65 Judas

 Judas

Blindagem, Espadas, Cavaleiro, Medieval

Introdução[1]

1.Autor da carta

Judas, irmão de Tiago, que é o irmão de Jesus. Embora tivesse esse elo familiar, Judas foi humilde o suficiente para se identificar como servo de Jesus. O próprio Jesus disse que a mãe e irmãos Dele seriam os que fazem a Sua vontade. A carta foi reconhecida desde cedo. No Didaquê[2], são

encontrados traços dos versículos 22 e 23. Hermas e Policarpo também citaram partes da carta. 

 

2.Data e local da carta

Parece que Pedro usa esta epístola ou Judas usa a segunda epístola de Pedro. Então, deve ter sido escrita em 65-68 d.C., mesma data da segunda carta de Pedro. Se foi Judas quem se utilizou da carta de Pedro, então, pode ter sido escrita até depois do ano 70 d.C. Como não sabemos para quem Judas escreveu, não temos pontos de referência.

 

3.Cidade

Não sabemos onde estava Judas e nem para quem ele escreveu.

 

4.Objetivo da carta

Fica claro no versículo 3 que o tema pretendido por Judas era soteriológico, mas por necessidades que Deus colocou em seu coração, os temas abordados foram a realidade, o perigo e o destino dos hereges. Judas queria que os crentes batalhassem pela fé.

 

5.Tema, versículo e palavra-chave da carta

O versículo 3 exorta os crentes a batalharem pela fé. O tema é “Batalha pela fé”. A palavra que aparece quatro vezes nesses 25 versículos é “juízo”. O destino dos falsos profetas é o juízo de Deus. Em toda a história, Deus derramou Seu juízo, mas um dia haverá um juízo final e eterno.

 

6.Dificuldades e curiosidades encontradas na carta

1) Grande parte do Novo Testamento é um combate aos falsos ensinos. O assunto de edificação dos crentes é importante, mas de igual importância é reconhecer e refutar os falsos ensinos (v.3).

 

2) Alguns não aceitam Judas como livro inspirado, pois nele são citadas duas obras apócrifas (v.14-15, O livro de Enoque e v.9, A Assunção de Moisés). Outros aceitam justificando que Judas não aceitava os livros, mas aproveitou a tradição oral que citava aqueles livros. Ainda outros dizem que ao citar essas obras, esses livros passaram a ser inspirados. É claro que aquele texto, dentro da Palavra de Deus, passa a ser inspirado, mas não a obra em seu estado original. Paulo também citou obras apócrifas ou citações pagãs (At 17.28, 2 Co 15.33, Tt 1.12, 2 Tm 3.8 e 1 Co 10.4). Portanto, usar uma literatura conhecida dos leitores para alertar sobre algo da vida cristã não torna a citação original inspirada por Deus e nem faz o livro da Bíblia apócrifo.

 

3) Talvez a bênção final mais bela de todo o Novo Testamento seja a da carta de Judas (v.24-25).

 

Capítulo 1: A batalha da fé

1.Não podemos nos enganar com o tamanho da epístola de Judas. É uma carta pequena, mas muito profunda. Ela ataca ou, melhor, revela as artimanhas dos falsos profetas que querem enganar o povo de Deus. Eles terão o seu merecido castigo. Judas, o escritor é o irmão de Jesus, embora seja modesto e usa o termo “servo de Jesus Cristo”. É uma epístola geral a todos os crentes. Ele saúda a todos os crentes com a misericórdia, a paz e o amor do Senhor, desejando que essas virtudes sejam multiplicadas aos crentes (v.1-2).

 

2.O objetivo dessa carta era escrever algo sobre a salvação maravilhosa em Cristo, mas Judas foi forçado a mudar de assunto e advertir sobre algo muito urgente, ou seja, a batalha contra as heresias. Os hereges usam técnicas e querem enganar os crentes, por isso, Judas nos alerta contra as suas técnicas. Os falsos profetas terão a recompensa por sua desonestidade. Os falsos profetas não chegavam para a igreja e, simplesmente, diziam que Jesus não é Deus e que os líderes estavam errados, mas usavam técnicas maliciosas para convencer as pessoas com suas mentiras (v.3).

 

“O propósito de escrever era lidar com ‘nossa comum salvação’. A expressão não ocorre em outro lugar do Novo Testamento, mas ‘uma fé comum’ em Tito 1.4 oferece um paralelo. ‘Comum’ (koine) não denota algo ordinário ou inferior, mas, antes, o que é compartilhado pelo povo de Deus em todo o lugar. ‘Salvação’ (soteria) é um termo compreensivo no Novo Testamento e, provavelmente, Judas estava pensando em preparar uma apresentação inclusiva de todas as bênçãos envolvidas nesse conceito. Essas bênçãos incluem o livramento passado do crente da culpa do pecado, o livramento presente do domínio do pecado e o livramento futuro da presença do pecado. Ao dizer ‘nossa’, Judas se coloca no mesmo nível que seus leitores em compartilharem dessa salvação. Não é uma experiência esotérica disponível apenas a uns poucos privilegiados ou a indivíduos iluminados.”[3]

 

3.A palavra para dissolução ou libertinagem é “aselgeia”, isto é, lascivo, degradante. A palavra para “introduzir” é “pareisdino”, que tem um sentido de entrar secretamente. É dessa maneira que os falsos mestres conseguem enganar muitos crentes. Eles não chegam provocando, mas tentando cativar a sua audiência. Deus já condenou estas pessoas. Os falsos mestres já estão condenados, eles precisam se arrepender. Eles podem agir de modo encoberto, mas a condenação de Deus é transparente e sem rodeios. Não há misericórdia sem que se arrependam. A condenação deles é certa e justa. Nenhum crente aceitaria alguém dizendo que a graça de Cristo nada vale. Mas, como os falsos mestres entram astutamente e valorizam mais as suas libertinagens do que a graça de Deus, os crentes fracos e carnais se simpatizam com eles. Assim como a água procura o nível mais baixo, os carnais sempre terão apreciação pelos libertinos. O passo seguinte é negar a obra de Jesus Cristo. Alguém que vive de modo libertino crê que não terá de prestar contas ao Soberano e rejeitará o modo de vida submisso ao Senhor. Em vez de depender da graça, ensinarão a confiar em si mesmos (v.4).

