pelos coríntios (v.11).

 

FOME - Paulo recebia pouca ajuda das igrejas que fundou e às vezes trabalhava para se manter. SEDE - Quantas viagens por lugares áridos, racionando seu cantil de água, numa região de péssima qualidade de água, como era o Mediterrâneo.

NUDEZ - Com vestuário insuficiente (2 Co 11.27, 2 Tm 4.13,21).

ESBOFETEADO - Quantas vezes esmurrado e maltratado.

SEM MORADA  - As viagens e fugas de Paulo obrigavam-no a este tipo incerto de vida.

 

“Este tipo de paciência e tolerância demonstrado pelos apóstolos é trazido a este ponto, parcialmente para contrastar com a atitude de orgulho dos coríntios e em parte para servir como base para a admoestação de Paulo para imitá-lo.”[6]

 

9.Paulo trabalhou com as próprias mãos em dois lugares, quando tinha todo o direito de receber (At 18.2-3, 1 Ts 2.9, 2 Ts 3.8). Algumas missões atuais não permitem que o obreiro trabalhe para o seu próprio sustento. É notável o fato cultural que os gregos desprezavam todo tipo de trabalho manual, deixando isto para os escravos, como algo vil e desprezível. Paulo sofreu perseguição dos pagãos, dos judeus, dos coríntios (críticas agudas) e do próprio Satanás e seus demônios. Por certo a atitude de Paulo era aquela recomendada por Jesus (Lc 6.28) (v.12).

 

10.Quando Paulo e os apóstolos eram caluniados, procuravam conciliação, principalmente com os judeus. Paulo foi considerado como lixo e escória, ou seja, restos, detrito. O objetivo de Paulo escrever os seus sofrimentos não era para envergonhá-los. Ter um líder assim era vergonha para qualquer grego. O objetivo era dizer com amor que os coríntios estavam errados por serem arrogantes, sendo que seus mestres eram, até mesmo, desprezados do mundo. Paulo dá uma pausa abrupta em seu assunto e não mais usa a ironia dos versos anteriores, mas trata-os agora como “filhos amados”. O objetivo de Paulo aqui não é envergonhar os coríntios, muito embora, em 6.5 e 15.34 o objetivo era exatamente este, envergonhá-los (v.13-14).

 

11.Paulo usa de uma hipérbole, quando fala “dez mil aios” (pedagogos). O pedagogo era o instrutor de crianças (Gl 3.24), um tipo de escravo de famílias gregas e romanas, que tinha a responsabilidade pela instrução das crianças (Gl 4.2). Este escravo não era o pai da criança. Os coríntios podiam ter milhares de mestres, mas só Paulo era o pai deles, pois ganhou-os para a Salvação em Cristo (v.15).

 

12.Como pai, Paulo tem toda a autoridade de exigir imitação. Não era arrogância de Paulo, pois quando falava de “servo” dizia ser o menor e quando se referia a “pecador”, dizia ser o maior e quando ousava dizer que era “apóstolo” dizia ser o menor de todos, nascido fora de tempo, que nem era digno de ser chamado apóstolo. Paulo enviou Timóteo porque os coríntios se esqueceram do que haviam aprendido. Os ensinos de Paulo eram os mesmos “em cada igreja”, e da mesma forma seus discípulos tinham que ensinar somente o que ele ordenava que fosse ensinado. A isto damos o nome de Autoridade Apostólica, exclusiva aos Apóstolos, lembrando que não temos mais apóstolos (v.16-17).

 

13.Quando souberam que Timóteo, e não Paulo, os visitaria, firmaram-se mais ainda em seu orgulho, pensando que Paulo não tinha coragem de visitá-los, por isso, mandaria o “fraco e tímido” Timóteo. Note novamente a “preferência nociva” dos coríntios. Paulo desafiou os coríntios arrogantes. Ele irá com autoridade, que é o poder de Deus, e verá qual o poder (autoridade) deles. Note que Paulo não estava intransigente quanto a ir para Acaia, mas coloca-se à disposição de Deus (“se o Senhor quiser”), ou seja, estava disposto a cancelar seus planos, conforme a vontade de Deus (v.18-20).

 

14.Paulo podia ir com severidade ou não, eles podiam escolher, a resposta viria conforme a mudança ou não de mentalidade. Parece que escolheram a vara, pois a situação não melhorou, basta ler a 2ª epístola e perceber que, até mesmo a sua autoridade apostólica, estava sendo posta em dúvida (v.21).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Parceria com Cristo no ministério (1 Co 4)

1.Parceiros no serviço (v.1 – Huperetes = remador de baixo)

2.Parceiros na fidelidade (v.2)

3.Parceiros no julgamento (v.3-5)

4.Parceiros na igualdade de posição (v.6)

5.Parceiros na responsabilidade recebida (v.7)

6.Parceiros no reino (v.8)

7.Parceiros na humilhação (v.9-10)

8.Parceiros nas privações (v.11)

9.Parceiros nas perseguições (v.12-13)

10.Parceiros na admoestação (v.14)

11.Parceiros na família (v.15)

12.Parceiros na conduta (v.16)

13.Parceiros no ensino (v.17)

14.Parceiros no teste do ministério (v.18-20)

15.Parceiros na disciplina (v.21)

 

Capítulo 5: A contaminação dentro da igreja

1.Corinto era imoral por causa das prostitutas cultuais, as quais evidentemente, atraíam turistas. Apesar desta situação, bem conhecida até nos dias atuais, através de livros de história e pinturas da época, nada aconteceu semelhante entre esses pagãos, como o caso da igreja em Corinto, ou seja, alguém que chegara a ponto de possuir sexualmente a mulher do próprio pai (v.1).

 

Não sabemos se o pai já havia morrido, o que não muda a situação vergonhosa, pois até mesmo neste caso a prática era proibida, tanto pela Lei (Lv 18.7-8, 20.11), como pelos rabinos do Sinédrio, também, pela Lei Romana e pelos pagãos e, evidentemente, pela Igreja Cristã.

 

2.Antes, ensoberbeceram-se, achando que estavam mostrando virtude de misericórdia. Os valores foram mudados, sem discernimento. Paulo estava ausente, mas participante do problema, por isso, sentenciou e orientou a igreja como proceder na disciplina. Paulo estaria ali “no espírito”, isto é, com sua palavra. Paulo mandou convocar uma Assembleia e ele mesmo estaria lá com sua palavra. Esta Assembleia seria executada na autoridade (poder) do Senhor Jesus Cristo. A autoridade (poder) é de Jesus, mas a execução da disciplina é da Igreja (v.2-4).

                                                                     

3.Entregue a Satanás: Entendemos que não se refere à perda da Salvação, pois o próprio apóstolo afirma isto, quando diz “para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus”. Esta entrega a Satanás serve para pessoas obstinadas no pecado e hereges e não se refere absolutamente a disciplinas corretivas e necessárias, que estão em escala inferior. Pessoas entregues a Satanás pela a autoridade da Igreja, ficam fora da proteção de Jesus Cristo, expostas ao domínio de Satanás, sujeitas às doenças físicas, aos males diversos e até à morte física. Satanás sempre está à procura de pessoas nesta situação e para isto precisa ter a permissão de Deus (Lc 22.31-34). A Igreja dá esta permissão e o Senhor Jesus concorda (“ligardes e desligardes” - Mt 16.19-20) (v.5).

 

 

 

 

 

 

“O Novo Testamento ensina que Satanás é o ‘príncipe deste mundo’ (veja-se Jo 12.31). Contudo tem poder apenas sobre a ‘carne’ (Jó 2.5-6; Lc 13.16; 2Co 12.7). Em 1 Tm 1.20 lemos: ‘Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás para que aprendam a não blasfemar’. Estas passagens mostram que Satanás tem permissão de Deus para infligir sofrimento físico aos homens, o que pode resultar no arrependimento deles. Devemos admitir que hesitaríamos muito, hoje em dia, em fazer precisamente o que o apóstolo mandou que os coríntios fizessem. Podíamos desculpar-nos lembrando que a Igreja dos tempos apostólicos tinha de agir de modo especial em determinadas circunstâncias, a fim de, inequivocamente, estabelecer a autoridade do Senhor ressuscitado. Demais disto, a Igreja apostólica era uma corporação pequena, relativamente, e por consequência sua vida era muito mais intensa em assuntos espirituais (ou era capaz de o ser, sob a direção apostólica). Mas, embora hoje possamos achar difícil pensar nos termos precisos aqui usados pelo apóstolo, não há razão para não tomarmos a sério e pormos em prática o conselho que ele dá, a saber, excluir da congregação os que são malfeitores notórios.”[7]

 

4.Os coríntios eram jactanciosos (soberbos, orgulhosos) pelo fato de não disciplinarem, julgando ser isto uma virtude de misericórdia para com o pecador. Portanto, o erro dos coríntios não está em não reconhecerem que aquela imoralidade é pecado, mas na tolerância àquele pecado. Paulo considera aquele pecador como fermento e se ele não for expulso de lá, acabará por levedar toda a massa (envolver a todos). Ninguém é tão neutro para ficar no meio do fermento e não ser levedado (v.6).

 

5.Paulo refere-se à Páscoa (Êx 12). O fermento era proibido nesta festa, exatamente para lembrar a fuga do Egito, quando Deus ordenou que fizessem pão sem fermento por causa da pressa. Assim como a libertação do Egito, Cristo nos libertou para novidade de vida e não com fermento velho ou mesmo fermento novo, mas sem fermento algum, isto é, sem maldade. A nova massa é sem fermento e não com fermento novo. Os judeus observavam a ordem de jogar fora todo o fermento que tivesse em casa, devido a festa da Páscoa, não podiam sequer entrar numa casa onde houvesse fermento. Os crentes, hoje, devem purificar suas vidas como uma festa perpétua (v.7-8).

 

6.Esta carta, mencionada no v.9, por algum motivo não foi colocada no cânon. Dentro da igreja não deve existir impuros, embora fora da igreja é impossível evitar algum tipo de contato. Paulo dá uma lista de pecadores, os quais de forma alguma, combinam com o Corpo de Cristo. Quando um crente vive da mesma forma que um incrédulo devasso, ele vive fora da esfera da igreja, mesmo estando nela (v.9-10).

 

7.Com estes não se deve ter amizade chegada e a refeição juntos é a prova disto. Refere-se tanto às refeições comuns da igreja, como às refeições particulares. Paulo não está falando de pecados eventuais que podem ser concertados com alguns “arranhões”, mas de práticas habituais, as quais já infundiram no caráter do pecador. A seguir uma classificação dos pecados mencionados por Paulo no v.11:

 

1.Vida moral (impuros)

2.Vida social (roubadores, maldizentes, beberrão)

3.Vida espiritual (idólatras)

4.Vida material (avarentos)

 

8.Paulo não tem autoridade sobre os incrédulos. Os coríntios deviam julgar “os de dentro”, mas como isto não aconteceu Paulo teve que interferir, utilizando-se da autoridade apostólica. Quanto aos incrédulos (“os de fora”), Deus é responsável em julgá-los. Paulo termina este assunto sem qualquer chance de refutação, mas enfatiza e ordem a “expulsão do malfeitor”, ou seja, a disciplina aplicada pela igreja (v.12-13).

 

Acreditamos que o infrator se arrependeu depois de algum tempo de sofrimento e foi acolhido novamente, e novamente porque Paulo usou da autoridade apostólica, pois os coríntios partiram para outro extremo de infringir sofrimento além do que foi exigido (2 Co 2.5-11).

 

A impureza na Igreja (1 Co 5)

1.Imoralidade presente (v.1)

2.Soberba complacente (v.2)

3.Autoridade disciplinadora (v.3)

4.Poder de Jesus purificador da Igreja (v.4)

5.Fora da proteção da Igreja (v.5)

6.Fermento que aumenta a massa (v.6)

7.Afastamento do fermento (v.7)

8.Celebração pura (v.8)

9.Associação perigosa (v.9)

10.O mundo não nos mancha mais do que igrejas impuras (v.10-13)

 

Capítulo 6: As demandas na igreja e a purificação

1.Todos têm problemas de relacionamento, até mesmo os crentes. O princípio aqui é de Mt 18.15-17. Todos conheciam o princípio judaico de jamais levar assuntos aos gentios (incrédulos). Os crentes têm sabedoria de Deus para resolver questões entre os irmãos, por esta razão, não podiam ser levadas aos incrédulos, não porque os tribunais corintianos eram corruptos, mas simplesmente porque as questões podiam ser resolvidas entre os próprios crentes. Paulo não está dizendo que a justiça não possa ser procurada e exercida, mas sim, que deve ser feita da maneira de Deus (v.1).

 

Embora o texto seja claro no tocante a proibição em levar o irmão ao tribunal, não há nenhum texto que proíba por completo que o crente busque o tribunal de justiça para resolver questões com incrédulos. Lembre-se que Paulo exigiu um julgamento justo (At 25.11). Também, não permitiu que o chicoteassem, sendo cidadão romano (At 22.25). Outra vez, exigiu satisfações das autoridades (At 16.37).

 

Também não significa que os tribunais dos incrédulos não sejam capazes de julgar com justiça os casos jurídicos. Entendemos que mesmo que um juiz seja crente, não se deve levar o caso a ele, pois este representa os incrédulos (não em caráter, necessariamente, mas em atuação jurídica).

 

2.(Mt 19.28, Ap 20.4, Jd 6, 1 Pe 2.4). No Trono Branco julgaremos os incrédulos e, em algum tempo depois do Milênio, talvez no mesmo Trono Branco, julgaremos também, os anjos caídos. Satanás será lançado no Lago de Fogo sem qualquer tipo de julgamento. Outra forma em que os crentes exercerão juízo sobre o mundo será no Milênio. Diante de tão grande causa de julgamento, Paulo incentiva os crentes a julgarem coisas mínimas, comparadas ao julgamento futuro (v.2-3).

 

Negócios, herança, propriedades, testamentos, etc. Aos crentes é dada autoridade sobre os negócios comuns da vida como compra e venda e outros aspectos mencionados acima. O próprio Jesus Cristo reconheceu esta autoridade no governo humano e individualmente (Lc 12.13-14).

 

3.Os incrédulos “não têm aceitação na igreja”, isto é, embora possam visitar não têm permissão de interferir nos assuntos eclesiásticos. O v.4 apresenta uma dificuldade, mesmo no original grego, o que muda o sentido, conforme a forma entendida, já que é usada uma forma que serve tanto para indicativo como para imperativo (“constituís”) (v.4).

 

INDICATIVO: Entendido assim, a interpretação é que a igreja estava chamando (constituindo) incrédulos para resolver as questões.

 

IMPERATIVO: Entendido assim, a interpretação é que Paulo está dando uma ordem, que é chamar até os menos sábios (da igreja) para julgar as questões.

 

4.Os coríntios agem sem sabedoria. É vergonhoso não ter ninguém para julgar questões entre os crentes. Nesta questão, Paulo quer envergonhar os coríntios, diferente de 4.14. Paulo vai provando aos poucos que entre os coríntios não há sábios verdadeiros, pois não há na igreja quem possa julgar entre os irmãos. Levar um irmão perante o tribunal dos incrédulos é expor a igreja ao ridículo (v.5-6).

 

5.As demandas levadas aos incrédulos já representam derrota, seja qual for o resultado no tribunal. Paulo dá um princípio que só os maduros podem pegar para si: “Perder para ganhar”. É dano para o corpo de Cristo a demanda diante dos incrédulos. A falta de comunhão é inevitável. O crente que não está disposto a sofrer o prejuízo acabará por prejudicar a todos. Paulo não está prometendo que deixar a questão não haverá prejuízo. Sim, haverá prejuízo pessoal, mas não haverá prejuízo para a Igreja. É preferível sofrer a perda dos interesses próprios a desonrar o nome do Senhor Jesus, comparecendo diante dos incrédulos (v.7-8).

 

Três razões para não se levar o irmão a julgamento

1ª razão: Os crentes julgarão o mundo.

2ª razão: Os crentes julgarão os anjos.

3ª razão: É vergonhoso levar questões dos crentes aos incrédulos, pois, estes não têm nenhuma aceitação na igreja.

