Tito
Introdução[1]
1.Autor da carta
Paulo é o autor. Ele contava com cooperadores para prosseguirem com o seu trabalho, sendo Tito um deles.
2.Data e local da carta
Nada sabemos sobre o intervalo das prisões de Paulo, por isso, não é possível dizer com exatidão as datas das epístolas pastorais. Tito talvez tenha recebido essa carta de Paulo nos anos 60-61 d.C. Alguns
até dizem que Paulo estava no intervalo das prisões e tenha até mesmo visitado Tito em Creta ou em Nicópolis quando Tito deixaria o trabalho em Creta por algum tempo para se encontrar com Paulo.
3.Cidade
Creta é a maior ilha grega. Tem relevo bastante acidentado. Os povoadores de Creta eram provindos ou da Europa Continental (da Península dos Balcãs, neste caso, da Grécia continental), da Península da Ásia Menor ou de ambas as regiões. Tradicionalmente, a população era quase toda formada por pescadores e marinheiros, mas a atividade agrícola também era essencial para a vivência da população da ilha. Atualmente, a população é dividida entre turcos e gregos.
4.Objetivo da carta
Paulo quer que Tito se responsabilize por estabelecer líderes. A tarefa é difícil, pois os homens eram tidos como rudes marinheiros e até conhecidos como piratas por serem ladrões dos mares. Tito teria a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus e confiar que o Senhor os transformasse em homens educados, respeitosos e submissos.
5.Versículo-chave da carta
Nada pode transformar homens com essa reputação em servos de Deus, senão a graça de Deus. Por isso, os dois versículos-chaves da carta são Tito 2.11-12: “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente”.
6.Tema e palavras-chaves
Embora apareça apenas uma vez, a palavra “ordem” se destaca por ser esse o objetivo da carta. Tito deveria colocar em ordem as coisas restantes do ministério de Paulo naquela ilha, naquela igreja. O tema poderia ser: “Colocando em ordem as coisas restantes”.
7.Dificuldades e curiosidades encontradas na carta
1) Citação de poeta (1.12). Paulo citou Epimênides, um filósofo e poeta que viveu 600 a.C. em Creta. Quando morreu foi adorado como um deus. Isso nos mostra que citar pessoas e frases necessariamente não significa que concordemos com seus pensamentos.
2) Submissão aos senhores (2.9-10). Pouco espaço há para reivindicações quando se lê esses versículos. A escravidão nunca foi combatida por Paulo. O crente pode embelezar a doutrina da Palavra de Deus através de um andar correto.
3) Submissão ao governo (3.1). A relação que o crente tem com o governo é de submissão e boa obra. Os que se envolvem em política para benefício próprio e citam José, Neemias e Daniel, precisam se lembrar que eles não candidataram para a política, mas foram “jogados” ali.
Capítulo 1: Saudação, as qualificações dos presbíteros e os hereges
1.Paulo é o autor desta epístola. Deve ter escrito por volta de 63 a.D., após a primeira libertação de Paulo da prisão. Em 64 Roma foi incendiada. O apóstolo Paulo estava em Roma ou de algum lugar da Ásia Menor, onde provavelmente Paulo teria ido no intervalo das prisões (3.12). Pensando nessa 2ª hipótese podia ser que escreveu estando em Macedônia indo para Nicópolis. Esta carta é endereçada a Tito, na ilha de Creta.
2.Esta epístola contém a orientação que Paulo deu a Tito em como conduzir a igreja em Creta. Também, orientá-lo em como estabelecer uma liderança naquela igreja. A tarefa não era fácil, devido às peculiaridades do povo cretense. Tito precisaria muito amor e paciência.
3.Tito era um dos convertidos de Paulo, provavelmente. Acompanhou Paulo e Barnabé até Jerusalém no 1º Concílio (At 15, Gl 2.1-4). É mencionado novamente em 2 Coríntios 8.6 e 12.18, onde parece ter sido enviado por Paulo a uma missão a Corinto quando estava em Éfeso. Na 2ª prisão de Paulo, Tito não está com ele, mas nada indica ter sido pela mesma razão que Demas, pois Paulo não o reprova. Pode ser que ao ir para Dalmácia (Iugoslávia e atualmente Bósnia), tenha sido em missão (2 Tm 4.10).
