Sofonias
Introdução[1]
1.Sofonias é tataraneto do rei Ezequias, um dos mais famosos governadores de Judá. Ele tem sangue real nas veias, mas o mais importante, é que ele tem a mensagem de Deus em seus lábios. Sofonias pregou durante o reinado do piedoso rei Josias, um período de grande reavivamento religioso (2 Rs 22-23). Josias subiu ao trono com 8 anos de idade e aos 16 anos confiou a si mesmo ao Senhor. Com a idade de 20 anos começou uma grande reforma na terra, derrubando os ídolos e julgando os falsos
sacerdotes e profetas. Começou, também, a reconstruir o Templo e guiou a nação numa grande celebração da Páscoa. Portanto, foi um tempo de consagração religiosa.
2.Sofonias foi um profeta de grande sensibilidade doutrinária. Ele foi além das aparências, pois ninguém ousaria dizer que o povo não estava em reforma religiosa, mas Sofonias sabia que o zelo religioso do povo não era sincero. As reformas eram superficiais. O povo derrubava os ídolos do lar, mas não os ídolos do coração. Os governadores e líderes da terra ainda eram desobedientes e falsos e a cidade de Jerusalém era a fonte de todo o tipo de perversidade na terra. Ainda hoje, muitos crentes faltos de discernimento pensam que cada “movimento religioso” é uma obra genuína do Senhor. Muitas vezes as reformas exteriores apenas preparam o caminho para o trabalho do Maligno.
3.Note que Jesus em Mt 12.43-45 permitiu aplicar este texto às reformas aparentes (“Assim também acontecerá à esta geração perversa”. Alguns pensam que Sofonias pregou antes da reforma e que, aliás, ele incentivou Josias às reformas. Jamais devemos negar o zelo sincero de Josias, porém, a reforma dele durou enquanto ele viveu, pois o povo caiu em pecado novamente, até por fim, ser levado ao cativeiro. Note 2 Rs 22-23, 2 Cr 34-35 e, principalmente, as palavras da profetiza Hulda a Josias em 2 Rs 22.15-20. Judá se tornou pior do que Israel, pois Israel não podia mostrar melhor ação, visto que nunca teve um rei, sequer, bom e temente a Deus. Judá, no entanto, cercada de testemunho só fingiu estar arrependida (Jr 3.6-11).
4.O livro do profeta Sofonias foi escrito poucos anos antes do anúncio da condenação de Judá, entre 640-609 a.C. O avivamento religioso de Josias foi em 621 a.C.
5.Sofonias, que significa “O Senhor esconde ou protege” é o autor do livro. Sofonias não só previu a queda de Jerusalém, como também o juízo dos gentios e a restauração de Israel no reino do Messias. Sofonias é o profeta que mais usa este termo, “O Dia do Senhor”, mostrando que o povo deve buscar o Senhor para estar protegido no dia do Senhor (2.3).
6.Julgamento contra as nações estrangeiras
Nação julgada |
Referência |
Filístia |
2.4-7 |
Moabe e Amom |
2.8-11 |
Egito |
2.12 |
Assíria |
2.13-15 |
7.Esboço simples
I.Deus julgará Judá (1) II.Deus julgará as nações (2) III.Deus restaurará o Seu povo (3) |
Capítulo 1: As ameaças de Deus contra a nação de Judá
1.Sofonias foi o último profeta menor que profetizou antes do cativeiro babilônico. Portanto, foi a última palavra que Judá recebeu antes de ir para o cativeiro. Deus ofereceu várias oportunidades para o povo mudar de atitude, mas os pecadores não ouviram os profetas. Sofonias era tataraneto do rei Ezequias. Deus ameaçou destruir os homens e animais de modo geral por causa da idolatria. Este mal acompanha o mundo desde os tempos mais antigos, ou seja, desde a entrada do pecado no mundo. Adão se tornou um idólatra de si mesmo quando desprezou a ordem clara de Deus. Por causa da idolatria todas as coisas vivas da terra serão destruídas. A terra de Judá foi desolada, mas no futuro isto, também, acontecerá de modo mais arrasador, pois abrangerá toda a terra. A Palavra de Deus diz que toda a natureza geme aguardando a redenção dos salvos. O pecado afetou toda a criação e isto exige a destruição de toda a terra, mas os crentes serão libertos dessa vida de pecado antes da destruição. A nação de Judá se entregou à adoração de Baal, por isso, Deus destruirá os ídolos e os quemarins, os sacerdotes de Baal, e também os sacerdotes da tribo de Levi porque se uniram nessa idolatria. A astrologia com sua pretensa direção do futuro é abominação para Deus. Os adoradores dos astros, também, pretendiam adorar ao Deus verdadeiro, mas isto não é possível. Pessoas faziam votos para Deus, mas também, prometiam obediência a Milcom, que é o mesmo que Moloque, um deus que exigia o sacrifício de bebês e o povo de Judá oferecia seus queridos bebês para o inimigo. Quem serve a dois senhores, finalmente, terminará servindo o deus falso. Deus, para alguns, já não é mais conveniente e, por isso, buscam outras fontes de auxílio. Deus os destruirá. As ameaças de Deus não são, de modo algum, injustas. Ele quer toda a nossa adoração. Judá se desiludiu com Deus e não mais O serviu. Os deuses não deram vitória alguma a eles, somente os conduziram para longe do Deus verdadeiro (v.1-6).