 

6.Os que estão fora do reino de Deus não herdarão o reino Dele, ou seja, quem está fora da esfera da Igreja (Corpo de Cristo) não têm as mesmas características dos que são da Igreja. Porém, há crentes que estão no reino de Deus (na esfera da Igreja), os quais herdarão o reino de Deus, mas com as mesmas atitudes dos que estão fora desta esfera. Em outras palavras: Crentes vivendo como incrédulos. Qual a explicação? Os incrédulos não foram alcançados com a graça de Jesus e, portanto, não podem viver como um herdeiro do reino de Deus. Alguns crentes, embora alcançados com a graça de Jesus, vivem em sua vida diária, infiéis à sua posição de herdeiros do reino de Deus. Paulo menciona os tipos de pecados (v.9-10)

 

 

 

 

“Havia grande devassidão na cidade de Corinto. Era uma sociedade permissiva, com uma filosofia semelhante à do mundo de hoje. Uma vez que o sexo é uma função física normal, por que não usá-lo como nos parece melhor? Paulo ressaltou que Deus criou o sexo quando fez o primeiro homem e a primeira mulher, portanto tem o direito de nos dizer como usá-lo. A Bíblia é o ‘manual do proprietário’ e deve ser obedecida.”[8]

 

7.Talvez nem todos ao se converterem vieram de uma vida com todas as características mencionadas, mas de qualquer maneira esses pecados eram comuns de modo geral, como são até o dia de hoje. Quanto aos coríntios, deviam viver de modo digno da libertação que tiveram, pois foram transformados por Jesus (v.11).

 

A administração de litígios na igreja (1 Co 6.1-11)

1.A administração do litígio deve ser na igreja e não no mundo (v.1)

2.Administraremos julgamento superior (v.2-3)

3.Administradores errados, por serem incrédulos (v.4)

4.A falta de administradores na igreja (v.5)

5.Uma administração vergonhosa (v.6)

6.A administração da igreja admite prejuízo (v.7)

7.Um conceito administrativo diferente (v.8)

8.Na administração eclesiástica não há lugar para os incrédulos (v.9-11)

 

8.O conceito de liberdade está nas palavras “Todas as coisas me são lícitas”. O cristianismo não é composto de regras e proibições, como por exemplo, alimentos. Tudo está em poder do próprio crente, ou seja, todas as decisões devem ser individuais (“Tudo é lícito”). Fazer ou deixar de fazer em última instância é decisão da própria pessoa, ninguém deve decidir por ela. Portanto, a liberdade é quando alguém faz ou deixa de fazer com a mesma tranquilidade. O conceito de autodomínio está nas palavras “Nem todas (as coisas) me convêm”. Ao mesmo tempo que o crente tem liberdade individual, deve saber que algumas coisas não são “dignas”, “úteis” ou “aconselháveis”. Tudo está em poder do crente, mas o crente não pode ser apoderado de sua própria decisão. Só existe o conceito de autodomínio, quando há condições de escolha (v.12).

 

9.O assunto é duplo: alimentos e imoralidade. Os coríntios achavam que tal como ingerir alimentos é natural, a fornicação e a imoralidade sexual, também, não existindo nenhum princípio moral envolvido. Portanto, no pensamento dos coríntios: “Se não há nenhuma moralidade ética quanto a alimentação, também não deve haver quanto à vida sexual”. Paulo segue com o pensamento da eternidade e da glorificação. Deus destruirá os alimentos, bem como o estômago, ou seja, o corpo será glorificado, não necessitando mais do aparelho digestivo, muito embora anjos e o próprio Jesus glorificado comeram nesta terra, mas não limitados ao processo digestivo, mas apenas como ponto de contato com os amigos: a refeição (v.13).

 

10.O capítulo 15 é específico sobre o assunto da ressurreição. Se o corpo será ressuscitado não deve ser menosprezado com impureza sexual, como se fosse destruído. Estamos ligados a Cristo através do Espírito Santo, o qual nos colocou dentro do Corpo Dele (de Cristo). Isto é a Igreja (1 Co 12.13). Usando este princípio, Paulo faz um apelo através de uma pergunta retórica. Quando o crente se une à prostituição está “levando embora” os membros de Cristo. Paulo não quer que isto sequer passe pela mente dos coríntios (v.15).

11.A união sexual é o contato mais íntimo de dois corpos. A ordem é fugir e não enfrentar, pois neste caso, a derrota é certa. O pecado sexual é contra o corpo, enquanto os demais pecados são fora do corpo. O apetite sexual surge de dentro do corpo e tem como objetivo a satisfação do próprio corpo. Mas quando não é usado de modo pecaminoso, torna-se uma bênção para quem se utiliza dele do modo que Deus deseja. O desejo de se alimentar, também, vem de dentro do corpo, mas como não existe moralidade envolvida em si mesmo, Paulo não considera exceto quando se torna glutonaria (v.16-18).

 

12.Como já foi mencionado em 3.16, aqui refere-se ao corpo do crente como indivíduo e não como igreja. O Espírito Santo está no corpo do crente. O crente não pertence a si mesmo, mas é um veículo das realizações de Deus no mundo. Fomos comprados por um preço e temos que glorificar a Deus, usando evidentemente, o corpo. Por que Paulo não deu nenhum exemplo de como usar o corpo para servir a Deus? A resposta é simples: tudo o que fazemos é por meio do corpo (1 Co 16.14) (v.19-20).

 

Práticas estranhas quanto ao uso do próprio corpo (1 Co 6.12-20)

1.Quando o corpo nos domina (v.12)

2.Quando o corpo é usado para a impureza (v.13)

3.Quando vivemos como se o corpo fosse descartado no final (v.14)

4.Quando nossos órgãos sexuais são prostituídos (v.15)

5.Quando o sexo é visto apenas como necessidade fisiológica (v.16)

6.Quando, em nossa moralidade, separamos corpo do espírito (v.17)

7.Quando não distinguimos pecado sexual de outros pecados (v.18)

8.Quando decidimos que o nosso corpo nos pertence (v.19)

9.Quando pensamos que é possível glorificar a Deus sem o nosso corpo (v.20)

 

Capítulo 7: Paulo responde sobre o casamento

1.Sem dúvida é um assunto íntimo, onde só é permitida por Deus a união do casal. No entanto, os princípios bíblicos do sexo são para todos entenderem e, nisso, há permissão para conselhos com toda a pureza. Conselheiros de casais jamais devem deixar este assunto de fora em seus aconselhamentos, ainda que devam ser feitos com sigilo e respeito. Quase sempre as dificuldades sexuais não são de caráter orgânicos, mas se for o caso, um médico especializado na área pode ajudar a resolver.

 

2.Frequentemente, os problemas sexuais são de origem espiritual, de má formação recebida no lar, de preconceitos, de tabus e psicológicos. Alguns problemas mais comuns quanto à falta de felicidade sexual no casamento são os seguintes:

 

TEMOR - principalmente pela falta de preparo ao entrar no casamento.

RESSENTIMENTO - por ter sido desrespeitado em algum momento: antes ou durante o casamento, pelo cônjuge ou por outro.

SENTIMENTO DE CULPA - por causa de tabus ou por experiências passadas.

CIÚMES - real por causa da infidelidade do cônjuge ou por simples imaginação de que o cônjuge está sendo ou que poderá ser infiel.

FADIGA - fator físico que afeta o desempenho sexual. Este problema se agrava quando um dos cônjuges não compreende o outro.

 

3.Os coríntios estavam confusos. Tudo era imoral em Corinto, além do mais os crentes eram perseguidos (em Corinto, não necessariamente perseguição física). Por alguma razão que não sabemos exatamente, Paulo aconselha aos crentes em Corinto, o celibato, pelo menos nesta época. Deus encoraja os casais a praticarem o sexo dentro do casamento. O sexo, embora não seja somente para prevenir contra a prostituição, serve para um homem e uma mulher manterem puros seus corpos. Nenhum casal deve sentir-se culpado por sentir prazer nas relações sexuais, pois não há nada de pecaminoso nisso (conforme todo o livro de Cantares, Pv 5.18-19 e Hb 13.4). Os prazeres sexuais não devem se limitar a uma pessoa, mas ao casal. Por isso, devem buscar o que agrada um ao outro sem que a integridade moral seja ferida. Paulo não está condenando o ato sexual, quando diz “não tocar mulher”. Tocar tem o sentido de atividade sexual, reservada para os casados. Assim sendo, Paulo está dizendo (não sabemos a razão em Corinto) que era bom que o solteiro continuasse em seu estado. Não por causa do ato sexual, mas por outra razão. Tanto é que Paulo imediatamente incentiva o casamento para evitar a prostituição, isto é, para os que não conseguissem permanecer solteiros (v.1-2).

 

4.O que é devido no casamento é o sexo. Os crentes em Corinto, confusos que estavam, praticavam o celibato dentro do casamento. Privavam-se da prática sexual, pensando que esta era uma prática pecaminosa, mesmo no casamento. Quando se casa o corpo não mais pertence a si. Tanto o marido quanto a esposa são devedores um ao outro na área sexual. O homem não deve usar o corpo da esposa de forma egoística, mas satisfazê-la, da mesma forma a esposa em relação ao marido. Os cônjuges estão em dívida um para com o outro, sendo que o poder do corpo de quem casa é do cônjuge. O sexo é bom, por isso, Paulo diz que o marido deve pagar à mulher a devida benevolência e, assim também, a mulher ao marido. Não é necessário determinar dias ou o número exato de vezes para se ter relação sexual, mas o importante é que nenhum dos dois deve ficar em falta quanto a este assunto, mas satisfazer-se mutuamente. A abstinência é permitida, porém, por pouco tempo. Os dois estão se colocando em risco quando se privam por tempo prolongado (v.3-4).

 

“Assim, para Paulo, o casamento é, em grande parte, sexual, como frequentemente é retratado em passagens do Velho Testamento, tais como Gn 2.15, Pv 5.15-20 e Cânticos de Salomão. O desejo de Paulo é que todos pudessem ser solteiros como ele (v.7ª), mas ele só recomenda o celibato para aqueles que têm o ‘dom’.”[9]

 

5.O ato sexual no casamento deve ser uma prática habitual. Todo casal deve entender que além do que Paulo falou, existem outras exceções, sendo uma delas caso de doença que impossibilite o ato sexual. Mas esta razão é tão óbvia (ou devia ser) que Paulo nem mencionou. A exceção mencionada por Paulo é oração e jejum. Mesmo assim, existem as implicações envolvidas (v.5):

 

1)COMUM ACORDO - Os dois devem concordar em não ter relação sexual por aquele tempo.

 

2)POR POUCO TEMPO - A razão é simples: o casal pode se tornar presa fácil do inimigo para cair em imoralidade, como por exemplo, adultério.

 

3)MOTIVO EXCLUSIVO - O motivo é oração e jejum, que é uma decisão pessoal (aqui do casal) em que voluntariamente há uma abstinência de comida, trabalho (aqui também de sexo) para dedicar-se EXCLUSIVAMENTE à oração.

 

4)PERIGO - O perigo está incluído na advertência de Paulo: Satanás pode se aproveitar da situação, se for por muito tempo. Note, que a oração não substitui a prática sexual do casal. Por isso, o ato sexual foi dado por Deus ao casal, não só como um prazer momentâneo, mas uma necessidade constante. Isto “derruba por terra” a exigência da Igreja Católica de praticar sexo só com o fim de procriação.

 

6.Incontinência é a “falta de autocontrole” (excesso). Se o casal deixar as relações sexuais entre si, terá falta de domínio próprio nas tentações. Satanás poderá tentar pelo “excesso da falta da prática sexual” (“excesso de abstinência”). Normalmente adultério acontece por causa da insatisfação sexual dentro do próprio casamento. Incontinência sempre se refere ao excesso. Aqui, a advertência de Paulo, é quanto ao “excesso da falta”, ou seja, exceder-se na falta de relações sexuais. Paulo não está dando ordem para interromper as relações sexuais para orar, mas pelo contrário, está apenas fazendo uma concessão, isto é, permitindo que isto acontece para os que desejarem. Portanto, o casal deve entender que a oração não substitui as relações sexuais (v.5-6).

 

7.Paulo muda de assunto no v.6. Agora trata do solteiro. Trata de concessão (permissão) e não mandamento. Portanto, neste assunto é permitido escolher: casamento ou vida celibatária. Paulo quer que os solteiros sejam como ele é (ou seja, solteiro). Já vimos em Hb 13.4 que o sexo dentro do casamento é puro. É uma atividade normal e natural dentro do casamento. Existe uma “lascívia idólatra” que permeia nossa sociedade que deve ser evitada por nós os salvos. No lar do crente um cônjuge deve procurar satisfazer o outro em amor e respeito. Jamais o sexo deve ser usado como arma ou chantagem. Porém, se não possui o dom do celibato, o melhor que se faz é casar-se. Paulo chega mesmo a incentivar o casamento ao invés de ficar “abrasado. Muito embora o casamento seja um alívio para as tensões sexuais, evidentemente o casamento não deve ter isto como base (v.7-9).

 

8.Não sabemos se Paulo está se referindo aos dois como sendo crentes, pois somente nos v.12 e 13 que ele é específico. Sempre foi muito comum as mulheres se converterem antes do marido. Cristo ensinou sobre divórcio (Mt 19.6). Paulo não mencionou as exceções que Cristo mencionou (Mt 5.32, 19.9). Lembre-se: Paulo não está dando um ensino específico, partindo dele mesmo, mas está apenas respondendo perguntas específicas dos coríntios. Por que Paulo está dando o exemplo da mulher? Provavelmente, porque era esta a dúvida específica dos coríntios, pois deviam estar acontecendo casos assim. Não havia permissão para casar-se novamente, exceto com o mesmo, ou seja, reconciliação (v.11-12).

 

9.Jesus não tratou sobre o casamento misto, portanto, Paulo para ensinar sobre isto deve ter tido revelação especial de Cristo. O crente não deve separar-se e nem mesmo deixar de ter relações sexuais com o cônjuge incrédulo. Havia em Corinto muitos que se converteram e seu cônjuge continuou incrédulo, como é comum, também em nossos dias e cultura (v.13).

 

10.As bênçãos da comunhão com Deus se estendem ao cônjuge e aos filhos (mesmo sendo incrédulos - Gn 15.18, 17.7-8, 18.26). Outro modo como o casamento é “santificado” é que as relações sexuais são lícitas. Os filhos que nascem são legítimos e não fruto de adultério e o prazer, também, é lícito, mesmo que o cônjuge não seja salvo (v.14).

 

11.O crente é livre para conceder separação. Não fica sujeito à servidão, mas fica livre do casamento (v.15).

 

 

Há muita controvérsia no meio evangélico, se após isto o crente pode casar-se novamente. Devemos lembrar que todo casamento é uma união e não um contrato, apenas; portanto, romper um contrato é romper uma união e a única forma de reatar uma união quebrada é voltar ou então ficar desatado para sempre (ou até que “a morte os separe” definitivamente). Inclusive o casamento entre incrédulos é uma união divina, prova disto é que nós como crentes jamais incentivaríamos a separação, caso um dos cônjuges se convertesse.

 

12.A salvação para o cônjuge incrédulo nunca é prometida, embora, exista esta possibilidade (ver 1 Pe 3.1). Ficar “agarrado” àquele casamento, sendo que o incrédulo quer romper, só levaria à frustração e tensão. O crente não deve esperar grandes mudanças por ter se tornado cristão. Para a sociedade é possível que o crente continue a ser o que é (v.16-17).

 

13.Não importa (Gl 5.6). É melhor obedecer a Deus do que se preocupar com “ordenanças”, que são sinais externos. Alguns judeus no tempo dos Macabeus, desfaziam a circuncisão através de cirurgias. No tempo de Hitler, alguns judeus, também, fizeram a fim de preservarem a própria vida.[10] O crente deve servir a Deus no lugar (posição) em que está. Paulo nunca foi um “Teólogo da Libertação”; nunca lutou para desfazer a escravidão, nem apoiou nenhuma rebelião deste tipo. Porém, se houvesse oportunidade, que o “doulos” (escravo) deixasse a escravidão, era o conselho de Paulo (v.18-22).

 

14.Somos escravos do Senhor, mas nunca de homens. O que mais importa é o relacionamento com o Senhor. Paulo reforça que a sua opinião é fiel. Novamente o exemplo recai sobre as mulheres. A opinião de Paulo se reveste de grande peso, pois ele recebeu a misericórdia do Senhor. Não existe “mandamento do Senhor” sobre o assunto, ou seja, Jesus nada ensinou sobre o assunto, apenas mencionou (Mt 19.12). Paulo está enfatizando o celibato para os coríntios. Motivo: “A situação presente de angústia”. Não se sabe com exatidão que situação era esta (v.23-27).

 

15.Paulo quer poupar as pessoas (tanto homens quanto mulheres) do sofrimento que seria casar naquele momento. Novamente não especifica o tipo de angústia. Por ser a resposta de uma carta, os coríntios sabiam o que Paulo queria dizer com “o tempo se abrevia”. Parece um termo escatológico, mas não podemos afirmar com certeza que Paulo estava esperando a Parousia (chegada) do Senhor para aqueles dias. Paulo faz aplicações bem práticas para os coríntios. Nada é importante agora (devido a situação presente de angústia) (v.28-30).