 

Como alguém pode negar a Jesus

1.Por causa da perseguição

2.Por causa da conveniência (dinheiro, conforto, facilidade, influência, fama, etc)

3.Através da vida e conduta

4.Através de ideias falsas sobre Jesus

 

4.O fim dos falsos profetas será como daqueles incrédulos no deserto e dos anjos que se transformaram em demônios, seguindo a Lúcifer e aqueles que na época de Noé praticaram o mal, guiando as pessoas à desobediência. Alguns demônios foram presos antes de sua condenação final. Aqueles demônios que foram lançados aos porcos temiam ir para o abismo “antes do tempo” (Mt 8.29) (v.5-6).

 

“O Livro apócrifo de 1 Enoque descreve essa rebelião. Alguns estudiosos acreditam que Judas citou desse livro. Entretanto, outros dizem que Judas apenas confirmou o que o livro [apócrifo] disse. De qualquer maneira, tais referências não são comuns no Novo Testamento (At 17.28). Judas não estava atribuindo inspiração divina a 1 Enoque ao citar ou referir-se a esse livro.”[4]

 

5.Os falsos profetas serão condenados como os perversos de Sodoma e Gomorra que praticavam a prostituição e o homossexualismo. Isto mostra a fúria de Deus contra os falsos profetas, igualando-os aos sodomitas. A infiltração é perigosa, pois quando alguém nota, as paredes da casa já estão bastante comprometidas. É necessário muito ensino consistente para treinar os crentes para perceber as infiltrações de falsos ensinos. Imagine descobrir na eternidade que fomos enganados na doutrina que nos ensinaram. Que decepção, que dano para o crescimento! Que prejuízo para o galardão! Com estas coisas não se brinca. Perder dinheiro é algo comum do nosso mundo, mas deixar de crescer espiritualmente é um assunto eterno (v.7).

 

6.Os falsos mestres com seus ensinos fascinantes e alucinantes pecam contra si mesmos e contra as almas daqueles que poderiam estar no caminho correto da Palavra de Deus. Uma das técnicas é a insubordinação. É uma tendência natural e pecaminosa desde o Éden. O homem não apenas desobedece, mas gosta de enfrentar a autoridade estabelecida. A falta de submissão é a porta de entrada para os falsos mestres. Inspirados na serpente do Éden, eles perguntam: “É assim que disseram para vocês?”. Este tipo de pergunta instiga rebeldia. De qualquer forma, essa técnica funciona. “Você não acha que o pastor está exagerando nos ensinos sobre santidade? Ainda não chegamos ao céu, nunca seremos como ele quer que sejamos. Nem ele é tão santo!” Esses comentários jogam as pessoas contra a liderança e perverte o bom ensino. A técnica de se infiltrar já tinha sido denunciada por Jesus e por Paulo, quando disseram que do meio de nós surgiriam os lobos. A técnica da insubordinação, também, já tinha sido denunciada pelo apóstolo Paulo nas epístolas pastorais. O escritor aos Hebreus alertou aos crentes a serem obedientes aos seus guias porque zelam pelas almas dos fiéis. A maneira correta de agir contra os insubmissos é deixar que o Senhor os repreenda. Eles estão dispostos a qualquer briga. O servo de Deus deve orar muito quando surgem desordeiros. É claro que medidas disciplinares devem ser tomadas, mas tudo sob a dependência do Senhor. As pessoas insubordinadas, quando disciplinadas, reagem fortemente e jogam outros contra a liderança, convencendo-as de que a decisão foi errada (v.8).

 

Quatro pontos de identificação dos falsos mestres (v.8)

1.São sonhadores alucinados. Querem solucionar problemas complexos através de fórmulas fáceis

2.São imorais, pois contaminam a própria carne

3.Rejeitam governo, o que significa que rejeitam qualquer autoridade

4.Difamam autoridades superiores. Portanto, além de rejeitar falam mal

 

 

7.Miguel, sendo um anjo guerreiro, não tomou para si a autoridade que é somente do Senhor, a de repreender Satanás. Ninguém amarra Satanás. Esta tarefa será de um anjo, no final da Tribulação. Satanás queria o corpo de Moisés para servir de objeto de adoração pelo povo. Deus não permitiu essa idolatria e enterrou o corpo de Moisés em lugar desconhecido. Miguel não precisava entrar em contenda com Satanás, pois Deus tem o controle de tudo. Os líderes não devem entrar em discussões com os falsos mestres. Se tiver de repreendê-los que façam, mas jamais entrar em contendas, pois como Paulo disse “não é o costume das igrejas”. No comentário de McGee, como pode-se ler a seguir, muitas ideias sem provas têm se criado neste incidente (v.9).