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As semelhanças entre Timóteo e Tito Ambos eram jovens e dedicados Ambos eram cooperadores de Paulo. Ambos serviram em situações difíceis nas igrejas. |
As diferenças entre Timóteo e Tito |
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Timóteo meio judeu circuncidado por Paulo serviu em Corinto e Éfeso personalidade introspectiva proeminente em Atos |
Tito totalmente gentio incircunciso serviu em Corinto e Creta personalidade forte não mencionado em Atos |
4.Não sabemos como surgiu a igreja em Creta, pois Paulo não viajou para lá em suas Viagens Missionárias. Talvez surgiu de pessoas que estiveram no “Pentecostes” (At 2.11). Só aqui é usada a expressão “servo de Deus”. A tarefa de Paulo é dupla. Tarefa esta que combina com qualquer obreiro de qualquer época: 1) Promover a fé dos eleitos 2) Promover o pleno conhecimento da verdade (v.1).
5.A verdade é o conjunto das doutrinas bíblicas, sempre ligadas à piedade. Em 1 Tm 4.16 o mistério da piedade é alistado em seis itens. Os eleitos são os que aceitaram o chamado de Cristo para a Igreja Eleita, ou seja, os que aceitaram o Evangelho (v.1).
6.“O Deus que não pode mentir” faz um contraste imediato com a fama que os cretenses tinham de mentirosos. A vida eterna faz parte do plano eterno e em tempos devidos foi manifestada. Isto quer dizer que Cristo Jesus desceu à terra, viveu, morreu e ressuscitou no curso da História da humanidade e no tempo que Deus quis (v.2-3).
“Há evidência antiga que os cretenses consideravam a mentira culturalmente aceitável. Uma teologia especificamente pagã pode ser a raiz. A referência de Paulo para ‘o Deus que não pode mentir’ pode estar satirizando o caráter de Zeus dos contos cretenses, o qual mentia para ter relações sexuais com mulheres humanas (tomando a forma humana do marido delas). Esse mesmo Zeus era também o resumo da virtude (definido pela sua possessão das virtudes cardeais), uma dimensão do seu caráter que virá mais tarde na carta [1.12].”[2]
7.Talvez Tito seja um dos convertidos de Paulo, embora, o termo verdadeiro filho pode referir-se respeito à obediência e não somente à salvação. Sendo que Tito era grego e Paulo foi aquele que iniciou a pregação entre os gregos é certo pensar que Tito conheceu o Evangelho através de Paulo, assim como Timóteo, que embora conhecia as Escrituras, só conhecia na perspectiva judaica (v.4).
8.Os crentes são unidos numa fé comum, que é baseada numa salvação comum (Jd 3). “Comum” no sentido de ser uma única fé e uma única salvação e não no sentido de “pouco valor” (v.4).
9.Quanto às qualificações dos presbíteros, ver 1 Timóteo 3. Tito estava em Creta para colocar as coisas em ordem e estabelecer líderes. A igreja não funciona sem liderança (pelo menos não de modo normal). Havia em Creta problemas de imoralidade, além de falsos mestres.
10.As “coisas restantes” era o tinha para fazer, pois Paulo não teve tempo suficiente para realizar toda a tarefa a que devia ser feita naquele local. Ele nem mesmo fundou aquela igreja. Em poucos lugares Paulo pôde realizar tudo o que era necessário para o funcionamento completo de uma igreja, por isso, ele designava pessoas para continuar a sua missão.
11.O fato desses padrões serem os mesmos para os crentes em Éfeso e em Creta prova que a medida de Deus para líderes não é flutuante de acordo com as culturas ou posição social. Éfeso era cidade grande e rica (metrópole); Creta é uma ilha de pessoas rudes.
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A beleza do ministério (Tt 1.1-9) 1.O ministério é lindo porque promove a fé, o conhecimento, a verdade e a piedade (v.1) 2.O ministério é lindo porque se baseia na esperança da vida eterna (v.2) 3.O ministério é lindo porque usa pregadores humanos (v.3) 4.O ministério é lindo porque produz filhos espirituais (v.4) 5.O ministério é lindo porque preenche o que está faltando numa igreja (v.5) 6.O ministério é lindo porque seus ministros são de alta qualidade (v.6-9) |
12.Os hereges são “insubordinados”, ou seja, não recebem ordens. São “palradores frívolos”, ou seja, falam tolices. Os “da circuncisão” estavam colocando obstáculo no ministério de Tito, visto que este não era circuncidado (v.10).