 

16.Os coríntios podem se utilizar do mundo, mas não abusar ao ponto de ficarem absorvidos nos seus interesses mundanos. Não há nada de sólido no mundo para se agarrar, pois “a aparência do mundo passa” As várias preocupações (v.31-35)

 

17.Paulo agora se dirige ao pai ou tutor de uma moça. Se chegou a idade natural da moça para casar-se (“passar-lhe a flor da idade”), o pai devia casar sua filha, a menos que esta tivesse o dom do celibato. Nada há de indecoroso ficar solteira, porém, na cultura dos coríntios, uma mulher solteira não podia viver tão livremente como em nossa sociedade. Paulo dá sua opinião e preferência: conservar a filha solteira, mas aqui existem três implicações (v.36-37):

 

 

1.PROPÓSITO FIRME - isto é, o pai não pode agir contra sua consciência, achando que é indecoroso deixar a filha solteira.

 

2.ISENÇÃO DE COMPROMISSO - O pai não pode ter necessidade, ou seja, não tem necessidade de cumprir nenhum contrato com algum rapaz (dote).

 

3.DOMÍNIO SOBRE O SEU PRÓPRIO ARBÍTRIO - O pai tem que ter autoridade, ou seja, direito de levar a efeito o seu propósito. Assim sendo, se a moça não tem o dom do celibato, ou já está comprometida a algum rapaz, este pai não tem autoridade em mantê-la solteira.

 

18.O resumo de Paulo é este: Casar a filha é uma decisão boa. Conservá-la solteira é uma decisão melhor (v.38).

 

19.A esposa está ligada ao marido enquanto este vive. Isto é o que chamamos de indissolubilidade do casamento. Somente a morte pode separar um casal unido pelo casamento. Morrendo o homem, a mulher está livre para casar-se novamente, se quiser, mas somente no Senhor, isto é, com um homem crente. Entendemos que esta opinião de Paulo é temporária e circunstancial, ou seja, na situação da época e local, pois em 1 Tm 5.14, Paulo aconselhou exatamente o contrário às viúvas mais novas. Alguns comentaristas liberais pensam que Paulo não tinha certeza se tinha o Espírito Santo, quando diz “penso ter o Espírito do Senhor”. Evidentemente, trata-se apenas de modéstia da parte de Paulo e uma linguagem de autoridade, também (v.39-40).

 

Tudo sobre o casamento (1 Co 7)

1.Casamento é antídoto contra a impureza (v.1-2)

2.Casamento é também responsabilidade sexual (v.3-4)

3.Casamento é também frequência sexual que não pode ser substituída nem pela oração (v.5-6)

4.Casamento é um dom (v.7)

5.Casamento é para a maioria (v.8-9)

6.Casamento é indissolúvel (v.10-11)

7.Casamento é união divina, mesmo quando sob mistura de crenças (v.12-13)

8.Casamento é santificador (v.14)

9.Casamento é dissolvido só pela parte incrédula (v.15-16)

10.Casamento é vocação (v.17-24)

11.Casamento é assunto espiritual e bíblico (v.25)

12.Casamento é peso em situações específicas (v.26-31)

13.Casamento é preocupação (v.32-35)

14.Casamento é também cultural (v.36-40)

 

Capítulo 8: O conhecimento sobre as festas pagãs e o amor e respeito ao irmão e sua consciência

1.O crente é senhor do saber. No caso, senhor com respeito ao assunto de comidas sacrificadas. “Senhor do saber” refere-se à pessoa que sabe o fazer ou deixar de fazer, sem problema de consciência. O saber ensoberbece, mas o amor edifica, ou seja, está em jogo a consciência do irmão e não a liberdade própria (v.1-3).

 

2.Uma parte da carne consumida na cidade de Corinto era consagrada aos deuses, outra oferecida aos sacerdotes pagãos e outra parte vendida nos açougues. Cada um devia ser senhor do saber, isto é, decidir com sua própria consciência (saber) se devia comer a carne ou não. O contexto não é exatamente o mesmo de Romanos cap.14 e 15, mas tem muito a ver. Ou seja, entre os coríntios, o problema não era de consciência fraca, mas de presunção, ou seja, comiam carne sacrificada não só no açougue (que não tem problema), mas nas festas dos templos (que já se torna, no mínimo, idolatria passiva ou cumplicidade na idolatria). Os ídolos nada são. O judeu conservava em sua mente o “Shema”: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4). Muitos se chamam deuses e os adoradores criam que seus materiais (ídolos) eram deuses (ou melhor, representação deles). A diferença básica da fé judaico-cristã para as outras está justamente no monoteísmo e politeísmo (v.4-6).

 

3.Os que não tem conhecimento da Unicidade de Deus ficam confusos diante de um ídolo. O problema não era comer a carne do açougue (que era sacrificada) e sim, ter a consciência contaminada, isto é, os que comiam pensavam que ainda estavam adorando aos ídolos. A comida “não nos recomenda a Deus”, ou em outras palavras, não chegamos mais perto de Deus comendo ou deixando de comer e nem nos afastamos de Deus comendo ou deixando de comer. Não há perda nem ganho em comer ou deixar de comer (v.7-8).

 

4.O que é certo para um pode ser errado para o outro. Paulo não quer forçar padrões. O alimento não é pecado, mas ir ao templo e comer comida sacrificada aos ídolos é muito escandaloso para o fraco, além do que não é nada conveniente para nenhum crente, pois embora a comida seja lícita, o ambiente é comum para todos: adorar demônios. Ir à casa de um pagão é diferente do que ir ao templo, por isso, Paulo segue falando sobre a visita à casa de um pagão (v.9-11).

 

5.Cada crente tem Cristo em si. Portanto, ofender as pessoas de consciência fraca é o mesmo que ofender a Cristo. Paulo faz o máximo para não escandalizar o irmão (v.12).

 

“Finalmente, é significativo que Paulo, ao tratar da fornicação e da carne sacrificada aos ídolos, não apelo para o pronunciamento do Concilio de Jerusalém (cons. Atos 15:19,20). Em vez disso, ele apela aos conceitos espirituais mais sublimes...”[11]

 

6.Paulo não coloca o assunto como ponto final (“não comerei mais carne”), mas subentende-se não comerá para escandalizar, o que não impede de ter suas refeições particulares com carne de açougue. Paulo dá o direito para alguém consciência fraca não comer carne, mas nunca dá o direito para este de impedir o que não tem problema de consciência comer livremente (v.13).

 

Comida e idolatria (1 Co 8)

1.Comida oferecida a ídolos, conhecimento e amor (v.1-3)

2.Comida nenhuma, de fato, pode sofrer alteração, mesmo oferecido a ídolos (v.4-6)

3.Comida oferecida a ídolos e familiaridade que contamina a consciência (v.7)

4.Comida é neutra quanto a propósitos espirituais, mas relacionamentos, não (v.8-9)

5.Comida oferecida a ídolos e os escrúpulos dos crentes familiarizados (v.10-12)

6.Comida está em segundo plano, a prioridade são os irmãos (v.13)

 

O assunto continuará no capítulo 10.23-33.

 

Capítulo 9: A defesa do apostolado de Paulo

1.Paulo é livre, pois sabe usar a liberdade que tem na vida cristã. Paulo viu Jesus na conversão e, também, logo após sair de Damasco e ir para as Arábias (provavelmente). Os apóstolos autodenominados de Corinto não possuíam a mesma credencial de Paulo e nem mesmo os companheiros de Paulo, que eram considerados apóstolos. Paulo não era um dos doze, pois embora tenha visto Jesus, foi “fora de tempo”, ou seja, Cristo já não estava na terra em Seu ministério. Paulo não participou do batismo de João. Paulo gerou os coríntios. Os coríntios deveriam ser os últimos a colocar o apostolado de Paulo em dúvida, pois foram gerados por ele, e isto era um selo. Paulo tinha direito sobre os crentes, pois além de ser comissionado por Deus, o seu trabalho tinha resultados espirituais (v.1-2).

 

2.Paulo tinha o direito de comer e beber, subentende-se “às custas da igreja”. Outro direito era ser acompanhado por esposa. A maioria dos apóstolos de Jesus Cristo eram casados. Paulo defende a si mesmo e outros apóstolos “fora de tempo”, no caso só conhecemos Barnabé e os irmãos de Jesus, que na época de Seu ministério nem eram salvos, depois se tornaram discípulos e “apóstolos” fervorosos. Tal como os demais apóstolos, Paulo tinha o direito de deixar de trabalhar para sustentar-se (Gl 6.6, 2 Ts 3.8-9). Paulo e Barnabé eram os únicos, provavelmente, que pregaram o evangelho e trabalharam para o seu próprio sustento, embora não todo o ministério. Os que não concordavam com o ministério de Paulo estavam sendo injustos colocando uma carga sobre ele que o próprio Deus não aprovava. A Igreja de Corinto julgou mal ao pensar que Paulo e Barnabé deveriam ter uma vida diferente dos demais pregadores. É verdade que alguns pastores trabalham para completar o seu sustento, mas a Igreja podendo suprir ao pastor só tem a ganhar em qualidade de mensagens e ministério (v.3-6).

 

3.A Lei de Moisés ensina o mesmo princípio (Dt 25.4). Deus cuida e quer que os homens cuidem dos animais (Sl 104.14,21,27, Mt 6.26). O boi pisava o trigo e podia comer uns bocados. Os pagãos amordaçavam o boi, mas para os judeus essa prática era proibida pelo próprio Jeová. O que trabalha espera salário. Paulo trabalhou nos assuntos espirituais entre os coríntios, portanto, tinha o direito de receber coisas materiais. Porém, Paulo abriu mão desse direito, pois alguns podiam pensar que ele pregava por causa do dinheiro. Sendo que outrora fora perseguidor da igreja, o mais sábio era não receber em lugares onde a acusação era muito forte, como em Corinto. Paulo não queria ser um obstáculo. Paulo oferece diversos exemplos da vida cotidiana que mostram que não é nenhum absurdo a Igreja sustentar o seu pastor (v.7-12).

 

4.O bom senso ensina estas coisas. Nenhum pastor está explorando a igreja quando recebe um pouco para o seu sustento. Não apenas no entendimento normal dos homens isto é verdade, mas o próprio Deus ordenou que fosse assim (v.8-9).

 

5.O assunto não é propriamente os bois, mas o mestre da Palavra de Deus. Assim como um lavrador espera rendimentos da sua plantação e o boi deseja comer uns bocados do trigo, o pastor espera receber o sustento do seu ministério. O professor da Bíblia lança a semente espiritual e como reconhecimento o povo oferece a ele bênçãos materiais. Este mesmo princípio se encontra em Gálatas 6.6 e não é um comércio, mas a instrução de Deus (v.10-11).

 

6.O apóstolo Paulo não era reconhecido pelos coríntios. Eles investiam o seu dinheiro em outros, mas não em seu mestre. Ele arrumará outra forma de se sustentar, passará alguma privação, mas não será um tropeço para o crescimento dos coríntios. Ele não recebeu sustento em Corinto, pois não aceitavam o seu ministério e em Tessalônica por causa da heresia de que não era mais necessário trabalhar (v.12, ver 1 Ts 2.1-10 e 2 Ts 2.6-12).

 

7.Os sacerdotes tinham seus direitos, e um desses era de se alimentarem do próprio templo (Nm 18.8-24). O Senhor ordenou a manutenção dos obreiros (Mt 10.10, Lc 10.7). Paulo, no entanto, não queria perder a glória de servir a Cristo sem obstáculo, e se recebesse sustento dos coríntios, por exemplo, essa glória ser-lhe-ia arrancada. Paulo carregava sobre seus ombros a responsabilidade da pregação do Evangelho. Paulo seria o pregador para todos (At 9.15), mas principalmente para os gentios, por causa da desobediência de Israel (At 13.46-47). Deus queria que os ministros fossem abençoados materialmente através do ministério. A Igreja precisa reconhecer a sua obrigação, mas também o seu privilégio de cooperar na obra de Deus sustentando o seu pastor (v.13-14, ver 1 Tm 5.17-18).

 

8.Paulo tinha a obrigação, porém, agiu como se fosse voluntário (“livre vontade”). Diferente de alguns que são voluntários e muitas vezes trabalhamos como se fôssemos obrigados. Paulo receberá galardão por sua boa vontade. Se não fosse de coração livre, a tarefa seria como a de um mordomo (despenseiro) que cumpre uma tarefa por obrigação, pois para isso foi contratado. Paulo resolveu, pelo menos entre os coríntios e os tessalonicenses, pregar sem salário. O apóstolo Paulo deu o ensino para a Igreja de Corinto, mas não exigiu nada deles para que o evangelho não fosse prejudicado e para que ninguém o acusasse de avarento. Paulo não dependia de ninguém, por isso, era livre, mas agiu como se devesse satisfação para alguém, com o fim de ganhar alguns. Se não pensarmos como Paulo e não pesarmos bem a palavra “alguns”, ficaremos frustrados. Paulo circuncidou Timóteo para ter entrada entre os judeus incrédulos (At 16.3). Paulo respeitava os judeus, embora havia se desligado do mundo dos judeus e da obrigação para com a Lei. O voto em Jerusalém não lhe foi grande sacrifício (At 18.18). Também, entre o grupo de nazireus (At 21.26) e nem as Festas, das quais já havia se desligado (At 20.6). Entre “os sem lei” (gentios) não andava cheio de regulamentos. Com os que se escandalizavam fácil, Paulo andou com respeito. Muitos eram vegetarianos, numa cultura onde a carne era sacrificada. Paulo, não tendo problema de consciência, certamente respeitou-os e não comeu carne em suas casas e nem oferecia carne a eles, quando vinham em sua casa (v.15-22).

 

9.Paulo fazia tudo para ver alguns sendo salvos. Isto é verdadeira cooperação com o evangelho. Paulo também era um participante, não com o seu dinheiro, mas com sua vida (v.23).

 

10.O administrador Stephen Kanitz[12] mostrou que em si não é errado pretender algo na vida, isto é ambição, mas que é errado roubar, mentir ou pisar nos outros para atingir suas ambições. A ambição é muito enganosa, pois quando pensamos que aquilo é exatamente o que Deus quer para nós, no final vemos que era somente o nosso desejo desenfreado por alguma coisa. O apóstolo Paulo tinha uma ambição, a de agradar a Deus até o final de sua vida, quando receberia Dele a recompensa. Poucos têm ambições que não enganam o coração. Poucos ambicionam viver para Deus totalmente.

 

11.A ilustração que Paulo usa em primeiro lugar é a de um atleta de corrida. Este atleta se domina em tudo (alimentação, sono, preocupações, negócios, exercícios físicos, etc). Tudo isto para ganhar a coroa do Imperador. De fato, não lutava por essa coroa, mas pela fama e riqueza que viriam para si mesmo e para a sua cidade. A coroa que Paulo quer é incorruptível e é o prêmio individual por seu trabalho. Não se trata de salvação, pois esta já foi ganha por Cristo Jesus (v.24).

 

12.Os gregos inventaram as Olimpíadas, o grande sonho de qualquer atleta. É uma ambição pela qual muitos já deram tudo o que tinham para participar. Era uma honra para uma cidade ter um atleta vencedor, mas uma grande desonra quando era um perdedor. Alguns nem mesmo voltavam para a sua cidade. É uma ambição cega, pois o corredor só pensa em ganhar, porém, se ele pensasse mais seriamente na questão, ele veria que a possibilidade de não ganhar é tão grande quanto o número de corredores, pois todos têm a mesma ambição e vão lutar com todas as suas forças para que vençam. Era uma corrida veloz e curta. Gasta-se muito tempo preparando-se por causa de uma ambição, mas a realização é muita rápida. Muitos correm, mas só o vencedor é que leva o prêmio mais honrado. Hoje é a medalha de ouro. As outras medalhas são o consolo para o perdedor. Nos tempos dos Imperadores, o prêmio era uma coroa de louro recebida pelo próprio Imperador. Paulo incentiva o crente a batalhar na vida cristã como um corredor ambiciona vencer a corrida. Há toda a possibilidade de perder. Na vida cristã, há toda a certeza de vitória, mas também há certeza de derrota se não correr segundo as regras.

 

13.Um atleta tem de se dominar em muitas coisas. Ele precisa seguir uma dieta rigorosa, dormir bem, não se dar às festas e orgias, ter a mente livre de ansiedades, não se envolver com outros pensamentos e atividades. A disciplina é a companheira inseparável de um atleta. No final, o prêmio de sua ambição é chegar à competição e vencer. “O importante é competir” pode ser bem ético para o corredor de fim de semana, mas de pouco proveito para o atleta, que vive disso. Só a vitória o coroa de glória. A derrota o deixa junto com os demais perdedores. Em nossa vida temos muitas ambições. Talvez seja o tempo de nos perguntarmos se não estamos dedicando demais as nossas energias em ambições que só nos levarão a receber uma coroa de louros que ao final do dia já está seca!