 

Gosto muito dos comentários de John Gill, porém, aqui tenho que discordar dele. Ele ensina que Miguel é o próprio Jesus Cristo, inclusive ligando este versículo a Dn 10.21. A teofania é um ensino bíblico correto, pois Jesus Cristo apareceu no Velho Testamento em forma de anjo, o Anjo do Senhor, mais de 50 vezes, porém, deve-se distinguir de Miguel, o anjo guerreiro e Gabriel, o mensageiro.[5]

 

“Este é um versículo impressionante. Satanás é uma criatura caída e um inimigo declarado de Deus. Ainda assim, Miguel, quando contendia sobre o corpo de Moisés, não trouxe uma sentença que impugnaria a dignidade de Satanás. Miguel até mesmo respeitou a posição de Satanás. Clemente cita de um escrito apócrifo que trata o funeral de Moisés. Quando Miguel foi comissionado para enterrar Moisés, Satanás se opôs, tendo como base que, sendo ele mestre do material e da matéria, o corpo pertencia a ele. A única resposta de Miguel foi ‘O Senhor te repreenda.’ Satanás também provocou o assassinato contra Moisés. Também é sugerido que Satanás queria esconder a aparência de Moisés no Monte da Transfiguração.”[6]

 

8.Miguel significa “Quem é como El?”. Diferente de Gabriel que tem a função de mensageiro, Miguel tem a função de protetor, guerreiro. Miguel lutará contra o dragão na tribulação para proteger Israel (Ap 12.7ss). Embora seja um poderoso arcanjo, nós não adoramos Miguel e nem qualquer outro anjo, pois são conservos nossos, ou seja, servem a Deus assim como nós. Houve uma disputa entre Miguel e Satanás. Não sabemos dizer com exatidão quando foi. Moisés guiou o povo, subiu ao monte Nebo e morreu. Deus o sepultou (Dt 32.49, 34.5ss). Satanás provavelmente queria o corpo de Moisés para fazer com que Israel o adorasse, embalsamando-o. Miguel não deixaria que o diabo levasse o corpo, fosse qual fosse o objetivo. As pessoas têm necessidade de adorar e, por isso, muitas adoram o ser errado.

 

1.O povo de Israel adorou a serpente de bronze (2 Rs 18.3-4).

2.Provavelmente adorariam a Arca da Aliança (Jr 3.16).

3.Provavelmente adorariam o corpo de Moisés.

4.Adoraram o bezerro de ouro.

5.Os povos, sejam “civilizados” ou não, adoram pau, pedra, gesso, ferro e dinheiro.

 

9.Miguel foi manso mesmo diante de Satanás. Nada seria exagerado ao falar do diabo. Ele é o pai da mentira (Jo 8.44), “um tição tirado do fogo” (Zc 3.2), arrogante e etc. Mesmo assim, Miguel deixou que o Senhor o repreendesse. É uma lição para nós que às vezes queremos julgar, não o diabo, mas os próprios irmãos e Jesus disse que quem faz isto é réu do inferno (Mt 5.22). Os falsos mestres não são como Miguel. Difamam tudo, até sem conhecimento (v.10). Até no que compreendem se contaminam, pois não veem com a visão de Deus, mas como brutos sem razão.

 

10.Outra tendência natural e pecaminosa do homem é falar mal uns dos outros. Parece agradável falar mal de alguém às escondidas. Os falsos mestres difamam aquilo que não conhecem. Eles não entendem nada sobre piedade, pois querem argumentar com raciocínios humanos, mas sem o poder que o evangelho confere (v.10).

 

11.Além de mal-intencionados quanto à doutrina, os falsos mestres querem ter algum lucro com a ignorância das pessoas. São invejosos como Caim, gananciosos como Balaão e insubordinados como Coré e o seu bando. A Bíblia possui pelo menos 22 referências no V.T. e 17 no N.T., total 39, com a interjeição “Ai de mim”, “Ai de nós”, “Ai dos que”, etc. A misericórdia de Deus não significa que Ele deixará os falsos mestres sem castigo. Caim matou seu irmão, porém, “ai dele”, prosseguiu em sua vida como um vadio. “Ai de Balaão”, foi morto (Js 13.22) (v.11).

 

Algumas maneiras da religião de Caim no ensino dos falsos mestres atuais

1.Só crer em Cristo não basta. É preciso crer em Maria e fazer boas obras

2.Só crer em Cristo não é suficiente. Precisa guardar o sábado

3.Jesus é um profeta, mas não chega a ser Deus

4.A morte de Jesus serviu como exemplo, mas ela não tem poder de salvar ninguém

 

12.Judas disse que os falsos mestres não aceitam a autoridade e a difamam. Este é um teste eficiente. Quem não obedece a um líder que anda com Deus é rebelde. Coré foi um rebelde que não aceitou a autoridade de Moisés e Arão. Ele se intrometeu no ofício de sacerdote. Embora fosse de família sacerdotal, ele não era sacerdote. Mesmo assim ele pegou nas coisas santas. Deus fez com que a terra se abrisse e engolisse Coré e o seu bando (Nm 16.30-35). Portanto, “ai dos falsos mestres”, “ai de Caim”, “ai de Balaão”, “ai de Coré e seu bando”. Judas compara esses falsos mestres a várias situações. Podemos dizer que são metáforas para os falsos mestres (v.12-13).

 

Rochas submersas. Todos sabemos o perigo de pedras nos rios ou icebergs no mar. Rasgam o casco e tombam embarcações. Os falsos mestres causam prejuízos, mas estão escondidos.

 

Pastores de si mesmos. Os falsos mestres não querem cuidar das almas, mas sobreviver delas.

 

Nuvens sem água impelidas pelos ventos. Eles prometem saciar a sede dos aflitos, mas passam sem ajudar ninguém, mas pelo contrário, deixa-os em situação pior, secos espiritualmente.

 

Árvores sem frutos em plena época. Os falsos mestres não têm frutos para alimentar ninguém. A época é dar frutos, as pessoas estão carentes, mas eles não podem suprir ninguém.

 

Ondas do mar que espumam sujeiras. Os falsos mestres, assim como ondas, deixam sujeiras na praia e voltam com mais sujeiras, tornando um círculo. Parece que levam embora os problemas, mas trazem outros e mais ainda.

