51 Efésios

 Efésios

Romano, Soldado, Gladiador, Guerreiro

 Introdução[1]

1.Autor da carta

Paulo, o apóstolo. Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom são as Epístolas da prisão. Sabemos que Paulo foi preso algumas vezes. Clemente de Roma diz que Paulo foi preso sete vezes. Os pais da Igreja aceitaram, sem restrição, a autoria de Paulo. O próprio escritor se identifica (1.1 e 3.1).

2.Data e local da carta

Nos dois anos em que Paulo ficou preso em Roma (58-60). Naquela época ele estava numa casa

alugada com os próprios recursos. É chamada prisão domiciliar. Alguns já sugeriram que esta carta foi endereçada aos laodicenses e, ainda outros, sugerem que foi uma carta circular. Tudo porque em alguns antigos manuscritos não aparece a palavra Éfeso. A igreja de Laodiceia trocaria carta com Colossos. Sabemos que a epístola aos Efésios está muito ligada à epístola aos Colossenses. Por isso, pensou-se que a carta aos efésios era, na realidade, uma carta aos laodicenses (Cl 4.16). Apenas conjectura. Aceitamos que esta carta, de fato, é aos efésios.

 

3.Cidade

Éfeso foi uma cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor, próxima à atual Selçuk, província de Esmirna, na Turquia. Durante o período romano, foi por muitos anos a segunda maior cidade do Império Romano, apenas atrás de Roma, a capital do império. Tinha uma população de 250.000 habitantes no século I a.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época. A cidade era célebre pelo Templo de Ártemis (Diana), construído por volta de 550 a.C., uma das Sete Maravilhas do Mundo. O templo foi destruído, juntamente com muitos outros edifícios, em 401 d.C. por uma multidão liderada por São João Crisóstomo. O imperador Constantino I reconstruiu boa parte da cidade e ergueu novos banhos públicos, porém a cidade foi novamente destruída parcialmente por um terremoto, em 614.

 

Éfeso foi uma das Sete Igrejas da Ásia citadas no livro bíblico do Apocalipse. Há em Éfeso um grande cemitério de gladiadores. As ruínas de Éfeso são um importante ponto turístico internacional da região.

 

4.Objetivos da carta

1) Apresentar o conceito da Igreja Universal (Ef 1.22-23). Diferente de Colossenses que se refere à igreja local.

 

2) Incentivar os crentes lembrando-os de sua posição e herança em Cristo nos lugares celestiais (Ef 1.1-14).

 

3) Esclarecer que não apenas os gentios são aceitos por Deus em Cristo, mas que judeus e gentios crentes formam um Corpo, a Igreja. Esse é o mistério antes encoberto (Ef 2.16 e 3.3).

 

4) Promover um andar digno dos crentes através da prática do revestimento de Cristo (Ef 4.17-32 e os capítulos 5 e 6).

5.Versículo-chave da carta

O versículo 3.10 descreve a extensão da Igreja Universal e Invisível, pois vai além deste mundo. Os demônios são colocados de frente com a Igreja. Essa Igreja é um plano eterno de Deus, porém, jamais se soube dela até que o Senhor levantasse o apóstolo Paulo para explicar de modo sistemático e detalhado, embora a igreja tenha surgido em Atos 2.

 

6.Tema e palavras-chaves

“Lugares celestiais” é uma expressão importante nessa carta porque atinge a essência do que é a Igreja Universal. O tema ou assunto da carta é “Unidade da Igreja”. No decorrer da história, as denominações ofuscaram o conceito de unidade da igreja. No entanto, a Palavra de Deus continua como a maior declaração da unidade da Igreja. Outras palavras importantes da carta aos efésios: dispensação, plenitude, herança, promessa e unidade. A palavra “mistério” aparece 6 vezes e é muito significativa nesse livro (1.9, 3.3-4, 3.9, 5.32 e 6.19).

 

7.Dificuldades encontradas na carta

1) Pode ser que a maior dificuldade seja o assunto Eleição e Predestinação. Há excelentes comentaristas e servos do Senhor que estão em contraste em sua maneira de ver esses temas. Não há soluções fáceis, por isso, esse material não tenta resolver ou explicar essas doutrinas. No entanto, nesse ponto, o propósito é detectar dificuldades e, sem dúvida, essa é uma delas (Ef 1.4,11).

 

2) Os crentes estão assentados nas regiões celestiais. É um ensino, talvez, pouco mencionado. A posição do crente é dupla. Ele está em Cristo, no céu. Ele está fisicamente na terra. No céu não há pecado, mas na terra, há pecados diários. No céu não há expulsão, portanto, na terra, o crente jamais voltará a ser um perdido (Ef 2.6).

 

3) Uma divergência de alguns é a afirmação de que nunca houve Igreja no Velho Testamento, inclusive, nos dias de Jesus na terra. Alguns fazem com que a Igreja tenha posição retroativa, ou seja, Israel era a Igreja do V.T. e a Igreja, hoje, é a substituição de Israel (Ef 3.9).

 

4) Jesus levou cativo o cativeiro. Entende-se que depois dos 40 dias de Jesus ressurreto, Ele levou todos os salvos que estavam no Paraíso, o lugar dos salvos que morreram antes da cruz de Cristo. Agora, com os pecados perdoados, antes apenas cobertos, podem se encontrar com Deus. Depois disso, todos os crentes que morrem neste mundo se encontram imediatamente na Presença de Deus (Ef 4.8).

 

5) A Plenitude do Espírito é a condição do crente que se submete ao Espírito Santo. É diferente do batismo do Espírito, pois acontece repetidas vez. O batismo do Espírito Santo é o ato do Espírito de colocar o crente no corpo de Cristo, a Igreja. Isso acontece uma única vez, na salvação (Ef 5.18 e 1 Co 12.13).

 

6) Há uma luta espiritual, invisível para nós. Nossa responsabilidade não é entrar nessa batalha, pois acontece fora de nossa esfera, mas revestir-nos da armadura de Deus (Ef 6.12).

 

 

 

 

 

 

8.Curiosidades encontradas na carta

1) 75 dos 155 versículos de Efésios, são encontrados em Colossenses.

 

2) O Espírito Santo está para sempre no crente. É um selo de garantia. O crente é propriedade de Deus, portanto, é empenho do Espírito Santo e não do crente em manter a salvação. A garantia da salvação é ilustrada por esse selo e esse penhor (Ef 1.13 e 4.30).

 

3) Paulo usa figuras para representar a Igreja, Cristo e os crentes: concidadãos, fundamento, pedra de esquina, edifício, templo e morada (Ef 2.19-22).

 

4) Talvez a maior sentença da Bíblia, onde Paulo começa um assunto e insere um intervalo que se encontra em Ef 3.1 e 14.

 

5) Uma prática pecaminosa precisa ser substituída por uma virtude de Cristo. É a figura de despir-se e revestir-se (4.24-29).

 

6) A instrução mais clara sobre o relacionamento entre casais (Ef 5.22-33).

 

7) Paulo não via a prisão como empecilho de ser um pregador do Evangelho. Ele dá uma posição especial ao evangelista prisioneiro. É um embaixador em cadeias (Ef 6.20).


Capítulo 1: Bênçãos espirituais

1.Esta apresentação é semelhante às demais em outras epístolas. Paulo às vezes se apresenta como servo e outras vezes como apóstolo e quando assim o faz acrescenta que é pela vontade de Deus, para que não haja dúvida de seu apostolado. Todo crente é santo (separado por Deus e para Deus), o que deve resultar numa transformação de caráter, mas que necessariamente não acontece com todos os crentes. Os “fiéis” são os santos, ou seja, os salvos. Nada difere das demais epístolas de Paulo. Já é bem conhecido dos estudantes da Bíblia que “Graça e Paz” é a forma que combinam as saudações grega e hebraica (v.1-2).

 

“Não há paz sem que haja a graça. Não há paz nem graça, a não ser em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo; e até mesmo aqueles que estiverem na melhor condição de santificação, necessitarão de novas provisões da graça do Espírito, e mais desejo de crer.”[2]

 

2.O louvor é dado ao autor das bênçãos, que é o Deus-Pai. Deus é Pai de Jesus Cristo, sendo Este gerado do Pai não no sentido de Existência mas de relação, pois Cristo é co-Eterno com o Pai. Entendemos que o Filho se submeteu ao Pai voluntariamente. Portanto, essa hierarquia está na relação de funções e não de importância de Pessoa. As bênçãos são do tipo espirituais e completas, pois diz “todas as bênçãos espirituais”. Portanto, são palavras indefiníveis, pois quais são as bênçãos que temos? Nós próprios não sabemos exatamente. Mesmo as bênçãos mencionadas para nós na Bíblia, são entendidas apenas de modo superficial. Para não numerarmos as bênçãos (pois deixaríamos muitas de fora), resumimos que essas bênçãos espirituais se referem à participação do crente com a natureza de Cristo, ou seja, por sermos herdeiros com Cristo teremos e seremos tudo o que Ele tem e é, sem, contudo, nos tornarmos deuses. O local das bênçãos vê-se imediatamente que não é na terra. Portanto, não se pode comparar com bênçãos tais como: sustento financeiro, bens obtidos, ou qualquer esfera que seja menos do que celestial. A expressão “regiões celestiais” só aparece em Efésios (1.3,20, 2.6, 3.10 e 6.12). Este lugar pode ser a habitação de Deus, dos anjos e dos remidos; mas pode ser também a habitação dos anjos caídos e Satanás. O contexto é que determinará a que lugar se refere e aqui, claro, refere-se à habitação de Deus. É importante notar que as bênçãos já foram dadas aos crentes (passado). Portanto, não há nenhuma bênção que, potencialmente, não tenhamos em Cristo Jesus (v.3).

 

3.O crente é eleito, isto é, “escolhido” por Deus “em Cristo”. Porém, só é salvo quem aceita a mensagem. Portanto, tem algum tipo de participação do crente: na resposta positiva ao chamado de Deus. Jamais se diz que um incrédulo é eleito, mas somente o crente é eleito. O propósito da Eleição é muito mais do que a mera mudança de endereço: do inferno para o céu, mas é um propósito sublime: “o da transformação segundo à imagem de Cristo”, tornando-nos santos e irrepreensíveis diante da Santidade Dele. Tudo baseado no amor (“em amor”). Dois erros muito comuns do crente estudioso: 1º) Ao estudar Romanos 1.18-32, que trata da culpabilidade do homem, relacionar com o assunto sobre salvação 2º) Ao estudar sobre Eleição, que trata da exclusividade da salvação e segurança do crente, relacionar com o assunto sobre a culpabilidade do homem (v.4).