 

14.As virtudes espirituais são a melhor ambição do crente. Elas também precisam de disciplina e treino, conforme 1 Tm 4.7-8 e Hb 5.14. O corredor tem uma grande ambição, mas como toda a ambição é enganosa, esta também é, pois ele pretende ganhar, mas além de correr contra outros competidores, corre contra a sua própria ambição enganosa, pois quando perder, de quem receberá o ressarcimento do prejuízo de ter dedicado toda a sua vida para aquilo? Quanto aos que correm para agradar a Deus têm a promessa de 2 Tm 1.12 “... porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.”

 

15.Outra ilustração que Paulo usa é a do pugilismo. Paulo não fere o ar, mas o seu adversário é o “próprio Paulo”, que quer atrapalhá-lo no serviço do Senhor. Paulo não quer ser um “desqualificado”, isto é, trabalhar, mas não receber o prêmio; ajudar os outros, mas acabar sendo desmerecedor do prêmio. Portanto, o galardão é um prêmio individual e deve ser “ambicionado” por todos os obreiros (v.26).

 

16.O lutador, assim como o corredor, tem uma ambição, ser vencedor. Os pesos-pesados do pugilismo querem ter o cinturão que lhes coloca como o melhor do mundo. Mas, igualmente, o pugilista luta por algo fugaz, transitório, que passa logo. Quantos pugilistas perderam sua capacidade de raciocínio devido às bancadas no crânio? É uma ambição enganosa. Os golpes errados vão parar no ar. São energia dispensada ao ar, de nada valeram, não contam pontos. Paulo contrastou essa ilustração do lutador com ele mesmo. Os golpes de Paulo foram acertados. As vigílias, a dedicação em oração, a pregação do evangelho e até os sofrimentos atingiram o alvo, o de agradar a Deus. O pugilista treina muito, apanha bastante e se torna um desumano, mas só preenche uma vaidade de multidões e dele própria. É uma ambição enganosa. No final, ele acaba nocauteado pela sua própria natureza, a velhice e a perda da força.

 

17.Viver para o Senhor é golpe certo contra o pecado e o inimigo de nossas almas, Satanás. Acertar o alvo deve ser a ambição do crente, agradar ao Senhor e desviar-se dos golpes do pecado. O apóstolo Paulo não errava os golpes, mas acertava em cheio o seu próprio corpo. Isto não indica nenhum tipo de ascetismo ou insanidade mental, mas quer dizer que Paulo tinha controle do seu próprio corpo e não deixava que este dominasse sobre os seus desejos (v.27).

 

“O maior problema de Paulo na disputa é ele mesmo. As distrações e empecilhos surgem principalmente de dentro. Corpo (soma): aqui é sinônimo de desejos do corpo, da carne, por meio dos quais Satanás ataca tão facilmente... Paulo vence isso não com ascetismo (Cl 2.23), mas com dedicação total ao treinamento, o emprego constante de si mesmo no serviço de Cristo... Paulo não está preocupado em perder a salvação, mas a coroa do vencedor, o prêmio pelo qual exortou os outros a correr.”[13]

 

18.A ambição de um corredor e de um pugilista exige que se abstenham de muitas práticas prazerosas. Na vida cristã, embora não pratiquemos o ascetismo, ou seja, a abstenção de alguns alimentos e prazeres lícitos para ganhar méritos com Deus, mas temos de praticar a disciplina do corpo para mantermos uma vida pura. Algumas vezes o corpo tem de saber que a prioridade não é descansar, mas praticar algo para o reino de Deus. Todas as vezes que o corpo pedir folga da santidade, temos de escravizá-lo sem piedade, pois o corpo não aceita pequenas concessões, ele quer tudo que temos e o que não temos. É exigente e egoísta e libertino. Alguns crentes estão enganados em suas ambições. Até mesmo trabalhar na obra de Deus sem dedicação total do coração pode ser um engano.

 

19.Paulo não tinha medo de não pregar e ser desqualificado, mas de pregar e ainda ser  desqualificado. Nossas ambições e motivações podem nos enganar, até ao fazer o bem. Devemos deixar Deus sondar os nossos corações e ver se há algum caminho mal para que Ele mesmo corrija e nos guie ao caminho correto. As ambições não são más em si mesmas, mas o alvo e as motivações devem ser avaliados para que não lutemos a vida toda por algo e no final descubramos que fomos enganos pelo nosso coração.

 

Direitos dos apóstolos (1 Co 9)

1.Direito adquirido (v.1)

2.Direito ministerial (v.2)

3.Direito de defesa (v.3)

4.Direito de sustento (v.4,7-10,13-14)

5.Direito de casamento (v.5)

6.Direito de ministério integral (v.6)

7.Direito de recompensa (v.11)

8.Direito prioritário (v.12)

9.Direito renunciado (v.15,18)

10.Direito secundário (v.16)

11.Direito de responsabilidade (v.17)

12.Direito de liberdade (v.19-22)

13.Direito de cooperação (v.23)

14.Direito de premiação (v.24)

15.Direito de incorruptibilidade (v.25)

16.Direito de lutar e vencer (v.26)

17.Direito de qualificação (v.27)

 

Capítulo 10: Os exemplos do Antigo Testamento e a idolatria

1.Estes foram os batismos do povo de Israel: debaixo da nuvem (Êx 13.21) e por dentro do mar (Êx 14.15ss). Embora, Paulo esteja falando a gentios, trata os judeus como “nossos pais”. O batismo que Paulo se refere nada tem a ver com o ritual que tão bem conhecemos. O batismo aqui refere-se ao batismo dos judeus “sendo colocados sob a liderança de alguém” (no caso de Moisés). As experiências da nuvem e mar seriam suficientes para Israel aceitar Moisés como líder. O batismo que nós participamos como crentes e que Paulo quer ensinar é quanto à identificação, ou seja, o batismo aqui significa “imergir em Moisés”, isto é, entrar em estreito relacionamento com Moisés (v.1-2).

 

2.Êx 16.4,13. O Maná foi o alimento sobrenatural do povo no deserto. Obs: Maná quer dizer “que é isto” em hebraico. Bebiam da mesma fonte (Êx 17.6). A Pedra que seguia o povo, diz Paulo, era Cristo (foi Ele quem supriu a água). Por isso, Deus os fez ficarem. Paulo retrata o deserto esparramado de cadáveres, como consequência do pecado (v.3-5).

 

3.Nm 11.4. Preferiram o alimento do Egito ao maná. A comida não era má só porque era do Egito, mas Deus não queria identificação alguma com o Egito (mundo). Ver 1 Rs 3.1, 4.26-28. Os ginetes (cavalos de raça) vinham do Egito (1 Rs 10.28). Ver também At 7.39. Êx 32.1-14. Alguns coríntios entravam em templos e participavam das cerimônias, o que era no mínimo cumplicidade nos pecados da idolatria. A consequência disto foi que 23 mil caíram (Nm 25.1-9). Moisés fala 24 mil, mas “num só dia” foram 23 mil. Em Nm 25.5 vemos que os juízes mandaram matar, talvez aí esteja a diferença de número. Em Corinto havia muita imoralidade, mesmo entre os crentes (v.6-8).

 

4.A consequência foram as serpentes (Nm 21.4-9). Os coríntios, também, duvidaram que o Senhor os disciplinaria se desobedecessem. Como consequência foram destruídos pelo exterminador (Nm 16.41-50). Quem exterminou o bando de Coré não foi Satanás, portanto, o exterminador a que Paulo se refere é o próprio Deus. Deus mesmo levou o povo de Israel para o deserto e o próprio Deus infringiu os sofrimentos no povo. Satanás não teve participação nesta jornada de Deus, exceto pela instigação nos corações das pessoas, que lutavam contra a ideia de obedecer a Moisés em tudo (v.9-10).

 

5.Como crentes da Igreja, estamos nos “fins dos séculos”. Cristo pôs fim às eras anteriores. Os exemplos do povo no passado, inclusive seus erros, são para nossa advertência. O forte que despreza o fraco será disciplinado. Este versículo não deve ser visto como uma insegurança para o crente, a ponto deste pensar que a qualquer hora cairá, mas este versículo está nos alertando contra o orgulho espiritual, ao pensar que somos fortes suficiente para não cairmos. O crente em pecado, sim, pode cair a qualquer hora (v.11-12).

 

6.Cinco verdades das quais podemos estar certos no sofrimento (v.13):

 

1.Outros já passaram; 

2.Deus é fiel; 

3.Não será além das nossas forças; 

4.Virá o livramento 

5.Podemos suportar.    

 

7.Os coríntios deviam deixar de uma vez por todas a prática de frequentar os templos pagãos, onde as pessoas comiam em adoração aos demônios. Os coríntios deviam ser mais criteriosos (sensatos). Podiam ver por si mesmos que era errado misturar-se com os idólatras nos templos. A mesa do Senhor significa comunhão com o Sangue o Corpo de Cristo. O crente não deve participar de uma mesa pagã. O ensino é que os crentes são Um com o único Deus, por isso, a idolatria é intolerável, pois faz o adorador ser Um com o deus adorado. Como os coríntios podiam ser um com o Senhor Jesus e ao mesmo tempo participarem das festas pagãs, sendo um com os demônios? (v.14-17).

 

8.Paulo chama a atenção para “Israel segundo a carne”, ou seja, para o monoteísmo judaico. Devemos ser como eles, na verdade somos a continuação da fé de Israel, sem contudo, sermos Israel como nação. Os “participantes do altar”, ou seja, os que recebem alimento do sacrifício, entram em comunhão com tudo o que o altar representa. Portanto, se entre os pagãos (nos templos) comiam do sacrifício, participavam deste, identificando-se com os deuses do sacrifício. Os crentes que participam da Mesa do Sacrifício (a Ceia), entram em comunhão com tudo o que o altar do sacrifício (a Ceia do Senhor) representa, identificando-se com o Deus da Ceia do Senhor. O sacrifício por si só não tem valor. As carnes são indiferentes. O próprio ídolo não tem valor (v.18-19).

 

9.Os ídolos em si mesmos não são demônios, mas os demônios se utilizam dos ídolos (Dt 32.17). Ou “o cálice do Senhor” ou “o cálice dos demônios”. É impossível participar com inteireza de coração das duas festas (Ceia do Senhor e Ceia dos templos pagãos). Se os coríntios estão entendendo isto, mas continuam na prática, então, estão provocando a ira (zelo, ciúmes) do Senhor. Quem provoca a ira do Senhor está-se considerando mais forte do que Ele (v.20-22).

 

10.Como o contexto é sobre comer carne, entendemos que Paulo, quando diz “tudo é lícito”, está-se referindo à permissão (ou liberdade) de comer a carne do açougue, que é sacrificada aos ídolos. Mas quando diz “nem tudo edifica”, está-se referindo ao fato que alguns irmãos se escandalizarão se tiverem que participar dessa refeição com este tipo de carne. Este esforço edifica, pois ninguém derrubará o irmão quando se quer o bem dele. Apesar da liberdade em comer a carne sacrificada, o irmão que ama o mais fraco de consciência se absterá deste direito e liberdade em favor da consciência do outro (v.23-24).

 

11.O conselho é que a pessoa que vai ao açougue tentar comprar uma carne não-sacrificada, faça uma decisão acertada: ou compre qualquer carne ou não arrisque comprar nenhuma carne, mas de modo algum interrogar o açougueiro para saber qual parte do animal foi sacrificada e qual não foi. Evidentemente o dono do gado não oferecia todos os animais ao templo, mas depois de misturadas as carnes como saber? Tudo o que tem no açougue é do Senhor. Mesmo que o crente comprar uma carne que foi sacrificada (claro, a outra parte do animal), o Senhor permite comê-la, pois Ele a abençoou antes mesmo de chegar ao templo pagão (1 Tm 4.1-5) (v.25-26).

 

12.E quanto a jantares em casa de amigos incrédulos. A questão das refeições nos templos já foi tratada: são proibidas a qualquer crente. A questão da carne do açougue, também já foi tratada: é permitida ao crente que não tem problema de consciência. Nesta nova abordagem (quanto a comer na casa de incrédulos), Paulo mostra que é perfeitamente aprovado (diferente do que comer na casa de irmão em pecado ou do pseudo irmão, 5.11). Outra decisão é importante: aceitar ou não o convite de comer na casa de um incrédulo. Paulo prossegue no caso de alguém ter aceito comer na casa do incrédulo. Estando à mesa, deve-se comer de tudo sem perguntar, mesmo que haja a possibilidade de vir alguma parte de algum sacrifício (v.27).

 

13.Ele quem, o anfitrião? O texto não fala claramente quem advertiu. Dificilmente seria o hospedeiro, pois seria uma falta de cortesia, e se fosse o caso, parece que teria convidado apenas para provocar a consciência alheia. Talvez se refira a uma terceira pessoa, por sinal, débil na fé (consciência) (v.28-29).

 

“Comer em um banquete idólatra constituía àquele que come uma participação à mesa com um demônio. Mas comer em uma casa pode ser um assunto completamente diferente (10.27). Paulo está pensando em ‘ocasiões sociais, as quais podem adquirir uma tendência cultural, mas não idólatra’. Se o crente é informado, entretanto, que a refeição que está comendo é ‘refeição sacrificada’... então, é correto não comer. Isto tem a ver com o crente, não por causa da carne, mas por causa da consciência do informante (veja 1 Co 8.10–13; 10.28–29). Estamos supondo que seja um crente fraco que tem suas suspeitas a respeito da carne, confirmadas através de consulta. O informante tem considerado a refeição, puramente social, como um banquete de adoração. Se, de fato, fosse este o caso, que essa refeição fosse uma adoração, teria sido óbvio ao crente mais forte que a carne tinha vindo de um ritual sacrificial.”[14]

 

14.O que é santo numa refeição são os próprios alimentos, que são recebidos pelos crentes com ações de graça. Mas por causa do fraco de consciência, presente àquela mesa, se torna impossível agradecer pela carne e comê-la, pois para o fraco seria o mesmo que estar adorando demônios. Por isso, o melhor que o crente esclarecido faz é não comer, para não ser censurado. Comendo, bebendo ou fazendo qualquer outra coisa, nunca devemos ser alvo de condenação. Evidentemente nem todas as ações são adoração direta a Deus, mas isto não significa que desonrem a Deus. O próprio fato de comer não é adoração a Deus, mas louvamos a Deus por isto ser concedido a nós. Segundo o contexto, a glória de Deus é o alvo principal e não os direitos próprios, que seria comer carne (v.30-31).

 

15.Paulo distingue os três grupos: judeus, gentios e Igreja. Somos Igreja de Deus e não devemos ofender e causar dano à consciência do irmão fraco, fazendo-o tropeçar, sendo que é membro do mesmo Corpo. Paulo coloca-se como exemplo nesta questão de buscar o interesse do irmão e não se agarrar aos seus direitos (v.32-33 e 11.1).

 

Finalizações esperadas (1 Co 10)

1.Fim da escravidão (v.1-2)

2.Fim da fome e sede (v.3-4)

3.Fim de uma geração (v.5)

4.Fim da cobiça (v.6)

5.Fim da idolatria (v.7,14)

6.Fim da imoralidade (v.8)

7.Fim da prova ao Senhor (v.9)

8.Fim da murmuração (v.10)

9.Fim dos tempos (v.11)

10.Fim da presunção (v.12)

11.Fim das forças (v.13)

12.Fim da indiferença (v.15)

13.Fim da separação e independência (v.16-17)

14.Fim dos ídolos (v.18-21)

15.Fim da provocação (v.22)

16.Fim da inconveniência (v.23)

17.Fim do egoísmo (v.24)

18.Fim das especulações (v.25,27)

19.Fim do panteísmo e animismo (v.26)

20.Fim da discussão (v.28-29)

21.Fim do vitupério (acusação) (v.30)

22.Fim do mérito próprio (v.31)

23.Fim do tropeço (v.32)

24.Fim do interesse próprio (v.33)

25.Fim da falta de exemplo (1 Co 11.1)

 

Capítulo 11: A submissão da mulher simbolizada pelo uso do véu. A Ceia do Senhor

1.Em algum aspecto Paulo pôde enxergar alguma virtude nos coríntios que ele começa este novo assunto. Começa com elogio, mas não se anime, fazia parte da estratégia dele, antes de falar com autoridade apostólica (veja 4.16). Os coríntios estavam imitando Paulo quanto às tradições, ou seja, imitavam Paulo quanto as verdades cristãs bem conhecidas (v.1-2).