13.Tito devia fazê-los calar por dois motivos: 1º) Porque arruinaram a fé de famílias inteiras 2º) Porque ensinavam o erro visando o lucro material (v.11).
14.É preciso, ainda hoje em dia, a apologética (argumentos a favor da fé), denunciando o erro de falsos ensinos. Por falta disto existem pessoas na igreja que pensam que podem crer no que quiserem e não serem punidas por isto.
15.O verso é do filósofo cretense Epimênides (600 a.C.), muito reverenciado por eles. Por isso, o impacto foi grande quando Paulo usou as palavras deste “profeta” contra eles. Leonides, também, falou sobre os cretenses: “Os cretenses são sempre ladrões e piratas e injustos”[3] (v.12).
16.O objetivo da repreensão é para se tornarem sadios na fé. Quanto às “Fábulas judaicas” ver 1 Timóteo 1. Os hereges se desviam da verdade. Isto indica que de alguma forma eles conhecem o que é certo, pois eles se introduzem no meio do povo de Deus para confundir e ganhar os mais fracos (v.13-14).
17.As coisas são puras ou impuras conforme a maturidade espiritual de cada pessoa. As impurezas estão no interior do homem e não nas coisas exteriores. Para os que têm a mente e a consciência corrompidas, nada é puro. Tudo é puro para os puros, isto porque estes têm as mentes renovadas e vão agir baseados nessa nova maneira de compreensão das coisas (v.15).
18.Para aqueles, de mentes impuras as seguintes coisas eram impuras: Carne, vinho, casamento e sexo (v.15 com 1 Tm 4.1-5).
19.Com palavras dizem que conhecem a Deus, mas com a vida são desaprovados. Quem não conhece a Deus já está desqualificado para a obra Dele (v.16).
20.O bom ministro deve se lembrar dos hereges. Quem não tem os hereges em sua agenda ministerial terá muitas surpresas e até descobrir que não está lidando com irmãos verdadeiros terá gastado muito tempo e energia tentando discipular hereges, quando deveria discipular crentes e confrontar hereges, expulsando-os da igreja.
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A feiura (hediondez) da rebeldia (Tt 1.10-16) 1.A rebeldia é horrível porque é enganosa (v.10) 2.A rebeldia é horrível porque é perversa (v.11) 3.A rebeldia é horrível porque é mentirosa, cruel e hedonista (v.12-13) 4.A rebeldia é horrível porque é humanista (v.14) 5.A rebeldia é horrível porque é corrompida (v.15) 6.A rebeldia é horrível porque é abominável (v.16) |
Capítulo 2: Exortações a várias categorias de pessoas na igreja e a graça de Deus
1.Tito enfrentaria erros, mas com a mente renovada com a sã doutrina e uma vida sincera ele poderia combater estes erros (v.1).
2.Nenhum pastor deve desejar pastorear uma igreja só de jovens ou só de velhos. A igreja precisa funcionar com pessoas de todas as idades. Quanto às diversas classes, Paulo manda Tito exortá-las com respeito a vários assuntos, normalmente comum em cada uma dessas classes (v.2).
3.Neste versículo, Paulo exorta os homens idosos. O mais velho deve ser temperante. Era um velho glutão; agora deve ser frugal (come moderadamente). Ele deve ser respeitável. Era um velho imoral, que não respeitava as moças; agora é honesto nos negócios e na área moral. Quanto à fé era idólatra; quanto ao amor nem sabia o que isto significava de fato; não era constante, mas inconstante e impaciente. Era cruel, como todos os cretenses, não tinha controle de si mesmo; agora pode levar uma vida controlada pelo Espírito Santo. São verdades tão simples, mas Tito deveria ensinar, pois os cretenses acabaram de vir do paganismo e quanto maior a idade, mais arraigados estavam nessas práticas (v.2).