 

4.Deus predestinou o crente, isto é, Deus “delimitou uma fronteira” ou “ordenou de antemão” o crente. O crente é beneficiado com a predestinação para ser “filho de adoção”, que é tratado em Rm 8.15, onde o “filho de adoção” ou “filho adulto” é aquele que recebe todos os direitos do pai, sendo um com ele. Nenhum incrédulo é predestinado, mas somente o crente. Já vimos que a Predestinação e Eleição estão fundamentadas no amor de Deus, e agora, o texto acrescenta “segundo o beneplácito de sua vontade”, ou seja, “segundo a boa vontade de Deus”. “Beneplácito” significa “satisfação”, “prazer” (v.5-6).

 

5.Graças à morte de Cristo temos a redenção. Todo o estudante da Bíblia já está familiarizado com a doutrina da Redenção (“libertação por meio de resgate”). Por esta remissão baseada na morte de Cristo, tivemos nossos pecados desconsiderados, perdoados e a partir deste estado, podendo participar das bênçãos que serão mencionadas a seguir (v.7).

 

6.A quantidade da graça de Cristo sobre nós foi mais do que suficiente e foi alicerçada “em toda a sabedoria e prudência”. Deus derramou Sua graça de modo inteligente e, portanto, elimina-se a ideia de Salvação por Obras, que é uma tentativa da mente humana de “comprar a Graça de Deus” (v.8).

 

7.Este é o primeiro “Mistério” mencionado nesta epístola. Como já foi explicado, anteriormente, mistério em Efésios é algo que outrora estava encoberto, mas que agora foi revelado. O Mistério que Paulo falará só foi possível saber por causa da vontade e do beneplácito de Deus. Portanto, se conhecemos os Mistérios de Deus é porque Ele mesmo quis revelar e não devido à Inteligência de qualquer ser. O Mistério mencionado foi proposto em Cristo, ou seja, Deus nada fez à parte da Pessoa de Cristo, pois sempre as Pessoas da Trindade estiveram em pleno acordo. O Mistério é que Deus, no tempo Dele, fará todas as coisas visíveis e invisíveis serem reunidas em Cristo. Qualquer assunto pertencente a qualquer esfera na verdade pertence a Cristo e, no tempo apropriado, voltará para Ele mesmo. A própria História, descobertas científicas, injustiças e assuntos sem explicações plausíveis não aconteceram sem significado, mas convergirão tudo para Cristo. De modo nenhum significa que todos os perdidos serão restaurados para o próprio Cristo, pois isto seria Universalismo. Não há criatura que não esteja debaixo do poder de Cristo. Isto combina com Fp 2.8-11, com 1 Co 15.27-28 e com Ap 5.13 (uma prefiguração do Senhorio de Cristo). Segundo este material entende-se que todas as coisas serão convergidas a Cristo no Estado Eterno, também conhecido como “Novos Céus e Nova Terra” (Restauração de todas as coisas ou Éden Restaurado). Ler 2 Pe 3.10-13 e Ap 21 e 22 (v.9-10).

 

8.“Nele” é a mesma expressão que “em Cristo” e é a ênfase deste capítulo. Em Cristo temos todas as bênçãos que estão sendo mencionadas. Uma verdade gloriosa para o crente é que este receberá uma herança, que é Cristo Jesus, e participará de tudo que Ele tem e é. Mas aqui enfatiza outra verdade que não se contradiz, mas se completa. O crente não apenas receberá uma herança, como ele próprio foi feito herança. O conceito de Predestinação e o louvor resultante são repetição dos v.5-6. A expressão “nós, os que antes havíamos esperado em Cristo”, tem que se referir aos judeus salvos, pois estes, enquanto judeus piedosos, esperavam em Cristo (no Messias), e agora salvos em Cristo, gozam da mesma Eleição com os gentios salvos. “Nós” porque Paulo se inclui como judeu salvo. Nós que não fomos do 1º século estranhamos as palavras de Paulo, colocando os gentios em segundo lugar na Salvação, pois classificamos os judeus como aqueles que rejeitaram a mensagem e os gentios como aqueles que aceitaram, mas devemos nos lembrar que a Igreja Primitiva foi composta quase que totalmente de judeus salvos e não de gentios. Somente no final do 1º século é que o número de gentios foi-se avolumando na Igreja (v.11-12).

 

9.O v.13 muda o pronome para “vós”, ou seja, outra classe de crentes, os gentios salvos, que “ouviram e creram na palavra da verdade”. O Espírito Santo selou os crentes, marcando-os para um destino seguro. Este selo é a habitação do Espírito Santo no crente e não pode ser associado com qualquer ato externo. O Espírito Santo é o penhor da nossa herança para o resgate da propriedade. Penhor quer dizer garantia, portanto, o Espírito Santo é a garantia que temos de receber a herança. A pergunta é: “o que falta para recebermos toda a herança?” A resposta é: “A redenção do nosso corpo”. Então, nada mais faltará para gozarmos dessa herança, enquanto isso, tanto a herança quanto o herdeiro estão guardados (1 Pe 1.4-5). Resgataremos essa herança (propriedade) um dia e até que chegue este dia, a nossa esperança é o selo (a garantia) dentro de nós mesmos, o Espírito Santo. Toda essa esperança redunda em louvor e glória a Deus, por isso, enquanto nesta terra, não lamentamos, mas louvamos a Deus, aguardando a bendita esperança, que se tornará em posse (v.13-14).

 

As bênçãos do crente em Cristo Jesus (Ef 1.1-14)

I.O crente é eleito em Cristo para ser santo (v.1-4)

II.O crente é predestinado para todos os direitos de filho (v.5-6)

III.O crente tem todas as bênçãos em Cristo e é selado pelo Espírito Santo (v.7-14)

 

10.Embora Paulo já tinha visto por si mesmo, no momento não estava entre eles, e por isso, dependia de informações e estas eram as melhores. O que Paulo falará nos versículos seguintes são baseados nos anteriores, ou seja, os crentes são selados com o Espírito Santo e herdeiros da posse de Deus. Paulo ora para que recebam o pleno conhecimento de Deus. A fama dos efésios é que criam no Senhor e amavam os irmãos. Assim devia ser entre nós, medindo “o crescimento da fé e do amor e não no sucesso externo da nossa organização eclesiástica”. H.E.Alexander observou que oito vezes nas epístolas Paulo dá testemunho da fé e do amor daqueles a quem se dirige, para dar graças a Deus por isso (Rm 1.8, 1 Co 1.4, Ef 1.15-16, Fp 1.3-5, Cl 1.3-5, 1 Ts 1.2-3, 2 Ts 1.3 e Fl 4-5) (v.15).

 

11.Não é difícil orar pelos irmãos, o difícil é continuar orando. Cada crente tem uma esfera de influência pela qual é responsável por cuidar e orar, tendo sempre em mente (ou em anotações) acompanhando com informações, cuidados e orações. Desta forma, oração é muito mais do que um favor, mas é um dever do crente. Isto nos faz pensar na responsabilidade em aceitar ser um intercessor por alguém que não teremos contato, ou ainda, atender um compromisso em orar por alguém que pertence à esfera de influência de outro crente. O difícil é saber qual a medida exata para cada uma destas partes, se é que existe uma medida exata. Por isso, dependemos do Espírito Santo para orar (v.16).

 

12.Havia, sim, o dom de Sabedoria e de Conhecimento, mas aqui Paulo ora a Deus para que todos os crentes efésios recebessem de Deus a capacidade para conhecê-Lo. Não fica claro se o “espírito” neste versículo é o Espírito Santo ou o espírito do homem, sendo que não faz diferença na interpretação, uma vez que o homem precisa da iluminação do Espírito Santo para entender as coisas de Deus. É claro que este conhecimento não é para salvação, visto que Paulo se dirige aos que já estão salvos. Trata-se do conhecimento que o crente vai possuindo de Deus e aumentando, sendo uma experiência individual, mediante o estudo da Bíblia e comunhão através da oração. Devemos, assim, entender que Paulo ora pelos efésios, mas que a resposta dessa oração atingirá os que, de fato, se aproximarem de Deus em estudo e oração (v.17).

 

13.Os olhos do coração é apenas outra maneira de dizer espírito ou alma, aquele lugar íntimo do homem que precisa se relacionar corretamente com Deus para que haja vida abundante. Outra forma de dizer é “homem interior do coração” e limita-se ao crente (Rm 7.22, 2 Co 4.16, Ef 3.16 e 1 Pe 3.4). O crente precisa dessa iluminação do Espírito Santo para saber três verdades: A esperança da vocação, as riquezas da glória da herança dos santos e a suprema grandeza do poder de Deus para com os crentes. Parece uma repetição desnecessária das palavras “poder, força e eficácia”, mas cada uma descreve a maravilhosa mão de Deus ao salvar um pecador (v.18-19).

 

14.A crucificação é a demonstração da glória de Deus; A ressurreição é a demonstração de Seu poder. Paulo compara o poder da salvação do pecador ao mesmo poder da ressurreição de Cristo Jesus. O poder que fez Jesus assentar-se nos lugares celestiais à direita de Deus-Pai (Ascensão) é o mesmo exercido na salvação do pecador. Assim sendo, a crucificação de Cristo é a nossa crucificação; a ressurreição de Cristo é a nossa, também; a Ascensão de Cristo aos lugares celestiais é a nossa posição, igualmente. Portanto, somos completamente identificados com Cristo no mesmo poder, isso concorda totalmente com Romanos capítulo 6 (v.20).

 

15.Principado e potestade indicam os poderes humanos e também angelicais. Poder e domínio indicam os graus de influência que seres humanos e também angelicais possam ter, mostrando assim a hierarquia entre os anjos bons e maus. Não houve e nem haverá nenhum nome de maior importância que o de Cristo Jesus. Cristo Jesus dominou sobre tudo e sobre todos como absoluto, embora, efetivamente, no contar do nosso calendário este domínio ainda está por vir. Essa posição elevadíssima de Cristo se deu por causa de Sua Encarnação e Sua morte, reconquistando o homem para Deus. Porém, é inútil especular se Cristo é mais glorioso agora do que antes, pois Ele é o Cordeiro Morto antes da fundação do mundo e este plano maravilhoso é um hiato aberto por causa do homem, sendo que a fluência da História da Redenção é por nossa causa, pois para Ele tudo já aconteceu. O versículo 22 repete a ideia do v.10 do Mistério da Unidade Universal, leia também Colossenses 1.15-19 (v.21-22).