 

 

2.Cabeça significa “autoridade”. O princípio da Criação é (v.3):

DEUS – CRISTO – HOMEM -MULHER

                       

3.Os homens judeus oravam de cabeça coberta. Cobrir a cabeça para o judeu significa “estar sob a autoridade de outrem”. Como o homem não está sujeito a ninguém na terra, desonra a sua própria cabeça (autoridade) cobrindo-a. Isto na nova ordem, que é a Igreja, pois entre os judeus o homem cobria a cabeça em sinal de submissão a Deus, porém, as mulheres não adoravam no mesmo lugar. A mulher com a cabeça descoberta é tão vergonhoso quanto ter a cabeça rapada. Algumas sacerdotisas cultuais em Corinto rapavam a cabeça e andavam sem véu. Em Corinto reconhecia-se fácil uma prostituta, pois todas as mulheres andavam nas ruas de véu, não só em Corinto, mas em toda a Ásia e Palestina. Quando Paulo fala “orar e profetizar” com respeito à mulher, não podemos afirmar que esteja se referindo à prática fora das reuniões da igreja, apenas, embora já saibamos qual era o pensamento de Paulo com respeito à participação da mulher nas reuniões de grupo misto em relação ao ensino (v.4-6)

 

É duvidosa a ideia de que a mulher não podia orar e profetizar na reunião pública. Por exemplo, as filhas de Filipe eram profetizas e mulheres estavam orando com os homens aguardando a promessa do Espírito (At 21.8-9 e 1.14).

 

4.O motivo de cobrir a cabeça é o princípio de autoridade (v.3-4). O homem reflete a glória de Deus, assim como a mulher reflete a glória do homem. O fato da mulher ter sido feita do homem, prova que ela é a glória do homem. Como fato só aconteceu com Adão e Eva, mas como princípio acontece em todo o casamento. Em nossa sociedade, quando a mulher se casa e aceita o nome do homem está confirmando este ensino. A mulher ganha respeito usando o véu. Paulo menciona que “anjos estão observando”, porém, não tem nenhum sentido mais especial, senão o que já sabemos, que os anjos observam os crentes em todos os momentos. Só na eternidade saberemos o quanto os anjos aprenderam com a vida dos santos (Ef 3.9-10, 1 Pe 1.12, Jó 1.6-8, Mt 18.10) (v.7-10).

 

5.Paulo ensina a dependência um do outro (homem e mulher). O homem não deve se orgulhar de sua posição, nem a mulher sentir-se inferior (v.11-12).

 

“A mulher provém do homem” -  Somente Eva

“O homem nascido de mulher” -  Todos menos Adão

 

Depois de Adão o homem existe porque provém da mulher.

 

6.Os coríntios podiam ver por si mesmos. As sacerdotisas pagãs não usavam véu. As mulheres crentes que não usassem véu seriam comparadas com as sacerdotisas pagãs. Embora nem todas as sacerdotisas pagãs rapavam a cabeça, todas dispensavam o uso do véu. Orar em público dá a ideia de orar na igreja. O homem de cabelo comprido é vergonhoso (v.13-14).

 

7.Paulo não dá o comprimento, mas deve ser maior do que o cabelo dos homens. As prostitutas em Corinto eram conhecidas também pelos cabelos curtos. É claro que quando Paulo diz que o cabelo da mulher está em lugar do véu não significa que ele está abolindo o véu, pois se assim fosse, era só dizer que a mulher deveria usar o cabelo comprido. O cabelo da mulher comprida da mulher é honroso assim como o véu (v.15).

 

8.Contencioso é o “amigo de brigas”. O que não é costume das igrejas de Deus? Não usar véu ou não ser contencioso? Nem um, nem outro, ou seja, as crentes não deviam contender, mas usarem véu. (v.16).

 

“Não discutimos essas questões, mas a aceitamos como ensinamentos do Senhor... Paulo declara que as igrejas de Deus não tinham o costume de permitir que mulheres orassem ou profetizassem sem cobrir a cabeça.”[15]

 

9.O significado do véu é muito importante. O fato das culturas ocidentais atualmente não usarem o véu não invalida o ensino bíblico. Em todas as igrejas usava-se véu, mas nem todas as cidades possuíam prostitutas cultuais. Portanto, Paulo não estava pedindo nada fora do próprio modo de viver das mulheres, mas o ensino é por causa de algum “movimento feminista” que porventura surgisse entre as crentes, ou talvez já estivesse acontecendo (v.16).

 

As mulheres crentes de hoje não usam véu na maioria das igrejas. Mas é bem possível que se o mundo lançasse moda do uso do véu, as irmãs apareceriam na igreja com véu sem nenhum tipo de questionamento.

 

10.O objetivo deste material não é fazer apologia ao uso do véu. O autor deste material não faz parte de grupos onde as mulheres usam o véu e nem defende que as mulheres devam usar o véu. No entanto, entende que lutar contra o ensino do uso do véu com teorias culturais não é a solução para compreender o texto bíblico.

 

Cabeça (1 Co 11.2-16)

1.O crente precisa ter na cabeça as boas tradições bíblicas (v.2)

2.Na hierarquia há cabeças que precisam ser respeitadas (v.3)

3.Os homens não cobririam a cabeça no culto público (v.4)

4.As mulheres cobririam a cabeça no culto público (v.5)

5.O véu na cabeça seria honroso nos cultos públicos (v.6)

6.O véu simboliza que a mulher reconhece a cabeça do homem nos cultos públicos (v.7)

7.O homem é cabeça sobre a mulher (v.8-9)

8.Os anjos observam a cabeça da mulher e se ela aceita a autoridade do homem como cabeça (v.10)

9.Deus é o cabeça sobre o homem e a mulher (v.11-12)

10.O assunto sobre cabeças deveria ser óbvio pela própria natureza (v.13-14)

11.Cabelo substituía a mantilha (pano grosso, manto, “peribolaion”) sobre a cabeça em cultos públicos, mas não substituía o véu (tecido fino e transparente, “katakaluptos”) (v.15)

12.Todas as igrejas deveriam ter a mesma cabeça sobre o assunto do véu (v.16)

 

11.Paulo não tem como louvar os coríntios quanto à Ceia (compare com 11.2). Quanto às reuniões da Ceia, os coríntios pioraram. Paulo está informado certamente pelos da casa de Cloe. Talvez houvesse algum exagero, como é comum quando se ouve de terceiros (“em parte eu creio”). Antes da Ceia havia uma festa (agapao), como um “junta-panelas”. O problema era que uns levavam muita comida, outros pouca, por isso, comiam separados. Havia divisões, onde os ricos não repartiam suas comidas com os pobres. Talvez “senhores” não se misturavam com os “escravos”. As divisões acabam por sendo importantes, pois só assim aparecem os aprovados (v.17-19).

12.Podiam estar fazendo outra coisa menos a Ceia do Senhor. Era uma imitação, pois estavam divididos, sendo que a Ceia é a união dos crentes por causa de Cristo. Cada qual trazia sua comida e vinho e comia e bebia separadamente, juntando-se somente à própria “turma”. Alguns saiam com fome; outros saiam embriagados e “empanturrados”. A festa do amor havia se tornado em festa do egoísmo (a festa do si mesmo). Paulo, usando de ironia, diz que o lugar de comer é em casa (v.20-22).

 

Aqui não se encaixa como interpretação o costume (bom) que temos de tomarmos a Ceia juntos, num só momento (v.21), mas mesmo assim, é um bom costume e cortesia esperarmos para que todos tomemos juntos.

 

13.Esta epístola foi escrita antes de qualquer um dos quatro Evangelhos. É o relato mais antigo que temos da instituição da Ceia. Só aqui, por exemplo, encontramos a ordem “até que Ele venha”. Paulo recebeu do Senhor (v.23-24).

 

14.Sacramento é uma palavra que está focalizada bênçãos diretas do ato, por isso, não usamos este termo. A Ceia é uma bênção, mas não somos abençoados por causa dos elementos, e sim pelo significado subjetivo, ou seja, causa alegria interior quando entendemos o simbolismo. Uma pergunta que interessa para a Escatologia é a seguinte: O que a Nova Aliança (v.25) tem a ver com Jr 31.31-33? Resposta: Estas duas novas alianças são baseadas no sangue de Cristo Jesus. A Nova Aliança mencionada em Jeremias refere-se aos judeus e será estabelecida pelo Messias no Milênio, ou seja, Israel se tornará uma nação cristã. A Nova Aliança mencionada em Coríntios é esta que já estamos vivendo como crentes, por isso, cremos no Novo Testamento (Nova Aliança) (v.25).                                                

 

15.“Anunciar” significa proclamar. A Ceia não é um sacrifício e sim uma proclamação. Não estamos sacrificando Cristo novamente, mas recebendo em memória o acontecimento da Redenção. Em certo sentido não somos dignos de Cristo, mas por outro lado, ao participar dos elementos da Ceia, confiando Nele, somos considerados dignos. Quem não observa este princípio, ou seja, da dependência Nele, é réu (culpado, indigno). Culpado do “corpo e do sangue do Senhor”, ou seja, culpado de ridicularizar o significado da morte de Cristo em favor dos homens. Assim como quem zomba da bandeira, zomba também do país; da mesma forma quem zomba da Ceia, zomba do Senhor (v.26-27).

 

16.Não é uma reunião qualquer, mas é a memorização da nossa Redenção. Os coríntios deviam olhar para si e examinar. Assim veriam os resultados de seu egoísmo e falta de reverência na festa do Amor. Observe a diferença entre este exame e a “Introspecção”, pois aqui Paulo apela para o que está em evidência nos atos exteriores e não está pedindo para penetrar o interior e procurando algo oculto, não existente. Os coríntios devem discernir. Deviam distinguir, fazer distinção, separação da Ceia do Senhor das outras refeições comuns (v.28-29).

 

17.Como consequência de zombar do sacrifício de Cristo, os resultados foram males físicos. Dormir é um eufemismo para a palavra “morrer”. Os coríntios podiam autojulgar-se, discernindo o que são e o que deveriam ser. Quando o crente confessa seus pecados é disciplinado pelo Senhor com amor, porém, quando não confessa, é considerado como um do mundo (embora não seja de fato). O resultado de não se autojulgar pode ser o sofrimento de males físicos e até mesmo a morte “prematura”. Esperar todos chegarem, então, comer juntos. O banquete não era pecado, mas a maneira como estavam realizando contribuíra para que todo o sentido daquele banquete se perdesse. Hoje não existe mais este problema específico, pois não há mais esta festa (v.30-34).

 

A Ceia do Senhor (1 Co 11.17-34)

1.A Ceia do Senhor deveria ser a demonstração do nosso melhor para Deus (v.17)

2.A Ceia do Senhor deveria ser a demonstração de reunião e não divisão (v.18)

3.A Ceia do Senhor revela os aprovados (v.19)

4.A Ceia do Senhor pode ser caricaturada e falsa (v.20)

5.A Ceia do Senhor entre os coríntios era precedida de uma ceia comum (v.21-22)

6.A Ceia do Senhor foi explicada para Paulo e não nos evangelhos (v.23)

7.A Ceia do Senhor é um memorial do corpo e sangue de Jesus na cruz (v.24-25)

8.A Ceia do Senhor é um testemunho de que Cristo vive e voltará (v.26)

9.A Ceia do Senhor deve ser uma experiência digna e sem pecado (v.27-28)

10.A Ceia do Senhor deve ser uma experiência realizada com entendimento (v.29)

11.A Ceia do Senhor sendo zombada, em seu significado, traz duras consequências para o zombador (v.30-32)

12.A Ceia do Senhor é a demonstração de amor e unidade uns com os outros (v.33-34)

 

Capítulo 12: Os dons espirituais

1.Não se deve ignorar este assunto, pois é importante. Dons são dádivas do Espírito Santo aos crentes. Paulo está falando dos dons espirituais. Os coríntios eram levados pelos ídolos antes de crerem em Jesus (v.2).

 

2.O Espírito Santo fala de Cristo como Senhor e só Ele declara o Senhorio de Cristo (Mt 16.17). Só o Espírito Santo revela certas verdades e leva os homens a confiarem nessas verdades. “Anátema, Jesus” é o mesmo que dizer “Maldito Jesus” (v.3).

 

3.Uma pessoa pode ter diversos dons, especialmente pensando nos dons que Paulo menciona com relação aos coríntios. “Serviço” refere-se à pessoa que serve com o dom que possui. “Realizações” referem-se a trabalhos, obras, atividades. A manifestação é a capacidade que o Espírito Santo dá para exercer um dom. Quando a vontade humana coopera com o Senhor, então, o Espírito Santo se manifesta no crente submisso. O “fim proveitoso” é a edificação do Corpo e não só do indivíduo que possui o dom (v.4-7).

 

Há muita discussão a respeito dos dons. A poucos anos atrás os grupos se dividiam claramente nesta questão. Havia os “pentecostais-carismáticos” e os “tradicionais” (não pentecostais). Tudo girava em torno de uma só questão: Os dons mencionados em 1 Coríntios 12-14 são permanentes ou transitórios? Os pentecostais sempre tiveram como “marca registrada” a permanência desses dons. Os tradicionais sempre lutaram contra a ideia da permanência desses dons, sempre defenderam a transitoriedade dos dons em 1 Coríntios.

 

E atualmente? Não é fácil dizer o que está acontecendo hoje em dia, pois a fenomenologia religiosa mudou neste aspecto. A falta de ensino entre os tradicionais causou mudanças e a ênfase no ensino entre os pentecostais, também fez diferença. Antigamente os pentecostais não se preocupavam com o ensino, só com experiências.

 

Surgiu um novo grupo, chamado os “Neo-pentecostais”, que são os tradicionais “aprimorando” as “doutrinas” antigas dos pentecostais. Desta feita, com ênfases um pouco diferentes, os “neo-pentecostais” buscam experiências e tentam dar razões lógicas para estas. 

4.Dada esta introdução, estudemos rapidamente os dons mencionados por Paulo (v.8-10).

 

1)Sabedoria - refere-se ao entendimento, que sempre é mental, das profundezas de Deus, bem como a transmissão dessas profundezas.

 

2)Conhecimento - É referente à pessoa que recebeu maior entendimento nas Escrituras e que é capaz de transmitir aos menos sabedores.

 

3)Fé - Sempre existiu a fé, mas Paulo menciona não fé comum, mas a fé específica como um dom, especialmente no que diz respeito aos milagres, ou seja, a certeza que acontecerá, independente da fé do ouvinte. Exemplo: A cura do aleijado na Porta Formosa.

 

4)Curas - É importante notar que o possuidor do dom de curas sempre curará, uma vez que se proponha a fazer isto. Portanto, jamais se aceitaria a desculpa contra o doente: “não foi curado porque não teve fé”.

 

5)Operação de milagres - Aqui se encaixam os sinais dos apóstolos com vista a autenticação da mensagem nova do Evangelho. Exemplo: ressuscitar mortos.

 

6)Profecia - Diferente do que muitos enfatizam, este dom não se refere especificamente a prever o futuro, mas à exposição da mensagem de Deus, acompanhada de sinais. Muito embora prever o futuro, também, era a capacidade do profeta.

 

7)Discernimento de espíritos - Não se trata de discernir os demônios e distingui-los, pois não tem finalidade nenhuma esta prática, pois quem expulsava demônios, expulsava qualquer um deles. Mas o “discernimento de espíritos” é o dom que capacita o indivíduo a distinguir as operações do Espírito Santo e as operações dos espíritos malignos e enganadores. Mais especificamente é o poder de discernir se o ensino é verdadeiro ou falso (1 Jo 4.1).

 

8)Línguas - Em Atos foram idiomas estrangeiros, conhecidos de alguns. Em Coríntios, alguns pensam que muito provavelmente, referem-se a línguas extáticas, isto é, faladas quando em estado de êxtase, mas é pouco provável.

 

9)Interpretação das línguas - Era extremamente necessário e obrigatório a interpretação das línguas. Portanto, se não houvesse quem as interpretasse não podia haver línguas. Isto indica que o Espírito Santo é racional e não ilógico.

 

“A igreja não precisa de nenhum deles [dos dons] se ocorrerem sem controle do Espírito, mas antes, forem produzidos por esforços meramente psíquicos e por espíritos estranhos.”[16]

 

5.Deus não dá dons indiscriminadamente, mas trata cada crente como um indivíduo especial, atendendo às necessidades e capacidades de cada um. O dom que Deus dá acompanha a capacidade para exercê-lo. Paulo usou a ilustração do corpo humano. Os crentes são unidos num só corpo (v.11-12).

 

6.A atuação do Espírito Santo no batismo é que Ele nos colocou no Corpo de Cristo. O Espírito Santo efetuou uma união dantes impossível: judeus e gentios, juntos num só corpo. Por isso “bebemos de um Espírito”, ou seja, enchemo-nos de um mesmo Espírito e nos apropriamos Dele (v.13).