 

Estrelas errantes. Assim como os planetas que giram em torno do sol e “mudam de lugar”, parecendo estrelas, os falsos mestres vão errantes, mudando de lugar e buscando mais adeptos de suas heresias.

13.Havia festas na igreja do primeiro século. O povo de Deus sempre gostou de se reunir e comer junto. Quer conhecer alguém, “quebrar o gelo”, convide-o para comer. Era uma festa linda. Cada um trazia seus alimentos e “juntavam as panelas”. No final resultava na Ceia do Senhor. E por isso, mesmo hoje confundimos esta festa com a Ceia, achando que é regra obrigatória todos tomarem juntos do pão e do cálice baseado em 1 Co 11:33. Ora, ninguém mata a fome e fica embriagado na Ceia do Senhor (1 Co 11:17-22). Essa festa ganhou o nome de “agape”, ou seja, a festa do amor. Os falsos mestres, infiltrados na igreja, se aproveitavam dessas festas para tentar causar divisões, por isso, Judas diz que são “rochas submersas em vossas festas de fraternidade”. Não existe nada mais perigoso para as embarcações do que uma rocha submersa. Nos rios, na época em que as águas abaixam há enorme perigo da embarcação pegar a ponta de uma rocha, fazendo a embarcação tombar ou ter o casco rasgado, causando um naufrágio. Foi algo semelhante que aconteceu com o famoso Titanic saindo da Inglaterra para os EUA em 1912. A lateral do transatlântico esbarrou na ponta lateral de um “iceberg” (montanha de gelo) e o resultado: de 2.220 pessoas que transportava, 1.522 morreram, apenas 698 sobreviveram. Portanto, rochas submersas são um enorme perigo e quando alguma embarcação se choca com uma o prejuízo é para toda a tripulação. Se alguns escaparem será apenas um milagre. Os falsos mestres são um estrago para a igreja. Quando a igreja esbarra neles o resultado são divisões, desvios, pessoas negando a fé, desrespeitando autoridades, enfim naufrágio. Somente os que estiverem firmes na fé escaparam da morte espiritual, mas isto não significa que não carregaram a marca do naufrágio. Os sobreviventes nunca mais esquecem. O que era uma festa de fraternidade, ou seja, festa entre os irmãos, se tornou em tristeza. Os falsos mestres se banqueteiam com os crentes sem nenhum recato. Eles não se importam que são “penetras” nas festas. Eles não são bem-vindos, mas mesmo assim se intrometem.

 

14.A função de um pastor é providenciar lugares bons para as suas ovelhas para que elas possam se alimentar, andar e ter água e lugar de repouso. Quando um pastor deixa de pastorear, ele passa a pensar em si mesmo e as ovelhas perecem (At 20:28 e Ez 34:1-31). Em uma igreja é possível detectar algumas práticas do pastor e avaliar se está sendo um bom pastor ou um falso mestre.

 

Sintomas de um pastor que pastoreia a si mesmo

1.Quando ele deixa de participar das reuniões da igreja.

2.Quando ele deixa de participar com suas opiniões e autoridade.

3.Quando ele deixa de orar por suas ovelhas.

4.Quando ele não visita as suas ovelhas.

5.Quando ele foge de suas responsabilidades.

6.Quando ele não evangeliza.

7.Quando ele não tem paciência para ouvir os problemas de suas ovelhas.

8.Quando ele faz discriminação de suas ovelhas, preferindo umas e desprezando outras.

9.Quando ele não tem prazer de ensinar.

10.Quando ele tenta agradar aos homens em suas pregações e estudos.

11.Quando ele não prepara seus estudos e mensagens.

12.Quando ele pede aumento salarial para a igreja.

13.Quando ele aceita fofoca dentro da igreja.

14.Quando ele tem medo de se expor com a autoridade que Deus lhe deu.

15.Quando ele escraviza os crentes ao invés de libertá-los para viver a vida cristã normal.

16.Quando ele deixa de apoiar Missões: quer sejam missionários, candidatos ou agências.

17.Quando ele dá mais valor para os negócios fora da igreja.

18.Quando ele é severo sem que ninguém esteja se rebelando.

19.Quando ele não ama as pessoas, crentes ou incrédulos, de verdade.

20.Quando ele não se submete a Deus.

 

15.Na Palestina houve tempos que as pessoas oravam por chuva, como acontece nos lugares áridos. Nesses lugares não faltam promessas de chuva. São as nuvens carregadas de água, mas que finalmente são levadas pelos ventos para outros lugares. A frustração fica evidente nos rostos das pessoas. Os falsos mestres são assim também. Eles prometem “fazer chover”, mas no final só deixam as pessoas com mais sede. Quando alguém promete, por exemplo, a cura e esta não vem, os doentes e pessoas ligadas a eles ficam mais frustradas do que se suportassem a aflição dependendo da graça de Deus. Quando alguém promete, por exemplo, prosperidade financeira e nos negócios e esta não vem, os pobres se sentem duas vezes pobres. Por não confiarem em Deus para a sua sobrevivência. E por terem sido tolas de confiarem em falsas promessas.