 

16.A Igreja recebe do Deus-Pai todo o poder e domínio de Cristo (veja a expressão “o deu” no v.22). A Igreja é o Corpo de Cristo. O pecador redimido ganha uma posição mais elevada que os próprios anjos, pois nenhum deles é o Corpo de Cristo. Como Corpo de Cristo, os crentes são a plenitude Dele, ou seja, a Igreja complementa Cristo Jesus, mas Este ao mesmo tempo é Autossuficiente, pois Ele enche todas as coisas. A Igreja completa a Cristo e Cristo completa a Igreja e todas as demais coisas, pois tudo subsiste em Cristo (v.23).

 

“A plenitude. Aquilo que está cheio. ‘Ela (a Igreja) é a contínua revelação de Sua vida divina na forma humana’. Pode-se ver que a verdadeira oração inclui uma abundância de louvor. Adoração de nosso maravilhoso Deus deveria ter a precedência sobre nossas petições egoísticas e ego-centralizadas. Como nossas vidas seriam diferentes se orássemos assim uns pelos outros continuamente!”[3]

 

As certezas do crente

Efésios 1.15-23

1.A certeza da nossa herança espiritual (v.15-18)

2.A certeza do poder de Cristo em nós (v.19-21)

3.A certeza da supremacia da igreja (v.22-23)

 

Famílias missionárias dentro do corpo de Cristo (Ef 1.15-23)

1.Famílias regidas pelo amor (v.15)

2.Famílias mantidas pela oração (v.16)

3.Famílias agindo pela sabedoria (v.17)

4.Famílias motivadas pela herança no céu (v.18)

5.Famílias fortalecidas pelo poder de Deus (v.19-21)

6.Famílias submissas a Cristo e à igreja (v.22)

7.Famílias completas Nele (v.23)

 

Capítulo 2:  A salvação pela graça

1.Os não salvos estão mortos espiritualmente, separados de Deus. Não podemos afirmar que seus espíritos estão mortos, pois eles têm a existência que Deus dá e essa existência é o espírito (o ser) de cada pessoa. Note que mesmo estando mortos, nós andávamos. Paulo refere-se aos gentios (“vós”), sendo também verdade para o judeu. Não podemos limitar esta morte somente ao aspecto moral, pois há incrédulos de moral elevada, mas, no entanto, estão separados da vida abundante em Cristo Jesus. A verdade mais importante do versículo é que recebemos a vida de Deus, não depois que deixamos os pecados, mas estando em pecado. A nossa vida se deu na morte e não depois que saímos dela. O hino “Tal qual estou” reflete bem este pensamento: “Tal qual estou sem esperar que possa a vida melhorar...” (v.1).

 

2.O padrão de vida dos efésios, particularmente, era baseado na imoralidade, idolatria e feitiçaria. Seguiam o curso deste mundo, ou seja, a fluência natural em que todos estão, o mesmo tipo de vida. De fato, nada anormal para a mentalidade do mundo. O que poucos sabem é que a mentalidade do mundo é estigmatizada (marcada) por Satanás, que é o regente das forças da maldade, que ficam no ar (nas regiões celestiais). É bom saber o que este versículo não quer dizer. Não significa que os incrédulos estejam cientes que estão seguindo a mentalidade de Satanás (2 Co 4.4). Muito menos significa que os incrédulos são possuídos pelos demônios (endemoninhados). Há um espírito que opera nos incrédulos, ou seja, por detrás da desobediência existe o originador do mal, o qual, como já foi visto, é Satanás. “Filhos da desobediência” é uma expressão usada pelos judeus, que caracterizam uma pessoa por suas virtudes ou defeitos. Exemplos: Judas era o filho da perdição; Barnabé era o filho da consolação; João era o filho do trovão (v.2).

 

3.No versículo 3 Paulo passa a falar dos judeus, nos quais ele se inclui. Embora os judeus, na época de Paulo, não estavam envolvidos com idolatria e feitiçaria como os pagãos gentios, estavam obedecendo os desejos pecaminosos da carne e igualmente “filhos da ira”, ou seja, aguardando de Deus a pesada mão de juízo. O v.3 expõe claramente que o homem é pecador “por natureza” e não somente pelo meio em que vive. Portanto, a posição dos gentios pagãos e judeus monoteístas incrédulos é a mesma: mortos nos delitos e pecados (v.3).

 

“O apóstolo descreveu de três modos, a esfera na qual os incrédulos vivem. Primeiro, é um estilo de vida no qual as pessoas seguem os caminhos do ‘mundo’... Segundo, os não salvos seguem a pessoa que está promovendo essa filosofia, ou seja, Satanás... Terceiro, não apenas a filosofia do mundo guia os incrédulos e Satanás os controla, mas eles também ‘alimentam a carne.’”[4]

 

4.“Mas Deus” é a expressão que mudou nossa sorte. Fazemos bem em observar que o mérito não é nosso do tipo “mas nós...que cremos, que aceitamos”. A referência a nós é somente que estávamos separados de Deus. Ele providenciou a salvação e nós aceitamos. A misericórdia de Deus nos alcançou, não uma misericórdia que apenas se compadece, mas aquela misericórdia que faz algo baseado no amor. É inútil tentarmos separar muito os conceitos de Misericórdia e Amor de Deus, pois uma virtude completa outra e nós somos beneficiados. Mas vale, sim, observar que houve uma quantidade abundante dessas virtudes (“rico em misericórdia” e “muito amor”). “Deus nos amou”, isto é, gentios e judeus, separados como povos, juntos como pecadores e agora unidos no mesmo alvo do amor de Deus (v.4).

 

5.O começo do v.5 é repetição do v.1, o que é acrescentado é que fomos vivificados juntamente com Cristo. É verdade que fomos vivificados por Cristo, mas também é verdade, como diz o versículo, que fomos vivificados juntamente com Cristo, mostrando nossa identificação na morte e ressurreição de Cristo. Já vimos que o mesmo poder que ressuscitou Cristo foi exercido em nossa salvação; aqui vemos que não só foi o mesmo poder como a mesma ressurreição. Como nossa posição é em Cristo é impossível estarmos separados Dele, e portanto, estamos com Ele nos lugares celestiais em glória (v.5-6).

 

7.Tudo isto aconteceu por causa da graça divina, conforme nos mostra o v.8. A dificuldade deste versículo é identificar a que se refere a palavra “isto”, que é dom de Deus: a graça ou a fé. A seguir uma breve explicação na língua original, conforme John Stott e outros comentaristas nos apresentam (v.8-9).

 

“Nunca devemos pensar na salvação como sendo um tipo de transação entre Deus e nós, onde Ele contribui com a graça e nós contribuímos com a fé. Estávamos mortos, e teríamos que ser vivificados para podermos crer. ‘Isto’ (touto) é neutro, ao passo que ‘fé’ é um substantivo feminino. Devemos entender, portanto, que ‘isto’ refere-se à totalidade da frase anterior: ‘pela graça de Deus sois pessoas que foram salvas mediante a fé, e a totalidade deste evento e desta experiência é... o dom gratuito de Deus para vós’.”[5]

 

8.Podemos concordar com a explicação da língua grega. O que não vem de nós é o dom de Deus para a salvação, mas temos de discordar da salvação em dois tempos ou, como alguns chamam, “a doutrina da regeneração”. O escritor citado ensina o que é comum para os aliancistas, que o pecador é regenerado e depois salvo. Cremos que a regeneração já é a salvação e que o pecador ao ouvir a mensagem pode responder “sim” ou “não”. A fé é o instrumento usado por Deus para o homem receber a graça. A fé é a resposta positiva à graça de Deus mediante o ouvir a Palavra de Deus. Se o homem não pode nem crer, então, não passa de um robô, sujeito a alguma arbitrariedade, a qual, infelizmente, alguns chamam de “soberania de Deus”. Este assunto é bem explicado nos livros “A fé dos Eleitos”, “Salvação Seletiva”, “O que um Deus soberano não pode fazer” (artigo) e “What love is this?” (Que amor é este?)

 

9.A graça derramada em nós será demonstrada por toda a eternidade, tendo como tema principal a bondade de Deus para conosco em Cristo Jesus, que não é outra senão Sua morte substitutiva. A palavra “feitura” é tradução da palavra grega “poiema” que significa “obra, composição, poema”. Somos a obra de arte de Deus. Esta nova criação ou este poema foi feito em Cristo Jesus com a finalidade de expressar-se em boas obras. Portanto, não somos salvos por obras, mas somos salvos para boas obras. As boas obras não são dos crentes, mas de Deus, preparadas de antemão. Os crentes apenas andam (vivem) nessas boas obras. As boas obras preparadas por Deus estão incluídas na Salvação. Por causa de nosso zelo para com a doutrina da Salvação pela graça, é possível não aceitarmos o fato de que as boas obras façam parte da sã doutrina, também (v.7,10).

 

Os cursos que a vida das pessoas podem tomar (Ef 2.1-10)

1.O curso deste mundo (v.1-4)

2.O curso da fé, um novo rumo para a vida (v.5-10)

 

10.“Gentios na carne” refere-se ao estado natural, os que não nasceram judeu. Nada tem de pejorativo em ser gentio na carne, muito embora, as obras pecaminosas acompanharam esses povos, como também aconteceu com os judeus. Os judeus não consideravam um gentio apenas como uma raça diferente dos semitas, mas uma religião diferente (“incircuncisão”). A incircuncisão era uma maldição para os judeus, sendo que os povos incircuncisos eram desprezados. Paulo reserva um comentário crítico aos judeus quando diz “pelos que na carne se chamam circuncisão, feita pela mão dos homens”. A circuncisão só tem valor se acompanhada de obediência, senão é apenas uma cirurgia por mãos humanas e não pela mão de Deus no coração (v.11).

 

11.Os gentios perdiam por não estarem ligados à comunidade de Israel, não por causa da nação em si, mas por causa do benefício maior dessa comunidade, o Messias Jesus Cristo. Os gentios não tinham nenhum benefício dos pactos de Israel. Os gentios não tinham esperança alguma, pois sua crença não lhes dava nenhuma esperança futura, apesar das crenças em algum tipo de vida futura, mas sem confirmação de Deus (Rm 8.16). Os gentios estavam vivendo no mundo sem Deus, não porque não adoravam deus, aliás tinham muitos deuses, mas não o Deus verdadeiro. As desvantagens dos gentios eram muitas, independente se sabiam ou não delas. Os gentios foram aproximados graças à morte de Cristo Jesus (v.12-13).