 

7.A ilustração dos membros do corpo (v.14-24).

 

Um só corpo. É a mesma ilustração do v.12, o corpo humano. Em nosso corpo, pensando esteticamente, talvez alguns membros sejam “menos dignos” de serem expostos, mas ainda assim não são menosprezados.

 

Alguns crentes possuem menos dons ou capacidades, e estão em evidência muito menor do que outros, mas nunca devem ser menosprezados por esta razão.

 

As partes do corpo que ficam descobertas normalmente são as mãos e a cabeça; outras partes do corpo são “revestidas”. A cabeça é a parte mais evidente do corpo (esta é Cristo) e a outra parte de maior evidência e até mesmo de ação são as mãos.

 

8.Era exatamente o que estava ocorrendo entre os coríntios, divisão. Paulo agora está falando do corpo humano e da Igreja visível. Os coríntios crentes são Igreja de Cristo individualmente, e também, em grupo. Mas a referência neste momento é sobre a Igreja Universal (v.25-27).

                 

9.Paulo de certa forma repete a lista dos dons dos v.8-10, porém, aqui distribui em ordem de honra. Note que o dom de línguas aparece por último (v.28-31).

 

10.Paulo não fala de pessoas exercendo dons, mas dos próprios dons, mas também fala de funções sem referir-se a pessoas especificamente. Em Efésios 4.11 são mencionados apóstolos, profetas, evangelistas e pastores-mestres que são pessoas dotadas de capacidades do Senhor sendo presenteadas à Igreja, enquanto aqui são dons do Espírito presenteados aos crentes.

 

Uma distinção importante quanto aos dons transitórios (no caso em 1 Coríntios) em relação aos dons permanentes (no caso Romanos 12.7-8), é que os dons transitórios eram recebidos, provavelmente depois (talvez bem depois) da salvação, tanto é que podiam ser buscados e desejados, conforme o v.31. Paulo mesmo incentiva os crentes a buscarem (desejarem) o dom de profetizar (14.1). A lista presente está em ordem de honra, por isso, Paulo falou para buscar os melhores dons (v.31). A palavra “procurar” significa ser zeloso, buscar intensamente, querer, invejar. Evidentemente, invejar não é o objetivo dos dons.

 

DIVISÃO DOS DONS:

      3 são de áreas pedagógicas

      2 são de poderes miraculosos

      2 são de funções administrativas

      1 é de êxtase (ou línguas)

 

 

 

 

 

 

Os dons transitórios (1 Co 12)

1.Os dons é um assunto de compreensão (v.1)

2.Os dons não são assunto para incrédulos (v.2)

3.Os dons têm tudo a ver com o Espírito Santo (v.3)

4.Os dons são diversos, mas o Espírito é um só (v.4-6)

5.Os dons servem para um fim proveitoso na Igreja (v.7)

6.Os nove dons de coríntios ou da igreja primitiva (v.8-10)

7.Os dons eram distribuídos pelo Espírito para quem Ele quisesse (v.11)

8.Os dons têm tudo a ver com o corpo de Cristo, a Igreja (v.12)

9.Os dons se submetem ao batismo do Espírito que é para todos e não para alguns apenas (v.13)

10.Os dons se submetem à unidade dos crentes ilustrada pelo corpo humano (v.14-27)

11.Os dons transitórios tinham grau de importância (v.28-30, primeiramente e depois)

12.Os dons transitórios podiam ser buscados ou procurados (v.31)

 

Capítulo 13: A supremacia do amor em relação aos dons

 

Embora este capítulo seja usado para oferecer princípios de casamento e amor entre os irmãos, o que não é de modo algum errado, devemos entender a sua interpretação primária, que é exclusivamente o parêntese entre os assuntos de dons. Desta forma, o que Paulo queria era mostrar aos coríntios que independente dos dons que possuíam ou buscavam, o amor devia reger as ações, pois se não fosse assim não se podia edificar a Igreja, mesmo possuindo todos os dons. Portanto o “capítulo do amor” refere-se aos dons espirituais e como usá-los.

 

1.Língua nenhuma da terra ou do céu são comparadas com a prática do amor. “O bronze que soa e o címbalo que retine” têm uma característica comum: o som desaparece logo. Os anjos têm uma língua, não fica claro aqui se era possível alguém falar esta língua entre os coríntios ou se o próprio Paulo podia falar. O certo é que nem os anjos conversando são mais excelentes do que a prática do amor por pessoas redimidas como os crentes (v.1).

 

2.São mencionados três dons aqui: profecia, ciência e fé. O amor ainda é mais excelente do que estes três dons. Observe que o amor não é mencionado na lista dos dons, mas não há exercício correto dos dons se não houver amor. Aqui Paulo faz alusão ao dom de socorro. Os amigos de Daniel em Dn. 3.28 estavam na fornalha por uma causa louvável: o amor a Deus (v.2-3).

 

3.As características do amor (v.4-8a):

 

1)Paciente - É a ação de segurar os sentimentos até a paixão passar. Quando se refere a pessoas isto mostra autocontrole em não ser cruel nos julgamentos.

2)Benigno - Dá-se ao serviço pelos outros.

3)Não ciumento - Não se ferve de inveja e não se aborrece com o sucesso dos outros.

4)Não se ufana - É o orgulho. O amor se preocupa em dar-se e não em afirmar-se.

5)Não se ensoberbece - Inchaço causado pelo orgulho.

6)Não se conduz inconvenientemente - Não se comporta sem boas maneiras.

7)Não procura os seus interesses - Dá de si mesmo pelos interesses alheios.

8)Não se exaspera - Não se irrita e não fica nervoso.   A irritabilidade produz ressentimento que é uma forma de ódio.

9)Não se ressente do mal - Não registra o mal, não pensa mal, espera o melhor e não o pior das pessoas. Não fica relembrando males antigos ou julgando as pessoas pelo que fizeram no passado. Não tem um arquivo das pessoas que um dia lhe ofenderam.

10)Não se alegra com a injustiça - Não se alegra quando alguém comete pecado. Não se alegra com a queda alheia, nem com a fraqueza dos outros.

11)Regozija-se com a verdade - Alegra-se não só com a verdade, mas também alegra-se perante a verdade.

12)Tudo sofre - Suporta tudo e protege, o amor cobre e protege os outros.

13)Tudo crê - O amor não é desconfiado. O crente não precisa ser enganado, mas também pode procurar ver o melhor nos outros.

14)Tudo espera - Espera um final brilhante. É otimista sem ser cego.

15)Tudo suporta - Luta até o fim (Ct 8.7).

16)Jamais acaba - O amor não sofrerá um destino derrotado.

 

Obs: Devemos entender mais claramente sobre a “eternidade” do amor, visto que algumas passagens parecem mostrar o contrário. No que diz respeito à qualidade do amor de Deus a perfeição é total, mas quanto a nós isto não é verdade. Quando o objeto do amor é errado, deve-se mesmo acabar. Quando a pessoa que ama somos nós pecadores, também pode acabar. Por isso, note cuidadosamente as seguintes referências: Ap 2.4, 1 Jo 2.15, Mt 24.12. Em outras palavras “deixe de cultivar o amor e logo este acabará”.

 

4.São mencionados três dons: o conhecimento, a profecia e línguas. Os coríntios são alertados quanto à limitação desses dons, bem como a transitoriedade deles (8b-9).

 

5.Os dons mencionados serão aniquilados. A pergunta é: Quando estes dons serão deixados de lado? A resposta está no versículo: “Até quando vier o que é perfeito”. A palavra “perfeito” é a tradução de “teleion” que tem o sentido de “fim”, “completado”, “concluído”. Evidentemente existem duas opiniões, por isso, que há divisões drásticas quanto ao assunto de dons espirituais (v.10):

 

1ª OPINIÃO - “O que é perfeito” é o cânon completo, ou seja, as Escrituras completadas, o que aconteceu ao final do período apostólico.

 

2ª OPINIÃO - “O que é perfeito” é a segunda vinda de Cristo, que é a perfeição completa.

 

Portanto, os dons são transitórios, mas quais e quando deixarão (ram) de existir? Esta é a divergência entre os “tradicionais” e os “pentecostais, carismáticos e neo-pentecostais”.

 

Paul Regard, um tradicional, que crê que os dons transitórios já deixaram de existir, diz que esses dons secundários acabaram por infidelidade da Igreja. Portanto, é um acréscimo à interpretação da cessação dos dons transitórios.

 

6.Assim como um menino amadurece, a Igreja não terá necessidade dos dons secundários para autenticar a mensagem do Evangelho, visto que na época não havia o N.T. completo e, também, que depois de 100 ou 150 anos a mensagem do Evangelho não será mais nova. Esta é a opinião do “cânon completo”. Os que são da opinião da “segunda vinda de Cristo” creem que ainda existem os dons mencionados em 1 Coríntios (v.11).

 

“O amor é preferível aos dons dos quais os coríntios se orgulhavam, porque é permanente. É uma graça que dura como a eternidade. O estado presente é um estado infantil, e o futuro é o adulto, tal como é a diferença entre o céu e terra. Que pontos de vista difíceis, que noções confusas as crianças têm das coisas, quando comparadas com os adultos! Assim pensaremos de nossos dons mais valiosos neste mundo quando chegarmos ao céu.”[17]

 

7.Enquanto os dons são temporários, essas três realidades são permanentes. A fé e a esperança fortificam o amor. Godet disse: “A fé se transformará em visão, a esperança se transformará em posse, mas o amor continuará no céu.”[18] (v.12-13).

 

O amor como o equilíbrio dos dons (1 Co 13)

1.O amor é mais excelente do que os dons (1 Co 12.31)

2.O amor é mais importante do que a hipótese de se falar as línguas angelicais (v.1)

3.O amor é mais importante do que a profecia, ciência e fé (v.2)

4.O amor é mais proveitoso do que o próprio altruísmo (v.3)

5.O amor é mais qualitativo do que todas as virtudes (v.4-7)

6.O amor é mais permanente do que os dons (v.8-12)

7.O amor é maior do que a fé e a esperança (v.13)

 

Capítulo 14: A supremacia do dom da profecia em relação ao dom de língua

1.Paulo retoma o assunto principal, que são os dons. O dom da profecia é o preferido de Paulo. O dom de línguas só serve quando há interpretação e quando isso acontece passa a ser a mensagem inteligível de Deus, o que é isto senão a profecia aplicada? Paulo diz que quando se fala em língua “ninguém entende”, evidentemente se não houver intérprete. Portanto, tal pessoa falará “em mistério”, isto é, “sem significado, encoberto” (v.1-2).

 

“Alguns crentes têm sugerido outra distinção. Eles têm defendido que as línguas em Atos eram línguas estrangeiras, mas que as línguas em Corinto eram extáticas – não idiomas – mas palavras não inteligíveis. Não há base alguma para essa distinção no texto grego. A terminologia usada é a mesma e as passagens fazem sentido se tomarmos línguas como idiomas onde quer que tenham ocorrido. Em 13.1, Paulo escreveu ‘língua dos homens e dos anjos’, evidentemente, dois tipos de idiomas.”[19]

 

2.A profecia traz ensino, consolo, advertência e informações sobre como viver a vida cristã e o que acontecerá aos crentes e ao mundo (escatologia). Imagine se não houvesse a palavra de Paulo como profeta para os Tessalonicenses num tempo de incerteza (1 Ts 4.18). Esta é a diferença básica entre falar em línguas e profetizar. Falar em línguas edifica a si próprio e profetizar edifica a igreja, que é o “fim proveitoso” dos dons (1 Co 12.7) (v.3-4).

 

3.Paulo preferia a profecia, isto porque o objetivo primário dos dons é a edificação da igreja. A profecia atinge de modo eficaz e rápido este alvo. Paulo descreve sua próxima visita a Corinto com o objetivo de edificar e não falar outro idioma. Um instrumento de sopro só tem sentido se houver uma variação lógica dos sons produzidos, uma melodia bem tocada faz sentido musical, mas sons discordantes nada significam (v.5-7).

 

4.No militarismo a música tem seu valor; o toque avisa sobre a retirada, o ataque, o levantar e o luto. A glossolalia sem entendimento é inútil. O dom de línguas requer clareza e só existe clareza com interpretação. Paulo faz um trocadilho: Há muitos sons no mundo, mas nenhum destes sons é sem sons. Se todo o som significa alguma coisa, o ato de falar em línguas deve existir uma razão também (v.8-10).

 

5.Quem não dá importância ao significado das palavras de um idioma é como um estrangeiro. A conclusão de Paulo está no v.12: a prioridade dos dons é a edificação, os dons que não estão diretamente ligados a isto são secundários. Quem tem o dom de línguas não deve ficar satisfeito, mas orar a Deus pedindo a capacidade de interpretação. Isto mostra que o próprio falante podia interpretar o que falou. Neste caso, só gastou mais tempo do culto! Com o decorrer do tempo, como a pureza vai-se extinguindo, alguém poderia duvidar se a interpretação de outro estaria correta, muito mais quando o próprio falante é o intérprete! (v.9-13).

 

6.A razão (intelecto) no culto é de extrema importância para não se tornar infrutífero (Rm 12.1). O culto a Deus deve ser inteligente. Note no v.14 que mesmo a pessoa que falava em línguas não entendia, exceto se ela mesma era intérprete. O indouto (v.16) refere-se a um crente, porém, sem o dom da interpretação, enquanto no v.23 refere-se a um incrédulo que além de não ter o dom da interpretação não tem entendimento espiritual sobre aquela reunião (v.14-17).

 

7.Paulo falava vários idiomas que aprendeu com as capacidades intelectuais, tais como grego, latim, siríaco, hebraico e outros. Paulo preferia ser entendido diretamente sem interpretação. Dez mil palavras correspondem a uma hora de discurso ininterrupto (v.18-19).

 

A humildade do portador de dons, principalmente o de línguas (1 Co 14.1-19)

1.Ele segue o amor (v.1)

2.Ele não vê vantagem em edificar-se a si próprio (v.2)

3.Ele edifica aos outros na igreja (v.3-4)

4.Ele pensa na igreja (v.5)

5.Ele busca o proveito comunitário (v.6)

6.Ele quer dar som certo para outros (v.7-8)

7.Ele quer se fazer compreendido (v.9)

8.Ele quer fazer sentido aos outros (v.10)

9.Ele não quer ignorar os outros (v.11)

10.Ele deseja progredir, sempre edificando outros (v.12)

11.Ele buscará de Deus um modo de edificar os outros (v.13)

13.Ele quer ser inteligível e edificar o outro (v.14-17)

14.Ele prefere falar menos e edificar mais (v.18-19)

 

8.Os coríntios eram infantis, exibindo seus dons de maneira ininteligível. Paulo diz para serem como criança na malícia, ou seja, na criança a malícia ainda não está tão desenvolvida. Deviam ser mais ajuizados e perceber que a igreja não é lugar para “brincar de dons”, mas deviam edificar-se mutuamente (v.20).

 

9.O propósito das línguas (v.21-22)

 

 

 

            SEIS CONSIDERAÇÕES:

1)O CONTEXTO EM ISAÍAS 28.11-12: Israel não ouviu os profetas.

 

2)O JULGAMENTO: O povo de Israel foi entregue aos assírios de linguajar (idioma) estranho.

 

3)SIGNIFICADO EM ATOS 2: Forma de julgamento para que os judeus incrédulos não entendessem o louvor dos recém-convertidos a Cristo.

 

- Obs: O mesmo princípio se deu com as parábolas em Mc 4.34 e Mt 13.14-15.

 

4)SIGNIFICADO EM ATOS 10.44-48: Sinal para que os crentes judeus-incrédulos aceitassem o batismo dos gentios no corpo de Cristo.

 

 - Obs: Crentes judeus-incrédulos eram os judeus salvos, porém, incrédulos no sentido de aceitarem os gentios no corpo de Cristo, sem precisarem tornar-se prosélitos do judaísmo.

 

5)SIGNIFICADO GERAL DAS LÍNGUAS:

   1º) Sinal para os judeus incrédulos de que foram rejeitados por Deus.

 

   2º) Sinal para os judeus salvos de que os gentios foram aceitos no corpo de Cristo.

 

6)SIGNIFICADO EM CORINTO: Certamente não era o mesmo que em Atos, pois a Igreja Universal já estava estruturada. Línguas em Corinto era para exaltação a Deus, mas sem o propósito de confundir judeus.  

 - Possivelmente era uma prática ainda “tolerada” e abençoada por Deus, mas em vias de extinção. Isto é perfeitamente compreensivo pensando no momento de transição.