4.Quanto às mulheres idosas Tito devia ensiná-las a serem sérias no proceder. Elas devem se dedicar à vida piedosa. Elas não podem ser caluniadoras, uma tendência natural (pecaminosa) da mulher em Creta. Elas tampouco devem ser escravas do vinho. Pessoas bêbadas se tornam repugnantes em ambos os sexos. Elas devem ser mestras do bem. Uma mulher por tendência natural faz o bem para os outros, e como crente esta característica deve acentuar-se. Agora salvas, conhecedoras de um novo relacionamento conjugal, devem ensinar as mais jovens a sujeitarem-se aos maridos. A mulher idosa, crente, pode relatar a sua própria vida para as mais jovens. Tito não era o responsável pelo ensino às moças, e sim, as idosas tinham esta responsabilidade (v.3-5).
“As mulheres mais idosas devem cumprir um ministério de ensino entre as mulheres mais jovens, mas não na congregação em geral... Os versículos 4 e 5 ensinam que as crentes casadas devem reconhecer na família e no lar a sua esfera de serviço, como esposas e mães exemplares, em toda submissão, reconhecendo o marido como cabeça do lar. Sem esta atitude, o evangelho de Deus pode ser acusado de inspirar uma liberdade imprópria que perturbe a vida doméstica (cf. 1Tm 6.1).”[4]
5.Os moços devem ser criteriosos em todas as coisas, ou seja, terem domínio próprio, serem árbitros de si mesmos. Realmente uma tarefa difícil para qualquer moço, visto que as emoções e desejos no jovem são sempre em alta escala. Exemplo: alegria, tristeza, finanças, sexo, determinação, etc. (v.6).
6.Paulo tinha advertência para Tito, também. Este devia ser padrão de boas obras, ou seja, apresentar boa conduta. Tito, assim como Timóteo, era jovem e para tornar-se padrão era preciso seguir atentamente os conselhos de Paulo. Padrão é a tradução da palavra “tupos” (tipo), que é o golpe de um carimbo (v.7-8).
7.Tito devia ser íntegro no ensino, que envolve sinceridade em ensinar e, também, ensinar tudo o que Paulo mandou. Tito devia ser reverente, digno, sério. A linguagem devia ser sadia e irrepreensível, sem que ninguém o condenasse pelo mau uso da língua. Tito obedecendo Paulo, acabaria por envergonhar o adversário, que são os opositores. Podia acontecer dos perseguidores se arrependerem de perseguir um homem justo (v.7-8).
8.Os escravos crentes devem se tornar agradáveis ao seu senhor. Não respondões e obstinados e nem ladrões de seu próprio senhor. Com isto a doutrina fica “ornamentada”. O escravo dá uma beleza toda especial ao Evangelho quando obedece ao senhor. Paulo nunca ensinou a rebelião contra a escravatura, embora incentivou a sair desta, caso houvesse oportunidade (1 Co 7.21) (v.9-10).
“Essas instruções são para os servos... A razão porque os servos devem ser agradáveis aos seus senhores não é fundamentalmente para agradar aos seus senhores, mas para adornar a doutrina de Deus. Para agradar a Deus nós devemos agradar aqueles aos quais somos responsáveis. A palavra para ‘adornar’ é kosmosin da qual temos a palavra cosmético.”[5]
9.O bom ministro deve saber interagir com todas as classes sociais da igreja, pois ele é um instrutor da Palavra de Deus e dos comportamentos, por isso, ele acaba conhecendo os segredos das pessoas e tem uma presença que marca vidas. A família do bom ministro é o seu laboratório. Se a família der certo, o ministério será uma bênção e o contrário também é verdade.
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Uma tabela de categorização na igreja (Tt 2.1-10) 1.Os homens idosos devem ser respeitosos (v.1-2) 2.As mulheres idosas devem ser mestras do bem (v.3-5) 3.Os jovens devem ser criteriosos (v.6) 4.Tito deve ser padrão (v.7-8) 5.Os servos devem ser obedientes (v.9-10) |
10.A lei chegou em Creta e não operou com eficácia, mas a graça chegou e foi eficaz. A graça é salvadora para todos os homens, embora saibamos que nem todos serão salvos, pois muitos rejeitam. A estabilidade do crente repousa na graça de Deus (v.11).