 

12.Cristo é a nossa paz. Esta verdade ensina algo a respeito da busca da felicidade. O crente não busca a paz (ou felicidade), o crente busca a Pessoa de Jesus Cristo, que é a própria paz. Não existe mais comunidade de Israel, mas uma única comunidade, que é a Igreja, onde se reúnem judeus e gentios, sem, contudo, terem esses títulos. Graças a essa união e derrubada de muro, hoje existe um novo povo: a Igreja. Paulo chama no v.15 de “novo homem”, que não se refere ao crente individual (que também é um novo homem), mas à Igreja, como um novo Corpo. Por lógica doutrinária, falamos que a Igreja é composta de gentios e judeus, quando, de fato, já não existem judeus e gentios, mas uma nova criação, uma nova raça, a feitura de Deus (v.14-15).

 

13.Judeus e Gentios são considerados povos diferentes somente por definição étnica, mas no que diz respeito à Igreja, são um só povo. Gentios e Judeus precisavam de reconciliação com Deus e entre si. A cruz resolveu o problema da reconciliação com Deus e, por conseguinte, a reconciliação entre esses dois povos. Jesus evangelizou esta paz aos que estavam longe (os gentios) e aos que estavam perto (os judeus). Jesus mesmo não evangelizou os gentios, e nem a maioria dos judeus, por isso, devemos entender que essa evangelização se deu por seus discípulos (Jo 14.12). Como filhos, todos temos acesso ao Pai, por causa do Filho, Jesus Cristo, unidos num mesmo Espírito. Portanto, a Trindade uniu judeus e gentios neste plano maravilhoso, a Igreja (v.16-18).

 

14.Ainda parece que Paulo refere-se aos gentios desprezados, unidos à família de Deus, da qual os judeus eram membros. Mas não pode ser diferente, pois embora os judeus também se convertam, não podemos dizer que estavam longe de Deus. Essa casa, a família de Deus, tem alicerce e este são os apóstolos e os profetas: os profetas anunciavam o Messias sem conhecê-Lo e os apóstolos conviveram com Ele. São a base para a Igreja, sendo que Jesus é Aquele que une judeus e gentios neste alicerce, como pedra da esquina, que une duas paredes. Tanto o corpo quanto o edifício crescem até sua edificação completa. Da mesma forma, o objetivo da salvação é o crescimento no Senhor. Todos os crentes são edificados para Deus, através do Espírito Santo, habitar dentro dessa construção, a Igreja. Não existe nenhuma organização maior que a Igreja, o Corpo de Cristo, Edifício de Deus (v.19-22).

 

Capítulo 3: Paulo, o pregador aos gentios

1.Parece estranho, mas tudo indica que Paulo começaria uma oração, mas resolve falar do seu ministério antes, até o v.13. No v.14 a sentença começa a fazer sentido novamente. Seria algo assim: “Por esta causa eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios (v.1)...me ponho de joelhos diante do Pai” (v.14). Isso, longe de combater a Bíblia como palavras de homens, mostra-nos o contrário: Deus é o autor, mas respeita os sentimentos e emoções do escritor e até mesmo algum lapso de memória que não comprometa Sua revelação (outro exemplo está em 1 Co 1.14-16). “Por esta causa” ou “por esta razão” refere-se aos versículos anteriores que falavam da construção sublime, a Igreja. Se temos o Evangelho hoje, devemos lembrar que este homem, Paulo, sofreu muito para fazer esta mensagem “correr livremente até nós”. Não fosse o apóstolo Paulo ser chamado para ir até os gentios, talvez os judeus estariam monopolizando o Evangelho como mais uma ordenança (v.1).

 

2.Será que Paulo está falando para um grupo de efésios que não “tinha ouvido” ou Paulo está dizendo o que já sabiam, mas de modo mais aprofundado? Não há como saber, pois o texto não esclarece. Paulo recebeu uma “dispensação” (um ofício, uma ordem, uma mordomia) para distribuir entre os gentios. É como um mordomo ou gerente que tem a incumbência de distribuir entre seus subordinados alguma coisa. Este mordomo deve administrar bem o que recebeu (veja 1 Co 4.1-5). A tarefa de Paulo era transmitir aos gentios a graça salvadora de Deus. Neste sentido não podemos nos comparar ao apóstolo dos gentios, pois nem Pedro, nem outros apóstolos puderam se comparar a ele devido à essa responsabilidade específica (v.2).

 

3.Se a revelação que Paulo recebeu não for a de Gálatas 1.11-16, não sabemos a que ele se refere. Paulo foi salvo de modo diferente e chamado para esta comissão de modo diferente também. Recebeu instrução de modo especial, através de revelações. Até mesmo assuntos que Jesus nunca se pronunciou (por exemplo Ceia), Paulo recebeu instrução de como a Igreja deve proceder. Paulo recebeu revelação do Mistério, que adiante falará de modo mais completo. Este mistério não pode ser a conversão dos gentios, pois isto nunca foi mistério. Não sabemos a que escrito Paulo se refere quando diz “conforme escrevi a pouco, resumidamente”. Se ele está falando dos parágrafos anteriores desta epístola ou de alguma outra carta que teria escrito, uma vez que Paulo se comunicava muito por carta e, evidentemente, nem todos seus escritos entraram para o cânon (v.3).

 

4.No v.4 Paulo afirma que os efésios entenderão de que se trata este Mistério, bastando para isto continuar a ler. Claro, subentende-se que esta leitura é acompanhada da iluminação do Espírito Santo e com bastante meditação e estudo. Aqui Paulo chama este Mistério de “Mistério de Cristo”. É curioso notar que ele faz de fato este assunto um mistério, pois não explica logo de início, mas dá uma longa introdução (v.4).

 

5.No v.5 Paulo reafirma que é um Mistério no sentido exato da palavra, pois no passado nada foi revelado a este respeito. Isto quer dizer que por maiores privilégios que tiveram os judeus, este Mistério foi escondido deles. Somente agora, através do Espírito Santo, foi revelado aos santos apóstolos e profetas. Profetas, é claro, do N.T. Quanto ao tratamento “santos” para os apóstolos é totalmente bíblico, sem termos que nos preocupar com o Catolismo Romano, que supostamente adora estes santos. Desta forma é perfeitamente correto dizer São João, São Tomé, São Paulo, São Pedro, etc. (v.5).

6.Finalmente no v.6 Paulo desvenda o Mistério de Cristo, que também pode ser chamado o “Mistério da Igreja”. Sobre a herança que temos já foi mencionada no capítulo 1, agora Paulo amplia este conceito mostrando com muita alegria que judeus e gentios são herdeiros juntos no mesmo corpo e participam juntos da mesma promessa. Portanto, uma parte do Mistério da Igreja é que gentios e judeus participam da mesma promessa, juntos num mesmo corpo, o Corpo de Cristo Jesus, a Igreja (v.6).

 

7.Note que Paulo foi feito ministro e não que respondeu a algum tipo de visão em obediência, como nós estamos fazendo. As palavras de Paulo indicam que nada mereceu, mas que foi “segundo o dom da graça de Deus”, graça esta que lhe foi dada com a operação do poder de Deus. No v.8, fica claro que Paulo se sentiu muito pequeno diante de tão grande responsabilidade. Sem dúvida Paulo carregava a tristeza de ter sido o perseguidor número um da Igreja de Cristo. Paulo tinha o ministério único e específico: o de anunciar o Evangelho aos gentios, aqui chamado de “as riquezas inescrutáveis (ou insondáveis) de Cristo”. A dispensação desse mistério, a Igreja, esteve oculta em Deus. Portanto, quem entender que o Mistério que Paulo está falando é a Igreja, obrigatoriamente, terá que admitir que não há nenhuma menção da Igreja no V.T. (v.7-8).

 

8.Paulo oferece um grande desafio missionário quando diz “demonstrar a todos”. Este Mistério esteve guardado e, agora que foi revelado, deve ser demonstrado a todos, pois são obra da criação de Deus (v.9).

 

7.É por intermédio da Igreja que a multiforme sabedoria de Deus será manifestada aos anjos no céu. Os anjos admirarão a maravilhosa obra de Deus, a Igreja. O modo como a sabedoria de Deus é demonstrada pela Igreja não é único, mas é multiforme, ou seja, de muitas formas os anjos apreciarão o desempenho da Igreja. A Igreja não é monótona e estática, mas é muito dinâmica e os poderes angelicais se alegram com isto e querem sempre aprender e entender (1 Pe 1.12), pois até a estes seres Deus ocultou Seu plano e agora está sendo revelado através da Igreja. Deus teve sempre um plano em mente: o de um dia manifestar o “seu eterno propósito” em Seu Filho. Este propósito é o Mistério da Igreja. Graças ao Senhor Jesus Cristo temos um acesso ousado diante de Deus, confiando que não seremos consumidos, pois estamos em Cristo (v.10-12).

 

8.Paulo volta ao pensamento do primeiro versículo, “prisioneiro de Cristo”. Ele sofreu muito para que os gentios experimentassem a bênção do Mistério da Igreja. No sofrimento de Paulo os crentes têm sua glória, pois através dos sofrimentos do apóstolo os gentios conheceram a glória de Cristo. Paulo não está dizendo isto para se sentirem culpados, mas para desfrutarem da alegria. Paulo abriu o caminho para os gentios serem aceitos por Deus, através das viagens missionárias (v.13).

 

9.Aqui é a continuação da oração, apenas iniciada no v.1. A oração nesta posição (“de joelhos”) era bem usada nos tempos bíblicos do V.T. e também no N.T. A razão porque Paulo se coloca em oração diante do Pai é a mesma do v.1, ou seja, para os crentes compreenderem a profundidade da fé de estarem unidos num só Corpo. O Pai é o chefe desta família, ou seja, todos os crentes. “Tomar o nome” tem o sentido de “pertencer” (Tg 2.7). Assim sendo, todos os que pertencem ao Pai tomam o seu nome, estando em posse Dele. Não devemos entender que os anjos fazem parte da Igreja, mas, sim, que pertencem ao Pai e, portanto, neste caso, somos todos da mesma família. Nesta grande família parte está nos céus (os que já dormiram no Senhor), parte está na Igreja, em muitos lugares da terra, parte são anjos de luz e parte está nos céus, mas não fazem parte da Igreja (Hb 2.11) (v.14-15).