 

10.Embora não era convidado, o incrédulo podia entrar na igreja. As línguas só confundem num caso assim. A profecia, por outro lado, era de extrema importância, pois o visitante podia entender e até mesmo se converter. O visitante podia ficar convencido do pecado e da culpa por meio da profecia. O sentido da expressão “por todos” subentende-se “por todos” os que profetizaram. O visitante que guarda no seu coração pecados (“segredos do coração”) pode ser convencido e reprovado em Cristo por meio da profecia. Portanto, Paulo exalta a profecia em detrimento ao falar em línguas, isto por causa da eficácia e sublimidade de propósito e não por causa da origem que é a mesma, o Espírito Santo (v.23-25).

 

A vergonha envolvendo as línguas (1 Co 14.20-25)

1.A vergonha da falta de amadurecimento (v.20)

2.A vergonha do juízo do cativeiro (v.21)

3.A vergonha para os judeus incrédulos (v.22)

4.A vergonha diante dos incrédulos (v.23)

5.A vergonha vencida não pelas línguas, mas pela pregação (v.24)

6.A vergonha desmascarada e vencida pela conversão (v.25)

 

11.Aqui é ensinado o “culto aberto”, onde a participação era livre, mas que por isto mesmo poderia levar à desordem. Paulo proibiu falar em línguas em massa. Isto prova algo importante: falar em línguas era uma ação inteligente e controlada. Se não houvesse intérprete o falante devia ficar calado. Isto também mostra que as línguas não são importantes para o culto, e que se pode perfeitamente, prosseguir sem a glossolalia. Portanto, Paulo já estava antecipando a extinção desse dom, pois para o propósito primário já teria se tornado inútil (1 Co 12.7) (v.26-28).

 

12.Podia haver tanta quantidade de profecia a ponto da mente não mais poder captar. Isto era comum, visto que o NT não havia nem começado a ser escrito, praticamente. Só podia haver a participação de três profetas por reunião. Caso viesse uma revelação urgente durante a palestra de alguém, o que estava falando devia ser interrompido e ceder o lugar para aquele que tivesse recebido a revelação urgente (v.29-30).

 

13.No v.31 “todos”, evidentemente, restringe-se aos que têm o dom da profecia e três por reunião, no máximo (v.31). No v.32 não está ensinando que um profeta está sujeito ao outro, mas que um profeta está sujeito a si mesmo, isto é, tem domínio sobre si próprio e pode parar de falar quando quiser e ceder seu lugar ao outro. “Espíritos” aqui se refere ao espírito humano, o qual todos temos. O problema específico dos coríntios nos cultos era a confusão. (v.31-33).

 

14.Embora, atualmente seja muito difícil encontrar uma igreja assim, no primeiro século, pelo menos, a mulher não ensinava e nem ao menos participava de nenhuma discussão nas reuniões da igreja. A mulher com dúvidas perguntava ao marido. Paulo nada fala sobre as dúvidas da mulher solteira, viúva ou aquela que tinha marido incrédulo, pois neste caso não podiam perguntar a ele, visto ser incrédulo (v.34-35).

 

15.A Palavra de Deus não iniciou com os coríntios, antes foram apenas receptores, por isso, não têm o direito de argumentar as decisões de Deus e da autoridade apostólica. Paulo estava convicto de que Deus o dirigiu para ensinar isto. Se alguém não quer reconhecer este assunto, ou seja, ordem no culto: línguas, profecia e lugar da mulher na igreja, então, Paulo dá por encerrada a conversa. Ele simplesmente deixa aquele que ignora em seu estado, ou seja, na ignorância, sem forçar sua convicção. Porém, devido à autoridade apostólica, pode resistir às opiniões contrárias com muita veemência e até expulsar os que causam dano à igreja (v.36-38).

 

16.Devem procurar profecia e não línguas, embora estas não sejam proibidas. No culto público deve haver ordem e decência (v.39-40).

 

As capacidades de um belo culto ao Senhor (1 Co 14.26-40)

1.Temos capacidades em abundância no Senhor (v.26)

2.Temos capacidade de organização (v.27)

3.Temos capacidade de nos controlar (v.28,32)

4.Temos capacidade de julgamento ou discernimento (v.29)

5.Temos capacidade de dar preferência a assuntos mais importantes (v.30)

6.Temos capacidade de aprender juntos e todos sermos consolados (v.31)

7.Temos capacidade de manter a paz de Deus (v.33)

8.Temos capacidade de obedecer à Palavra que veio antes de nós (v.34-36)

9.Temos capacidade de desobedecer também (v.37-38)

10.Temos capacidade de fazer tudo para o Senhor com decência e ordem (v.39-40)

 

Capítulo 15: A doutrina da ressurreição

1.O fato dos coríntios receberem o Evangelho e crerem os tornou salvos, embora o exemplo de vida cristã não era dos melhores. A partícula “se” em português indica dúvida, condição, mas em grego “se” (“ei”) indica ênfase. Assim, a frase seria mais bem entendida da seguinte forma: “uma vez que”, “desde que” ou “sendo que” (v.1-2).

2.As Escrituras são o documento mais importante para o crente. A história natural registra Jesus como alguém que existiu de fato, porém, tantas são as teorias contrárias à Sua morte vicária, que a única fonte confiável totalmente é a Bíblia, tanto o VT com suas profecias como o NT, que temos o privilégio de ter. Uma das teorias anticristãs é aquela que diz que Jesus na Cruz apenas desmaiou, acusando-O assim de um embusteiro. “Segundo as Escrituras”. É lógico pensar que Paulo está se referindo aos rolos do V.T. (Sl 22 e Is 53). O Evangelho seria incompleto e muito duvidoso sem a ressurreição de Cristo (v.3-4).

 

3.É importante notar que Jesus só apareceu para crentes após sua ressurreição, pois os incrédulos tiveram a oportunidade de vê-Lo e não creram, e a partir daí para crer em Jesus seria de outra forma, que não fosse vendo-O pessoalmente, exceção feita ao apóstolo Paulo. Judas (não o Iscariotes) indagou Jesus a esse respeito, note a resposta Dele em Jo 14.21-23. Apareceu a Cefas (Ver Lucas 24.34, Mc 16.7) e aos doze. “Doze” tornou-se um título geral que vale aos apóstolos (Judas não estava lá). Se a referência é ao aparecimento em Lucas 24.36ss e João 20.19ss, Tomé também estava ausente (Lc 24.36ss, Jo 20.19ss). Apareceu a quinhentos irmãos. Ver Mt 28.16ss. Paulo enfatiza que a maioria vive, caso alguém queira interrogá-los como comprovação (v.5-6).

 

4.Apareceu a Tiago. Antes, no ministério de Jesus na terra, este não cria Nele (Jo 7.5) e em At 1.14 está entre os crentes. Portanto, isto confirma as palavras de Jesus que não apareceria a nenhum incrédulo (ainda que fosse Seu próprio irmão). O outro irmão dele, provavelmente Judas, também se converteu. A epístola de Judas teria sido do irmão de Jesus. Apareceu a todos os apóstolos possivelmente na Ascensão (At 1.1ss). Apareceu a Paulo. Isto está registrado em Atos 9. Paulo se considera como um “nascido fora de tempo”, como um nascimento prematuro ou um aborto). A maneira como Paulo se tornou apóstolo foi bem diferente de qualquer outro, no caso não prematuro, mas atrasado e não num período de 3 anos, mas repentinamente (v.7-8).

 

5.Apóstolo era a posição máxima na Igreja e Paulo tinha condições para isto, pois o próprio Senhor da Igreja o convocou. Ele mesmo considerava tudo como a Misericórdia do Senhor. Paulo não foi um dos doze e nem substituiu Judas (At 1.21-22). Paulo acha que não é digno de ser apóstolo. Paulo foi perseguidor da Igreja. Somente a misericórdia de Deus poderia aceitar um homem assim. Pela graça Paulo é o que é, isto é, apóstolo. Não fosse a graça de Deus seria inútil o trabalho de Paulo. Não se trata de arrogância. Talvez se ele parasse na frase “trabalhei muito mais do que todos” poderíamos imaginar que fosse arrogância, porém, Paulo foi sábio ao acrescentar “não eu, mas a graça de Deus comigo” (v.9-10).

 

6.“Seja eu ou sejam eles”. Paulo se refere aos que passaram depois dele, como por exemplo, Apolo e quem sabe Cefas, embora não haja nenhuma evidência que Pedro tenha passado em Corinto. Paulo não contava os batismos, nem os convertidos; o que ele queria era ser cooperador com o Evangelho. Os coríntios criam na ressurreição de Cristo e pregavam o Evangelho de Cristo, porém, não criam na ressurreição dos crentes, mas Paulo faz uma apologética, defendendo a ressurreição pessoal e corpórea de cada crente em Cristo Jesus (v.11-12).

 

7.Paulo afirma que a nossa ressurreição depende de Cristo ter aberto as portas. A ressurreição do crente faz parte de todo o Evangelho. Assim sendo, ao pregar Cristo e Sua ressurreição imediatamente deve-se entender que Ele ressuscitou não só por Ele, mas por nós os crentes. Ele nos quer junto a Ele na Eternidade. Se Cristo não abriu as portas para a ressurreição, então, os crentes não ressuscitarão, e neste caso, os coríntios estão certos em não crer na ressurreição dos crentes, mas estão errados em pregar a ressurreição de Cristo. Se os coríntios não creem na ressurreição não deviam pregar que Deus ressuscitou a Cristo (v.13-17).

 

8.Já não resta esperança para quem morreu, pois se não há ressurreição, a felicidade da vida cristã se resumiu a esta terra. A salvação para os coríntios não era eterna, mas apenas terreal. Com certeza alguém pregou por ali alguma doutrina gnóstica e dos saduceus. Evidentemente, não podemos afirmar que a maioria dos coríntios não cria na ressurreição corpórea (v.18-19).

 

9.O termo primícias refere-se à colheita. O primeiro feixe é a promessa de muitos outros. Cristo foi o “primeiro feixe”, nós que somos da mesma espécie Dele, também ressuscitaremos. De fato, Cristo não foi o primeiro a ser ressuscitado, pois Ele mesmo ressuscitou alguns, mas estes morreram depois. Para a vida eterna, no entanto, Cristo foi o primeiro a ser ressuscitado em corpo, pois os que morreram antes dele foram ao céu, porém, sem ressurreição corpórea, que é o que caracteriza a ressurreição. A pena do primeiro pecado (Gn 2.17) veio por Adão; a vitória veio por um homem, também, que é Cristo Encarnado. Embora a morte em Adão seja universal, a Salvação em Cristo é só para os que creem. A ressurreição também é universal, tanto para os crentes, quanto para os incrédulos, mas sob aspectos diferentes: um para a vida eterna e outro para o castigo eterno (v.20-22).

 

10.Cristo ressuscitou, depois os de Cristo ressuscitarão em Sua vinda (v.23).

 

As Ressurreições

 

1.PROFECIAS SOBRE A RESSURREIÇÃO

Jó 14.14, com 19.25, Is 26.19, Dn 12.2-3, Sl 16.9-11, 17.15, Os 13.14, Hb 11.19, Jo 5.28-29, Jo 11.23-25, Lc 14.13-14, 20.35-36, Jo 14.19

 

2.A RESSURREIÇÃO PARA A VIDA (A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO) E OS SEUS ESTÁGIOS

A Ressurreição para a vida ou a 1ª Ressurreição é a ressurreição somente para os crentes. Em 1 Co 15.23, a palavra “ordem” é um termo militar “tagma”, que significa diferentes grupos (pelotões), mas um só batalhão.[20]

 

3.A RESSURREIÇÃO PARA A MORTE (A SEGUNDA RESSURREIÇÃO)

Somente para os não salvos (Ap 20.5, 11-14). Portanto, só há duas ressurreições: a dos salvos e a dos não salvos. “Bem-aventurado o que toma parte na primeira Ressurreição”.

 

11.Cristo terá enfim plena autoridade sobre todas as coisas e todos os homens e entregará ao Seu Pai de volta, após o Milênio (Ef 1.9-10). Sl 110.1. Isto se refere ao reino Messiânico, que é o Milênio. A morte é o último inimigo. Será destruída depois da rebelião final de Satanás (Ap 20.7-15), após isto, no Estado Eterno, não haverá mais morte. Sl 8.6. Deus, o Pai, está excluído dessa sujeição. Ao final de toda a vitória de Jesus, Este se sujeitará ao Pai, como sempre fez voluntariamente. Não é sujeição de Pessoa, mas de Função. A razão é que Deus, o Pai, é a origem de tudo, até mesmo o Filho, visto que foi gerado do Pai, no sentido de que Ele mesmo quis submeter-se ao Pai (v.24-28).

 

 

12.O batismo por causa dos mortos (v.29)

 

Várias tentativas de interpretações[21]

Apareceram já mais de 30 explicações diferentes sobre o “batismo pelos mortos”, a seguir nove dessas:

 

1)Alguns crentes se batizavam em favor dos amigos crentes que morreram sem serem batizados. Obs: Houve tais batismos no 2º séc. entre os hereges.

 

2)Morte de crentes martirizados antes de serem batizados.

 

3)Tornar-se crente pelo testemunho dos que morreram por causa de Cristo.

 

4)Batismo de jovens que tomavam o lugar dos mais velhos que morriam.

 

5)Apenas o simbolismo do batismo, que é a morte (“por causa dos mortos”, seria uma expressão para lembrar o simbolismo).

 

6)Possível citação de uma prática pagã, que de fato existia.

 

7)Lutero disse: “Por sobre os mortos”, que era o batismo sobre a sepultura dos mortos (evidentemente por aspersão).

 

8)“Por causa do Morto”, referindo-se a Cristo.

 

9)Batismo em favor dos incrédulos que morreram para perdão de pecados (os Mórmons têm esta prática em sua doutrina).

 

13.Perseguição, espancamentos, apedrejamento, tribunais, cadeias, viagens dificultosas, etc. Se a morte é o fim de tudo, se não há ressurreição, não vale a pena passar por esses perigos. Paulo diz: “dia após dia morro”, ou seja, Paulo nunca esteve fora de perigo de vida, todos os dias podia ser seu último dia. Paulo protesta, pois os perigos aos quais se expõe é por crer que haverá ressurreição (v.30-31).

 

14.Como já sabemos, cidadão romano não era lançado às feras, portanto, não devemos entender literalmente “lançado às feras”, visto que Paulo era cidadão romano. Tratavam-se de inimigos ferozes em Éfeso. Alguns dizem que Paulo entrou na arena para ser destruído por feras baseado em 2 Co 1.8. Mas se assim fosse dificilmente sairia vivo de lá e com certeza estaria na sua famosa lista de sofrimento em 2 Co 11.23-28. Paulo cita o adágio de Is 22.13. Paulo sabia que todos usavam este provérbio, e aqui usou para advertir os crentes coríntios que andavam com aqueles que não criam na ressurreição (v.32-33).

 

15.Sóbrios, isto é, atentos à realidade da ressurreição. Não crer na ressurreição é dar lugar à carne para pecar, já que não haverá responsabilidade de prestar contas a Deus pelo que o corpo praticou. “Muitos não conhecem a Deus”. Não crer na ressurreição é vergonhoso, pois o conhecimento de Deus mostra-se falho (v.34).

 

16.Os coríntios tinham dúvida a respeito do corpo da ressurreição, pois o corpo morto já estará em pó. O judeu não tinha a menor dificuldade em aceitar que na ressurreição o corpo se reconstituiria. O trigo é o fruto de um grão que morreu na terra, porém, é uma planta da mesma espécie do grão. Assim nós, ressuscitaremos e continuaremos com nosso aspecto tríplice: corpo, alma e espírito e intelecto, emoções e vontade. Enfim, cada qual continuará sendo a própria pessoa que Deus trouxe ao mundo. Claro que a planta é muito mais gloriosa do que a semente (o grão) (v.35-37).

 

17.Podemos dizer que Deus devolverá o corpo. Há dois erros que devem ser evitados (v.38-39):

 

1º)Considerar o corpo ressurreto igual ao original em sua totalidade (já vimos em 6.13 que o estômago não mais existirá).

 

2º)Considerar um novo corpo sem relação com o original. Há diversos tipos de corpos e nós ressuscitaremos como própria espécie do nosso, não como peixe, aves ou animais ou anjos.

 

18.Nada fala sobre a forma ou fôrma, mas da qualidade. Não há dúvida que a glória maior é do corpo celestial. Embora Paulo use a ilustração do sol, lua e estrelas, quando diz “corpo celestial” não se trata desses elementos, mas do corpo ressuscitado. Paulo faz os contrastes do corpo antes da ressurreição e na ressurreição: Natural com Espiritual. “Espiritual” não significa ausência de corpo, mas refere-se às coisas de Deus, as quais são espirituais. Cristo não é alma vivente, como o homem, pois Ele é a própria vida, Ele tem poder para produzir vida (v.40-45).