11.A graça nos educa para a rejeição da impiedade e paixões mundanas, para vivermos de modo sensato, justo e piedoso. Embora Paulo fale do “presente século”, ele também lembra que aguardamos a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo. A estabilidade do crente depende da sua confiança nesta manifestação. É a nossa libertação de toda a iniquidade. Ele limpa os crentes para poderem produzir boas obras e esse povo é exclusivo para Ele (v.12-14).
12.Tito, assim como Timóteo, era moço, mas mesmo assim tem plena autoridade de exortar velhos e jovens, bem como repreender se for preciso. A autoridade procede do conhecimento da vontade de Deus neste mundo. Portanto, quanto maior conhecimento, maior a autoridade, pois pode-se discutir sobre preferências, mas nunca sobre o conhecimento verdadeiro. A graça de Deus deve ser experimentada pelo bom ministro se este quer ser usado por Deus com autoridade. Os argumentos do bom ministro falham, mas a abundante graça sobre a sua vida dará poder para enfrentar hereges, acusações, rebeldias e incredulidade. A estabilidade do crente, portanto, repousa na graça de Deus e na esperança da manifestação de Cristo Jesus (v.15).
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A graça de Deus como o alimento do crente (Tt 2.11-15) 1.A graça nos alimenta com a salvação (v.11) 2.A graça nos alimenta com a educação na piedade (v.12) 3.A graça nos alimenta com a bendita esperança (v.13) 4.A graça nos alimenta com a purificação (v.14) 5.A graça nos alimenta com a autoridade (v.15) |
Capítulo 3: As boas obras, a mansidão diante dos hereges e saudações
1.Os cretenses tinham fama, também, de sediosos (rebeldes às autoridades civis). É verdade que alguns governos são mais justos do que os outros, porém, os crentes devem obedecer às autoridades sempre que estas não estejam exigindo a desobediência a Deus. A forma que os cretenses podiam mostrar que mudaram em relação às autoridades era operando boas obras, isto é, auxiliando a sociedade de alguma forma (v.1).
2.Para viver pacificamente com seus vizinhos, os cretenses tinham que deixar a difamação e a altercação, que é a discussão sem fim e às vezes sem motivo significante. Os cretenses são desafiados a serem cordatos, ou seja, meigos. Esta qualidade, na prática era desconhecida para eles e até mesmo repudiada (v.2).
3.Qualquer cultura tem seus desvios criados pelo homem caído, mas vindo a misericórdia e a graça do Senhor Jesus Cristo, novos aspectos, até então desconhecidos começam a brotar nessas culturas, sem que se torne uma mudança desagradável (v.2).
4.Hoje somos santos não porque fizemos algo, mas pela misericórdia do nosso Salvador que derramou Seu sangue por nós. Os cretenses eram escravos de todos os prazeres e paixões, agora porém, com o Espírito Santo derramado em seus corações passaram a pensar como Deus (v.3-7).
5.Ser solícito é ser cuidadoso com o bem-estar de outros. Os cretenses, agora, ao invés de serem egoístas são úteis aos seus semelhantes. Haverá discussões não só contra os gnósticos e judaizantes, mas até entre os próprios crentes. Quando estas discussões podem ser evitadas e não são, Paulo considera como insensatas (v.8-9).
6.Este versículo mostra que haverá discussões que não podem ser evitadas, pois evitando certas discussões necessárias, Tito estaria acobertando heresias dentro da igreja. Segundo o princípio dado por Jesus em Mateus, a aplicação aqui é que Tito deve enfrentar o herege pessoalmente e depois levar o caso para a igreja, caso não tenha sido resolvido. A maneira de evitar o homem faccioso é separando-o da igreja (v.10-11).
“A seguir, Tito recebe conselho acerca da pessoa que provoca divisões, aquela que é adepta e propagadora de sua ‘forma pessoal e divergente de crença ou prática religiosa’ (Alford). Como promotor da divisão, ele precisa ser advertido, mas, se depois da segunda advertência permanecer impenitente, não se deve mais ter contato com ele (cf. Mt 18.15-17). A pessoa que permanece impassível com um tratamento desses se revela completamente pervertida e em pecado e por si mesma está condenada.”[6]
7.O líder precisa estar muito atento, pois o faccioso usa do próprio veneno para acusar, ou seja, prega uma união e tolerância que nunca Paulo ensinou. Existe um artigo chamado “Separando de quem não se separa”. Este artigo mostra que às vezes é preciso separar-nos daqueles que estão separados do verdadeiro ensino, quando somos a minoria[7] (v.10-11).