 

16.Espera-se de uma árvore frutífera não apenas sombra, mas também frutos. Para que haja frutos é necessário que a árvore esteja saudável. Uma árvore sem raiz não é saudável. Isto ocorre porque não está acontecendo o processo de fotossíntese, que é o aproveitamento da energia solar para a árvore. Judas diz que os falsos mestres são como árvores desarraigadas, ou seja, sem raiz. Eles não estão recebendo da luz do Senhor e, por isso, não têm propriedades saudáveis para manter a doutrina de Jesus Cristo. O texto diz, também, que em plena estação de frutos essas árvores não possuem frutos. Sempre é tempo de produzir frutos para a obra de Deus. João Batista disse que o machado já está posto à raiz das árvores e se não produzem frutos é cortada e lançada ao fogo (Mt 3:10). Jesus mesmo disse que toda a árvore boa produz bons frutos, mas a árvore má produz frutos maus (Mt 7:17). Certa vez Jesus estava passando por uma figueira e não encontrou figos nela, somente folhas. Ele amaldiçoou a figueira e esta se secou (Mt 21:19). Se Deus faz isto com uma árvore que só possui folhas, o que ele pode fazer com falsos mestres que não produzem frutos em plena estação da Igreja? Uma árvore que não produz frutos é duplamente morta. Além de não oferecer frutos de vida, merece morrer. Os falsos profetas além de estarem mortos em seus pecados estão conduzindo outros para a morte. Jesus falou isto a respeito dos fariseus que enganavam as pessoas, tornando a situação delas irreversível (Mt 23:15).

 

17.Outra metáfora dos falsos profetas é a de “ondas bravias”. O mar pode ser ao mesmo tempo lindo e perigoso. Às vezes as águas estão calmas outras vezes as águas estão furiosas. Os falsos profetas sempre são águas bravias. Existem sujeiras que caem nas águas e podem vagar por muito tempo pelas águas, mas uma hora voltam para a praia por meio das ondas. Os falsos profetas recebem contaminações em suas mentes e devolvem em forma de ensino. Os que estão recebendo os ensinos dos falsos mestres receberão sujeiras, mais cedo ou mais tarde. Receber sujeira estando na praia é desagradável, mas ser puxado pelas águas bravias é fatal. Por isso, os falsos mestres são perigosos. Além de espraiarem suas sujeiras, eles têm o poder de levar alguns para as profundezas de suas heresias.

 

18.Havia um conhecimento precário dos antigos sobre os planetas e astronomia. A palavra “planeta” significa “vagabundo e errante”. Eles sabiam que as estrelas não mudavam de lugar, mas havia algumas que parecia que estavam perdidas no universo, mudando constantemente seu lugar. Mal sabiam que não eram estrelas, mas sim planetas. Na crendice deles começaram a crer que algumas estrelas eram corpos espirituais que foram amaldiçoadas por Deus e vagueavam pelo firmamento.[7] Claro que hoje sabemos que os planetas não têm luz própria e estão girando ao redor do sol e isto explica a mudança deles. Seja como for temos que interpretar o texto de acordo com as limitações de seus conhecimentos de astronomia. Os falsos mestres receberão o castigo de Deus e serão reservados para as trevas eternas da perdição. Jesus mencionou sete vezes sobre um lugar de trevas e de choro e ranger de dentes (Mt 8:12, 13:42,50, 22:13, 24:51, 25:30, Lc 13:28). Todos os falsos mestres receberão a punição do Senhor. Por mais que tenham feito no serviço religioso, nada fizeram para a glória de Deus (v.14-15).

 

19.A epístola de Judas tem sido desprezada por alguns crentes por citar um livro que não faz parte do cânon sagrado das Escrituras. Não é porque Judas se utilizou de um livro que não faz parte das Escrituras que Deus mandou escrever que não devemos considerar a epístola de Judas como inspirada por Deus. Também não é porque Judas citou um livro extra cânon que devemos crer que este devia fazer parte das Escrituras. Existe uma maneira de resolver este problema. Judas simplesmente citou uma parte de um livro que ele cresceu ouvindo como todo judeu. O próprio apóstolo Paulo citou livros que não fazem parte do cânon sagrado. Exemplos: 2 Tm 3:8, Tt 1:12 e 1 Co 15:33. “Tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem toda a verdade está na Bíblia”. Isto significa que tudo o que está na Bíblia podemos confiar que é verdadeiro, mas é claro que existem declarações e citações que não estão na Bíblia, mas também é verdade. Neste caso, Judas cita o livro de Enoque. Alguém, justamente com outra pessoa, escreveu I Enoque entre o terceiro e o primeiro séculos a.C. Enoque foi o personagem bíblico, o sétimo patriarca do início do mundo, depois de Adão.

 

Adão

O primeiro patriarca

Sete

O segundo patriarca

Enos

O terceiro patriarca

Cainã

O quarto patriarca

Maalaleel

O quinto patriarca

Jerede

O sexto patriarca

Enoque

O sétimo patriarca

 

20.Enoque foi um homem piedoso. Ele andava tão perto de Deus que Este o levou para si sem que experimentasse a morte (Gn 5:24). Se Deus permitiu que estas palavras fizessem parte da epístola de Judas, isto significa que foram palavras verdadeiras proferidas por Enoque e preservadas até o momento em que Judas registrou tirando do livro de I Enoque. Assim como Enoque foi arrebatado, a Igreja de Jesus Cristo um dia será arrancada da terra para se encontrar com Ele nas nuvens.

 

21.A profecia de Enoque é a mais antiga sobre a vinda de Jesus Cristo para julgar os ímpios. Miríades significa “dez milhares”. Este número era tão grande para o mundo antigo que veio a significar simplesmente uma quantidade incontável. Assim são os anjos que virão com Jesus na sua vinda. Algumas referências sobre os anjos vindo com o Senhor para julgar (Mt 13:29,31, 24:31, 25:31, 2 Ts 1:7-8). A vinda do Senhor é certa, mesmo que não se fale mais nisto, nem se pregue mais isto. Todo o olho verá o Senhor e os povos se lamentarão. Haverá uma breve batalha. As vestes de Jesus ficarão salpicadas de sangue. O sangue dos perversos e dos cavalos se estenderá por uns 300 Km. Haverá um terremoto. O povo de Israel ficará encurralado pelos inimigos. Os pés de Senhor Jesus pisarão no Monte das Oliveiras e este se rachará. Israel se converterá ao Messias e vencerá os inimigos. Jesus estabelecerá “o trono de Sua glória” com o fim de separar as ovelhas dos bodes. Os crentes serão deixados vivos para reinar com o Messias. Os ímpios serão levados para o abismo para esperar a ressurreição de seus corpos depois de 1000 anos para comparecerem diante do Trono Branco, que é o Juízo para o Lago de Fogo.

