59 Filemom

 Filemom


 

Introdução[1]                                                              

1.Autor da carta

Paulo escreveu para Filemom quando estava preso em Roma. Ele escreveu para a igreja em Colossos e para Filemom que era da mesma igreja. Provavelmente, as duas cartas foram entregues pelo mesmo mensageiro na mesma época.

2.Data e local da carta

Paulo estava preso em Roma. Deve ter sido escrita em 61 a.D.

 

3.Cidade

As mesmas informações estão na carta aos Colossenses, pois Filemom era daquela cidade.

 

4.Objetivo da carta

É uma carta curta e tem como objetivo pedir para o amigo e irmão em Cristo, Filemom, receber e perdoar o escravo fugitivo, Onésimo. Deus levou Onésimo para aquela prisão dando a oportunidade dele ouvir o evangelho e se converter. A partir daí, Deus prova a fé de Onésimo em mudar de atitude. Prova a fé de Paulo em se oferecer para pagar a dívida de Onésimo e prova a fé de Filemom em receber e perdoar alguém que, naturalmente, perdera toda a confiança.

 

5.Versículo-chave da carta

“E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, lança-o minha conta” (Fm v. 18). Lançar na conta é a doutrina da Imputação. Cristo Jesus fez isso por nós, assumindo os nossos pecados e colocando a Sua justiça sobre nós.

 

6.Tema e palavras-chaves

O tema dessa carta é “Imputação”. A palavra mais evidente dessa doutrina é “conta”. A outra palavra chave é “receber” ou “recebe-o”. Foi assim que Jesus nos recebeu. Éramos devedores.

 

7.Dificuldades e curiosidades encontradas na carta

1) Inútil e útil (v.11). O nome Onésimo significa “proveitoso”. Paulo usa um trocadilho. Antes ele era “acrestos” (inútil), mas agora se tornou “crestos” (útil). O evangelho é transformador. É o verdadeiro avivamento.

 

2) Quem deve a quem? (v.19). Paulo, cordialmente, pede a Filemom que receba a Onésimo. No entanto, se Paulo quisesse poderia dar uma ordem por ser o apóstolo. O quanto pudermos devemos exercer a cordialidade e não a autoridade.

 

Capítulo 1: O caráter de Filemom e a intercessão de Paulo por Onésimo

1.Paulo estava em sua primeira prisão em Roma, tendo por companheiro Onésimo, escravo de Filemom, um senhor rico de Colossos, onde possivelmente funcionava uma igreja em sua casa. Onésimo significa “útil, proveitoso”, nome comum dado aos escravos do Império Romano. Mas ele não honrou o nome, fez algum mal para o seu senhor, talvez tenha roubado dinheiro e fugido. Filemom, usando dos benefícios da lei romana, por certo entrou em contato com alguém de Roma que conseguiu prender Onésimo. Para a felicidade de Onésimo seu companheiro de cela era Paulo, de quem ouviu o Evangelho e se converteu.

 

2.A lei romana determinava que se alguém se apoderasse de um escravo de outro ou desse a este refúgio, devia pagar cada dia de serviço em que estivesse longe da casa de seu senhor. Paulo não deu refúgio, mas pagaria como se tivesse dado. Paulo, por meio de Tíquico, envia uma carta para Filemom se preparar para receber um outro Onésimo. Além disso, Paulo se responsabiliza pelos prejuízos sociais causados por Onésimo. Este “bilhete” de Paulo a Filemom é cheio de virtudes para a vida cristã, como frisa Scofield: prática da justiça, fraternidade cristã, cortesia cristã e a lei do amor.

 

3.Paulo usa o título “prisioneiro” e não Apóstolo, pois quer pedir um favor. Timóteo já estava com Paulo em Roma. Junto com Filemom havia pessoas valorosas (v.1-2). É possível que Áfia fosse a esposa de Filemom e Árquipo seu filho. A saudação amorosa de Paulo é a introdução para a epístola (v.3). A epístola é pessoal, mas acabou circulando por todas as igrejas. Théo Preiss: “No corpo de Cristo os assuntos pessoais já não são particulares” (v.1-3).

 

4.Paulo reaviva a memória, através da oração. A oração é um ótimo recurso para treinar a memória. A prática da oração por irmãos é muito sadia. Mesmo que não encontrarmos mais as pessoas pelas quais oramos é uma maneira de manter em nossa memória o amor por elas. Paulo reconhece o amor e a fé de Filemom para com o Senhor, os quais resultam em conhecimento e em comunhão entre os irmãos. Filemom é uma boa influência para outros, pois confortando o coração de Paulo, de modo indireto está confortando os irmãos que recebem ensino de Paulo. O obreiro precisa de motivação para o seu ministério, por isso, fazer o bem para pastores, missionários e obreiros é uma forma de ajudar no desenvolvimento da obra (v.4-7).

 

“A fé em Cristo e o amor a Ele devem unir os santos mais fortemente do que qualquer relação exterior que seja capaz de unir o povo do mundo. Paulo era minucioso para lembrar-se de seus amigos em suas orações particulares. Nós devemos nos lembrar muito, e, frequentemente, de nossos amigos cristãos, conforme a necessidade que tiverem, levando-os à presença de Deus em nossos pensamentos e em nossos corações. Os sentimentos e as maneiras diferentes naquilo que não é essencial não devem se transformar em diferenças de afeto a respeito da verdade.”[2]

 

5.Paulo podia usar da sua Autoridade Apostólica, mas preferiu pedir em tom de clemência. O pedido de Paulo é por Onésimo que foi “gerado entre algemas”. Paulo usa um jogo de palavras: Onésimo (útil) foi inútil, mas agora honrará o nome.[3] Paulo até mesmo usaria Onésimo no ministério, se não fosse escravo de Filemom. A visão de Paulo do propósito de Deus, até mesmo num pecado de rebeldia, é impressionante. Assim como José do Egito conseguia ver a bênção de Deus, mesmo dentro de um contexto de inveja, rapto e tráfico humano. Deus coopera as situações adversas da vida. Onésimo não deixará de ser escravo, mas agora será tratado como irmão. Devemos diferenciar vida social versus vida fraternal (v.8-16).