“Em razão de a mentalidade judaica estar bastante ligada a suas raízes, é comum os profetas mencionarem o nome dos pais e, às vezes, dos avós. Sofonias, filho de Cusi, vai além e relaciona quatro gerações de antepassados, sem dúvida com a intenção de destacar um ancestral famoso, o rei Ezequias. O capítulo 1 trata, em geral, da destruição de todas as coisas sobre a face da terra, porém especificamente de Jerusalém e Judá.”[2]
2.Não apenas a idolatria é motivo para Deus destruir um povo, mas a violência, também. O sacrifício de Deus está preparado e este são os judeus. Os convidados são os soldados caldeus, os quais invadirão Judá. É um modo violento de vingança divina, mas é merecida pelo povo de Judá. Até os mais nobres sofrerão a violência. As vestes estrangeiras são a indumentária dos sacerdotes de Baal e Moloque. Os que serviam a Moloque subiam na plataforma do altar e ofereciam os seus bebês como sacrifício. Hoje, o mundo está experimentando a violência de muitos tipos, também. O homicídio, a bebedeira, os acidentes de carros por jovens embriagados, o estupro, as brigas, e outras formas de violência estão invadindo a nossa sociedade que não quer saber de uma vida equilibrada com Deus. À Porta do Peixe, chamada assim por causa do mercado de peixes, seria o local de entrada do exército caldeu. A Cidade Baixa ou segunda parte era outra porta. Dali se ouviriam os uivos dos habitantes de Judá e nas montanhas seriam ouvidos os lamentos. Talvez, não possamos ainda ouvir muitos lamentos, pois as pessoas se sentem muito confortáveis, mas o dia de juízo deve chegar, os pecadores devem se humilhar antes de serem humilhados. Mactés era o nome de uma rua em Jerusalém. Ali as pessoas sairiam chorando por causa da invasão babilônica. Os que pesavam pratas deviam temer, pois eles vendiam pratas para a confecção dos ídolos. A lanterna de Deus descobre os pecados mais encobertos no mais escuro dos corações. Os pecadores não estão preocupados. Em Judá estavam apegados à sujeira dos copos de vinho, achando que as ameaças de Deus não passavam disso e que Ele não teria coragem de destruir o Seu próprio povo. Achavam também que Ele não fazia bem ao povo, ou seja, deixaram de crer na Providência de Deus. Os que não creem que Deus interfere na história do homem ficarão surpresos, pois ajuntam conforto, mas nada disso poderá livrá-los. Uma forma de violência é desafiar a Deus, mas ninguém pode lutar contra Deus. As ameaças Dele contra os violentos são reais e estes devem se acalmar de sua violência (v.7-13).
“O castigo era agora inevitável. Seu clamor nos lembra da geração que pereceu no Dilúvio quando a porta da arca foi fechada. Tinham-se recusado a oferecer um sacrifício quebrado ao Senhor; agora elas seriam o sacrifício. O dia do SENHOR é o dia do juízo como em Amós 5:18. Os convidados são os inimigos de Judá, e o sacrifício é Judá (cons. Is. 34:6).”[3]
3.Esta é a terrível ameaça. O Dia do Senhor é um tempo de juízo. Aconteceu para Judá e acontecerá para o mundo. Não é uma mensagem popular, mas alguém deve avisar, pois os que ficarem sofrerão muito e, mesmo que recebam a Palavra será com muita tribulação. Não parece que está perto, mas Deus diz que está. Até o mais corajoso ficará acovardado com Aquele Dia. Será um dia de muita amargura. O povo está indignado contra Deus, mas Naquele Dia Deus se indignará contra o povo. Muito sofrimento e alvoroço, pessoas tentando salvar suas vidas sentenciadas. A escuridão e o medo tomarão conta do mundo. A trombeta dos caldeus dando o sonido era sinal de invasão. A trombeta do Senhor Jesus Cristo, também, tocará e os povos tremerão. A vida valerá muito pouco, pois a violência será muito grande contra os pecadores. Nenhuma cidade será fortificada a ponto de segurar a fúria de Deus. As riquezas de nada servirão contra o grande e terrível Dia do Senhor. Se Deus diz que destruirá a terra temos de crer nisto, assim como cremos em outras promessas de Deus. As ameaças de Deus se cumprem contra os idólatras, contra os violentos e contra toda a terra no Dia do Senhor. Israel e Judá experimentaram e a terra e os incrédulos verão. Os que creem nisto e querem fugir da ira vindoura devem se arrepender de seus pecados, crendo no Senhor Jesus Cristo, o Salvador que morreu em favor dos pecadores (v.14-18).