 

22.O ímpio é todo aquele que não dá atenção às palavras de Deus e que vive sem Ele. Os ímpios serão convencidos de que merecem o Lago de Fogo, por isso é que no Trono Branco serão abertos os livros das obras dos incrédulos. Ali estarão os registros daquilo que cada um fez. Ninguém poderá argumentar com Deus e se desculpar, pelo contrário será convencido de suas impiedades. As duras palavras também serão julgadas (Mt 12:36). Os ímpios usam palavras impensadas contra outros e contra Deus e sofrerão as consequências. Quando não amaldiçoam, bajulam, mas sempre com o objetivo de enganar as pessoas e aproveitar de sua ignorância doutrinária (v.16).

 

23.Uma característica muito comum de quem não tem Jesus no coração é reclamar. O povo de Israel murmurou de tudo, mostrando assim a insatisfação para com a Pessoa de Deus e de Moisés (Ex 15:24,17:3, Nm 14:29). A reclamação vem disfarçada, muitas vezes, com as seguintes frases:

 

“Eu tenho os meus direitos”

“Esta comida está sem sal”

“Ninguém é obrigado a aceitar esta situação”

“Eu tenho o direito de falar”

“Não é que eu quero criticar”

“Você tem que procurar ver o meu ponto de vista”

 

24.A murmuração quase sempre é usada em relação às autoridades e demonstra rebeldia e fofoca. Os falsos mestres não concordavam com os ensinos de Paulo, de João, de Pedro e de Judas e conspiração contra o Evangelho, buscando crentes fracos para fazerem reclamações. Todo o crente deve tomar muito cuidado com pessoas que trazem reclamações secretas contra alguém.

 

25.Queixoso é o mesmo que descontente e um pouco diferente que murmurador. Enquanto o murmurador “reclama pelos cantos” com outras pessoas, o queixoso é desafiador de autoridades. Aquele que presta uma queixa está descontente e querendo mudar as coisas. Assim os falsos mestres queriam mudar a forma do Evangelho. Alguns estão descontentes com o dinheiro que recebem. Para isto devem ler 1 Tm 6:6-8. Outros estão descontentes com seus líderes. Devem aprender a lição de Hb 13:17. Existem muitas formas de descontentamento e queixa, mas o crente deve aprender que quem o defende é Cristo Jesus e que ele não precisa gastar energias físicas e mentais para buscar os “seus direitos”. Qualquer um que prestar muita atenção para os apetites carnais irá satisfazê-los, pois são fortes e exigentes. A Bíblia, no entanto, ensina a reprimir a ira, a luxúria, a gritaria, a amargura e tudo aquilo que é forte em nós, mas que ao mesmo tempo nos afasta de Deus. Sempre que alguém pensar demasiadamente m si mesmo estará andando segundo seus prazeres carnais. Os falsos mestres não pensavam nas coisas de Deus, mas em suas próprias concupiscências. O evangelho centralizado em si mesmo, nas emoções, nos cuidados deste mundo não é o Evangelho genuíno que pensa nos perdidos, nos sofredores, enfim no próximo. As paixões humanas são egoístas que se alguém der atenção a elas não terá tempo para outra coisa. Mas quem anda no Espírito crescerá em Deus e no auxílio aos irmãos e aos perdidos.

 

26.Os falsos mestres são, também, arrogantes. Eles proferem palavras contra Cristo e seus servos. Sempre que alguém pensar ou disser que é mais espiritual, mais humilde, mais sábio ou ter qualquer virtude a mais que outro, este já é arrogante. Os falsos mestres insistem em agir como se fossem detentores da verdade ou mais poderosos. Quanto mais alguém é arrogante, mais longe está de Deus e mais difícil será o retorno.

 

27.O adulador é o mesmo que o bajulador ou o lisonjeador. É aquele que elogia os outros com vistas a receber algo em troca. O ensino religioso não é para adular ninguém, mas para transformar vidas. Nenhum pregador deve se sentir obrigado a “amaciar a sua mensagem” para não ofender ninguém, mas deve sempre pregar o que Deus quer, mesmo quando alguém não se sinta elogiado. Por outro lado, o pregador não precisa ficar atacando as pessoas gratuitamente, pois é impossível que Deus está mandando o pregador ser insensível mesmo para com os pecadores errantes. Os falsos mestres querem receber lucro financeiro e as pessoas liberam suas ofertas quando são elogiadas. Apesar dessa triste realidade o verdadeiro servo de Deus pretende agradá-Lo e não aos homens. Não há ninguém que elogie outro com interesse próprio que seja livre de pensamentos e que obedeça a Deus totalmente, pois sempre estará dependendo de homens para o seu sustento. Assim são os falsos mestres, mas devemos nos lembrar das palavras dos apóstolos quanto aos falsos profetas e Satanás. Sempre vigiando em oração (v.17-19).