 

10.Aqui, a oração propriamente dita. Já vimos, anteriormente, a menção das riquezas da glória de Deus. Nunca será possível contemplar toda essa suprema riqueza, porém, basta para nós saber que estamos crescendo nessa riqueza “de glória em glória”. Com base nessas riquezas, Paulo ora a Deus que os crentes sejam fortalecidos (“robustecidos”). Isto mostra que a firmeza do crente depende também da oração de outros por ele. Esse poder não é inerente a nós, mas é o poder de Deus operado em nós pelo Espírito Santo. O crente não é poderoso, mas é o Espírito Santo que habita nele que é o poder. O crente é apenas receptáculo de onde o Espírito Santo pode demonstrar-Se. O homem interior é o novo homem, portanto, só pode se referir ao crente. É no homem interior que o poder do Espírito Santo atua. Paulo roga a Deus que este homem interior se fortaleça com o poder. Portanto o primeiro pedido de Paulo foi força interior (v.16).

 

11.O segundo pedido de Paulo foi habitação de Cristo no coração. Este pedido soa estranho aos ouvidos de quem crê e defende que com a habitação do Espírito Santo no crente, Cristo passa a habitar o crente permanentemente. Embora Cristo habite nos corações de todos os crentes, Ele habita de modo diferente nos corações de alguns crentes (veja Jo 14.23, por exemplo). Todos os que são salvos é porque creram no Salvador Jesus Cristo. Para isto foi preciso fé. Uma vez que isto aconteceu, Cristo habitou este crente. Portanto, ele não precisa exercer fé para Cristo continuar no coração dele, pois foi um fato ocorrido no momento da salvação. Porém, este crente precisa exercer fé a cada dia para experimentar esta habitação de Cristo (v.17).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

12.O Dr.Martin Lloyd-Jones comenta sobre este pedido de Paulo a Deus:

 

“1º) Paulo está pedindo pelos crentes, para que Cristo habitasse em seus corações. Portanto, não está rogando a Deus pela conversão.

2º) Ser crente significa que Jesus Cristo está em nós (2 Co 13.5). 

3º) A resposta está no termo grego: “paroikesai” = habitar, mas o usado tem o prefixo “kato” (“abaixo”). Portanto passa a significar “instalar-se e estar em casa”. Cristo habita todos os     crentes, mas será que está “em casa” em todos os crentes?      

4º) Em Ap 3.20, também é uma palavra aos crentes (à igreja de Laodiceia), erroneamente usada em evangelismo.                 

5º) Paulo já sabia o que era ter Cristo como hóspede especial em seu coração (Gl 2.20: “vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”).

6º) Jesus falou aos discípulos (já crentes, Jo 15.3), que “um dia” Cristo habitaria neles (Jo 14.20-23).”[6]

 

13.Paulo passa a explicar qual era o objetivo de pedir a Deus que os efésios estivessem fortalecidos e habitados por Cristo. O crente no nível de maturidade apresentada por Paulo em sua oração é capaz de compreender, juntamente com outros santos do mesmo nível, a verdade fundamental do amor de Cristo. Isto mostra que nosso conhecimento não pode ser uma caminhada solitária, mas outros devem nos acompanhar e crescer conosco. Muitas interpretações curiosas sobre essas medidas têm-se dado, porém, devemos ficar somente com a interpretação que o amor de Cristo é, imensuravelmente, vasto, não é possível medir o amor em largura, altura, profundidade e comprimento, por isso, os crentes nunca compreenderão em toda a plenitude o amor de Cristo, como diz o próximo versículo “que excede todo o entendimento” (v.18)

 

14.O conhecimento de Cristo é imensurável, pois “excede todo o entendimento”. Qual é a largura, comprimento, altura e profundidade? É imensurável. Deus é pleno de amor. À medida que ganhamos mais do conhecimento do amor de Cristo, vamo-nos tornando plenos Dele. Uma vez que esse amor excede todo o entendimento, nunca chegaremos à Sua Plenitude, mas avançamos cada vez mais para isto. Isto não deve nos desanimar, mas pelo contrário, magnificarmos Deus em nossos corações, pois se pudéssemos comportar as medidas desse amor dentro de nós, seríamos deuses e isto é blasfêmia. Baseado nessa verdade, muitos chegam à correta conclusão que a eternidade com Cristo não será estagnada em conhecimento, mas será um eterno crescimento em Seu amor. A oração de Paulo pelos efésios, portanto, foi composta de dois pedidos: fortalecimento interior e habitação de Cristo no coração (v.19).

 

15.É comum nos escritos de Paulo concluir com uma doxologia, quando o assunto é muito profundo. O louvor é dirigido Àquele que é poderoso para fazer tudo quanto pedimos ou pensamos, sem nenhum limite de medida, utilizando para isto o poder que está em nós. Lembre-se do poder que está em nós da salvação, e da ressurreição (1.19-20). Portanto, o poder de Deus em nós não está limitado às nossas orações e pensamentos (conhecimentos). Mais ainda chegamos à conclusão: “A vida cristã é a vida que Cristo vive em mim”. Já que Paulo enfatizou tanto a importância e preeminência da Igreja, ele continua com a ênfase ao dizer que a glória é dada ao Pai, na Pessoa de Cristo Jesus, por meio da Igreja. A Igreja é o instrumento na terra para glorificar a Deus. Alguém pode glorificar a Deus fora de uma igreja local, mas nunca fora da Igreja Universal Invisível. O assunto de louvor daqui por diante é assunto pertinente à Igreja de Cristo. Por todas as eras que se seguem. Assim concluímos a “parte doutrinária” de efésios (v.20-21).

“Segue-se, então, uma magnífica doxologia. Paulo já pediu grandes coisas, mas entende que seus pensamentos e suas aspirações mais sublimes nunca podem esgotar os recursos de Deus. Assim sendo, ele vai além, e pede que Deus opere infinitamente mais do que o coração humano possa esperar ou imaginar, além de tudo quanto pedimos ou pensamos (20). O alicerce desta esperança e confiança repousa no fato de que o poder do Espírito de Cristo opera em nós.”[7]

 

Capítulo 4: A unidade no Corpo de Cristo

1.Agora começam os chamados assuntos práticos, pois até agora foram estudadas as doutrinas profundas da Igreja. Talvez sejam nessas instruções de Paulo que os crentes têm divergências e dificuldades de viver. Muitas dificuldades nossas estão nos temas que seguem esta epístola a partir do capítulo 4:

            1.O aperfeiçoamento na unidade dos crentes

            2.A santidade de vida

            3.A pureza

            4.O relacionamento conjugal nos padrões de Deus

            5.O relacionamento filhos e pais

            6.O relacionamento empregado e patrão

            7.A batalha espiritual

 

2.O pedido de Paulo é fervoroso, para tanto apela para seu estado atual: o de prisioneiro. Os termos “vocação” e “chamados” estão, estritamente, ligados ao ensino de Salvação, e, portanto, se refere a todos os crentes. Note 1 Ts 5.24, um texto que tem sido muito usado como se fosse “vocação missionária” (v.1).

                                                     

3.Uma vez que todos os crentes são vocacionados e chamados, o pedido de Paulo é para que todos os crentes andem de modo digno da Salvação, ou seja, de modo digno de Deus. Alguns tentam diferenciar “humildade” de “mansidão”, atribuindo à primeira virtude o relacionamento para com Deus e à mansidão o relacionamento para com os homens. O manso não é complacente, mas é aquele que, embora tolerante e misericordioso para com os erros alheios, pode agarrar-se com muita firmeza aos princípios de Deus, sem admitir que a injustiça suplante a justiça. A paciência para com o próximo é uma virtude pouco encontrada, mas é o resultado do amor. Sem se importar se “suportar” é “servir de apoio” ou “tolerar com paciência”, pois reúne essas duas ideias, cada um deve ter paciência com o outro, pois somente assim é que conseguiremos andar juntos. Agindo assim, conforme discorrido acima, o crente já estará se esforçando para preservar a unidade do Espírito Santo que é uma realidade em nossa posição celestial, mas que precisa ser, também, na vida diária. A paz, entenda-se do Espírito Santo, é o laço da união dos crentes (v.2-3).

 

4.As sete unidades a serem mantidas (v.4-6)

1.UM SÓ CORPO - Refere-se à Igreja Universal, independente da igreja local que se esteja, e até que não se esteja em nenhuma igreja local.

 

2.UM SÓ ESPÍRITO - Refere-se ao Espírito Santo. Embora haja, de modo lamentável, ênfases diferentes sobre a Pessoa do Espírito Santo, alguns achando que detêm mais da Pessoa do Espírito Santo em detrimento aos outros, a verdade bíblica é que há um só Espírito.

 

3.UMA SÓ ESPERANÇA - Refere-se à certeza que temos da nossa salvação completa, a qual no momento é só esperança, mas se tornará em posse. Observe novamente o ensino sobre vocação, que não pode ser Ministério, mas Salvação.

 

4.UM SÓ SENHOR - Refere-se a Cristo, diante do qual todos devem prestar contas, pois não há quem chame alguém de Senhor que não lhe deva satisfação pelos seus atos.

 

5.UMA SÓ FÉ - Refere-se àquela fé salvadora, igual para todos. Não há quem tenha exercido mais fé ou menos fé no momento da Salvação. Há sim, manifestações distintas, devido aos traços culturais, de personalidade, de ambiente, ou de ênfase, mas a fé salvadora é a mesma para todos os crentes.

 

6.UM SÓ BATISMO - Refere-se à união mística (invisível, mas real) de todos os crentes. Não se trata do ritual do batismo e nem sequer o modo como este é realizado. Todos os crentes são “colocados dentro do Corpo de Cristo”, a Igreja. Este é o Batismo.

 

7.UM SÓ DEUS E PAI - Refere-se ao único Deus dos crentes, e também dos judeus, que embora não sejam todos salvos, têm o mesmo Deus e Pai, por mais triste que pareça.

 

5.Antes de falar dos dons, Paulo enfatiza a graça de Cristo, como um dom inerente de Sua Pessoa. Cada crente recebe algum dom, seja este qual for, segundo a graça de Jesus (Rm 12.3).O  v.8 é a citação de Sl 68.18, onde, provavelmente, ilustra uma das muitas investidas do rei Davi, quando de volta trazia os cativos, subindo a Jerusalém e distribuindo os despojos ao povo. Mas no que se refere a Cristo ao subir é fácil entender que se trata da Ascensão. Qual foi o “cativeiro que Ele levou cativo” é que não é tão fácil de saber, pois o texto não diz, absolutamente, nada de conclusivo. A interpretação bem aceita por alguns é que o texto se refere ao deslocamento dos santos, no Hades, para a Presença de Deus, no céu, quando da Ascensão de Cristo. Após a Ascensão de Cristo, levando os salvos junto com Ele, dispensou dons aos homens crentes, uma vez que ainda não existia a Sua Igreja. O v.9 reforça o ensino de que Cristo antes de subir (Ascensão), desceu. Na primeira epístola de Pedro 3.19, há um ensino sobre a descida de Cristo às regiões inferiores. O v.10 reforça o ensino de Ef 1.23, sobre a plenitude de Cristo, dando a ideia de que Cristo completou tudo com Sua Ascensão. Os dons, propriamente ditos, estão no versículo 11, onde se referem a servos capacitados, sendo presenteados à Igreja (v.7-11).