8.Mas no início da Igreja, na era apostólica, Paulo manteve muito clara a posição de autoridade do ensino e quem não se padronizasse com o ensino dos apóstolos era expulso da igreja. Sem dúvida a igreja não deve ser precipitada na disciplina, mas somente após todos os esforços para ganhar o “sedioso” é que deve aplicá-la. A Igreja deve lutar contra a corrupção da doutrina. O bom ministro mostra boas obras fazendo o bem às pessoas e fazendo o bem à igreja. O bem à igreja, às vezes, se mostra expulsando aqueles que podem contaminá-la, mas a marca do bom ministro sempre será a mansidão (v.10-11).
9.Ártemas ou Tíquico substituirá Tito em Creta, enquanto este vai para Nicópolis para encontrar-se com Paulo, que também iria para lá. É possível que Paulo tenha mandado Ártemas, pois Tíquico substituiu Timóteo em Éfeso (v.12).
10.Zenas era jurista, ou seja, intérprete da Lei Romana e não da Lei de Moisés, visto que não era judeu. Apolo deve ser o mesmo que recebeu instrução de Áquila e Priscila. Encaminhar com diligência significa dar hospedagem e ajudar nas despesas de viagem. Paulo sempre se preocupou em encaminhar bem as pessoas, pedindo que os crentes ajudem, embora nem sempre tenha pedido para si mesmo, não porque não tivesse direito, mas para evitar comentários dos que já tinham muitas acusações infundadas. No entanto, quando isso não comprometia seu bom testemunho pedia para si, também (Rm 15.24) (v.13).
11.Os crentes cretenses deviam ser até mais caridosos que seus vizinhos incrédulos. Os judeus dispersos eram reputados como pessoas que ajudaram muitos outros, com certeza porque passaram necessidade de acolhida durante suas peregrinações. Paulo saúda os crentes em Creta (v.14-15).
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A preciosidade da vida cristã genuína demonstrada (Tt 3) 1.A vida cristã genuína é preciosa porque ensina a obediência às autoridades (v.1) 2.A vida cristã genuína é preciosa porque ensina a cortesia (v.2) 3.A vida cristã genuína é preciosa porque ensina a transformação de caráter (v.3) 4.A vida cristã genuína é preciosa porque ensina a regeneração pelo Espírito Santo (v.4-7) 5.A vida cristã genuína é preciosa porque ensina a prática das boas obras dos crentes (v.8) 6.A vida cristã genuína é preciosa porque ensina a pacificação e afastamento de discussões (v.9-11) 7.A vida cristã genuína é preciosa porque ensina o planejamento e ordem (v.12-15) |
Pércio Coutinho Pereira, 2020 - 1ª ed. 1991
Notas
1. 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ
2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira
2. Notes on Titus, pg. 7 – Tt 1.2 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
3. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 5, pg. 422 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
4. Novo Comentário da Bíblia – Tt 2.3-5 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
5. Notes & Outlines – Titus – Tt 2.9-10 – sem número de página - J. Vernon McGee (Thru the Bible Radio Network - Pasadena, CA – sem data de publicação)
6. Comentário Bíblico NVI, pg. 2080 – Tt 3.9-10 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)
7. Separando de Quem Não Se Separa - Ernest Pickering (Editora Batista Regular – SP - sem data)
[1] 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ
2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira
[2] Notes on Titus, pg. 7 – Tt 1.2 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)
[3] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 5, pg. 422 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)
[4] Novo Comentário da Bíblia – Tt 2.3-5 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)
[5] Notes & Outlines – Titus – Tt 2.9-10 – sem número de página - J. Vernon McGee (Thru the Bible Radio Network - Pasadena, CA – sem data de publicação)
[6] Comentário Bíblico NVI, pg. 2080 – Tt 3.9-10 – F.F. Bruce (Editora Vida, São Paulo – 2009)
[7] Separando de Quem Não Se Separa - Ernest Pickering (Editora Batista Regular – SP - sem data)
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