 

28.Se os crentes não se previnem dos falsos mestres e dos aproveitadores, eles acabam tomando conta da igreja e corrompendo a fé. Existem maneiras da igreja se prevenir e evitar o pior, que seria a desmoralização dos crentes. Judas menciona cinco maneiras de se prevenir dos falsos ensinos. A primeira maneira de se prevenir dos falsos ensinos é lembrar das palavras dos apóstolos. Judas e os demais crentes davam muito valor às palavras dos apóstolos. Quando a Igreja se afasta dos ensinamentos apostólicos, o declínio é certo. Os psicólogos e humanistas tomaram lugar nos discursos aos crentes. Já se encontra crentes que não concordam totalmente com as palavras dos apóstolos, principalmente as de Paulo, sendo que ele foi o que mais escreveu. Paulo disse que os falsos profetas andarão segundo as paixões ímpias (1 Tm 4:1ss).  Judas diz no v.19 que eles não são salvos, provocam divisões e são sensuais. São três elementos básicos dos grupos que não seguem os ensinos apostólicos.

 

1º Não são salvos. São crentes nominais, têm linguagem de crente, vivem nas igrejas, mas são zombadores da são doutrina.

 

2º Dividem as igrejas. Normalmente formam grupos e o que não concordam, condenam chamando de “tradicionalismo”.

 

3º São sensuais. Grupos que dão atenção excessiva a jovens e descartam os velhos são sensuais. Onde há o que chamam de “expressão corporal” para glorificar a Deus, não há compromisso com a santificação do corpo.

 

29.A segunda maneira de se prevenir dos falsos ensinos é a edificação mútua na fé santíssima. Ninguém pode desenvolver a fé em Jesus Cristo sozinho. É necessário edificação mútua. Provérbios diz que “ferro com ferro se afia”. Precisamos de comunhão e até conflitos para exercitar o perdão e a ajuda. O escritor aos Hebreus enfatizou a importância de se congregar com os outros irmãos (Hb 11:25). Crente que não frequenta a igreja, podendo fazer, pode ser considerado com crente desviado. É no convívio com os irmãos que encontramos alívio, ajuda e ministério para trabalhar na obra.

 

30.A terceira maneira de se prevenir dos falsos ensinos é através da oração. Quando oramos para Deus esclarecer as nossas mentes e as dos nossos irmãos, Deus nos ajuda a não cairmos nos falsos ensinos. A oração é uma parte essencial do culto e da meditação individual. Cada crente deve orar um pelo o outro para que não caia na tentação. Uma das várias tentações é o ensino falso.

 

31.A quarta maneira de se prevenir dos falsos ensinos é nos guardar no amor de Deus. O amor de Deus traz segurança e ousadia para o crente. Jesus disse que quem o ama guarda os seus mandamentos. Isto significa que os que se desviam para os falsos ensinos não conhece Jesus ou não o ama. Se Deus nos ama, como de fato ama, Ele não deixará os seus filhos caírem nos falsos ensinos, mas se o filho é desobediente e quer se aventurar por outros ensinos, certamente sofrerá as consequências.

 

32.A quinta maneira de se prevenir dos falsos ensinos é esperar a misericórdia de Jesus Cristo. Apesar de todo o esforço de se preservar a sã doutrina, os hereges conseguem carregar muitos dos que eram nossos. Por isso, dependemos totalmente da misericórdia do Senhor. Na vida eterna tudo será esclarecido, mas enquanto isso, temos que lutar para perder o menor número de soldados. A triste realidade é que alguns caíram na batalha da fé e não resistiram aos falsos mestres.

 

33.Os falsos mestres não são alvos de nosso esforço evangelístico, pois estão arraigados, obstinados em seus erros e tentarão com todas as artimanhas nos ganhar para si. No entanto, existem aqueles que estão iniciando, ainda, no caminho dos falsos mestres. Quanto a estes devemos orar e nos esforçar para arrancá-los das garras dos falsos mestres. A compaixão é um sentimento que consegue mover alguém para ajudar outro. Jesus foi movido pela compaixão dos que andavam como ovelhas sem pastor (Mt 9:36-38). A compaixão é que faz alguém deixar os seus entes queridos, emprego e perspectiva de “sucesso” profissional e financeiro para se tornar um missionário. Nunca podemos nos esquecer da expressão “alguns”. Paulo fez tudo para com todo com o fim de ganhar “alguns”. Dos que estão sendo enganados pelos falsos ensinos somente “alguns” voltam para a sã doutrina. Quando pregamos o evangelho verdadeiro somente “alguns” se convertem. Quanto aos que já estão arraigados nos falsos ensinos, também, sentimos compaixão, porém, “em temor”, ou seja, com receio, com cautela, sabendo que ao tentar salvá-los podemos submergir com eles, tamanho o desespero deles. Quanto a esses “detestamos até a roupa contaminada pela carne”. Palavras duras que significam que eles estão totalmente contaminados pelos falsos ensinos e nós não queremos nos contaminar como eles.

 

34.Judas nos oferece uma conclusão com o alerta contra os falsos mestres, mas também, mostrando compaixão daqueles que estão começando a se desviar e, finalmente, uma das mais belas saudações. Todos devemos tomar cuidado com as infiltrações na igreja, com os insubmissos e com as maledicências de qualquer forma. Todos devem vigiar, mas principalmente os líderes. As técnicas são antigas, mas funcionam da mesma forma até os dias atuais (v.20-25).

 

35.Doxologia é um termo que significa “palavras de louvor, honra, glória”. É feita sempre com entusiasmo, reconhecendo a Pessoa de Deus como a única que merece todo o louvor. Judas termina a sua epístola com o assunto do início, que era para ser todo o teor desta carta, ou seja, a Salvação. Judas começa o seu louvor a Deus afirmando que Ele é poderoso. Nosso Deus mostrou-se poderoso através de Seus atos. Alguns destes são os seguintes.