“Quando foi a última vez que você cantou um hino sobre o futuro julgamento do mundo? A maioria dos hinários não contém hinos sobre o Dia do SENHOR, e certamente não encontramos essa expressão em nossos jornais diários ou revistas semanais. Mesmo que creiam em Deus, muitas pessoas não veem qualquer associação entre ele e os acontecimentos do presente ou do futuro. Pessoas mais sensatas costumavam levar o julgamento do mundo por Deus a sério e até cantavam hinos sobre isso.”[4]
Capítulos 2-3: Os motivos da ira do Senhor contra os pecadores de várias nações
A falta de pudor que é o mesmo que falta de vergonha está estampada nas vidas dos pecadores. No entanto, quando Deus requer prestação de contas, os pecadores se escondem. A busca de Deus ainda é um convite para todos os pecadores. O orgulho e o escárnio também são motivos da ira de Deus permanecer sobre o pecador. O escárnio é o mesmo que zombaria. Além disso, o pecador se sente autoconfiante achando que jamais virá sobre si o juízo. Se alguém se sente seguro em sua perversidade, a tendência natural e pecaminosa será oprimir os mais fracos e não aceitar a disciplina que vem do Senhor. Toda a liderança de Jerusalém estava profanando o nome do Senhor e se portando com leviandade diante dos assuntos de Deus. Mesmo assim, a misericórdia de Deus quer alcançar os pecadores. A promessa se vê no versículo tão conhecido (3.17). O Senhor está no meio do povo e é poderoso para salvar. O amor Dele se renova no meio de seu povo (2.1-3.20).
“... Nossa religião é uma religião de alegria. Nosso texto é uma ordem bem como uma alegre exortação e nós não representamos bem os fatos da fé cristã se não nos regozijarmos sempre no Senhor. Em todas as tristezas e perturbações, as quais nos acompanham, assim como acompanham a todos os homens, devemos, pela fé, colocar o Senhor sempre diante de nós para que não nos desviemos.”[5]
Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 2015
Notas
1. Introdução
1.Explore the book - J.Sidlow Baxter
2.Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr
3.Manual Bíblico - H.H.Halley
4.Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears
5.Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray
6.Análise Bíblica Elementar - James M.Gray
7.O livro dos livros - H.I.Hester
8.Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira
9.A História de Israel - Samuel J.Schultz
10.Através da Bíblia - Myer Pearlman
11.Introdução ao Velho Testamento - H.E.Alexander
12.De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs
13.O Novo Dicionário da Bíblia
14.Bíblia anotada pelo Dr. Scofield
15.Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wiersbe
16.A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders
17.Comentários da Bíblia Vida Nova
2. Comentário Bíblico Popular Antigo Testamento, pg. 778 – Sf 1.1-3 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
3. Comentário Bíblico Moody – Sf 1.7 – (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
4. Comentário Bíblico Expositivo do VT, pg. 526 – Sf 1.15 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
5. Expositions of Holy Scripture (Zephaniah), pg. 128 – Sf 3.14,17 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)
[1] 1.Explore the book - J.Sidlow Baxter
2.Merece confiança o AT? - Gleason L.Archer, Jr
3.Manual Bíblico - H.H.Halley
4.Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears
5.Christian Workers' Commentary on The Old e New Testaments - James M.Gray
6.Análise Bíblica Elementar - James M.Gray
7.O livro dos livros - H.I.Hester
8.Conheça sua Bíblia - Júlio Andrade Ferreira
9.A História de Israel - Samuel J.Schultz
10.Através da Bíblia - Myer Pearlman
11.Introdução ao Velho Testamento - H.E.Alexander
12.De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs
13.O Novo Dicionário da Bíblia
14.Bíblia anotada pelo Dr. Scofield
15.Expository outlines on Old Testament - Warren W.Wiersbe
16.A Short introduction to the Pentateuch - G.Ch. Aalders
17.Comentários da Bíblia Vida Nova
[2] Comentário Bíblico Popular Antigo Testamento, pg. 778 – Sf 1.1-3 – William MacDonald (Editora Mundo Cristão – SP – 2ª ed. junho de 2011 – impresso na China)
[3] Comentário Bíblico Moody – Sf 1.7 – (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)
[4] Comentário Bíblico Expositivo do VT, pg. 526 – Sf 1.15 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)
[5] Expositions of Holy Scripture (Zephaniah), pg. 128 – Sf 3.14,17 – Alexander Maclaren (1826-1910) (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library)
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