 

6.Não há limite para o conhecimento, a varonilidade e estatura de Cristo, mas mesmo assim o alvo é este, o que faz os dons necessários para o Corpo de Cristo crescer. O crescimento não pode ser visto, apenas, como individual. O v.13 mostra claramente que o Corpo é que cresce (“até que todos”). Por causa das novidades, muitos crentes acabam sendo arrastados por ventos de doutrinas contrários à sã doutrina. Muito provavelmente, Paulo estava pensando nos gnósticos, pois eles eram homens fraudulentos que enganavam muitos crentes, desviando-os da sã doutrina. A verdade de Cristo, com a motivação correta, o amor a Ele e à Sua Igreja, é a segurança contra os fortes ventos da heresia (v.12-15).

 

 

 

 

 

 

“Quando começamos uma viagem, normalmente, é bom procedimento ter o destino final claramente definido. Isso também é verdade no reino espiritual. A vida cristã é semelhante a uma peregrinação (1 Pe 2.11) e seria vantajoso para todos os envolvidos no ministério cristão ter o ponto de término da peregrinação em foco bem nítido. O ministério é mais efetivo quando o objetivo é mantido numa visão clara. O apóstolo Paulo tinha uma compreensão lúcida do que Deus queria para ser cumprido no corpo de Cristo e nas vidas de seus membros. Ele sempre mantinha esse objetivo diante dele e compartilhava com outros em muitas ocasiões.”[8]

 

7.O denominacionalismo é uma ideia que temos que aprender a conviver, mas de modo algum reflete a Unidade do Corpo, segundo este versículo. O Corpo, a Igreja, tem apenas uma Cabeça, Cristo Jesus. A harmonia neste Corpo é por causa de Cristo e não por causa de alguma organização humana bem-sucedida. Seria uma pobreza muito grande alguém pensar que as “juntas” e “cada parte” refiram-se às igrejas locais e, pior ainda, às igrejas irmãs de sua denominação. O Corpo de Cristo não é e nunca será esfacelado. O Corpo de Cristo cresce para si mesmo e não para outras organizações. O objetivo de Cristo dispensar dons para Seu Corpo é a edificação desse Corpo para que cada vez mais esse Corpo cresça e se assemelhe com a Cabeça, Cristo. Muitos gostam de fazer distinção entre “O cabeça”, referente a “autoridade” e “A cabeça”, referente ao membro do corpo (v.16).

 

8.Não se trata de um assunto totalmente novo, mas uma continuação do ensino maravilhoso de unidade de semelhança à Cristo (“Portanto”). Entre os gentios tudo era possível em termos de perversidade. A advertência para os crentes, através da expressão “não andeis”, mostra que é possível andar como incrédulo mesmo sendo crente. A “vaidade” dos gentios não se trata, necessariamente, de exibicionismo de vida como roupas, bens, etc., mas de uma vida vazia, sem propósito, inútil. Os homens estão separados de Deus e indesculpáveis, como mostra o v.18, “pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração”. Por causa de uma mente vazia e longe de Deus, os homens se agarraram aos pecados, fazendo como se fossem criação deles mesmos, patenteando esses pecados em suas vidas (v.17-19).

 

9.“Se” em português sugere dúvida, condição, mas no grego (“ei”) nem sempre significa isso, mas, às vezes, mostra ênfase ao invés de dúvida (“uma vez que, visto que, desde que”). Como no v.21, Paulo não está duvidando que os efésios tenham ouvido e aprendido, mas “uma vez que” ouviram e aprenderam devem andar de modo santo. (Veja também 1 Co 15.2, onde “se” não se trata de dúvida ou condição, mas ênfase, “uma vez que”, no grego “ei”). Os efésios viveram como vivem os gentios. Aliás, o mundo continua igual, o crente foi quem tomou outro rumo. De uma vida de corrupção para uma renovação da mente. Muda-se a mentalidade de alguém e serão mudados todos seus hábitos e procedimentos. Paulo se utiliza da figura de alguém que se despe e coloca outra roupa para ilustrar como é a vida do crente em relação à prática passada de pecado (v.20-24).

 

10.A mentira por ser um hábito. Mentiras podem surgir até nas ações mais nobres do crente: ao pregar, nas histórias contadas, no uso de exemplos, etc. O processo é 1º) tirar a roupa velha, 2º) vestir a roupa nova e 3º) andar com a roupa nova. Este versículo não pode ser uma desculpa para o iracundo. O versículo mostra, também, o perigo de uma ira duradoura, mesmo se esta for aquele tipo de ira justificada. Deus é o que resolve as injustiças e, portanto, são as mãos Dele, e não as nossas, que resolvem. A ira, seja ela de que espécie for, quando prolongada dá liberdade para o diabo agir. O ladrão não apenas deixa de roubar, mas trabalha e ajuda outros. Nova linguagem não se refere apenas a deixar de falar palavrões ou palavras obscenas, mas a ser comedido nas palavras. O Espírito Santo se entristece. A própria habitação Dele em nós já é motivo para o Espírito Santo gemer, devido ao fato de não poder livremente glorificar a Deus a qualquer momento (v.25-28).

 

“A ira em si mesma não é pecaminosa. É atribuída mesmo à Pessoa de Deus (1 Rs 11.9, 2 Rs 17.18, Sl 7.11, 79.5, 80.4, Hb 12.29) e a Cristo (Sl 2.12, Mc 3.5, Jo 2.15-17). Em verdade, na época em que vivemos, bem que poderia usar-se um pouco mais de ‘justa indignação’ contra todo tipo de pecado. Também, quanto mais ira cada crente exerça contra os seus próprios pecados, melhor será. Entretanto, a ira, especialmente com relação ao próximo, facilmente se degenera em ódio e ressentimento. Amar o pecador e ao mesmo tempo odiar seu pecado requer uma boa dose de graça.” [9]

 

11.Não há limite para o perdão. Embora perdão não deva ser confundido com falta de punição. Cristo pagou um alto preço pelo perdão (v.29-32).

 

Capítulo 5: Os frutos de uma vida controlada pelo Espírito Santo

1.A nossa vida deve ser baseada no amor de Cristo que foi o sacrifício aceito por Deus. Muitos podem tentar imitar a Deus, mas somente os salvos podem fazê-lo. Pronunciar esses pecados causa vergonha. Até os testemunhos públicos, ao invés de glorificar a Deus, podem envergonhar o povo de Deus e colocar dúvidas sobre o caráter do crente que dá testemunho. As conversas obscenas devem ser substituídas por gratidão. Paulo não limitou a lista de pecados (ver Ap 21.8) (v.1-7).

 

“Chocarrices é a tradução de uma palavra que significa ‘fácil de alterar’. O que sugere um tipo de pessoa com facilidade para distorcer qualquer declaração e transformá-Ia em piada vulgar. O senso de humor apurado é uma bênção, mas quando associado a uma mente impura ou a motivações abjetas, transforma-se em maldição. Algumas pessoas astutas são capazes de, em um instante, poluir qualquer conversa com piadas sempre inoportunas (‘inconvenientes’). É muito melhor ter na ponta da língua ações de graças ao Senhor! Esta é, sem dúvida, a maneira mais apropriada de dar glória a Deus e de manter pura a conversa.”[10]

 

2.O filho da luz é conhecido por sua transformação. A advertência aos crentes mostra que é possível andar como filhos das trevas, mesmo sendo filhos da luz. O crente pode tornar-se cúmplice, quando aceita sem contestar ou, na pior das hipóteses, até participa dos pecados dos filhos das trevas. A maneira de submeter-se à luz é denunciar as obras das trevas. Servir como farol na praia. Os pecados são, de modo geral, ocultos. Devido ao orgulho, à reputação a ser mantida e por causa dos padrões aprendidos (v.8-13).

 

3.As palavras de Paulo, dele ou de alguma outra fonte combinam com outras passagens (Is 51.17, 52.1, 60.1, 9.2). O significado dessa citação pode ser simbólico, sendo que ele está falando das obras das trevas, o imperativo é despertar dessas obras mortas e viver por Cristo, em santidade de vida. Paulo não fala de legalismo, mas de discernimento, que é o andar normal do crente. Remir tem o sentido de aproveitar as oportunidades. A cada dia as oportunidades surgem (Cl 4.5). Os dias são maus e poucos. Sempre estaremos atrás, pois o inimigo está sempre à frente destruindo o solo pelo qual vamos passar e atrás tentando destruir o que estamos fazendo (v.14-17).

 

4.Bebidas alcoólicas (Pv 23.29-35, Dt 21.20-21, 1 Co 5.11, 6.9-10, Gl 5.19-21, Ef 5.18, Pv 20.1, Amós 6.1,6, Hq 2.15, Pv 31.4-5, Is 28.7-8). Portanto a bebedice é pecado. Porém, o vinho tinha valor medicinal e anestésico em caso muito grave (Pv 31.6, 1 Tm 5.23, 2 Sm 16.2, Lc 10.34). Em nossa modernidade isso não é mais necessário, pois a farmacologia é muito desenvolvida. A Bíblia não proíbe o uso do vinho, porém, não precisamos tentar provar o perigo do excesso. Parece não ser difícil chegar ao excesso. Para muitos, o difícil é manter-se longe do excesso e, por isso, cada crente precisa levar esse tema a Deus para tomar suas decisões. Embora o assunto seja a Plenitude do Espírito Santo no crente, o tema bebida é citado diretamente no texto (v.18).

 

5.A Plenitude do Espírito significa ser controlado ou dominado pela presença e o poder do Espírito Santo. Não é como encher um recipiente, em que pode estar vazio, pela metade, cheio ou transbordante. Isto porque o Espírito Santo é uma Pessoa e não algo como uma influência, fluindo ou uma energia. O Espírito Santo já nos habita, somos selados por Ele para Deus. Ele não nos abandonará e nem sairá de nós, como acontecia no V.T. (Sl 51.11). Portanto, Plenitude ou estar cheio do Espírito Santo é dar acesso a Ele para dominar nossas vidas (v.18).