 

 

ao criar o Universo

ao vencer as batalhas pelo povo

ao curar enfermos

ao chamar Abrão dos Caldeus

ao levantar juízes libertadores

ao ressuscitar Jesus

ao tirar o povo do Egito

ao levantar e sustentar profetas

ao levar Jesus ao céu

ao guiar o povo pelo deserto

ao cumprir as profecias

ao dar o Espírito Santo

ao plantar o povo em Canaã

ao dar Seu Filho ao mundo

ao salvar-nos

 

36.Deus mostrou Seu poder e nada mais precisa provar. O único obstáculo agora é o nosso de desejo pelos falsos ensinos. Mas Deus também é poderoso para nos guardar dos tropeços, ou seja, dos falsos ensinos. A segurança do crente não está em sua fidelidade, mas na fidelidade de Deus. Ele é poderoso, também, para nos levar até a Sua presença gloriosa com muita alegria e sem manchas. Pessoas que estão muito manchadas com os falsos ensinos estão vivendo independentes de Deus e abrem um grande espaço para questionar se, de fato, são salvas. O “evangelho legalista” produz este tipo de pessoa: insegura e manchada de pecados. O evangelho genuíno é aquele que liberta dos pecados e dá segurança.

 

37.Este Deus não apenas é poderoso, mas é o único Deus. Os judeus têm por lema o “Shema”, que é a primeira palavra hebraica de Deuteronômio 6:4 “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Nunca houve outro e nunca jamais haverá. O nosso Deus é o único. Fora Dele não há vida. Ele é Salvador através de Jesus Cristo que, também, é nosso Senhor. Deus em Sua infinita misericórdia enviou o Seu Filho em carne humana, de nascimento humilde, de vida sofrida e de morte cruel para salvar-nos.

 

38.Diante dessa mensagem salvadora, Judas glorifica ao Senhor a “plenos pulmões”. A Deus pertence toda a glória. Moisés viu apenas um lance da glória de Deus. Ninguém pode ver toda a glória de Deus e permanecer vivo. A Deus pertence a majestade. Milhares de reis já existiram, mas só Deus é o Rei verdadeiro. Israel quis um rei e teve Saul, um desastre nacional. De Deus é o império. Alguns impérios foram notáveis, tais como, o egípcio, o babilônico, o assírio, o medo-persa, o grego, o romano e o satânico. Mas qual deles permaneceu? Nenhum. A soberania é de Deus. Quem é o vaso para discutir com o oleiro. Somos barro e Deus é o oleiro, a Ele pertencem todas as decisões. Ele é soberano. Deus é tudo isto não porque conquistou, mas antes de todas as eras. Ele é Deus Auto existente, jamais foi criado e nem Ele próprio Se criou. Ele é o Deus do presente, também, e sempre será por toda a eternidade. Amém.

 

Onde a família mais esfria (Jd 1)

1.Na misericórdia (v.2)

2.Na salvação (v.3)

3.Nos limites (v.4,8 - libertinagem)

4.Na esperança da vinda de Jesus (v.14-15)

5.Na gratidão (v.16)

6.No louvor (v.24-25)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que há de errado com a nossa sociedade? (Jd 1)

1.A nossa sociedade está ouvindo pouco sobre a salvação que há somente em Jesus (v.3)

2.A nossa sociedade está rejeitando o único Mestre e Senhor que é Jesus (v.4)

3.A nossa sociedade não acredita em juízo e condenação de Deus (v.5)

4.A nossa sociedade não acredita no mundo espiritual do mal (v.6)

5.A nossa sociedade não acredita que a imoralidade sexual leva à condenação (v.7)

6.A nossa sociedade não se submete à autoridade de Deus (v.8)

7.A nossa sociedade não acredita na existência do Diabo (v.9)

8.A nossa sociedade é blasfema (v.10)

9.A nossa sociedade é homicida, gananciosa e insubmissa (v.11)

10.A nossa sociedade ama a bebida alcoólica, festas idólatras e egoístas (v.12)

11.A nossa sociedade está suja e na escuridão do pecado (v.13)

12.A nossa sociedade não acredita na vinda de Jesus Cristo para julgar a terra (v.14-15)

13.A nossa sociedade exalta os prazeres mais do que a Deus, o Seu criador (v.16)

14.A nossa sociedade precisa ser amada pelos crentes e ser salva por Jesus Cristo (v.17-25)


Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 2011

 

Notas

 

1.     1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira

 

2.     Didaquê é um documento de instruções para a igreja do primeiro século.

3.     An Exposition of Jude 3-4, pg. 143 – Jd v.3 - D. Edmond Hiebert (Bibliotheca Sacra – abril-junho 1985)

4.     Notes on Jude, pg. 12 – Jd v.6 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

5.     O próprio autor deste material – Pércio Coutinho Pereira

6.     Briefing the Bible – Thru the Bible (Jude), pg. 833 – Jd v.9 – Dr. J. Vernon McGee (Copyright © 2017 by Thru the Bible – USA)

7.     O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 6, pg. 339, Judas v.13 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)

 

 

 

 

 



[1] 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira

[2] Didaquê é um documento de instruções para a igreja do primeiro século.

[3] An Exposition of Jude 3-4, pg. 143 – Jd v.3 - D. Edmond Hiebert (Bibliotheca Sacra – abril-junho 1985)

[4] Notes on Jude, pg. 12 – Jd v.6 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

[5] O próprio autor deste material – Pércio Coutinho Pereira

[6] Briefing the Bible – Thru the Bible (Jude), pg. 833 – Jd v.9 – Dr. J. Vernon McGee (Copyright © 2017 by Thru the Bible – USA)

[7] O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo vol. 6, pg. 339, Judas v.13 – Russell Norman Champlin (Editora Candeia – São Paulo – SP – 1ª ed. 1995 - 10ª impressão outubro de 1998)

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