[1] Notes & Outlines – Philemom – Fm v.11 – sem número de página - J. Vernon McGee (Thru the Bible Radio Network - Pasadena, CA – sem data de publicação)

 

 

 

 

 

 

“A atitude do NT quanto à escravatura vem à tona nesta epístola. Notamos que Paulo não a condena

nem a proíbe. De fato, envia Onésimo de volta para seu dono. Mas os abusos ligados à escravatura são condenados e proibidos no NT. Maclaren escreve: ‘O Novo Testamento [...] não se intromete diretamente no sistema político e social, mas estabelece princípios que irão afetá-lo profundamente, deixando-os infiltrar na mente coletiva. A revolução à força não é o modo bíblico de corrigir males sociais. A causa de o homem ser desumano reside em sua natureza caída. O evangelho ataca a raiz do mal e oferece uma nova criação em Cristo Jesus. É concebível que o escravo de um dono bondoso esteja em melhor situação do que se fosse independente. Verifica-se isso em cristãos que são servos devotos do Senhor Jesus. Os escravos dele gozam da mais verdadeira liberdade. Ao enviar Onésimo de volta a Filemom, Paulo não praticou uma injustiça com o escravo. Tanto dono como escravo eram cristãos.”[4]

 

6.Além de fugir possivelmente Onésimo roubara seu senhor. A doutrina da Imputação é bem ilustrada aqui. Cristo Jesus tomou os nossos pecados e colocou sobre nós a Sua própria justiça, por isso, estamos justificados diante de Deus. Paulo não está emprestando dinheiro para Onésimo. Isto poderia constranger Filemom, fazendo-o devedor a Paulo. O apóstolo está, de fato, pagando as dívidas de Onésimo. O pedido insistente de Paulo deixava Filemom ou constrangido ou atento a um assunto novo para ele, perdoar um escravo. Paulo não exige nada além do perdão para Onésimo. Mais do que isto seria a alforria e não é isto que Paulo está pedindo para Onésimo (v.17-21).

 

7.A conclusão deste bilhete consta a esperança de Paulo em sair das prisões, pois está confiante nas orações dos irmãos. Finalmente, Paulo envia a Filemom as saudações e a bênção. Paulo é um exemplo de transparência em suas cartas, comparadas com as nossas cartas cuidadosas e pré-fabricadas. Se alguém quer escrever uma carta que saia do coração para a caneta, deve escrever o que vem primeiro e não ficar pensando muito ou “passar a limpo”. Paulo é cuidadoso ao falar dos pecados alheios. Note que ele nunca mencionou “roubar”, antes, “te fez algum dano” (v.18) e não usou a palavra “fugir”, mas “separado” (v.15). Aqui também mostra como deve ser o relacionamento entre senhor e escravo. Isto se aplica a nós em nosso relacionamento com nossos chefes e subordinados (ver Colossenses 3.22-4.1). Vemos a transformação que o evangelho faz na vida de alguém (v.11). Só há mudança quando há ensino. Crisóstomo observou: “Paulo foi um homem cheio de simpatia e solicitude por uma pessoa em aflição e disposto a fazer tudo dentro de seu alcance para ajudar, mesmo que lhe custasse alguma coisa” (v.19). Filemom é um documento bem pequeno, um bilhete, mas se não fosse preservado ficaríamos com um conceito muito limitado de Paulo quanto à sua compaixão. Pois teríamos só uma imagem de Paulo “brigando com os coríntios”, “não aceitando João Marcos consigo”, “xingando o sacerdote” e “entregando pessoas a Satanás” (v.22-25).

 

“Paulo defende que a oração tinha um valor objetivo bem como um valor subjetivo. Ele cria na oração como uma força de trabalho poderosa no universo espiritual. Tanto que ele buscava e valorizava as orações dos outros em seu favor e ele mesmo exercia fielmente a intercessão pelos santos.”[5]

 

Caráter, transformação e perdão (Fm v.1-25)

1.Paulo reconhece o valor de Filemom (v.1-7, caráter)

2.Paulo recomenda um novo Onésimo a Filemom (v.8-16, transformação)

3.Paulo espera que Filemom receba Onésimo (v.17-25, perdão)


Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 2010

Notas

 

1.     1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira

 

2.     Comentário Bíblico de Matthew Henry – Fm v.1-7 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

3.     Notes & Outlines – Philemom – Fm v.11 – sem número de página - J. Vernon McGee (Thru the Bible Radio Network - Pasadena, CA – sem data de publicação)

4.     Comentário Bíblico Popular Novo Testamento, pg. 822 – Fm v.12 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)

5.     Notes on Philemom, pg. 14 – Fm v.22 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

 

 

 



[1] 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira

[2] Comentário Bíblico de Matthew Henry – Fm v.1-7 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

[3] Notes & Outlines – Philemom – Fm v.11 – sem número de página - J. Vernon McGee (Thru the Bible Radio Network - Pasadena, CA – sem data de publicação)

[4] Comentário Bíblico Popular Novo Testamento, pg. 822 – Fm v.12 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)

[5] Notes on Philemom, pg. 14 – Fm v.22 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

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