 

“Muitos entendem Efésios 5.18 como uma ordem para se encherem do Espírito Santo. Geralmente, os professores ensinam que o crente se rende ao controle do Espírito Santo. Isto é, Paulo manda que os crentes sejam continuamente cheios do Espírito Santo. Cada crente tem todo o Espírito Santo, mas este versículo manda que o Espírito Santo tenha todo o crente. O controle do Espírito Santo deveria caracterizar o andar cristão.”[11]

 

6.Distinção entre Batismo com o Espírito Santo e Plenitude do Espírito Santo (v.18).

 

Batismo do Espírito Santo

Plenitude do Espírito Santo

1.Não há ordem para sermos batizados

1.“Enchei-vos” é um imperativo (Ef 5.18)

2.Ocorre uma única vez, na conversão (Gl 3.27, 1 Co 12.13)

2.Experiência repetida (At 2.4, 4.31)

 

3.É posicional. Estabelece o relacionamento “em Cristo”  

3.É experimental. É a atuação diária do Espírito Santo

 

4.Realizado por Deus, no momento da conversão

4.Depende da cooperação e consentimento do crente

5.Ocorre na vida de todos os crentes, no momento em que se torna um filho de Deus

 

5.Só o crente espiritual experimenta

 

 

Os frutos de uma vida em Cristo (Ef 5.1-21)

1.Por estarmos ligados a Cristo somos filhos amados (v.1)

2.Por estarmos ligados a Cristo podemos andar em amor (v.2)

3.Por estarmos ligados a Cristo temos uma linguagem saudável (v.3-4)

4.Por estarmos ligados a Cristo estamos livres da ira de Deus (v.5-7)

5.Por estarmos ligados a Cristo produzimos fruto da luz (v.8-14)

6.Por estarmos ligados a Cristo conhecemos a vontade de Deus (v.15-16)

7.Por estarmos ligados a Cristo somos cheios do Espírito Santo (v.17-21)

 

7.A ordem da Criação definiu a liderança do marido, e por isso mesmo, não pode ser cultural. “Como ao Senhor” quer dizer “por amor a Ele e para Ele”. Deixando de lado os exageros e desrespeitos que havia entre os judeus e em outras sociedades nos tempos antigos e também atuais, a ordem continua a mesma: a mulher submete-se ao marido. Devemos lembrar que o texto é uma continuação do assunto da Plenitude do Espírito, que promove algumas atitudes nos crentes, sendo a submissão da esposa ao marido, apenas uma dessas atitudes. Lembremos também que o v.21 diz que os crentes estão sujeitos uns aos outros. Neste aspecto, portanto, o marido deve se lembrar que no relacionamento entre irmãos está sujeito à sua própria esposa, embora no casamento a esposa esteja sujeita a ele. O ensino principal é de Cristo e a Igreja. Portanto, é um ensino para os crentes. Os abusos acontecem por falta de amor, mas também por falta de compreensão do que é o verdadeiro amor (v.22-30).

 

Algumas dificuldades encontradas no casamento por causa do marido (Ef 5.25-30)

1.Quando não demonstra amor (v.25)

2.Quando não possui a compreensão do amor de Cristo (v.25)

3.Quando não possui entendimento da Palavra de Deus (v.26)

4.Quando a vida do marido é manchada, não é possível “purificar” a esposa (v.26)

5.Quando não ama a esposa como ama a si mesmo[12] (v.28-29)

6.Quando não possui entendimento da Unidade de Cristo com a Igreja (v.30)

 

8.A instituição do casamento é divina (Gn 2.24, Mc 10.6-9). Deixar pai e mãe abrange a independência geográfica, emocional e financeira. O fato do primeiro casal não ter pai e mãe mostra que esta ordem é universal, visto que para eles a única aplicação era concernente aos filhos. Embora a instituição do casamento seja uma bênção maravilhosa de Deus, e até mesmo um mistério, neste texto serve como ilustração de uma verdade maior e mais bela: o relacionamento de Cristo com Sua Igreja, o Mistério da União de Cristo com a Sua Noiva, a Igreja. Mas Paulo, no v.33, diz que, embora o casamento seja uma verdade menos importante e menos abrangente, os princípios usados nos versículos acima correspondem à vontade de Deus para os seus filhos (v.31-33).

 

Investimento no lar (Ef 5.20-33)

1.Submissão (v.22-24)

2.Amor (v.25)

3.Entrega (v.25)

4.Pureza (v.26)

5.Palavra (v.26)

6.Indissolubilidade (v.27)

7.Cuidado (v.28-29)

8.Exclusividade (v.30-33)

 

Capítulo 6: Os relacionamentos familiares, sociais e a luta espiritual

1.É comum o filho pensar em como o pai deveria agir e o pai pensar em como o filho deveria agir, mas Paulo coloca um peso de responsabilidade sobre cada uma das partes, individualmente. Todas essas advertências evidentemente referem-se a relacionamentos entre crentes. A obediência do filho dependerá, muitas vezes, de como o pai ensinou, mas uma vez que o filho ama a Deus, deve perdoar as, prováveis, falhas dos pais e respeitá-los como ao Senhor, pois é ordem bíblica e seria desobediência a Deus não observá-la, além do que a vida não progride (não se importa em qual aspecto). Apenas um versículo, mas com um peso igual, e talvez até maior, para os pais. Uma lista enorme poderia ser preenchida sobre como os pais irritam os filhos, mas Paulo se detêm no princípio positivo: criar o filho na disciplina e admoestação do Senhor, ou seja, no caminho de Cristo. Muitas vezes, filhos irritados e vingativos contra os pais, sabendo o que mais os entristecem, fazem tudo para irritar os pais também (Gn 28.6-9) (v.1-4).

 

“Algumas formas pelas quais os pais podem tornar-se culpados deste erro [de irritar os filhos] ao educar seus filhos...

1.Por excesso de proteção... Ex: ‘Só entrem na água quando aprenderem a nadar’. Mas o fato é que os filhos precisam aprender a nadar. É certo que devem ser advertidos dos grandes perigos.

2.Por favoritismo... Gn 25.28                                    

3.Por desestímulo... Ex: ‘Papai, vou estudar bastante para ser um médico (ou um advogado ou um pastor, etc). Como resposta: `Você bem que poderia esquecer disto. Isto nunca acontecerá’.                                                                  

4.Por não reconhecer o fato de que o filho está crescendo e, portanto, tem o direito de ter suas próprias ideias, e que não é necessário que seja uma cópia exata de seu pai para ter êxito na vida.                                                      

5.Por negligência... 2 Sm 14.13,28. Absalão errou, mas Davi não se tornou culpado de alguma forma, também?                    

6.Por meio de palavras ásperas e por crueldade física direta [Quando o castigo físico se torna hábito de espancamento].”[13]   

 

2.Nenhum dos apóstolos denunciou a escravatura como um desrespeito ao ser humano, no entanto, fizeram, através dos ensinos, que se tornasse algo menos pesado. A advertência para os escravos crentes é que respeitem seus senhores, os quais estão nessa posição somente segundo a carne, pois o Senhor, de fato, é o Senhor Jesus Cristo. Paulo, semelhante ao relacionamento conjugal, apela para que a atitude do escravo para com o senhor seja “como a Cristo”. O v.6 condena aquela atitude de viver de aparências, mas incentiva a honestidade, pois Paulo coloca o peso de um relacionamento entre servo e Deus e não apenas servo e senhor humano. Outro grande peso que Paulo coloca sobre os ombros do escravo é a eternidade, mostrando que ele deve prestar contas ao Senhor dos Senhores. Embora, na terra, o escravo não tenha nenhum direito, na eternidade haverá recompensa para o escravo fiel (v.5-8).

 

3.O Cristianismo mudou, consideravelmente, esse relacionamento (senhor-escravo), tornando-o mais humano. Paulo apela para o crente que possui escravos que não use de ameaças, tão comum entre os senhores. A palavra de Paulo é ameaçadora e, por isso, podemos afirmar que as injustiças neste mundo não ficarão isentas de punição e acertos mesmo entre os crentes, no Tribunal de Cristo, onde não haverá acepção de pessoas. Aqui há diferentes classes sociais, inclusive entre os crentes, mas no tribunal de Cristo, todos serão julgados segundo as obras sem maiores privilégios e sem injustiças (v.9).

 

4.Paulo não ignorava a guerra espiritual, as forças do bem e do mal e nem ignorava a necessidade de armar-se contra esses poderes. Nenhum crente deve ignorar que existe uma batalha espiritual e saber como lidar com essa situação presente e duradoura, no que diz respeito à nossa presença neste mundo (2 Co 11.14, 2.11). No entanto, alguns aproveitadores da situação, dando um enfoque novo para esta guerra e observando a fascinação de alguns por coisas do além e misteriosas, acabaram se beneficiando e enganando muitos. A Igreja não deve gastar mais energia e tempo em assuntos que podem ser vistos como tantos outros na vida cristã. Portanto, o assunto é sério, mas não mais sério como “falar a verdade”, “amar a esposa”, “ser submissa ao marido”, “temer ao senhor”, “não maltratar os escravos”, “honrar pai e mãe”, “não irritar os filhos”, “amar a Deus sobre todas as coisas”, “amar o próximo como a si mesmo”, etc. Os assuntos da vida cristã têm igualdade e simultaneidade (v.10-11).

 

“Ele adverte que tomemos ‘toda’ a armadura de Deus (Ef.6.11). Tomar apenas uma parte é inútil. De que adianta ao guerreiro proteger o coração e deixar a cabeça exposta? Que adiantará se, estando a cabeça e o coração protegidos, as pernas forem quebradas pelo inimigo? Assim, precisamos da verdade, da justiça, do evangelho, da fé, da salvação, da Palavra de Deus e da oração em Espírito. Se faltar um desses elementos, esta pode ser a brecha por onde o inimigo tentará nos destruir.”[14]

 

5.Carne e Sangue mostram inferioridade de força, pois se fossem essas forças que deveríamos lutar a guerra seria mais fácil, muito embora sangue seria derramado. Mas há um perigo maior que o ser humano (carne e sangue). Os principados e potestades são hierarquia de anjos celestiais maus. Os príncipes do mundo são os demônios. É impossível sabermos qualquer coisa da hierarquia dos demônios, mas basta sabermos que existe. As forças inimigas são espirituais, invisíveis, mas pessoais, pois são demônios e não “influências ou forças”. O mundo tenebroso são as regiões celestiais do mal, mas também o mundo onde vivemos que é cheio de homens maus e o próprio sistema mundial é regido pelo mal (v.12).