 

19.Adão com pecado veio antes e a remissão veio depois em o último Adão. No v.49 lemos que seremos como Cristo, ou seja, ressuscitaremos como Ele ressuscitou. Sendo assim, é de se esperar que da mesma maneira, com o corpo glorificado, mas com a mesma identificação (com o corpo dado por Deus na terra) (v.46-49).

 

20.É necessário morrer para ser ressuscitado, mas há um mistério: o Arrebatamento. Os que estiverem vivos não passarão pela morte. Tudo indica que Paulo esperava que Cristo buscasse sua geração (ou o Arrebatamento ou a Parousia). A transformação no Arrebatamento equivale à ressurreição, uma vez que os crentes serão despidos do corpo mortal para serem transformados em corpo incorruptível. Embora não usemos o termo “ressurreição” para o Arrebatamento. “Todos” refuta a ideia do Arrebatamento parcial. Este mistério nunca havia sido mencionado no VT. A última trombeta de 1 Co 15 é a mesma de 1 Ts 4.16, porém, não é a mesma última trombeta de Mt 24.31 (por estranho que possa parecer). A última trombeta de 1 Co e 1 Ts refere-se ao Arrebatamento e a última trombeta de Mt 24.31 refere-se à 2ª Vinda (Parousia) (v.50-53).

 

21.Is 25.8. O poder da morte encerrará para nós quando formos transformados (ou ressurreição ou arrebatamento). O fim da morte em toda a sua extensão se dará no Lago de Fogo (Ap 20.14). Paulo desafia a morte baseado na vitória que Cristo conquistou. O aguilhão era um ferrão usado para dominar o boi preguiçoso. O fim da lei foi a morte de Cristo, pois se assim não fosse, seria o nosso fim. Por isso nosso trabalho não é vão. O conhecimento da ressurreição deve nos levar ao trabalho. A ressurreição é um incentivo ao trabalho e firmeza (v.54-58).

 

 

 

 

 

A ressurreição de Cristo e dos crentes (1 Co 15)

1.A ressurreição é assunto do evangelho (v.1-4)

2.A ressurreição foi testemunhada (v.5-11)

3.A ressurreição não é crida por todos os crentes (v.12)

4.A ressurreição de Cristo exige a ressurreição dos que estão em Cristo (v.13-16)

5.A ressurreição de Cristo foi a solução para os nossos pecados (v.17)

6.A ressurreição de Cristo é a esperança dos salvos que morreram (v.18)

7.A ressurreição de Cristo garante nossa felicidade futura (v.19)

8.A ressurreição de Cristo deu origem à ressurreição dos crentes (v.20,23)

9.A ressurreição de Cristo anulou o poder da morte eterna para os crentes (v.21-22)

10.A ressurreição de Cristo garante o fim do poder da morte eterna (v.24-28)

11.A ressurreição dá credibilidade à mensagem dos que morreram (v.29)

12.A ressurreição dá coragem aos perseguidos por causa do evangelho (v.30-34)

13.A ressurreição revestirá o crente de um corpo celestial (v.35-41)

14.A ressurreição revestirá o crente de um corpo incorruptível (v.42-50)

15.A ressurreição acontecerá no momento do arrebatamento (v.51-52)

16.A ressurreição acontecerá no nosso corpo e não em outro (v.53-54)

17.A ressurreição será a vitória definitiva contra a morte (v.55-56)

18.A ressurreição só será possível por causa de Cristo (v.57)

19.A ressurreição é a motivação para o nosso trabalho (v.58)

 

Capítulo 16: A coleta para os crentes de Jerusalém. Exortações e saudações finais

1.Rm 15.26. Os crentes em Jerusalém estavam passando por necessidade (2 Co 8 e 9). A coleta devia ser feita da seguinte maneira (v.1-2):

 

1)No 1º dia da semana (Era quando os crentes se reuniam).

2)Todos contribuiriam

3)Conforme tivessem

4)Em casa, não na presença de Paulo, para não se sentirem pressionados.

5)Regularmente

 

2.Paulo se encarregará de enviar a coleta para os crentes em Jerusalém através dos irmãos escolhidos. Não seria o próprio Paulo que levaria, mas aquelas pessoas que os coríntios aprovassem. Paulo era cuidadoso sobre o dinheiro para não dar margem às falsas suspeitas. Eles mandariam carta informando quem levaria o dinheiro; era uma carta de recomendação. Em 2 Co 8.16-21 ficamos cientes que o escolhido foi Tito. Paulo irá com os “aprovados” (talvez mais alguém com Tito). Isto Paulo faria se valesse a pena (“convier”), ou seja, se a quantia fosse pequena, Paulo não perderia tempo para ir a Jerusalém com tanta pressa (v.3-4).

 

3.Paulo pretende percorrer a Macedônia e passar o inverno em Corinto. Talvez ele se demore em Corinto. Em Corinto, possivelmente, Paulo queria conseguir coisas para a viagem posterior. Paulo buscava sempre a vontade de Deus (“se o Senhor permitir”), mas isto não quer dizer que sempre usasse a expressão “se Deus quiser”. Os crentes herdaram esta expressão do judaísmo (Tg 4.15). Certa vez Paulo disse “eu irei” (Rm 15.28) e outra vez disse “importa-me ver Roma” (At 19.21). Portanto, há o perigo de fazermos da expressão “se Deus quiser” um chavão a ponto de sentirmos culpa se não usarmos. O que vale não é a expressão em si, mas a submissão à direção de Deus (v.5-7).

 

 

“Se o Senhor permitir. Os crentes, ao acrescentarem essa frase, obrigam-se com um sinal de dependência em Deus (Tg 4.15; Hb 6.3).”[22]

4.Paulo ainda tinha atividades em Éfeso. Paulo tinha adversários em Éfeso. O ourives de At 19 é um exemplo (v.8-9).

 

5.A recepção devia ser com respeito, Paulo já vai advertindo. Timóteo devia chegar ali “sem receio”. É bem provável que Timóteo era tímido e pouco ousado e poderia ter medo desta visita. Paulo queria que Timóteo e “os irmãos” voltassem bem. Três opiniões sobre “os irmãos” (v.10-11):

 

1)Estavam com Paulo em Éfeso e, juntamente com Paulo esperariam Timóteo.

2)Iriam com Timóteo nessa viagem para Corinto.

3)Alguém de Corinto que voltaria com Timóteo para Éfeso.

O certo é que os problemas em Corinto seriam difíceis para Timóteo.

 

6.Este versículo prova que de modo algum Paulo e Apolo eram rivais. Paulo não tinha inveja de Apolo, o orador, sendo que Paulo não era bom orador (2 Co 11.5-6). Os coríntios queriam a visita de Apolo e Paulo incentivou. Alguém vigilante não é simplesmente alguém “sem sono”, mas é alguém que está alerta. A estabilidade do crente deve estar fundamentada em Cristo. Os coríntios, embora crentes, não tinham muita estabilidade, como vimos em toda esta epístola. Isto mostra que, mesmo que alguém seja um obreiro dedicado e conhecedor, como Paulo e Apolo, o resultado nos corações quanto à firmeza será sempre e somente do Espírito Santo, juntamente com a vontade dos discípulos (v.12).

 

Planejamentos (1 Co 16.1-12)

1.Planejamento serve para todas as igrejas a fim de ofertarem ao Senhor (v.1)

2.Planejamento vem com vários detalhes (v.2)

3.Planejamento sempre é feito com antecedência (v.3)

4.Planejamento também conta com a situação do momento (v.4)

5.Planejamento procura otimizar tempo, localização e despesas com viagem (v.5)

6.Planejamento depende de situações e pessoas (v.6)

7.Planejamento deve valorizar relacionamentos com pessoas e a direção de Deus (v.7)

8.Planejamento considera as oportunidades e empecilhos (v.8-9)

9.Planejamento deve vir acompanhado de instruções e recomendações (v.10-11)

10.Planejamento não pode ser forçado sobre as pessoas sem considerar suas vontades (v.12)

 

7.Os coríntios eram imaturos em algumas áreas e carnais em outras e precisavam crescer, tornando-se adultos responsáveis. Não significa um imperativo simplesmente, pois não há capacidade em nenhum crente de extrair forças de si mesmo, antes significa buscar forças no Senhor. Exemplo semelhante vemos em 2 Tm 2.1. O Capítulo 13 enfatiza o amor (v.13-14).

 

8.A “casa” entende ser um termo que significa “a família”. Portanto, a família de Estéfanas é as “primícias” da Acaia, ou seja, foi a primeira família a se converter ao Cristianismo naquela região. Sujeitar-se a crentes como Estéfanas. Na verdade, cada um deve sujeitar-se ao outro. No caso de Estéfanas, o testemunho devia ser bom e, portanto, a sujeição não era penosa (v.15-16).

9.Paulo recebeu a parte que faltava dos coríntios, mas isto não pode ser entendido em primeiro lugar como ofertas, mas sim no sentido emocional. Paulo sentia saudades dos coríntios e Estéfanas, Fortunato e Acaico levaram as saudações dos coríntios, o que satisfez Paulo em ver “uma parte dos coríntios”. Devemos sempre lembrar que em algumas igrejas Paulo não exigia e nem pedia ofertas (exemplo: Corinto e Tessalônica) (v.17).

 

10.O refrigério era a lembrança dos coríntios, representada por Estéfanas, Fortunato e Acaico. Paulo termina enviando saudações. As igrejas da Ásia e Áquila e Priscila também saúdam os coríntios. Funcionava uma igreja na casa de Áquila e Priscila, que eram de Éfeso. A saudação com ósculo santo era totalmente normal nas culturas daquela época. Era o beijo comum no mundo antigo e oriental (v.18-20).

 

11.Paulo às vezes escrevia “de próprio punho” e outras vezes usava amanuense (Rm 16.22, Gl 6.11). É bem possível que tivesse algum problema com a visão (miopia ou glaucoma - ver Gl 4.13-15). Aos coríntios, por exemplo, só escreveu a saudação; a epístola foi escrita por Estéfanas e/ou Sóstenes (1.1). Quem não ama o Senhor é maldito. “Maranata” não é um termo grego, mas aramaico: MAR (Senhor) AN (nosso) ATHA (vem).[23] “A graça e o amor” era o tipo de saudação comum, também, nas outras epístolas de Paulo (v.21-24).

 

Recomendações (1 Co 16.13-24)

1.Vigilância, firmeza, maturidade e força (v.13)

2.Amor (v.14)

3.Sujeição aos obreiros do Senhor (v.15-16)

4.Alegria em dar e receber (v.17)

5.Reconhecimento mútuo (v.18)

6.Saudações (v.19-21)

7.Amor ao Senhor (v.22)

8.Viver pela graça e amor (v.23-24)

 

Coisas que todos os crentes deviam saber – 1 Coríntios

1.Os crentes são santuário de Deus (3.16)

2.Um pouco de fermento leveda toda a massa (5.6)

3.Os crentes julgarão o mundo e os demônios (6.2-3)

4.Os incrédulos não entrarão no céu (6.9)

5.O nosso corpo é santuário do Espírito Santo (6.15-16,19)

6.O conhecimento incha, mas o amor edifica (8.1)

7.O ídolo nada é, pois há um só Deus (8.4)

8.Alguns líderes espirituais podem ser remunerados (9.13)

9.Os crentes precisam ter uma ambição espiritual (9.24)

10.Um dia, éramos arrastados para os ídolos (12.2)


Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 1990

 

 

 

 

Notas

 

1.     Sugestão de notas de introdução com informações técnicas, tais como data, local e autoria, o o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

2.     An Exposition of 1 Corinthians, pg. 20 Charles Hodge (http://www.biblecentre.net/comment/nt/hodge/1cor/1cor/css/1cor_20.html)

3.     Some Epistemological Reflections on 1 Cor 2:6–16 - Richard B. Gaffin, Jr. (Copyright 1997 by Westminster Theological Seminary and Galaxie Software)

4.     Notes & Outlines 1 Corinthians - J. Vernon McGee (Thru the Bible Radio Network Pasadena, CA)

5.     Strong's Hebrew and Greek Dictionaries – 1 Co 4.1 - Published in 1890; public domain (extraído de e-sword versão 12.0.1 – 2019)

6.     The power in Paul's teaching (1 Cor 4:9-20), pg. 54 - William David Spencer (Jets 32/1 march 1989 - copyright 1997 by The Evangelical Theological Society and Galaxie Software)

7.     Novo Comentário da Bíblia – 1 Coríntios, pg.32 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)

8.     Comentário Bíblico Expositivo do NT Vol. 1 1 Coríntios – pg. 769 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)

9.     1 Corinthians 7:29–31 and the Teaching of Continence in The Acts of Paul and Thecla- W. Edward Glenny (GTJ—V11 #1—Spr 90—60 - Copyright 1997 by Grace Theological Seminary and Galaxie Software)

10.  O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 105 – 1 Co 7.18 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

11.  Comentário Bíblico Moody – 1 Coríntios, pg. 39 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

12.  Revista VEJA de 24 de janeiro de 2001 coluna “Ponto de vista” sobre “Ambição e Ética”

13.  Comentário Bíblico NVI, pg.1897 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)

14.  Church and Gentile Cults at Corinth—GTJ—V10 #2—Fall 89—209 (Copyright 1997 by Grace Theological Seminary and Galaxie Software

15.  Comentário Bíblico Popular NT, pg. 511 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão São Paulo – SP – 1ª ed. Setembro 2008)

16.  O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 193 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

17.  Comentário Bíblico de Matthew Henry – 1 Coríntios, pg. 29-30 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

18.  Comentário Bíblico Moody – 1 Co 13.13 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

19.  Notes on 1 Corinthians, pg. 163 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

20.  O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 252 – 1 Co 15.23 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)

21.  O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 256 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

22.  The Pulpit Commentary - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. - Published in 1880-1897; public domain. (extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)

23.  O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 282-283 – 1 Co 16.22 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

 

 



[1] Sugestão de notas de introdução com informações técnicas, tais como data, local e autoria, o o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

[2] An Exposition of 1 Corinthians, pg. 20 Charles Hodge (http://www.biblecentre.net/comment/nt/hodge/1cor/1cor/css/1cor_20.html)

[3] Some Epistemological Reflections on 1 Cor 2:6–16 - Richard B. Gaffin, Jr. (Copyright 1997 by Westminster Theological Seminary and Galaxie Software)

[4] Notes & Outlines 1 Corinthians - J. Vernon McGee (Thru the Bible Radio Network Pasadena, CA)

[5] Strong's Hebrew and Greek Dictionaries – 1 Co 4.1 - Published in 1890; public domain (extraído de e-sword versão 12.0.1 – 2019)

[6] The power in Paul's teaching (1 Cor 4:9-20), pg. 54 - William David Spencer (Jets 32/1 march 1989 - copyright 1997 by The Evangelical Theological Society and Galaxie Software)

[7] Novo Comentário da Bíblia – 1 Coríntios, pg.32 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)

[8] Comentário Bíblico Expositivo do NT Vol. 1 1 Coríntios – pg. 769 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)

 

[9] 1 Corinthians 7:29–31 and the Teaching of Continence in The Acts of Paul and Thecla- W. Edward Glenny (GTJ—V11 #1—Spr 90—60 - Copyright 1997 by Grace Theological Seminary and Galaxie Software)

[10] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 105 – 1 Co 7.18 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

[11] Comentário Bíblico Moody – 1 Coríntios, pg. 39 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

[12] Revista VEJA de 24 de janeiro de 2001 coluna “Ponto de vista” sobre “Ambição e Ética”

[13] Comentário Bíblico NVI, pg.1897 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)

[14] Church and Gentile Cults at Corinth—GTJ—V10 #2—Fall 89—209 (Copyright 1997 by Grace Theological Seminary and Galaxie Software

[15] Comentário Bíblico Popular NT, pg. 511 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão São Paulo – SP – 1ª ed. Setembro 2008)

[16] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 193 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

 

[17] Comentário Bíblico de Matthew Henry – 1 Coríntios, pg. 29-30 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

[18] Comentário Bíblico Moody – 1 Co 13.13 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

[19] Notes on 1 Corinthians, pg. 163 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

[20] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 252 – 1 Co 15.23 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)

 

[21] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 256 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

[22] The Pulpit Commentary - Edited by the Very Rev. H. D. M. Spence, D.D., and by the Rev. Joseph S. Exell, M.A. - Published in 1880-1897; public domain. (extraído de comentários de e-sword versão 10.3.0 - 2014)

 

[23] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 4, pg. 282-283 – 1 Co 16.22 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 9ª reimpressão setembro de 1995)

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