 

6.Diante desses inimigos, o crente precisa de uma armadura para se proteger, mas que tenha alguma peça de ataque para não retroceder. A armadura perfeita não é nossa, mas é de Deus que preenche a necessidade humana, pois é acessível a nós e preenche a necessidade espiritual, pois guerreará contra seres invisíveis. Muito já foi escrito sobre essa armadura e suas peças. Uma pesquisa visual nos ajuda a ilustrar esse belo ensino. Aqui, vamos resumir dizendo que Deus quer que toda a vida cristã esteja protegida e preparada para a luta espiritual. O crente se mantém protegido pela verdade da Palavra de Deus. Alguém já observou que não há proteção para as costas, pois o soldado não deve dar as costas ao inimigo e um soldado deve proteger a retaguarda do amigo. A justiça de Cristo é nossa guarnição também. O inimigo não pode nos acusar e ter sucesso, pois somos justificados por Cristo Jesus. Nós devemos nos preparar para sair e pregar o evangelho que traz paz aos que creem. O Senhor é nosso escudo como lemos em vários salmos. Nossa mente será protegida com o capacete da salvação. Somos já protegidos dos ataques do inimigo. Nosso ataque é com a Palavra, a qual corta mais do que qualquer espada de dois cortes. Somente a Palavra de Deus pode convencer o pecador a crer (v.13-17).

 

7.Após o revestimento da armadura de Deus é preciso, ainda assim, a oração em todo o tempo. A oração por outros soldados em batalha, também, é oportuna (“por todos os santos”). A oração no Espírito não é um tipo especial de oração, mas é a oração como na verdade é: na união com o Espírito Santo e não palavras pronunciadas e elaboradas apenas com nosso intelecto. A oração deve ser em todo o tempo. Isto é, em qualquer situação. Evidentemente, o crente não passa todos os momentos orando, nem mesmo em pensamento. No entanto, o crente deve estar sempre pronto a orar. O apóstolo Paulo, numa atitude de dependência e humildade pede socorro aos irmãos por meio das orações. O pedido de oração de Paulo, embora pudesse ser mais pessoal, é no sentido de que a obra de Deus, através dele, tivesse progresso. A maneira de ganhar pessoas para Cristo é pregando, mas também orando a Deus. Paulo, mesmo em cadeias, não perdia de vista o seu ministério de ganhar pessoas para o Senhor. Paulo, como bem sabemos, era ousado no falar, mas mesmo assim ele dependia do Senhor e não de sua própria coragem (v.18-20).

 

As forças do crente na batalha espiritual (Ef 6.10-24)

I.A força está na armadura de Deus (v.10-17)

II.A força está na oração e comunhão (v.18-24)

 

8.Paulo não abrigava dentro de si nenhum tipo de falsa modéstia. Ele bem sabia que todos queriam saber dele, por isso, Tíquico seria seu correspondente. Tíquico era um daqueles obreiros que preenchiam as brechas deixadas por alguma emergência (como em Tt 3.12). Outras referências sobre Tíquico são At 20.4, Cl 4.7, 2 Tm 3.12. O amor deve ser acompanhado de fé e podemos dizer que a fé deve ser acompanhada do amor. Tanto o amor como a fé são virtudes do Senhor Jesus presenteadas aos crentes. Esse amor só pode ser dado pelo Senhor, pois é incorruptível. Em Rm 5.5 temos base para afirmar que o próprio Espírito Santo é quem manifesta esse amor em nossos corações para amarmos a Jesus (v.21-24).

 

Convites a lembrar de verdades profundas em Efésios (Ef 1-6)

1.Somos lembrados de que já temos todas as bênçãos em Cristo (1.3)

2.Somos lembrados de que somos (nós os crentes, apenas) predestinados para sermos filhos de Deus (1.5)

3.Somos lembrados de que somos selados com o Espírito Santo (1.13-14)

4.Somos lembrados de que somos o corpo de Jesus Cristo (1.22-23)

5.Somos lembrados de que estávamos mortos em nosso caminho de morte (2.1-3)

6.Somos lembrados de que as boas obras não servem para a salvação eterna (2.8-10)

7.Somos lembrados de que temos acesso confiante a Jesus pela fé Nele (3.11-12)

8.Somos lembrados de que não há impossíveis para Deus (3.20-21)

9.Somos lembrados de que não criamos unidade, apenas preservamos (4.3)

10.Somos lembrados de que jamais deveria existir denominações entre os crentes (4.4-6)

11.somos lembrados de que a vida cristã é um despojar-se e revestir-se (4.22-32)

12.Somos lembrados de que o vinho embriaga e o Espírito nos deixa plenos (5.18)

13.Somos lembrados de que sempre nos sujeitamos a alguém (uns aos outros, marido, Cristo, pais e patrões) (5.21-22,25, 6.1,4-9)

14.Somos lembrados de que nossa luta é espiritual (6.12-13)

15.Somos lembrados de que precisamos orar pela igreja perseguida (6.19-20)


Pércio Coutinho Pereira, 2020 – 1ª ed. 1997

 

Notas

 

1.     1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira

 

2.     Comentário Bíblico de Matthew Henry – Ef 1.1-2 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

3.     Comentário Bíblico Moody – Ef 1.23 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

4.     Notes on Ephesian, pg. 28 – Ef 2.2-3 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

5.     A mensagem de Efésios, pg. 56 – Ef 2.8 – John R.W. Stott (ABU editora – SP -2ª ed. 1987)

6.     As insondáveis riquezas de Cristo, pg. 127-129 – Ef 3.17 - Dr. David Martin Lloyd-Jones (PES – Publicações Evangélicas Selecionadas – SP – 1ª ed. 1992)

7.     Novo Comentário da Bíblia – Ef 3.20 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)

8.     Like Christ: An Exposition of Ephesians 4:13, pg. 259 - Richard L. Strauss (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software - Bibliotheca Sacra - BSAC 143:571 Jul 1986)

9.     Efésios, pg. 271 – Ef 4.26-27 – William Hendriksen (Casa Editora Presbiteriana – SP – 1ª ed. 1992)

10.  Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 57 – Ef 5.4 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)

11.  Ephesians 5:18 Holy Spirit or Human Spirit? - Professor Clifford Rapp, Jr. (CTS Journal (Spring/Summer 1996), a publication of Chafer Theological Seminary, Fountain Valley, CA)

12.  Um ensino muito errado, mas cada vez mais popular é que para amar alguém é preciso primeiro amar a si mesmo. O nosso problema não é que amamos pouco a nós mesmos, mas pelo contrário, o problema é que nos amamos muito a ponto de desprezarmos o próximo. Jesus não disse para amarmos primeiro a nós mesmos para sermos capazes de amarmos o próximo, mas simplesmente Ele disse para amarmos ao próximo como amamos a nós mesmos. Já amamos a nós mesmos, precisamos é amar o próximo.

13.  Efésios, pg. 325-326 – Ef 6.4 – William Hendriksen (Casa Editora Presbiteriana – SP – 1ª ed. 1992)

14.  Epístola de Paulo aos Efésios – Ef 6.11 - Prof. Anísio Renato de Andrade (SEBEMGE - Seminário Batista do Estado de Minas Gerais – sem data)

 

 



[1] 1.Informações técnicas, tais como data, local e autoria tiveram como fonte o livro “Introdução ao Estudo do NT” de  Broadus David Hale, JUERP, 1983, RJ

2.A elaboração das “dificuldades e curiosidades” foi desenvolvida por Pércio Coutinho Pereira

 

[2] Comentário Bíblico de Matthew Henry – Ef 1.1-2 (Casa Publicadora das Assembleias de Deus - 3ª Edição - 2003)

[3] Comentário Bíblico Moody – Ef 1.23 (Editado por Charles F. Pfeiffer – Imprensa Batista Regular 4ª impressão 2001)

[4] Notes on Ephesian, pg. 28 – Ef 2.2-3 - Dr. Thomas L. Constable (Published by Sonic Light - 2014 Edition)

[5] A mensagem de Efésios, pg. 56 – Ef 2.8 – John R.W. Stott (ABU editora – SP -2ª ed. 1987)

[6] As insondáveis riquezas de Cristo, pg. 127-129 – Ef 3.17 - Dr. David Martin Lloyd-Jones (PES – Publicações Evangélicas Selecionadas – SP – 1ª ed. 1992)

[7] Novo Comentário da Bíblia – Ef 3.20 (Editado pelo Prof. F. Davidson, MA,DD. Editado em Português pelo Rev. D. Russell P.Shedd, MA, BD, PhD – Edições Vida Nova – São Paulo – SP – 2000)

[8] Like Christ: An Exposition of Ephesians 4:13, pg. 259 - Richard L. Strauss (Copyright 1997 by Dallas Theological Seminary and Galaxie Software - Bibliotheca Sacra - BSAC 143:571 Jul 1986)

[9] Efésios, pg. 271 – Ef 4.26-27 – William Hendriksen (Casa Editora Presbiteriana – SP – 1ª ed. 1992)

[10] Comentário Bíblico Expositivo do NT, pg. 57 – Ef 5.4 – Warren W. Wiersbe (Editora Geográfica – 1ª edição 2006)

[11] Ephesians 5:18 Holy Spirit or Human Spirit? - Professor Clifford Rapp, Jr. (CTS Journal (Spring/Summer 1996), a publication of Chafer Theological Seminary, Fountain Valley, CA)

 

[12] Um ensino muito errado, mas cada vez mais popular é que para amar alguém é preciso primeiro amar a si mesmo. O nosso problema não é que amamos pouco a nós mesmos, mas pelo contrário, o problema é que nos amamos muito a ponto de desprezarmos o próximo. Jesus não disse para amarmos primeiro a nós mesmos para sermos capazes de amarmos o próximo, mas simplesmente Ele disse para amarmos ao próximo como amamos a nós mesmos. Já amamos a nós mesmos, precisamos é amar o próximo.

[13] Efésios, pg. 325-326 – Ef 6.4 – William Hendriksen (Casa Editora Presbiteriana – SP – 1ª ed. 1992)

[14] Epístola de Paulo aos Efésios – Ef 6.11 - Prof. Anísio Renato de Andrade (SEBEMGE - Seminário Batista do Estado de Minas Gerais – sem data)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger